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Siderúrgicas americanas pedem: ‘Queremos mais tarifas’

Algumas siderúrgicas dos EUA estão apoiando os planos do presidente eleito Donald Trump de impor tarifas sobre as importações mexicanas e chinesas. Elas também querem que ele vá ainda mais longe.

A Associação de Fabricantes de Aço dos EUA quer que Trump retome as tarifas sobre o aço do Reino Unido, da União Europeia e do Japão. Esses países foram incluídos nas tarifas de Trump em 2018, mas o presidente Biden mais tarde permitiu uma cota de importação sem impostos. Entre os membros da associação estão a Steel Dynamics e a Nucor, a maior produtora de aço dos EUA.

O pedido de tarifas adicionais faz parte de uma proposta comercial que o grupo de siderúrgicas divulgou nesta segunda-feira (2). O grupo afirma que as novas tarifas impulsionariam o mercado doméstico do aço e ajudariam a lidar com as práticas de distorção comercial que – segundo eles – outros países estão adotando.

Executivos de empresas siderúrgicas dos EUA apoiaram entusiasticamente as tarifas de 2018. As empresas disseram que as tarifas ajudaram a elevar os preços do aço nos EUA, aumentar os lucros e expandir as folhas de pagamento. Nos últimos anos, elas abriram novas usinas e expandiram outras, adicionando milhões de toneladas de aço à capacidade produtiva.

Trump prometeu fazer das tarifas uma parte crucial de sua política econômica para incentivar a indústria doméstica. Na semana passada, o presidente eleito disse que imporia tarifas de 25% sobre todas as importações do Canadá e do México, a menos que os países intensifiquem os esforços para conter o fluxo de narcóticos e migrantes para os EUA. Ele também pediu tarifas mais altas sobre as importações da China.

Economistas disseram que um uso agressivo de tarifas aumentaria os preços dos itens de consumo nos EUA. Os preços de bens duráveis com uso significativo de aço — como eletrodomésticos, automóveis e tratores — já estão mais altos como resultado de gargalos na cadeia de suprimentos de materiais e componentes após a pandemia de Covid-19. Tarifas adicionais sobre as importações dariam às siderúrgicas domésticas mais facilidade para aumentar seus preços, dado o aumento dos preços dos produtos de seus concorrentes estrangeiros.

“Somos sempre ameaçados por economias não mercantis que fogem de nossas leis comerciais e despejam aço barato e fortemente subsidiado e outros produtos no mercado americano”, disse Philip Bell, presidente da Associação de Siderúrgicas.

As empresas representadas pelo grupo fabricam aço principalmente a partir de sucata derretida. Cerca de 70% do aço produzido nos EUA é feito de sucata.

As tarifas de Trump sobre o aço em 2018 originalmente incluíam 25% sobre o aço do Canadá e do México, mas foram suspensas em 2019 como parte da revisão do tratado de livre comércio entre os EUA, México e Canadá.

Os EUA atualmente têm alguns dos preços de aço mais altos do mundo. Mas os preços ficaram estagnados nos últimos meses em meio à menor demanda de um setor enfraquecido, particularmente, da indústria automobilística.

Alguns executivos de siderúrgicas reclamaram que o mercado dos EUA está sendo prejudicado por importações de baixo custo da China, que estão contornando as tarifas existentes ao serem comercializadas pelo México.

Biden impôs tarifas sobre as importações mexicanas que usam aço chinês, mas alguns executivos do setor siderúrgico disseram que analisar o aço da China e do México é difícil, e que basicamente isso depende do monitoramento vigilante das autoridades mexicanas.
O México foi responsável por 4,2 milhões de toneladas do aço importado pelos EUA no ano passado, perdendo apenas para o Canadá.

O grupo de siderúrgicas disse que as importações do Canadá devem ser “monitoradas de perto”, mas não chegou a pedir uma tarifa, sugerindo a aplicação mais rígida de uma exigência de que o aço seja derretido e moldado no Canadá para ser isento das tarifas americanas.

As siderúrgicas também propuseram que outra tarifa de 2018, sobre produtos acabados da China, seja aumentada para 60% para produtos que utilizam muito aço.

