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O que é preciso saber sobre os carros híbridos?

Há apenas um ano, a indústria automotiva era quase unânime na sua mensagem: os carros elétricos são o futuro e vão dominar o mercado mais cedo do que você imagina.

Agora, esse otimismo parece ter sido prematuro. Embora as montadoras continuem lançando novos modelos de carros elétricos — aqueles que funcionam inteiramente com baterias e não têm motor movido a gasolina —, o crescimento das vendas diminuiu drasticamente, já que os consumidores não estão comprando esses itens tão rápido quanto a indústria esperava. Os carros elétricos não vendidos estão se acumulando nas concessionárias, apesar da diminuição de preços. 

O que aconteceu? Muitas pessoas temem que a escassez de estações de carregamento públicas e a autonomia limitada dos carros elétricos possam deixá-las na mão com uma bateria descarregada. Depois de encontrar um carregador, leva muito mais tempo para reabastecer as baterias do que um tanque de gasolina. E a maioria dos EV’s ainda custa mais do que carros com motor a gasolina semelhantes, especialmente porque muitos modelos perderam seus incentivos fiscais este ano. 

Em vez disso, mais compradores que buscam reduzir seu gasto com gasolina ou suas emissões de gases de efeito estufa se voltam para uma tecnologia que já existe há um quarto de século: os veículos híbridos, que combinam baterias e motor elétrico com um motor a gasolina com combustão interna convencional. As vendas de híbridos nos EUA superaram as de veículos elétricos em 2023, cerca de 1,4 milhão para 1,2 milhão, de acordo com a Cox Automotive, fornecedora de informações e tecnologia para a indústria automotiva. Em resposta, as montadoras planejam produzir mais híbridos.

Mas quão práticos são esses modelos? Os compradores economizarão dinheiro? E qual variação híbrida é melhor? Abaixo, respondemos a essas e outras perguntas.

Como funcionam os carros híbridos?

Na maioria dos carros híbridos, tanto o motor a gasolina quanto um motor ou motores elétricos podem fazê-los funcionar. O motor também aciona um gerador de eletricidade. A eletricidade alimenta um conjunto de baterias, que, por sua vez, faz funcionar o motor.

Além disso, a maioria dos híbridos recarrega a bateria de outra forma: quando você tira o pé do acelerador ou pisa no freio, o carro inverte a direção do motor elétrico, o que tanto diminui a velocidade do veículo quanto transforma o motor em um gerador de eletricidade. Esse processo é chamado de frenagem regenerativa. Mas esse tipo de híbrido, a variante mais comum, não pode ser ligado na tomada para reabastecer a bateria. 

A eletrônica sofisticada descobre qual dos motores, o elétrico ou o a combustão — ou ambos simultaneamente em alguns modelos —, é o responsável por mover o veículo em um dado momento.

Isso parece complicado. Qual é o ponto?

Os híbridos percorrem mais quilômetros por litro de gasolina porque não estão queimando combustível o tempo todo — o motor a gasolina pode desligar enquanto a bateria e o motor elétrico trabalham, normalmente em velocidades mais baixas, na estrada ou na cidade. Além disso, como o motor elétrico pode auxiliar o motor a gasolina, este pode ser menos potente do que em um carro similar movido somente a gasolina e, portanto, mais eficiente em termos de combustível. 

A quilometragem alcançada por um híbrido é melhor do que a de um carro comum movido a gasolina?

Pode ser dramaticamente melhor, cerca de 40% a mais em média do que os veículos somente a gasolina, de acordo com o Consumer Reports. 

O sedã híbrido Toyota Camry mais eficiente faz 22 quilômetros por litro na combinação cidade/estrada, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental — quase 63% a mais que o Camry não híbrido mais eficiente, com 13 km/l. O SUV híbrido Hyundai Tucson Limited faz 16 km/l, 32% melhor do que os 12 km/l do não híbrido.

O Departamento de Energia dos EUA oferece uma ferramenta para comparar, em milhas por galão, as versões híbridas e não híbridas do mesmo modelo.

Existem outras vantagens dos híbridos?

