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O estrago nas ações da construtora que faz obra de metrô que desmoronou

As obras da Linha 6-Laranja do Metrô que fizeram parte do asfalto da pista local da Marginal Tietê ceder nesta terça-feira, 1°, não causaram estrago só na vida dos motoristas que por ali trafegam. A notícia atravessou rapidamente o Oceano Atlântico e fez desabar as ações da Acciona, a construtora responsável pela obra e que está listada na bolsa de Madrid, na Espanha. Logo depois do acidente, as ações chegaram a afundar quase 6%, e fecharam em queda de 3%. Em nota, a empresa disse que “todas as medidas de contingência já foram tomadas e que, por questão de segurança, a pista está parcialmente interditada”, mas não revelou as causas do acidente.
 

Acciona, responsável pelas obras do metrô de SP, atua no Brasil há 25 anos; saiba mais

Conglomerado espanhol opera em 60 países. Veja outras obras em que o grupo participou

O conglomerado espanhol Acciona, responsável pelas obras da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, opera em 60 países e está no Brasil há mais de 25 anos. O grupo é formado por mais de 100 empresas e tem sede em Madri. Está aqui desde 1996 e possui mais de 1.500 profissionais em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco.

Por 10 anos manteve a concessão da chamada Rodovia do Aço (BR-393), vendida à KT2 em 2018, participou das obras do Porto do Açu, no Rio de Janeiro, além da construção de dois lotes do Rodoanel Norte, em São Paulo. Também venceu licitações para a construção de linhas e estações de metrô em Fortaleza.

No ano passado, a companhia adquiriu a concessão da Linha 6 do metrô de São Paulo, inicialmente da Move São Paulo, formada por Odebrecht, Mitsui, UTC e Queiroz Galvão. O empreendimento é fruto da parceria público-privada (PPP) do governo do Estado de São Paulo com a Concessionária Linha Universidade. No projeto, a Linha Uni é a concessionária e a Acciona é responsável pela construção e um dos acionistas da concessionária. Os trens serão futuramente fornecidos pela francesa Alstom, que não faz parte do consórcio.

As obras da Linha 6 estão em execução pelo braço de construção do grupo Acciona. Depois de finalizada, a Linha 6 será operada pela Linha Uni por 19 anos, segundo assessoria de imprensa do grupo espanhol. A linha nova terá 15 km de extensão, 15 estações, e ligará Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim, na região central de São Paulo. A previsão é que transporte cerca de 630 mil passageiros por dia.

As obras da Linha 6 ficaram paradas de setembro de 2016 a fevereiro de 2020, quando o governo paulista anunciou que a Acciona assumiria o contrato.

Para dar continuidade ao projeto, a concessionária obteve empréstimo de R$ 7 bilhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aprovado no fim de dezembro. O projeto total está orçado entre R$ 15 bilhões e R$ 17 bilhões.

Em entrevista ao Valor em novembro, José Manuel Entrecanales, presidente-executivo global do grupo, disse que a segurança jurídica em torno do contrato da Linha 6-Laranja era uma variável que pesava sobre decisões futuras de investimento no Brasil. Em agosto, o ministro Dias Toffoli considerou inconstitucional a transferência de concessões de uma empresa para outra e, além disso, determinou que fossem desfeitas operações realizadas nesses moldes — como a compra da concessão do metrô pela Acciona. Desde que o voto veio à tona, houve sinais de que esse entendimento pode ser revertido no tribunal: o ministro Gilmar Mendes pediu vista, e o próprio Toffoli sinalizou que pode alterar o relatório. O caso segue em aberto.

Na entrevista ainda, Entrecanales afirmou que o plano para a próxima década é ampliar de forma significativa a operação de infraestrutura no Brasil. “Há vetores de crescimento para todas as áreas de negócio da Acciona: saneamento, tratamento de água, transporte, energia renovável, mobilidade urbana”, disse, ao projetar que o mercado brasileiro ultrapassará o europeu dentro da empresa nos próximos dez anos e se tornará um dos três principais locais de atuação do grupo, ao lado dos Estados Unidos e Austrália.