Essa taxa, disseram eles, deve ser estendida às operações de fabricação periféricas no Vietnã, na Tailândia e em outros países do Sudeste Asiático, que foram estabelecidas para evitar as tarifas.

Fonte: The Wall Street Journal Americas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/12/2024

 

Sob Milei, Argentina reduz em 22% importação de autopeças do Brasil

As reformas econômicas radicais do presidente Javier Milei na Argentina estão atingindo a indústria brasileira. O assunto deve ser pauta da cúpula de chefes de estado do Mercosul na sexta-feira (6/12), no Uruguai.

O cenário é particularmente preocupante na indústria de autopeças. A Argentina é o principal comprador de peças de carro do Brasil.

As exportações acumuladas no ano registraram uma queda de 22,2%, quando se compara os números consolidados de 2024 com o mesmo período de 2023, segundo dados organizados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

“A nossa indústria automotiva está bem preocupada de uma maneira geral”, avalia o professor de Engenharia Automotiva da UnB, Evandro Teixeira, que conhece de perto o setor.

Empresas fornecedoras são responsáveis pela produção de itens como amortecedores, pneus e bancos, que são vendidos para as montadoras de veículos argentinas.

“Quando falamos em crise na indústria automotiva, isso se refere não apenas às montadoras, mas também às empresas fornecedoras que orbitam esse setor”, afirma o professor.

Impacto Milei

A embaixadora Gisele Padovan, que é secretária de América Latina e Caribe, destacou essa questão no setor automotivo durante uma conversa com a imprensa no Palácio do Itamaraty esta semana.

Ela avalia que a eleição de Milei é a única explicação para uma queda no total de exportações do Brasil para a Argentina no período de um ano.

“O que mudou este ano? Entrou um novo governo argentino que quis promover um ajuste bastante forte. Então, isso tem implicações, infelizmente, negativas para nós”, conclui a embaixadora.

Gisele pontua que existe um aumento da pobreza e do desemprego na Argentina, o que implica na queda nas vendas. “O impacto é enorme. Tenho certeza que as pequenas montadoras do ABC estão sofrendo com essa queda, repito, de quase 20% nas nossas exportações para a Argentina”.

Desafios do Mercosul

Apesar de ser uma das áreas mais importantes na relação Brasil-Argentina, a cadeia automotiva ainda não está dentro do Mercosul formalmente. Isso significa que ainda não existem acordos entre os países do bloco econômico especificamente para a área automotiva.

Lula deve chegar ao Uruguai na quinta-feira (5/12) e voltar na sexta-feira (6/12). A principal expectativa é a ratificação do acordo comercial entre o bloco latino-americano e a União Europeia (UE), em tratativa há mais de duas décadas.

Durante o evento será transferida do Uruguai para a Argentina a presidência rotativa do Mercosul para os próximos seis meses.

Fonte: Metrópoles
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 04/12/2024

Construção Civil cresce 4,1% nos três primeiros trimestres de 2024

O ritmo de atividades da Construção Civil segue forte. Nos três primeiros trimestres de 2024 o setor cresceu 4,1% em relação a igual período do ano anterior. No 3º trimestre deste ano, a alta foi de 5,7% em relação ao 3º trimestre de 2023. Considerando o período de 12 meses encerrados em setembro, comparado com os 12 meses imediatamente anteriores, o incremento das atividades foi de 3,3%. Estes números são melhores do que os registrados pela economia nacional, conforme os resultados das Contas Nacionais Trimestrais divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Certamente a Construção Civil encerrará 2024 com crescimento superior ao aguardado nos primeiros meses do ano. Entretanto, isso não significa a ausência de desafios para o próximo ano, entre eles, o novo ciclo de alta da taxa de juros que pode inibir os investimentos produtivos”, destaca o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia.

No 3º trimestre de 2024, em relação ao trimestre imediatamente anterior, a Construção Civil registrou queda de 1,7%. Nessa base de comparação o recuo do setor foi o maior entre todos os demais setores de atividade. “Um dos fatores que pode ter contribuído para este resultado é o menor ritmo do segmento de infraestrutura, em função do fim do ciclo de algumas obras relacionadas às eleições municipais”, afirma a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos.