Muitos aceleram mais rapidamente do que seus equivalentes movidos a gasolina. E são mais silenciosos em baixa velocidade quando funcionam apenas com bateria. “Eles tendem a ser um pouco mais agradáveis do que seus equivalentes movidos apenas a gasolina”, diz Alex Knizek, gerente de testes e insights de automóveis da Consumer Reports. E, apesar de seu motor mais complicado, podem ser mais confiáveis do que veículos convencionais semelhantes, acrescenta.

Além disso, ao contrário de um EV, “não há mudança na experiência do consumidor”, diz Stephanie Valdez Streaty, diretora de insights do setor da Cox Automotive. “Não preciso me preocupar com o carregamento, nem ter ansiedade com relação ao alcance.”

 

Então, o que não é bom em um híbrido?

A maioria custa mais do que os modelos com motor a gasolina, até 20% a mais, de acordo com o site de compras de carros Edmunds, embora sejam mais baratos do que os carros totalmente elétricos. Por exemplo, o preço base do Honda CR-V Hybrid, de US$ 34.050, é cerca de 15% maior que o do CR-V a gasolina. A Honda não fabrica o CR-V elétrico, mas um SUV elétrico de tamanho semelhante, o Volkswagen ID.4, custa a partir de US$ 39.735.

Mas esse preço está caindo à medida que os custos das baterias e de outros componentes dos híbridos diminuem. “Acho que continuaremos a ver os híbridos mais caros baratearem”, diz Valdez Streaty. No entanto, não há incentivos fiscais federais ou estaduais para esses tipos.

Alguma outra desvantagem dos híbridos?

Isso não é necessariamente uma desvantagem, mas uma peculiaridade: eles obtêm melhor quilometragem na cidade do que na estrada — o oposto de carros com motor a gasolina.

Por exemplo, o Lexus RX híbrido faz 15,5 km/l na cidade, mas apenas 14,2 km/l na estrada. Portanto, se a maior parte do seu uso diário é na estrada, você não verá o mesmo benefício de eficiência que aqueles que o usam principalmente na cidade.

O que está por trás da menor eficiência na estrada?

O motor que usa gasolina costuma rodar a maior parte do tempo na estrada, já que o motor elétrico por si só não é potente o suficiente para manter altas velocidades.

Posso recuperar o custo extra de um híbrido com a economia de gasolina?

Muitos proprietários conseguem isso dependendo de quanto tempo mantêm o carro e, particularmente, se dirigem principalmente na cidade. A Consumer Reports diz que o período médio de retorno é de quatro anos, enquanto a gasolina custar cerca de US$ 1,00 o litro e o veículo andar 20 mil quilômetros por ano. Quanto mais quilômetros você rodar ou quanto mais cara for a gasolina, mais cedo será o retorno. 

Então, devo considerar um híbrido, mesmo dirigindo principalmente na estrada? 

Possivelmente, porque a maioria desses carros tem melhor quilometragem na estrada do que um veículo similar apenas a gasolina. Mas o período de retorno pode ser muito mais longo do que para outros motoristas. 

Estou confuso com os “híbridos plug-in” que algumas montadoras vendem. Quais são eles?

Os híbridos plug-in, que a indústria chama de PHEVs, também combinam um motor a gasolina com um motor ou motores elétricos. Mas sua bateria é muito maior e, portanto, retém mais eletricidade. E, ao contrário de um híbrido comum, você pode conectá-los a uma tomada ou carregador público para reabastecer a bateria, assim como em um EV. 

 

Qual a vantagem dos híbridos plug-in?

A capacidade adicional da bateria significa que eles podem percorrer certa distância apenas no motor elétrico, variando de 24 a 80 ou mais quilômetros, dependendo do modelo. Assim, na cidade ou em viagens curtas, pode parecer um EV, com seu motor silencioso e sem emissões. Quando a bateria estiver quase vazia, o motor a gasolina assume o controle e o veículo opera como um híbrido normal, então não há preocupação em ficar parado. 

A autonomia elétrica significa que podem fazer maior quilometragem com gasolina em uma viagem do que um híbrido comum, mas isso depende da duração da viagem — menos tempo de estrada aproveita mais a autonomia elétrica antes que o motor a gasolina seja acionado — e se o carro está sendo usado na cidade ou na estrada. Conectá-los em carregadores públicos de vez em quando enquanto estiver na estrada também aumenta a quilometragem.

