Quem será afetado pela alta nos preços do aço?
O mês de abril começou um pouco mais complicado para os setores da economia que precisam de aço em sua produção. Por conta de uma série de fatores, tanto do mercado internacional quanto do nacional, as siderúrgicasdevem repassar um aumento no preço do aço, com um reajuste na casa dos 20%.
A alta nos preços do aço deve afetar os setores da construção civil, indústria (máquinas e equipamentos, bens eletrodomésticos, implementos agrícolas, tubos, autopeças e outros) e a rede de distribuição (que vende aço no varejo).
Outro setor que pode sofrer com isso é o automobilístico. Mas, o repasse não será feito de forma imediata, uma vez que as montadoras têm datas específicas de aumento do aço que compram – uma ou duas vezes por ano. Martinez, da CSN, disse que a CSN deve promover o reajuste em julho, com previsão de aumento na casa dos 15%.
Ao Valor Econômico, uma fonte da rede de distribuição afirma que o aumento nos preços será uma “pancada no nosso negócio”, visto que o mercado brasileiro já está abastecido com a commodity. Vale destacar que o segmento de distribuição é responsável por cerca de um terço do aço plano comercializado no país.
Siderúrgicas programam repasse de aumento do preço do aço em abril
As empresas vinculadas ao setor siderúrgico promoveram um forte reajuste nos preços. A CSN e Usiminas anunciaram um aumento de 20% na matéria-prima. Porém, ele não será aplicado de uma vez só.
A CSN começou com 12,5% e na segunda quinzena vai subir os 7,5% restantes. A siderúrgica mineira começou com 15% – os outros 5% virão 15 ou 20 dias depois.
O diretor-executivo da CSN, Luiz Fernando Martinez, comentou, ao jornal Valor Econômico, que vai reajustar os preços em toda a linha de produção (laminados a quente e a frio, zincados, pré-pintados e longos), com exceção de folhas metálicas.
Ele destaca que as folhas metálicas, que utilizadas na fabricação de embalagens, como latas de tintas, de alimentos e outras, terão aumento de 7,5% apenas em maio.
A ArcelorMittal, por sua vez, relata que o reajuste do aço também será aplicado em duas parcelas.
Outra empresa que promoverá um aumento nos preços será a Gerdau, entretanto, a siderúrgica paulista não divulgou percentual do reajuste e nem se ele será parcelado.
Guerra na Ucrânia é responsável pela escalada de preços
A guerra na Ucrânia afeta diretamente o mercado global de aço, cujo os países envolvidos no conflito são grandes produtores e exportadores da commodity.
As placas de aço, material semiacabado para fazer produtos laminados, saltaram de US$ 600 a tonelada para a casa dos US$ 1.150 a US$ 1.180. O aumento ocorre por causa da valorização no preço do carvão, que praticamente dobrou de preço, cotado a US$ 700 a tonelada. Além disso, o minério já ganhou um acréscimo de US$ 30 desde o início da guerra.
O preço da bobina a quente (BQ) – material de referência do mercado de aço – na China está cotado entre US$ 880 e US$ 900 a tonelada. Vale ressaltar que praticamente não há disponibilidade para importar o produto. Os chineses estão ocupando mercados europeus que eram das usinas russas e ucranianas
A mesma BQ na Europa é comercializada na faixa de US$ 1.480 a tonelada, enquanto nos EUA – considerado o melhor mercado, hoje, para placas e laminados – chegou a US$ 2 mil, mas recuou para um patamar de US$ 1.560.
Fonte: Eu Quero Investir
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/04/2022