A economia brasileira cresceu 0,9% no 3º trimestre de 2024 em relação ao 2º trimestre, resultado que ficou um pouco acima das expectativas de mercado, que apontavam incremento de cerca de 0,8% em seu Produto Interno Bruto (PIB). Neste período a Agropecuária recuou 0,9%, a Indústria cresceu 0,6% e o Setor de Serviços apresentou alta de 0,9%.

Fonte: CBIC
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 04/12/2024

China continua a desovar aço no Brasil mesmo com as medidas do governo contra importações

Na semana em que o presidente chinês Xi Jinping esteve no Brasil, para a Cúpula do G-20 e também firmando uma série de acordos comerciais com o presidente Lula, foram divulgados dados oficiais mostrando que a escalada de aço chinês no mercado nacional se mantém firme. A avaliação é que as medidas que começaram a vigorar em junho para conter a enxurrada de importações, da China e outros países asiáticos, ainda não surtiram o efeito desejado pelas siderúrgicas locais. Apenas amenizaram.

Segundo dados do Instituto Aço Brasil, os volumes importados dos 9 tipos de produtos siderúrgicos que foram enquadrados no programa de cota-tarifa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) tiveram uma redução de apenas 0,3% no período de junho a setembro, comparado com igual período de 2023. O programa foi anunciado em abril, passando vigorar em 1º de junho. Inicialmente, o setor pleiteou o enquadramento de 18 produtos. O setor de tubos conseguiu incluir dois tipos de aço.

O sistema de cota-tarifa estabeleceu a média de importação de 2020 a 2022 mais um porcentual de 30%. Até esse patamar, os volumes continuariam com a alíquota de 10,8%. O excedente passou a ser sobretaxado com 25%. Esse porcentual era exatamente o que o setor pediu ao governo brasileiro sobre as importações de todos os tipos de aços. As reivindicações começaram em julho de 2023, mas o setor não conseguiu convencer as autoridades de comércio exterior do governo.

O problema era que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e não seria de bom tom adotar uma tarifa considerada muito elevada, de 25%. O receio era desagradar tanto o parceiro quanto consumidores de aço de diversos setores industriais no País, como máquinas e equipamentos, construção civil, automotivo e outros que ampliaram as compras de material estrangeiro. Por isso, o governo administrou o problema com cautela durante nove meses.

“Mais de 90% do volume de produtos siderúrgicos que entram no Brasil é oriundo da China”, afirma Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, que representa nove dos 11 grupos nacionais e estrangeiros que atuam no País. A CSN e a mexicana Simec não são associados da entidade.

Em outubro, de acordo com dados oficiais publicados por órgãos do governo (Mdic), a China representou 91,5% dos aços planos laminados importados. São tipos de produtos fabricados por CSN, Usiminas, ArcelorMittal Tubarão e Gerdau (incluindo especiais) e Aperam (inox e elétricos).

Também o segmento de aços longos continua afetado, com entrada de produtos da construção civil (barras e vergalhões) e indústria (fio-máquina), perfis e tubos sem costura, além de trefilados. Até aço de países sem tradição de exportar para o Brasil, como o Egito. Gerdau, ArcelorMittal Aços Longos, Simec, AVB e Sinobras são os fabricantes locais.

“O Aço Brasil, que tem uma ‘sala de guerra” para analisar os números e procedências das importações com lupa mais os técnicos do Mdic vão continuar monitorando e verificando irregularidades e fraudes para fazer uma avaliação dos resultados das medidas, previstas para vigorar até 31 de maio de 2025?, afirma Lopes.

Segundo o executivo, as siderúrgicas chinesas têm exportado com margem negativa de US$ 32 a tonelada em relação ao seu custos de produção, ou, com preço 19% inferior. “O setor, na China, conta com apoio e subsídios do governo, dentro da política de Estado para garantir empregos”, afirma. Uma tonelada de aço laminado a quente, produto de referência, é comprada na China a menos de US$ 490 (R$ 2.840), valor tido como incompatível ao dos custos de produção - só de minério de ferro e carvão, que são ingredientes essenciais, são quase US$ 300.