Essa eficiência é uma das razões pelas quais as montadoras planejam construir mais plug-ins para ajuda-las a cumprir as regulamentações federais e estaduais.

O que mais pode me convencer a comprar um modelo plug-in?

Alguns se qualificam para um crédito fiscal federal de até US$ 7.500, e certos estados também subsidiam plug-ins. Entre os modelos elegíveis para um crédito federal estão o Ford Escape Plug-In Hybrid e o Jeep Grand Cherokee 4xe. No entanto, pode haver restrições de renda para esses créditos. O leasing de um plug-in pode ser outra forma de obter o valor do crédito tributário federal, já que a empresa de leasing fica com o crédito e pode repassá-lo ao cliente.

Há desvantagens nos híbridos plug-in?

Sim. Sem um incentivo fiscal, a maioria custa mais do que os híbridos comuns — o SUV plug-in RAV4 Prime da Toyota tem um preço base de US$ 43.690, em comparação com os US$ 31.725 do RAV4 híbrido regular. E em climas muito frios, é provável que um plug-in fique sem bateria mais rápido do que a autonomia declarada, a mesma falha que afeta os EVs.

Além do mais, uma vez que a bateria esvazia, a quilometragem pode ser mais baixa do que a de um híbrido comum, especialmente na estrada. Isso porque as baterias extras dos plug-ins pesam centenas de quilos a mais, consumindo mais combustível do que um híbrido comum quando no modo apenas a gasolina.

O que mais devo saber sobre plug-ins?

O recurso plug-in traz os mesmos problemas de carregamento que os proprietários de veículos elétricos enfrentam: você precisa de pelo menos uma tomada elétrica padrão perto de onde estaciona. E se não conseguir instalar uma tomada de 240 volts em casa, algo que pode custar desde centenas de dólares até mais de US$ 1 mil, encher a bateria pode levar cerca de 12 horas.

Além disso, é preciso lembrar de ligar na tomada — coisa com a qual alguns donos de plug-in não se incomodam, já que os carros funcionam bem com gasolina. Claro, isso significa que você não terá a economia total de gasolina, então o preço mais alto pode ser um desperdício.

 

Dado o preço mais elevado, quem deve considerar um híbrido plug-in?

Isso depende de vários fatores. Você tem uma tomada disponível em casa ou no trabalho? O uso diário do seu carro geralmente está dentro da faixa de uso da bateria, ou perto dela, o que acelerará o retorno do valor adicional? E você mora em uma área com preços moderados de eletricidade, mas altos preços de gasolina, o que também faz com que o retorno do seu investimento seja mais rápido? 

A EPA (Agência de Proteção Ambiental) conta com uma calculadora que ajuda os consumidores a descobrir quanto economizariam em gasolina e gastariam em eletricidade com um plug-in.

Então, qual tipo de sistema veicular garante os menores gastos com combustível?

Geralmente é um VE, embora existam variáveis, incluindo os preços da gasolina e da eletricidade, além de seus hábitos de utilização do automóvel.

Eis aqui uma comparação feita pela EPA dos custos médios anuais de combustível, com base em 24 mil quilômetros de uso, para várias versões do SUV RAV4 da Toyota: para a versão com motor a gasolina, US$ 1.700 a US$ 1.750; para a versão híbrida, R$ 1.300; e para a versão híbrida plug-in, R$ 950. Não há RAV4 totalmente elétrico, mas o Volkswagen ID.4 AWD de tamanho semelhante precisa de US$ 750 por ano em eletricidade.

Algumas montadoras oferecem “híbridos leves”. Quais são?

Esses veículos têm um motor elétrico e bateria menores do que dos híbridos comuns, que são usados quase inteiramente para complementar a potência do motor a gasolina em vez de mover o carro de forma independente. Alguns podem desligar o motor enquanto você desacelera o carro e roda brevemente com a bateria, e usar a frenagem regenerativa para recarregar a bateria, como um híbrido. E em veículos com recurso start-stop, que desliga o motor ao parar no semáforo, o carro volta a andar com a energia da bateria por um curto período antes que o motor seja reiniciado. Esses recursos podem elevar a classificação km/l do veículo, outro incentivo para os esforços das montadoras para atender às exigências do governo. 