No ano passado, o grupo espanhol decidiu entrar no mercado brasileiro de geração de energia renovável. A companhia adquiriu a Casa dos Ventos, projeto eólico em desenvolvimento na Bahia, com potência de 850 MW e investimentos projetados em R$ 4,8 bilhões. A expectativa é que a construção comece entre o fim deste ano e o começo de 2023.

A empresa planeja também a possível construção de uma usina solar, em área contígua ao parque eólico, que usaria a mesma estrutura de transmissão. Estima-se que a expansão agregaria mais 200 MW de potência e demandaria investimentos adicionais na ordem de R$ 800 milhões.

A Acciona estuda ainda projetos como: o Trem Intercidades (TIC) entre São Paulo e Campinas, leilões de saneamento básico em diversos Estados, a concessão da rodovia BR-381/262 entre Minas Gerais e Espírito Santo, além de um projeto imobiliário em Salvador.


Fonte: Info Notícias
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 02/02/2022

 

Ômicron é dominante na indústria; no setor metalmecânico não há empresas com atividades suspensas

Pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular, da Firjan, e do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) confirmaram a presença da variante Ômicron em 91 das 95 amostras selecionadas entre os testes positivos realizados nos trabalhadores da indústria do estado do Rio de Janeiro neste início de ano. Foram feitos 567 testes, dos quais 245 deram positivo para a Covid-19. É provável que a tendência seja a mesma em todo o país.

Os crescentes casos de contaminação pela variante Ômicron preocupam. Porém, a indústria metalmecânica brasileira não registra até o momento casos de empresas que tiveram de suspender a produção pela alta incidência de trabalhadores contaminados, de acordo com José Velloso, presidente executivo da Abimaq.

Segundo Velloso, o relativo baixo índice de contaminação pelo coronavírus entre os trabalhadores, especialmente os do chão de fábrica, deve-se ao fato de os operários estarem acostumados a utilizar equipamentos de proteção individual (EPI), de forma que não há muita resistência ao uso de máscaras de proteção e de álcool em gel. “É mais fácil que para o pessoal dos escritórios”, comenta.

O estudo da CDTS/Fiocruz  selecionou  95 amostras entre os entre os testes positivos para o sequenciamento genético do Sars-CoV-2, que indica qual a variante presente. Somente quatro eram da variante Delta, predominante no ano passado. As demais eram da Ômicron, que chegou ao Brasil no final de 2021. O sequenciamento utilizou amostras com alta carga viral, o que facilita a detecção da variante.

A pesquisa usou 92 amostras positivas para a Covid do mês de janeiro e 3 coletadas no fim do ano passado. A variante delta foi predominante em 2021, entretanto apenas 1 amostra dentre as 92 sequenciadas em janeiro era da variante. Todas as demais eram da nova variante Ômicron, da linhagem BA.1. Porém, não foi detectada a linhagem BA.2, já encontrada na Europa.

O levantamento confirma a percepção do crescimento da Ômicron e de sua alta transmissibilidade. Os pesquisadores alertam para a importância da vacinação e da manutenção dos protocolos de segurança e cuidados contra a Covid-19 nos ambientes laborais.

Devido aos novos casos de Covid em todo o estado do Rio, levantamento produzido pela Firjan aponta que a perda potencial na indústria fluminense pode chegar a R$ 260 milhões em apenas um mês. O cálculo considera o valor da produção diária por trabalhador da indústria, o protocolo de segurança – com isolamento social de pelo menos cinco dias – e a média móvel de 4.288 novos casos de Covid confirmados no estado do Rio de 23 de dezembro a 10 de janeiro.

SEQUENCIAMENTO – Pesquisador chefe do Centro de Inovação Sesi em Saúde Ocupacional (CIS SO), ligado à Firjan Sesi, Sergio Kuriyama reforça a necessidade de testagem de forma periódica para a verificação da escalada de casos. “Conforme dados de testagem da Firjan, a contaminação pela Ômicron fez com que os casos positivos de Covid na indústria alcançassem 43% das amostras de janeiro, enquanto a maior taxa de contaminação nos anos de 2020 e 2021 foi de 8,6% em junho de 2020”, destaca.