 

“Um sinal vermelho foi dado na comparação de agosto sobre julho, quando houve aumento de 43,5% nas importações dos produtos inseridos nas medidas. Já estávamos prontos para pedir providências ao governo, mas os números de setembro amenizaram a situação, com recuo de 9,6% sobre o mês anterior”, diz Lopes. O objetivo do programa elaborado pelo Mdic era de conter e reduzir as importações, destaca o executivo.

Ao se avaliar a situação das importações para todos os tipos de produtos, de janeiro a setembro - sem incluir aços semiacabados (placas e tarugos), o levantamento do Aço Brasil aponta alta de 12,6%. Porém, nos nove produtos da cota-tarifa se verifica aumento de 15,8%.

Chamou a atenção Aço Brasil e também dos técnicos do Mdic, que começaram a investigar as razões, o crescimento superior a 80% na entrada de aço laminado pelo porto de Manaus. O material é isento por ser uma zona de processamento, com incentivos. Tradicionalmente eram volumes pequenos para atender o polo eletroeletrônicos e automotivo (duas rodas), observa Lopes. O governo quer verificar se está ocorrendo fraude de registro na entrada. O aço, para ser encaminhado de Manaus para outros Estados, tem de sofrer uma transformação, chamada PPB (Processo Produto Básico).

Pedidos de ações antidumping

Para fortalecer a barreira de entrada, algumas siderúrgicas entraram com pedidos de ações antidumpinge de subsídios contra produtos chineses. A CSN, por exemplo, já obteve um direito provisório para folhas metálicas (usadas na fabricação de embalagens de aço) e que não foram incluídas entre os nove do programa. O governo aplicou valor de US$ 250 a US$ 320 por tonelada adicional à alíquota de 10,8%. Outros tipos de aço estão com pedidos em andamento no Mdic: chapas pré-pintadas para construção civil e linha branca, laminados a quente e a frio, zincados e chapas de ligas alumínio-zinco (galvalume).

“O volume de pré-pintados que entrou da China é duas vezes a capacidade de produção da CSN”, afirmou Luiz Fernando Martinez, diretor-executivo comercial da empresa, em conferência de balanço do terceiro trimestre com analistas. Ele observou que o governo foi receptivo aos pedidos e está analisando. Martinez acredita que até meados de 2025 serão adotadas ações antidumping para esses produtos. Usiminas e ArcelorMittal assinam juntas as petições para alguns dos produtos.

O impacto das importações só não foi maior neste ano porque o mercado brasileiro está aquecido em 2024. As vendas internas das fabricantes locais, até outubro, segundo dados do Aço Brasil, foram 8,5% maiores. O consumo aparente cresceu 9,7%, ante igual período do ano passado. A análise é que isso ajudou a “absorver” as importações de itens laminados, que subiram 15%, em media, entre aços comuns e produtos zincados no acumulado do ano. No consumo total, a participação de aço estrangeiro ficou em 18,9% (21,3% no caso dos aços planos).

Um porcentual que é saudável para a siderurgia do País é de 8% a 10% de produto importado no total de consumo aparente, o que, neste ano, corresponderia a cerca de 2,6 milhões de toneladas, conforme avaliação do executivo da CSN. Na visão de Martinez, somente ações antidumping vão colocar um freio na escalada de importações oriundas da China.

Para Lopes, o sistema cota-tarifa não atingiu o objetivo que era reduzir de maneira substancial a entrada de aço de várias origens, em especial da China, mas interrompeu a escalada das importações. Há ainda quatro pleitos em análise na Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre os quais vergalhão em rolo e perfil estrutural. Até o fim de maio, o programa cota-tarifa não pode sofrer mudança estrutural, mas está aberto a ajustes em casos de desvio de função e fraudes.

Fonte: Estadão
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 03/12/2024

ArcelorMittal amplia fábrica em Santa Catarina e passa a produzir tipo de aço inédito no Brasil

Oferecer um produto de alta resistência ao mercado e, ao mesmo tempo, manter o compromisso de realizar ações que contribuam para a construção de um planeta sustentável. Esses são alguns objetivos da ArcelorMittal, maior produtora de aço no país, que inaugurou a expansão da Unidade de Vega, em São Francisco do Sul (SC), no último dia 13 de novembro.

