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Indústria manufatureira da China consome maior parcela de aço em 2024

A proporção de aço usado na indústria manufatureira da China aumentou para 50% em 2024, ante 42% em 2020, disse Yao Lin, chefe da Associação de Ferro e Aço da China, em uma conferência nesta segunda-feira.

Impulsionadas pela crescente demanda por aço nos setores de nova energia e nova infraestrutura, as siderúrgicas melhoraram seus portfólios de produtos e aumentaram seu desenvolvimento e produção de peças siderúrgicas especiais e de ponta, disse Yao.

Olhando para 2025, espera-se que a demanda por aço no setor manufatureiro continue crescendo, impulsionada em parte por renovações de equipamentos em larga escala e substituição de bens de consumo, de acordo com Yao.

Observando que a demanda por aço de alta resistência em setores como máquinas de construção e equipamentos de mineração deve se recuperar em 2025, Yao enfatizou a necessidade de aprofundar os mecanismos de cooperação entre os produtores de aço e as principais indústrias derivadas, incluindo construção civil, construção naval e transporte.

Fonte: Xinhua Newswire
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/01/2025

 

Protecionismo de Trump vai afetar Brasil, alertam especialistas

Com discurso protecionista na cerimônia de posse, o novo presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou expectativas de que pretende taxar o comércio com outros países. Especialistas avaliam que novas tarifas aplicadas sobre importações americanas podem afetar o Brasil, como ocorreu no primeiro mandato do republicano. Dizem, no entanto, ser cedo para saber o tamanho do impacto.

Questionado por repórter da TV Globo sobre se falaria com o presidente Lula e como seria a relação com o Brasil e a América Latina, Trump respondeu ontem que são os brasileiros que precisam da economia americana. “A relação é excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós”, afirmou enquanto assinava decretos.

Pouco antes, em seu discurso, havia dito que reformará o sistema comercial dos EUA e que vai “impor tarifas e tributos sobre países estrangeiros para enriquecer os cidadãos americanos”. Na avaliação do ex-ministro da Fazenda e ex-embaixador em Washington Rubens Ricupero, é possível que o Brasil sinta os efeitos das futuras sobretaxas a curto prazo.

“No primeiro mandato, Trump aplicou tarifas às exportações brasileiras de aço e alumínio. Então, não seria surpresa se renovasse isso”, afirma Ricupero. “[As medidas] terão repercussões internacionais muito graves, por causa da importância da economia americana no mundo. Precisamos ver qual o impacto que isso vai ter. Qual vai ser a dimensão das tarifas que ele vai adotar e quais produtos vão ser visados”.

Segundo o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), Rubens Barbosa, que foi chefe da diplomacia em Washington, mesmo que Trump não tome medida diretamente direcionada ao Brasil, o país poderá ser afetado com eventuais ações que o americano promete contra a China no âmbito comercial. Para ele, os efeitos colaterais podem se dar sobretudo no setor agrícola - maior mercado entre Brasil e o gigante asiático.
“Trump disse que vai à China nos próximos dias. A gente não sabe o que eles vão combinar. Na área agrícola, o Brasil tem os próprios canais de exportação. Não estamos competindo com os americanos diretamente, eles têm os deles. Agora, se os EUA implicarem com quem exporta para a China, aí indiretamente o Brasil pode ser afetado”, disse Barbosa.

O Brasil é um dos países com os quais os EUA têm superávit comercial - o que, em tese, deixaria o país fora das novas tributações. Os primeiros afetados seriam, avalia Barbosa, aqueles que estejam exportando mais para os americanos e que, na perspectiva de Trump, “estejam causando problemas para a indústria americana”.

Ainda assim, segundo Ricupero, o governo brasileiro terá que ter cautela para evitar desgastes, tanto com os EUA quanto nos Brics. Trump já ameaçou sobretaxar os países do grupo se avançarem nas negociações por alternativas ao dólar nas transações comerciais. “Quando houver a reunião de Cúpula do Brics, tenho a impressão que o Brasil vai tomar cuidado e não voltar a falar em moeda comum. Vai haver prudência para evitar atritos [com os EUA]”, diz Ricupero. O encontro dos líderes do bloco está marcado para julho deste ano, no Brasil.