Quais são as desvantagens dos híbridos leves?

Eles não andam apenas com o motor elétrico, só intermitentemente, o que significa que não são tão silenciosos como um híbrido regular ou plug-in no modo apenas bateria. E nem de perto fornecem a eficiência desses híbridos em termos de consumo de gasolina.

Então, o que é melhor para o meio ambiente, qualquer tipo de híbrido ou um VE?

É complicado. Embora os híbridos usem menos gasolina do que os carros comuns em geral e, portanto, suas emissões de gases de efeito estufa sejam menores, eles ainda poluem enquanto estão no modo a gasolina. Alguns grupos ambientalistas têm pressionado as montadoras que promovem as vantagens verdes dos híbridos. 

Os veículos elétricos, por outro lado, não geram poluição por si só. Mas a eletricidade usada para carregar suas baterias pode vir de usinas a carvão ou gás, que contribuem para o aquecimento global; portanto, na verdade, também não são totalmente limpos nesses casos.

Fonte: Investnews
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 16/04/2024

 

Venda de máquinas agrícolas movimenta R$ 7,5 milhões na ExpoLondrina

Os equipamentos voltados para o plantio/colheita mecanizada foram um dos grandes atrativos dos visitantes da ExpoLondrina 2024. Os números parciais apontam que foram comercializados mais de R$ 7,5 milhões em equipamentos nos dez dias de feira. André Silveira, da Integrada Máquinas, afirmou que comercializou R$ 4 milhões de máquinas em um balanço parcial, o que ele avaliou como positivo. Eliel Tavares de Lima, da Planta Fértil, avaliou que as vendas estão melhor do que o esperado.

“No ano passado foi bem fraco e não vendemos nenhuma máquina. Este ano vendemos seis máquinas, resultando em um faturamento de R$1,5 milhão. Marcos Vinícius de Moraes é gerente de vendas da Kato Tratores e relatou que a edição deste ano foi positiva. “Esta edição foi muito boa. Superou a expectativa. Faturamos R$ 2 milhões com a venda de três tratores e três plataformas de milho”.

Valdenir dos Santos, da Planti Center, também avaliou como positiva a participação da ExpoLondrina. “Vendemos 10 equipamentos e o faturamento foi de aproximadamente R$ 300 mil. Ainda não fechamos os cálculos, mas acima das vendas, a exposição nos garantiu muitos contatos que vão resultar em pedidos. Eles só estão aguardando a liberação de recursos para confirmar a compra”, afirmou Santos. O vendedor da loja Top 100 máquinas, Rogério Adriano da Silva, contabilizou oito negócios fechados no decorrer da feira, e a expectativa é de que no pós- feira sejam concretizados outros três negócios. “Se tudo correr bem serão onze contratos fechados no total e em termos de valor vamos projetar cerca de R$ 1,2 milhão.

Sobre essa questão de venda foi um pouco melhor que a do ano passado, com um volume de 60% a mais que 2023”. Na Jacto Brasil, o administrador de vendas Valmir Gazeta Sumensari relatou que o ano não foi bom. “Comparado com a exposição do ano passado, tivemos 10% a menos de venda. “Já sabíamos que seria desafiador por causa do preço da soja e fizemos algumas ações pré-feira para tentar atrair visitantes.

Compramos ingressos de camarote para alguns clientes irem no show, porque o ano não está igual ao do ano passado, mesmo assim avaliamos o resultado como satisfatório.” Sumensari não quis divulgar o volume e o faturamento do estande na ExpoLondrina. A New Agro, a AgroTork e a Cocamar não informaram o volume vendido e o faturamento dos equipamentos. Com informações da assessoria de imprensa.

Fonte: Rádio Paiquerê FM News
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 16/04/2024

 

Indicadores para entender o 1º trimestre da economia brasileira

Com os dados divulgados esta semana, já se conhece a maioria dos indicadores de atividade econômica para o primeiro trimestre de 2024. Alguns dados de inflação vão até o mês de março, enquanto nos demais as informações mais recentes são referentes ao mês de fevereiro.