O projeto é um dos mais modernos e sustentáveis da indústria no mundo para laminação e galvanização de aço. Foram investidos mais de R$ 2 bilhões nos últimos três anos.

"Essa obra de expansão reflete a decisão estratégica do Grupo de ampliar a produção no país, desenvolver aços tecnológicos e competitivos e agregar valor ao nosso portfólio", disse Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos América Latina.

Com a expansão, Vega passa a ser a primeira unidade da companhia fora da Europa a produzir o Magnelis®, uma solução em aço patenteada da ArcelorMittal, de altíssima resistência à corrosão, voltada para construção de usinas de energia solar.

O Magnelis® contém magnésio e alumínio no revestimento, o que garante uma camada de proteção estável e duradoura, proporcionando altíssima resistência à corrosão. O revestimento é formado por uma película protetora que se regenera quando a chapa é cortada, soldada, perfurada ou arranhada. Devido a essa capacidade regenerativa, as partes expostas são gradualmente recobertas, o que amplia a vida útil da peça feita com Magnelis®.

Além de projetos de energia solar, as características do Magnelis® favorecem a utilização na construção de silos, estufas e cercamentos do agronegócio, na linha branca, móveis, construção civil e infraestrutura rodoviária (com defensas metálicas e sinalização viária) e em sistemas de armazenagem, entre outros segmentos.

A Unidade de Vega tem o reconhecimento ResponsibleSteel, principal certificação internacional ESG (sigla para ambiental, social e de governança) da indústria de aço, que estabelece padrões de processamento e de produção responsável, comprometida com a sustentabilidade e com as comunidades onde atua.

EXPANSÃO

Iniciada em 2021, a expansão da Unidade de Vega ampliou a capacidade de produção anual da unidade de 1,6 milhão para 2,2 milhões de toneladas. Desde 2003, quando foi inaugurada, Vega recebeu um total de R$ 4,5 bilhões em investimento, o maior da indústria de aço no estado de Santa Catarina.

A ampliação da Unidade de Vega é considerada um negócio estratégico pela ArcelorMittal e faz parte de um pacote de investimentos de cerca de R$ 25 bilhões, que serão feitos pelo grupo até 2028 no Brasil.

Esse é o maior aporte financeiro já realizado pela indústria do aço brasileira. Os recursos serão utilizados para aquisições, ampliações de unidades do parque industrial, modernização tecnológica, além de iniciativas de geração de energia limpa e renovável.

NOVA LINHA DE PRODUTO

Na expansão, a ArcelorMittal construiu uma nova linha de galvanização, processo de proteção do aço com camada de zinco metálico, e de recozimento contínuo do produto. Isso permite o beneficiamento combinado do aço do tipo laminado a frio com produtos revestidos. O sistema é conhecido como ‘‘combiline’’, que permite uma produção flexível e adaptável às demandas do mercado.

A ampliação da unidade abriu 350 novas vagas permanentes em Vega. Atualmente, a planta industrial mantém mais de 1.300 empregos diretos, entre empregados próprios e de empresas que atuam no seu condomínio industrial.

"Esse é um investimento que coloca a Unidade de Vega em um novo patamar competitivo, com capacidade para produzir aços que abrem novas perspectivas de mercado. Isso fortalece a presença da ArcelorMittal no país e, também, a economia industrial de Santa Catarina", disse Jorge Adelino, vice-presidente de Operações da ArcelorMittal Aços Planos América Latina.

A ampliação da Unidade de Vega permite ainda fortalecer a atuação da ArcelorMittal no mercado automotivo, com a oferta de um mix de produtos de alta tecnologia. A nova linha de galvanização abre espaço para os novos tipos de aços revestidos. A unidade também passará a produzir bobinas de aço de alta resistência não revestidas, reforçando sua presença no setor de automóveis.

A ArcelorMittal tem cerca de 127 mil empregados no mundo e atende a clientes em 140 países. No Brasil, o Grupo soma cerca de 20 mil colaboradores, com atuação em oito estados com unidades industriais, além de ter a maior rede de distribuição do país.

Ao todo, as plantas brasileiras têm capacidade de produção anual de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro.