O sequenciamento feito no Lab Biomol, sob orientação do CDTS, é fruto de um memorando de entendimento entre a federação e a Fiocruz. O pesquisador da Fiocruz, Thiago Moreno, alerta para o trabalho de sequenciamento dos casos positivos de Sars-CoV-2, como forma de detectar as novas variantes e adoção dos protocolos de segurança.

“Essa nota destaca o alerta para trabalhadores e empresários reforçarem as medidas de higiene, o uso de máscara e a testagem precoce para manter o ambiente de trabalho seguro”, ressalta Moreno.

Na primeira semana do ano, diante da constatação da transmissão comunitária no Rio de Janeiro da nova variante, a Firjan Sesi lançou o Guia de Saúde para orientar as indústrias quanto aos cuidados necessários e às boas práticas de prevenção da doença. A variante Ômicron tem se mostrado de baixa letalidade, graças à boa cobertura vacinal no Rio. Ainda assim, se exige o isolamento de quem a contrai, o que provoca um alto número de ausências de trabalho e a consequente queda da produtividade.

Inaugurado em outubro do ano passado, o Laboratório de Biologia Molecular (Lab Biomol), da Firjan, está equipado para avançar na questão das variantes do Sars-CoV-2, sequenciando cepas que estão surgindo e circulando, por meio de análise genética do vírus. Além disso, a nova área do Instituto Senai de Química Verde (ISI QV) apresenta tecnologia de ponta para desenvolver projetos na área de biologia molecular e biotecnologia, apoiar pesquisas de novos medicamentos, vacinas e outros insumos.

Fonte: IPESI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 28/01/2022

 

Minério de ferro de Dalian atinge máxima de 5 meses com otimismo na demanda da China

O minério de ferro de Dalian subiu mais de 7% nesta sexta-feira e estava a caminho de registrar seu maior ganho semanal desde meados de dezembro, impulsionado por uma combinação de esperanças de que a flexibilização monetária intensificada da China estimularia a demanda e os temores sobre as perspectivas de oferta apertada.

O contrato de maio mais negociado da matéria-prima siderúrgica na bolsa de commodities de Dalian da China encerrou a sessão diurna em alta de 7,6%, a 829 iuanes por tonelada, depois de ter atingido 830 iuanes, seu valor mais alto desde 31 de agosto.

O tom de alta foi sustentado, mesmo com alguns traders afastados antes do feriado do Ano Novo Lunar de uma semana, a partir de 31 de janeiro.

Os preços spot também se recuperaram fortemente, com o material de referência com teor de 62% subindo para 140 dólares a tonelada na quinta-feira, o maior nível desde 3 de setembro, segundo dados da consultoria SteelHome.

Após uma montanha-russa em 2021, após os cortes obrigatórios na produção de aço com o objetivo de reduzir as emissões de carbono do setor, a produção do principal produtor de aço da China deve aumentar no primeiro semestre de 2022, antes de cair no segundo semestre, informou a S&P Global Platts citando fontes da indústria e participantes do mercado.

Apesar das ambiciosas metas de baixo carbono da China, o presidente Xi Jinping disse que "reduzir as emissões não é reduzir a produtividade e não se trata de não emitir nada".

"Isso mais uma vez acendeu as esperanças de um renascimento na demanda de matérias-primas, que seria mais visível após fevereiro", após os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, disseram os estrategistas de commodities do ING em nota.

Alertas das principais mineradoras Fortescue Metals Group, BHP Group e Rio Tinto de escassez de mão de obra causada por coronavírus na Austrália aumentaram o rali do minério de ferro.

O vergalhão de aço para construção na bolsa de Xangai subiu 2,8%, enquanto a bobina laminada a quente subiu 2,7%. O aço inoxidável ganhou 0,7%.

O carvão metalúrgico de Dalian inverteu o curso e subiu 0,7%, enquanto o coque saltou 3,8%.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/01/2022

 

CSN reduz protocolo de emergência na Barragem B2 para nível 1

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou nesta quinta-feira (27) que reduziu o protocolo de emergência da Barragem B2, em Rio Acima (MG), para o nível 1 após implementar melhorias significativas de segurança na sua estrutura.