Em geral, o mercado tem sido surpreendido, até mesmo com resultados na contramão da expectativa. Era esperada queda das vendas do comércio em fevereiro, por exemplo, mas houve alta. Já no caso do indicador de serviços, acreditava-se em um número no território positivo, mas a taxa foi de queda.

Os dados levaram inclusive a revisões para cima das projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, como as do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), do Santander e do Itaú. Ou a colocação de viés positivo na estimativa, como no caso do Bradesco. No Boletim Focus, que reúne as principais instituições financeiras do mercado, as estimativas para o PIB seguem em alta há oito semanas seguidas.

Confira, a seguir, os gráficos que explicam o primeiro trimestre da economia brasileira:

Inflação

Depois de acelerar em fevereiro, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em março, abaixo da mediana de 0,24% das expectativas do mercado, pelo Valor Data. O IPCA é o índice oficial de inflação no país, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) usado como referência para a meta de inflação do governo. No resultado acumulado em 12 meses, fechou em 3,93%, o menor para um período de 12 meses desde junho de 2023 (3,16%).

O resultado geral deu um alívio, mas permanece a cautela com o índice de serviços, que segue acima do IPCA no resultado em 12 meses.

IGP-M

O Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) é outra das medidas de inflação no país, usada como indexador em contratos financeiros e de locação. Há uma espécie de “descolamento” entre os resultados do IGP-M e do IPCA, por causa da estrutura diferente. O IGP-M é elaborado a partir de coleta de preços em três segmentos: atacado, varejo e construção civil, que representam respectivamente 60%, 30% e 10% do indicador. Por outro lado, o IPCA, como o nome diz, mede os preços ao consumidor, ou seja, no varejo. Diferentemente do IPCA, o IGP-M tem deflação nos 12 meses até março, com recuo de 4,26%. A queda se intensificou desde o início de 2024, já que estava em -3,32% nos 12 meses até janeiro.

Inflação na indústria

A chamada inflação de “porta de fábrica”, sem impostos e fretes, é medida pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP), também do IBGE. Em fevereiro, o índice voltou ao campo positivo após três meses de taxas negativas. O movimento foi puxado pelos preços das indústrias extrativas.

No resultado acumulado em 12 meses, registra deflação de 5,16%, explicada principalmente pelas indústrias de transformação com queda de 5,58% dos preços no período.

Indústria

Os dois primeiros meses de 2024 apontam queda da produção industrial – ainda não há dados para março. Os recuos foram de 1,5% em janeiro, ante mês anterior, e de 0,3% em fevereiro. Mas em fevereiro a produção de bens intermediários foi a única das quatro grandes categorias do setor que apresentou queda (-1,2%). Trata-se da categoria com maior peso na indústria brasileira, de quase 60%.

Outro aspecto que também traz alguma ponderação sobre os dois recuos da indústria é o perfil regional do desempenho. Dez dos 15 locais pesquisados pelo IBGE registraram alta em fevereiro, ante janeiro.

Serviços

O resultado de serviços conhecido até agora sobre o primeiro trimestre também deixa a desejar. Houve alta em janeiro (0,5%), mas fevereiro foi de queda (-0,9%), o que o IBGE interpretou como acomodação.

Comércio

O varejo é o grande destaque nos indicadores de atividade econômica do primeiro trimestre até agora. O crescimento foi de 2,8% em janeiro e de 1% em fevereiro, na série que compara com o mês imediatamente anterior. Nos dois meses o desempenho veio muito acima do esperado pelo mercado. E as taxas são muito mais expressivas que as do ano passado.

Mercado de trabalho

O primeiro trimestre é tradicionalmente mais fraco para o mercado de trabalho, por causa da dispensa de trabalhadores que foram contratados de forma temporária no fim do ano. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do trimestre encerrado em fevereiro mostrou aumento da taxa de desemprego e do número de desempregados, mas inferior ao de outros anos.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 15/04/2024

 

Exportações aos países árabes crescem 28%; açúcar e minério de ferro são destaques

As exportações do Brasil aos países árabes cresceram 28,7% em valores no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com dados do governo federal compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O aumento das compras de açúcar pela região teve peso preponderante no desempenho, mas os árabes também importaram em quantidades maiores outras commodities do Brasil, como minério de ferro, impactando o comércio.