 
Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 02/12/2024

 

Conheça as novas montadoras chinesas que estão chegando ao Brasil

O Brasil é, de novo, a bola da vez entre as empresas asiáticas. Nos últimos meses, oito montadoras chinesas confirmaram projetos de produção ou importação de carros elétricos e híbridos no Brasil, algumas com parceria local. O movimento é e resultado de um excesso de produção chinesa e do aumento do protecionismo em algumas partes do mundo.

Embora a China continue sendo o maior mercado consumidor de veículos no mundo, o setor começa a mostrar sinais de saturação. Além disso, as exportações chinesas enfrentam barreiras significativas em regiões como Europa, Estados Unidos, Índia e Canadá. Atualmente, as fábricas na China operam com cerca de 20 milhões de veículos em capacidade ociosa.

Nesse cenário, o Brasil voltou a ser atrativo pelo seu mercado de mais de 2 milhões de veículos anuais e do crescimento das vendas de modelos eletrificados registrado nos últimos anos, apesar de os volumes ainda serem pequenos. Fabricantes veteranas como Geely e GAC e recém-criadas como Omoda/Jaecoo e Riddara chegam ao País com planos de ocupar nichos no mercado premium ou segmentos específicos, como os de picapes elétricas.

Essas novatas se unirão à BYD e à GWM, que vão inaugurar suas linhas de produção no início de 2025. Nos últimos três anos, elas trouxeram ao País modelos de elétricos e híbridos com alta qualidade e preços competitivos. Provocaram uma disputa de preços que levou as montadoras tradicionais a reduzirem valores dos carros que trazem das matrizes.

Desde então, o mercado brasileiro assiste a uma escalada dos carros 100% elétricos. Neste ano, até outubro, o crescimento é de quase 420% em relação a 2023. O mercado total de automóveis e comerciais leves teve alta de 10% no período.

 

“O mercado doméstico chinês teve uma expansão muito rápida, chegou a um ponto de maturidade grande e não tem muito para onde expandir volumes”, diz Leandro Teixeira, responsável pela área de produtos da Omoda/Jaecoo. “É normal que as montadoras passem a prestar atenção em outros mercados onde podem ser competitivas e o Brasil tem muito potencial”.

Maior aceitação

O sócio-líder do Setor Automotivo da KPMG no Brasil, Ricardo Roa, vê o Brasil como “a bola da vez para as empresas chinesas”. Para ele, o momento é diferente de anos atrás, quando ocorreu a primeira onda de marcas da China com seus carros populares, mas sem qualidade. “Agora há uma aceitação maior do produto chinês e a produção local tem uma baita atratividade”, diz.

Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), concorda com a chegada das empresas que vão produzir no Brasil, mas teme que muitos projetos se concentrem apenas na montagem de CKD, conjunto de peças que vem pronto da China e são agregados aqui, com pouco ou nada de componente local.

Ele ressalta que a China tem “condições perfeitas” para vender seus carros eletrificados pelo alto volume de produção, tecnologia e subsídios do governo. Mas, ao espalhar seus produtos pelo mundo, teria provocado a desindustrialização em diversos locais. “Por isso muitos países passaram a taxar seus produtos e o Brasil passou a ser o principal destino.”

Os EUA e o Canadá taxaram os carros chineses em 100% de imposto de importação, a União Europeia aprovou taxa de 46% e a Turquia, de 40%. O Brasil está ampliando o imposto local gradualmente desde janeiro (antes era zero), e hoje a taxa está em 18% para elétricos a 25% para híbridos - e chegará a 35% em julho de 2026.

Leite tem pedido ao governo para antecipar o prazo. Em sua opinião, se for vantajoso importar da China, as montadoras que estão há anos no País poderão reduzir seus investimentos e também trazer veículos de suas coligadas na China. Ele afirma que a indústria chinesa tem capacidade para produzir 50 milhões de veículos ao ano e, atualmente, produz 30 milhões.

A oportunidade agora é de atuar no mercado brasileiro no longo prazo, e o que ocorreu nos anos 2000, quando várias marcas chinesas vieram para o País, mas ficaram pouco tempo, não deve se repetir, afirma Rafael Avila, especialista em produtos da Riddara/Timber. A marca terá rede própria de distribuição das suas picapes elétricas.