Com isso, a produção na mina de Fernandinho, que representa parcela pouco relevante no total de minério extraído, terá sua produção retomada gradualmente nos próximos dias, diz a empresa.

Leia mais: Setor de mineração investiu R$ 16,76 bilhões em segurança de barragens, aponta Fiemg

Após a conclusão dos reparos de contenção devidos às fortes chuvas registradas no início do mês, a CSN espera retornar a barragem ao nível 0 de emergência.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/01/2022

 

Chinesa Great Wall vai produzir veículos elétricos no interior de SP

A chinesa Great Wall Motors (GWM) anunciou nesta quinta-feira a produção de veículos híbridos e elétricos em uma fábrica em Iracemápolis, interior de São Paulo. Será a maior operação da montadora fora da China, com capacidade produtiva de 100 mil veículos.

Segundo informações do g1, a montadora vai lançar uma linha de produtos que terá somente SUVs e picapes híbridos e elétricos. A escolha por esses dois segmentos foi feita para atender o desejo do consumidor brasileiro.

A empresa vai fazer seu primeiro lançamento no final deste ano. A expectativa é gerar 2 mil  empregos até 2025.

Segundo a GWM, o objetivo é se tornar um centro de exportação para a América Latina e ajudar a desenvolver o mercado brasileiro, com tecnologia eletrificada e inteligente em seus produtos, em uma fábrica modernizada, além de estimular a indústria local de fornecedores com a nacionalização de componentes e de criar uma rede de eletropostos.

A empresa chinesa comprou a planta da antiga fábrica de automóveis premium da General Motors em Iracemápolis, que inclui um terreno de 1,2 milhão de metros quadrados, com todos os prédios e os equipamentos de produção.

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A fábrica passará por uma modernização inicial até o final de 2022, que incluirá processos digitais na produção e linha de montagem inteligente.

Operação no Brasil

A fábrica terá sistema de produção inteligente e capacidade de produção instalada de 100 mil veículos por ano, com expectativa de faturamento anual de R$ 30 bilhões em 2025. A previsão é que o primeiro veículo produzido no Brasil seja lançado no segundo semestre de 2023.

Considerada a sétima montadora mais valiosa do mundo em outubro de 2021, a GWM é líder entre os utilitários esportivos médios no mercado chinês, o maior do mundo, com o modelo Haval H6, por 11 anos seguidos.

A empresa também ostenta o título de quarta maior fabricante global de picapes médias, segmento que ela lidera na China há 24 anos consecutivos, onde a montadora tem uma participação acima de 50%.

Maior empresa automotiva chinesa de capital 100% privado, a GWM investirá mais de R$ 10 bilhões na montadora no Brasil. Serão dois ciclos de investimento na fábrica em Iracemápolis: cerca de R$ 4 bilhões de 2022 a 2025 e R$ 6 bilhões entre 2026 e 2032.

Fonte: O Globo
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 28/01/2022

 

Petróleo e minério: quais variáveis ficar de olho em meio à alta dos preços das commodities neste começo de ano?

O começo de 2022 tem sido positivo para as ações das commodities, com o movimento de rotação nas últimas semanas com a saída dos investidores de setores de crescimento, como de tecnologia, e de volta aos setores de valor.

As preocupações com a oferta vêm impulsionando os preços do minério de ferro, que se recuperaram este mês com os esforços da China de flexibilização monetária para sustentar sua economia em desaceleração. O minério à vista com pureza de 62% negociado em Qingado voltou a ser negociado na casa dos US$ 138 a tonelada, após iniciar o ano a US$ 119.

Já o petróleo vem constantemente renovando máximas, com o tipo brent, referência para a Petrobras (PETR3;PETR4) superando os US$ 90 o barril nesta quarta-feira (26) pela primeira vez desde 2014.  A tensão geopolítica entre Rússia e Ucrâniasendo o grande catalisador recente para a commodity, mas há outros catalisadores no radar.

Alguns fatores estão sendo monitorados de perto para entender quais são os eventos que devem mexer com o mercado no curto prazo para essas duas commodities. Confira abaixo os principais:

Petróleo: revisões para cima 

Em relatório do final da semana passada, o Bradesco BBI apontou que há quatro variáveis-chave de oferta que devem ser observadas ao longo do ano e que poderiam levar a mudanças significativas nos preços do petróleo.