Os brasileiros tiveram receita de US$ 5,67 bilhões nas vendas ao mercado árabe de janeiro a março contra US$ 4,41 bilhões em iguais meses do ano anterior. Entre os 15 principais produtos embarcados, os maiores aumentos se deram na venda de gado, alta de 147,7%, de açúcar, mais 105,4%, e de carne bovina, 84,4% maior. O minério foi o segundo produto da pauta, atrás do açúcar, com 43% de alta.

Commodities alavancam exportações

O gerente de Inteligência de Mercado da Câmara Árabe, Marcus Vinícius, afirma que o crescimento da exportação do Brasil aos países árabes tem relação com o desempenho das commodities. Ele explica que, no caso do açúcar, além do aumento na receita, o Brasil vendeu volume 73% maior ao mercado árabe, o que significa que o movimento não reflete apenas a alta de 19% no preço.

Segundo Vinícius, a queda na produção da concorrência, como Índia, Tailândia e União Europeia, ajudou a impulsionar os embarques brasileiros de açúcar, que somaram US$ 1,8 bilhão. Ele acredita que os árabes foram buscar outros países para suprir a demanda e o Brasil já é tradicional fornecedor. O gerente lembra que o Brasil teve uma safra recorde de cana-de-açúcar no começo deste ano.

No caso do minério de ferro, a exportação brasileira aos árabes somou US$ 924 milhões de janeiro a março. Segundo Vinícius, há cerca de dez anos, o Brasil tinha na Vale uma das poucas exportadoras de minério do Brasil ao mundo árabe. A empresa abastecia sua operação em Omã. Hoje, diz ele, houve diversificação das empresas fornecedoras e dos destinos nas vendas do minério, que vai também para países como Egito, Bahrein, Argélia, Líbia, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

Apesar da predominância das commodities na pauta, o gerente da Câmara Árabe destaca outros setores que estão crescendo. É o caso de cosméticos. O Brasil teve receita de US$ 7 milhões nas exportações do segmento aos árabes no primeiro trimestre, com alta de 24% sobre iguais meses de 2023 e predominância dos produtos para cabelos. Ele afirma que outros itens, de perfumaria e higiene, também avançam na venda.

Importação de países árabes

Na importação brasileira de produtos de países árabes, houve queda de 15,5%. O valor somou US$ 2,33 bilhões de janeiro a março deste ano contra US$ 2,76 bilhões no primeiro trimestre de 2023. Houve recuo de 6,4% nas vendas árabes de combustíveis minerais ao Brasil, para US$ 1,5 bilhão, e de 41,7% nas de fertilizantes, que ficaram em US$ 423,7 milhões. O combustível é o primeiro item da pauta de vendas dos árabes ao Brasil e o fertilizante é o segundo. Nos dois casos, houve diminuição tanto nos valores como nos volumes importados.

Fonte: Comex
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 15/04/2024

 

Incertezas na China alimentam sobe e desce do minério de ferro

Os preços do minério de ferro exibiram trajetória de montanha-russa nas últimas semanas. Oscilando junto com as incertezas relativas à economia chinesa — a China é a maior consumidora mundial da commodity — e as notícias sobre a crise no setor imobiliário local, as cotações tocaram, no início do mês, o menor nível em quase 11 meses no mercado à vista, de US$ 98,30 por tonelada. Na sexta-feira, já haviam retomado a marca de US$ 112 por tonelada, segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, com ganho acumulado de 9% em abril.

“Estamos acompanhando a evolução do setor de incorporação imobiliária na China, que segue sem dar tantos sinais positivos. Mas, mais recentemente, o setor de manufatura deu mostras de recuperação, com alguma melhora do PMI [índice de gerente de compras] na última leitura”, diz o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA.