Não há invasão chinesa

Para o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos, com o retorno gradual do imposto de importação, a oportunidade para trazer carros com novas tecnologias está se fechando. Em sua opinião, quando alcançar os 35%, daqui a dois anos, será difícil para as marcas importarem volumes grandes, como ocorreu com a BYD e a GWM, que chegaram antes da alta.

Segundo ele, desde julho, quando a alíquota do imposto voltou a ser parcialmente cobrada, o volume de importados caiu. “Então, não está havendo nenhuma invasão chinesa e a importação está mudando para a produção local”, afirma. “O que eu vejo entre várias empresas que estão chegando é uma combinação de importação com produção local.”

“Os chineses estão vindo fortes para o Brasil, com diferentes marcas, bons produtos, preços atraentes, boas margens de operação e estão fazendo um trabalho voltado ao consumidor para entender o que ele quer”, afirma Geovani Fagunde, sócio da PwC Brasil. Segundo ele, as marcas mais tradicionais têm o concessionário no meio do caminho e é ele que se relaciona com o cliente. “A gente sempre comprou aqui o que a montadora quer nos vender, mas os chineses querem ouvir quais são os anseios do consumidor”, diz.

- Marcas com projetos de produção local

GAC (Guangzhou Automobile Group)

Quinta maior montadora da China, com produção de 2,5 milhões de carros em 2023, vai investir US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões) até 2029 para produzir modelos elétricos, híbridos e a combustão no Brasil. Ela não revela quando iniciará fabricação mas, segundo fontes do setor automotivo, está em negociação com o governo de São Paulo. Uma opção é a compra da planta da Toyota em Indaiatuba, que será desativada até 2026. A GAC emprega 110 mil pessoas na China e atua em vários setores, além de produzir modelos para marcas como Honda e Toyota. O grupo ainda não tem diretor no Brasil, mas iniciou contratações para o administrativo. Tem vários modelos em seu portfólio e uma das apostas para o mercado brasileiro é o SUV elétrico Aion Plus.

Neta Auto

Com seis anos de existência, a empresa faz parte do grupo Hozon, provedor de tecnologia criado em 2014. Sua produção de carros elétricos e híbridos soma pouco mais de 500 mil unidades na China e recentemente inaugurou uma filial na Tailândia. A marca quer fazer de sua operação no Brasil um centro de exportação para a América do Sul. O plano é inaugurar a fábrica em 2026 e, segundo fontes do setor, também estaria de olho na planta da Toyota em Indaiatuba. Neste mês de novembro, iniciou a pré-venda de dois SUVs elétricos com preços a partir de R$ 129 mil. Por enquanto, tem cinco pontos de vendas em shoppings de São Paulo (Mogi das Cruzes), Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraíba e Ceará. Até dezembro terá 24 centros de atendimento aos clientes em 13 Estados.

Omoda/Jaecoo (O&J)

As duas submarcas da Chery - terceira maior fabricante chinesa que já opera no País com o Grupo Caoa -, foram lançadas em abril de 2023 e estão à venda em 30 países, incluindo México e Chile. Em março de 2025, o Brasil receberá os SUVs Omoda 5 elétrico e híbrido leve e o Jaecoo 7 híbrido plug-in. O local da fábrica para montagem de CKDs (kits) em 2025 está em negociação, mas é possível que seja na planta da Caoa Chery em Jacareí (SP), fechada há dois anos. A empresa tem memorandos com 34 grupos de revendas que abrirão 50 lojas em 20 Estados, diz Leandro Teixeira, responsável pela área de produtos no País. A meta é vender 30 mil carros/ano. O aporte para a fase inicial é de R$ 200 milhões e mais adiante será revelado o plano para a fábrica.

Riddara

Foi criada há dois anos com o nome Radar pela Geely, quarta maior da China, dona da sueca Volvo e de outras marcas chinesas que também estão vindo para o País. Nos mercados externos leva o nome Riddara. Sua representante oficial é a brasileira Timber, braço automotivo da Rodoparaná, empresa de máquinas e transporte rodoviário no Paraná. Chega para atuar no nicho de picapes e seu primeiro produto, a elétrica RD6 4x2, está em fase de encomendas com preço a partir de R$ 250 mil. A versão 4x4 chegará em janeiro, afirma Rafael Avila, da Riddara/Timber. O grupo brasileiro negocia com a Geely a montagem local das picapes futuramente, além da importação de outro tipo de veículo comercial ainda não revelado.