A primeira delas é o debate sobre a produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que vem lutando para elevar a produção mensalmente em 400 mil barris por dia. Os integrantes da organização, em média, aponta a equipe de análise do banco, só conseguiram elevar a produção em cerca de 200 mil barris. Os principais “culpados” são Angola e Nigéria, que vêm tendo declínios acentuados de produção, enquanto a Rússia está um pouco abaixo das cotas.

“Se a Opep+ não conseguir aumentar o ritmo de sua produção de 200 mil barris por dia ao mês para 400 mil barris por dia ao mês, o impacto em nossas estimativas de preço médio do petróleo para 2022 seria de alta de US$ 2 por barril”, avaliam os analistas. Para eles será fundamental observar como as cotas são reorganizadas nas próximas reuniões e como os sauditas e os Emirados Árabes Unidos vão agir para preenchimento das cotas de mercado e compensação da perda de produção da Nigéria e de Angola no passado.

Outro ponto seria o levantamento das sanções iranianas. Ainda sem muito alarde esse ano, um possível acordo entre EUA e Irã poderia trazer rapidamente cerca de 1 a 2 milhões de barris por dia de volta ao mercado.

“Acreditamos que o silêncio de ambos os lados sobre o assunto levou o mercado a ver menores chances de um acordo. No entanto, a preocupação da presidência americana com os altos preços do petróleo pode levar os EUA à mesa de negociações. Se nenhum acordo for alcançado, o impacto em nossas estimativas de preço médio do petróleo para 2022 seria de alta de US$ 4 o barril”, avaliam.

Em terceiro lugar, estão os eventos geopolíticos desencadeados como na Líbia e Cazaquistão, que abalaram o mercado no começo do ano e por enquanto não estão mais impacto a commodity, mas sempre devem ser monitorados. “No final do ano passado, os dois países foram atingidos por protestos políticos que levaram 400 mil barris por dia em produção da Líbia e cerca de 100 mil barris por dia do Cazaquistão. Os níveis de produção, no entanto, já se recuperaram”, destacam.

O quarto ponto é o que mais tem afetado os preços da commodity nas últimas semanas: a tensão entre Ucrânia e Rússia.

“A Rússia tem aumentado a atividade militar na região. Dadas as tensões no passado recente, a escalada de eventos pode danificar a infraestrutura para a distribuição do petróleo, especialmente no Sul. O oleoduto Druzhba no sul da Ucrânia transporta cerca de 250 mil barris por dia. Se tivéssemos interrupções deste oleoduto ao longo de todo o ano, o impacto em nossas estimativas de preço médio do petróleo para 2022 seria de US$ 1”, destacam. Eles reforçam que, se as interrupções forem superiores a 250 mil, expandindo para outros oleodutos na Ucrânia, o impacto poderia ser ainda maior.

Para o BBI, a demanda pela commodity já havia encerrado 2021 em um nível que justificaria os preços do petróleo em média a US$ 75 o barril, acima da sua estimativa atual de US$ 68.

“Os preços atuais parecem estar levando em consideração outros desenvolvimentos fundamentais importantes, como o atraso do aumento da produção da Opep+, juntamente com nenhum acordo iraniano e alguns eventos geopolíticos. Se a Opep+ conseguir reverter sua situação de abastecimento e um acordo for assinado com o Irã, acreditamos que os preços do petróleo podem recuar para por volta de US$ 75”, avaliaram os analistas.

Enquanto isso, outras casas de análise têm revisado constantemente suas projeções para cima. Recentemente, a equipe de análise do Credit Suisse revisou as previsões de preços para 2022 do brent para US$ 75 (ante US$ 69) e do WTI para US$ 72. Os analistas apontam ainda que, com o aumento das tensões geopolíticas, o risco nos preços é para cima.