O setor de construção é responsável por cerca de 30% a 40% do consumo de aço na China, portanto um forte indutor da demanda de minério. Em 2024, segundo a mais recente projeção da Associação Mundial do Aço (World Steel Association), o consumo de produtos siderúrgicos no país asiático deve permanecer estável em relação ao ano passado, com as perdas no setor imobiliário compensadas pela maior procura de aço em infraestrutura e dos setores industriais.

Apesar da recuperação recente, o minério com teor de 62% de ferro ainda exibe desvalorização importante em 2024, de cerca de 20%. E até o momento não há indícios de que essa baixa possa ser zerada. Pelo contrário. Para o restante do ano, a expectativa do Itaú BBA é que os preços da commodity variem entre US$ 100 e 110 por tonelada

Em relatório recente, a equipe de analistas liderada por Sasson e a analista de macro Laura Pitta apontaram que o desequilíbrio entre oferta e demanda deve pressionar os preços, resultando em cotação média anual de US$ 110 por tonelada, contra US$ 120 por tonelada em 2023. A revisão do preço estimado para 2024 implica em preço médio de US$ 105 por tonelada entre o segundo e o quarto trimestres.

Segundo o banco, a demanda deve recuar no ano, em meio à queda estimada de 1,5% na produção chinesa de aço e ao maior uso de sucata ferrosa no processo produtivo. Ao mesmo tempo, a oferta da commodity deve crescer levemente, com o início de operação do projeto Simandou, o maior do mundo, pela Rio Tinto.

Do lado da sucata, os analistas do Itaú BBA lembram que a China pretende aumentar seu uso com vistas ao cumprimento de metas ambientais e à diminuição da dependência do minério importado. No curto prazo, contudo, o efeito sobre a demanda da commodity parece limitado.

Já em relação a Simandou, a leitura é que o projeto deve levar a uma “disrupção” na indústria de mineração dados sua dimensão, de 120 milhões de tonelada por ano, e o teor de 65% de ferro. Mas ainda há desafios de infraestrutura a superar.

O Itaú BBA estima a entrada de mais de 100 milhões de toneladas nos próximos cinco ou seis anos, o que pode levar a um ambiente de “sobreoferta estrutural, potencialmente pressionando os preços” do minério. “Por ora, estamos mantendo nossa estimativa de longo prazo de US$ 80 por tonelada em termos reais (equivalente a US$ 90 por tonelada em termos nominais em 2030”, escreveram.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 15/04/2024

 

Primeira fábrica automatizada de prédios do país produz mais de 4.000 apartamentos por ano

A primeira fábrica automatizada de prédios do Brasil entra em operação em Cascavel, no Paraná, para a construção de um bairro integrado com 36 edifícios. Com um complexo industrial ocupando uma área de 180 mil m², cerca de 2.400 apartamentos poderão ser produzidos a cada seis meses.

A produção segue a mesma ideia da linha de montagem de veículos pela indústria automotiva. Estruturas de concreto pré-moldadas de paredes, lajes e pisos saem prontas da fábrica, inclusive com a parte hidráulica e elétrica embutida. No canteiro de obras, as peças são conectadas sobre a fundação já finalizada.

"Tem que industrializar a construção civil. Fazer em escala é o único jeito de baixar custos", diz o empresário Francisco Simeão, idealizador do projeto Ecoparque Bairros Integrados.

Segundo ele, as fábricas de prédios são uma saída para a construção civil ser menos poluente. "É descarbonizada, praticamente não gera perdas ou resíduos. E toda a água utilizada para lavar os equipamentos é tratada e reaproveitada para limpeza dos pátios e a manutenção dos jardins."

O investimento no complexo industrial foi de R$ 200 milhões. Outros R$ 200 milhões custearam a compra do terreno e a produção dos três primeiros prédios do bairro planejado.

No primeiro ano de funcionamento, a fábrica vai operar com cerca de 10% de sua capacidade, com foco no treinamento de funcionários e ajustes da unidade. A previsão é entregar, até dezembro de 2024, três prédios com 360 apartamentos no total. Para comparação, pela construção convencional, uma torre de 120 apartamentos ficaria pronta entre 15 meses e dois anos.