Sob outra ótica, uma política dura do presidente americano também pode abrir caminho para negociações comerciais do Brasil com México e Canadá. É o que diz Welber Barral, sócio da BMJ e ex-secretário de Comércio Exterior. “A instabilidade comercial que Trump pode provocar é ruim para o mundo inteiro, sem dúvida. Mas o Mercosul tem negociação com o Canadá que está mais ou menos parada, e existe também uma negociação Brasil-México para expandir o acordo bilateral. Eventualmente, essa situação pode levar os dois países a ter mais interesse nessas negociações”, diz.

O acordo Brasil-México, diz Barral, é antigo e trata principalmente do setor automotivo. “Existe uma proposta de expansão, para inclusão de mais produtos, mas um dos obstáculos é o protecionismo mexicano em relação à sua agricultura”, afirma o ex-secretário.

 
A diretora do Brazil Institute, no Woodrow Wilson Center, em Washington, Bruna Santos, também aponta que, mesmo com os embates entre EUA e China, retaliações comerciais americanas ao gigante asiático também podem ser uma oportunidade para o Brasil. O mesmo pode ocorrer, diz, se Pequim decidir reagir a Washington. “Mais uma vez a gente vê o quanto no tema competição global entre China e EUA o Brasil acaba se beneficiando”, afirma.

Para o ex-chanceler Aloysio Nunes, que estava à frente do Itamaraty na primeira gestão Trump, independentemente do que acontecer em relação às políticas comerciais americanas, o Brasil deverá manter o pragmatismo e buscar pontos de convergência. É necessário, diz, encontrar pontos em que “as agendas se somam” para não haver desgaste ainda maior entre os dois países.

“A relação dos EUA com o Brasil é uma relação de interesse recíproco e está baseada não apenas em 200 anos de história, mas em laços econômicos concretos. Portanto, não é algo que possa ser simplesmente tratado no plano meramente ideológico. É preciso levar em conta a realidade”, afirma Nunes.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 21/01/2025

 

Posse de Trump: quais setores devem ganhar e perder com as políticas do republicano

A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (20), gera grandes expectativas para o mercado sobre os efeitos de suas políticas na economia global, com atenção especial para o Brasil. Especialistas ouvidos pelo InfoMoney projetam 12 setores brasileiros que devem ser impactados diretamente pelas propostas econômicas do republicano.

Eles apontam que enquanto algumas empresas se beneficiam de políticas protecionistas e valorização do dólar, outras enfrentam empecilhos com o aumento dos custos e a pressão sobre suas margens de lucro. A adaptação do mercado a essas mudanças, segundo os especialistas, será determinante para garantir a competitividade no novo cenário internacional nos próximos quatro anos.

O setor de aço, por exemplo, já sente os efeitos das propostas de Trump, que prevê aumentos nas tarifas sobre produtos importados, inclusive o aço. Empresas brasileiras como CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) podem ser impactadas negativamente, com o risco de perda de competitividade no mercado americano. Já a Gerdau (GGBR4), que tem uma forte presença nos Estados Unidos, pode se beneficiar de um aumento na demanda interna por aço, favorecida pelas políticas protecionistas de Trump.

O analista Felipe Papini, da One Investimentos, alerta que empresas dependentes de insumos importados ou com dívidas em moeda estrangeira são as mais vulneráveis a esse cenário. Entre elas estão os varejistas Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3), que podem ver suas margens de lucro pressionadas devido à alta do dólar. A valorização da moeda americana, além de aumentar o custo das importações, também encarece o pagamento de dívidas em dólar, fator que afeta diretamente essas empresas.