A equipe de análise destaca que o estoque de petróleo dos EUA está cerca de 14,3% abaixo do nível ano passado e 8,3% abaixo da média de 5 anos. Assim, estima que o mercado global de petróleo foi subabastecido em cerca de 1 milhão de barris por dia no quarto trimestre de 2021 e permanecerá subabastecido em cerca de 0,5 milhão de barris no primeiro semestre de 2022, sustentando assim preços mais altos no curto prazo.

“Embora a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) acredite que os mercados serão superabastecidos em 2022, nossos analistas projetam o mercado como modestamente subabastecido (cerca de 400 mil barris por dia de suboferta em 2022)”, apontam os analistas do Credit.

Análises das últimas semanas têm destacado que o barril de petróleo a US$ 100 tem sido apenas uma questão de tempo para virar realidade. Na semana passada, o Goldman Sachs havia projetado que o barril deveria atingir US$ 100 no terceiro trimestre devido ao consumo acima do esperado. Esse patamar de preço intensificaria a já considerável pressão inflacionária na economia global e os problemas enfrentados por bancos centrais e governos. No final da semana passada, o Morgan Stanley juntou-se ao Goldman Sachs na previsão de petróleo a um valor de três dígitos no final deste ano.

Já o Citigroup alertou que manter uma visão altista pode ser perigosa após este trimestre, prevendo que o mercado global de petróleo entrará em um superávit estrutural nos próximos sete trimestres, com a projeção de que a demanda caia ou permaneça estável no segundo trimestre. As interrupções inesperadas também diminuíram, avaliaram os analistas.

Minério: próximas oito semanas da China sendo monitoradas

De uma forma mais discreta, o minério de ferro também registra ganhos no ano, passando de US$ 119 nos primeiros dias de janeiro para US$ 138 ao final deste mês, um avanço de mais de 15%.

Porém, apesar da alta recente, em relatório, o UBS apontou estar cauteloso com os preços do minério de ferro. Isso porque projeta que a demanda se enfraqueça e que a oferta suba ao longo do ano.

Para os analistas do banco, três eventos devem ser monitorados pelos investidores nas próximas oito semanas.

O primeiro ponto é o Ano Novo Chinês, que ocorre entre 31 de janeiro e 6 de fevereiro. Como os trabalhadores imigrantes podem voltar às suas casas durante essas datas, a atividade de construção tende a se moderar, especialmente durante as festas.

Por outro lado, a expectativa dos analistas é de que esse movimento impulsione um aumento sazonal no estoque de aço, produzido a partir do minério de ferro, não um colapso no produção dele.

“Esperamos que as campanhas Blue Sky (de redução de poluentes na capital da China) restrinjam a produção de aço no primeiro trimestre. No entanto, se os spreads forem saudáveis, a produção de aço deve aumentar em outros lugares na China, então o impacto no minério de ferro provavelmente será limitado”.

Os próximos dois eventos são a Olimpíada de Inverno, entre 4 e 20 de fevereiro, Paralimpíadas (entre 4 e 13 de março) e também os eventos de “Duas Sessões”, como é conhecida a reunião Congresso Nacional do Povo e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, entre 4 e 11 de março.

As operações das siderúrgicas devem permanecer reduzidas ao longo de fevereiro para melhorar a qualidade do ar durante os Jogos de Pequim. Além disso, para os analistas, o Congresso Nacional do Povo deve ser acompanhado pois é lá que o governo destacará suas prioridades e planos para 2022.

A produção de aço bruto subiu 20% no comparativo entre dezembro e novembro de 2021. Dados da Associação de Ferro e Aço da China (CISA) apontam, contudo, ser provável que no mês de janeiro a produção seja moderada, porque os estoques estão cheios, avalia o UBS.

Na semana passada, o Bank of America destacou projetar queda para o minério nos próximos dois anos, vendo os mercado de minério de ferro começando 2022 com superávit, depois de “vários anos de aperto”. Assim, reforçaram recomendação equivalente à neutra para os ativos da Vale (VALE3).

“Vemos o minério de ferro caindo para US$ 91 a tonelada em 2022 e ficando entre US$ 75 e US$ 80 a tonelada em 2023 e 2024, enquanto hoje está em US$ 127. É improvável que a ação tenha um desempenho superior neste contexto”, apontaram.

Fonte: Infomoney
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 27/01/2022