O grupo Ecoparque espera operar a fábrica com 50% de capacidade em 2025, podendo entregar aproximadamente 2.000 apartamentos em um ano. A previsão é atingir 100% da capacidade de produção a partir de 2026, construindo, anualmente, cerca de 4.000 unidades.

Além do menor tempo de obra, a automação diminui o índice de desperdício para 3% (na construção convencional fica entre 15% e 30%) e o número de funcionários. Inicialmente, serão três turnos de oito horas, com 30 funcionários, cada. A expectativa é que, a partir do terceiro ano, a fábrica funcione 24 horas por dia, com quatro turnos de seis horas.

Segundo Simeão, a fábrica de Cascavel funcionará como teste para o grupo, que pretende construir 20 fábricas iguais até 2029. Há 12 estados em estudo, incluindo Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiânia e São Paulo, na região de Ribeirão Preto.

Para que a produção seja economicamente viável, o loteamento precisa comportar, no mínimo, mil apartamentos e estar a um raio de até 300 quilômetros da fábrica. "A distância é um fator importante, porque as peças são transportadas igual se transporta vidro: tudo em pé. E o caminhão sai da fábrica, descarrega e volta no mesmo dia. Se for preciso usar mais dias para o transporte, a logística começa a apertar", explica o empresário.

Outro desafio para a implantação é a falta de isonomia tributária com os sistemas convencionais. Quando o imóvel é construído na fábrica, a legislação entende que os materiais estão sendo vendidos. Por isso, além dos tributos tradicionais da construção de alvenaria, são cobrados das empresas de off-site o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Simeão quer que os estados apliquem o diferimento de ICMS, que é a postergação do pagamento do imposto. "Você não paga na entrada, na compra de cimento, ferro e areia, mas quando vende [o imóvel], paga tudo", diz Simeão.

TECNOLOGIA QUE RECONSTRUIU A ALEMANHA

Os equipamentos são da alemã Vollert, que também forneceu técnicos para a transferência de conhecimento. Desde 2012 no Brasil, é a primeira vez que a empresa trabalha com habitação no país.

Segundo o diretor Hans Vollert, a tecnologia é uma evolução da utilizada na reconstrução da Alemanha e outros países europeus após a Segunda Guerra Mundial. "Por dois anos estamos ensinando o grupo brasileiro do Ecoparque. Impressionante o que foi estabelecido aqui", disse na inauguração da fábrica, em 23 de fevereiro deste ano.

Wesley Gomes, CEO da Vollert do Brasil, afirma que a fábrica de Cascavel é maior planta de pré-fabricados das Américas. "A Vollert já vendeu e instalou fábricas como a do Ecoparque em mais de 80 países. A maioria deles na Europa e no sudeste asiático, incluindo China, Singapura, Tailândia e Índia", conta.

"Nas Américas esse movimento está começando e já temos fábricas instaladas nos Estados Unidos, no Chile, no Equador e no Peru. E, agora, no Brasil", afirma.

BAIRRO PLANEJADO

A produção da primeira fábrica brasileira será totalmente destinada ao projeto Ecoparque Bairros Integrados. Serão 80 mil apartamentos sustentáveis —com reúso de água de chuva, esgoto tratado e energia solar— nos próximos dez anos. Do total, 80% das unidades devem entrar nas faixas 1 e 2 do Minha Casa, Minha Vida.

O fundo imobiliário do grupo Ecoparque ficará responsável pela venda dos apartamentos em parceria com a Caixa Econômica Federal. As unidades com dois dormitórios terão metragens de 57 m?2; e 98 m?2;, com custo a partir de R$ 245 mil. Os apartamentos maiores, de 72 m?2; e 115 m?2; têm preço estimado a partir de R$ 350 mil.

Os interessados nos apartamentos de três dormitórios, com valor a partir de R$ 540 mil, terão também a possibilidade de contrato de locação com opção de compra.

O fundo ainda vai financiar para os moradores a cozinha planejada equipada e armários embutidos nos quartos para mobiliar os apartamentos.

Os edifícios do bairro devem ocupar menos de 5% da área total do terreno e serão implantados a uma distância mínima de 50 metros um do outro. Áreas de lazer, de serviços e comercial, além de centros de convivência, unidade de saúde e escolas completam o local.

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 15/04/2024