Comexport/Multimarcas

O grupo brasileiro Comexport vai investir R$ 400 milhões para preparar a antiga fábrica da Ford no Ceará para a produção terceirizada de seis carros elétricos e a etanol, de três marcas diferentes. Nomes ainda não foram revelados, mas a aposta do mercado é de que deve envolver marcas chinesas que estão chegando ao País. A nova linha da fábrica onde foram produzidos os jipes Troller está prevista para voltar a operar em 2025 e terá capacidade para 40 mil unidades/ano. A fábrica foi cedida pelo governo estadual à Comexport, uma das maiores no ramo de comércio exterior no País. É responsável pela importação de carros de diversas marcas como Volkswagen, Toyota, Honda e Mercedes-Benz.

- Projetos de importação

Zeekr

Também pertencente à Geely, foi lançada como marca global de carros elétricos de luxo em março de 2021. Tem sete modelos disponíveis, alguns em duas versões, e acumula mais de 340 mil unidades vendidas na China e em outros 35 países. O primeiro a chegar ao Brasil, em outubro, foi o Zeekr 001, sedã com preço a partir de R$ 475 mil. O SUV compacto Zeekr X, com preço a partir de R$ 272 mil, foi lançado neste mês de novembro, quando o grupo também inaugurou sua primeira loja na Av. Europa, tradicional ponto de venda de carros de luxo em São Paulo. Mais nove revendas estarão abertas nos próximos meses em Ribeirão Preto (SP) e grandes capitais. A própria Geely é responsável pela operação e, no momento, não há planos de produção local.

Leapmotor

Foi criada em 2015 por Jiangming Zhu, dono de uma das maiores empresas de segurança e vigilância por vídeo, a Dahua. Desde 2019, quando lançou seu primeiro modelo, a marca produziu cerca de 500 mil unidades na China. No fim de 2023, a Stellantis (dona da Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën), adquiriu 20% da Leapmotor e ficou com 51% de sua divisão internacional, com sede na Holanda. Agora é a responsável pela importação, venda e suporte de peças em todos os mercados fora da China. No Brasil, o primeiro elétrico chega em 2025 e será vendido em rede própria, diz o presidente da Stellantis América do Sul, Emanuele Cappellano. Atualmente não há planos de produção local, mas ele não descarta a possibilidade no futuro.

Xpeng

Criada em 2014 para atuar em projetos de mobilidade elétrica, a empresa fez, no ano passado, uma parceria com a Volkswagen, que adquiriu 4,99% de suas ações. As marcas já trabalham no desenvolvimento conjunto de um SUV a bateria. A XPeng tem vários modelos de automóveis elétricos, entre eles o recém-lançado P7+ que, segundo a empresa, é o primeiro gerenciado por IA. Produtos da marca começarão a ser vendidos no Brasil em 2025 por um distribuidor a ser anunciado. Não há projeto de produção local. Até agora focada em modelos premium, a empresa lançou recentemente a marca Mona, que terá carros de baixo custo. A companhia também tem uma divisão de carros voadores e realizou, neste mês de novembro, o primeiro teste de seu e-VTOL.

Polestar

É uma marca sueca de carros elétricos de luxo que pertencia à Volvo, mas agora opera sob controle da chinesa Geely. Comunicado da empresa divulgado em junho anunciou sua chegada ao Brasil para 2025 por meio de um representante local, sem dar detalhes sobre esse futuro parceiro nem sobre os modelos que pretende trazer ao País. A ideia é realizar vendas apenas pela internet. A Polestar, antiga preparadora de carros esportivos, entrou no ramo de elétricos em 2017 e tem três modelos à venda - um quarto será lançado em breve. No mesmo comunicado, o grupo informou que, além do Brasil, vai operar na França, Alemanha, Eslováquia, República Tcheca, Polônia e Tailândia. Apesar de pertencer à Geely, mantém sua produção na Suécia e utiliza algumas plataformas da Volvo.

Fonte: Estadão
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 02/12/2024