O aumento no preço do dólar também pode afetar negativamente o setor de aviação. Com o aumento do custo do querosene de aviação, cotado em dólar, empresas como Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), diz ele, enfrentam uma pressão adicional sobre seus custos operacionais. Além disso, a possível alta nos preços das passagens aéreas para cobrir esses custos pode reduzir a demanda.

Quem deve se dar bem

Nem todos os setores do Brasil estão em risco, observam os especialistas. O agronegócio, por exemplo, tende a se beneficiar com a posse de Trump.

Segundo relatório da XP Investimentos da época da eleição, setores de exportação de commodities, como o agronegócio, tendem a se beneficiar com a vitória de Trump. Esse segmento foi favorecido durante a guerra comercial com a China em sua presidência anterior, quando a demanda chinesa se voltou ao mercado brasileiro como alternativa aos produtos americanos. A lista da XP inclui empresas como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3), que podem observar aumento na demanda por grãos brasileiros.

João Piccioni, analista da Empiricus Gestão, também aponta que as tarifas mais altas sobre os produtos chineses podem afetar o mercado americano, mas a demanda da China por produtos como soja e carne pode crescer, abrindo novas oportunidades para os exportadores brasileiros, citando também SLC Agrícola e BrasilAgro entre as que podem se beneficiar com o aumento da demanda por commodities.

Outro setor que deve aproveitar o cenário de alta do dólar é o de exportação de commodities, como petróleo. A Petrobras (PETR4) se encontra em uma posição favorável, já que grande parte de sua receita vem da exportação de petróleo, que é cotado em dólares. No entanto, a política energética de Trump pode gerar volatilidade. Enquanto as políticas de estímulo à produção de petróleo nos EUA podem aumentar a oferta global e pressionar os preços para baixo, as empresas exportadoras brasileiras podem ser beneficiadas pela alta do dólar.

A Braskem (BRKM5), por sua vez, com suas operações nos Estados Unidos e estrutura de receita em dólar, é vista como uma das empresas que mais pode se beneficiar da alta do câmbio. Seu posicionamento no mercado global de petroquímicos permite uma proteção contra as pressões das tarifas protecionistas, além de ter custos mais baixos em reais.

Oportunidades e riscos

Por outro lado, o setor industrial brasileiro, com empresas dependentes de insumos importados, pode sentir uma pressão maior. Rafael Weber, estrategista de ações da RJI Investimentos, diz que setores como alimentos e vestuário, que dependem de matérias-primas dolarizadas, enfrentam dificuldades. Empresas como a Intelbras (INTB3), por exemplo, que depende de componentes eletrônicos importados, podem sofrer com o aumento dos custos de produção.

O setor financeiro brasileiro também deve sentir os impactos das políticas de Trump. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mantenha os juros elevados por mais tempo, com o aumento da inflação nos Estados Unidos. Isso atrairia investidores para ativos americanos, tornando os mercados emergentes, como o Brasil, menos atraentes. Com o fluxo de capital externo diminuindo, o valor do real tende a cair frente ao dólar, tornando mais difícil a gestão de ativos para empresas com dívidas em moeda estrangeira.

Em relação ao setor de energia, a Petrobras pode ter um alívio momentâneo com o fortalecimento do dólar. Porém, o aumento da produção interna de petróleo nos Estados Unidos pode gerar uma pressão sobre os preços globais. Assim, a empresa brasileira precisaria ajustar suas estratégias para manter sua competitividade no mercado internacional, uma vez que a margem de lucro pode ser reduzida se os preços do petróleo caírem.

O analista Jeff Patzlaff, especialista em investimentos, também aponta que a política energética de Trump, que favorece o setor de óleo e gás nos EUA, pode trazer oportunidades e riscos para o Brasil. Embora a Petrobras possa se beneficiar inicialmente da alta do petróleo, a maior produção americana pode aumentar a oferta global, pressionando os preços e afetando as margens de lucro.

Além disso, o aumento das tarifas comerciais propostas por Trump deve afetar diretamente as exportações brasileiras de produtos agrícolas, especialmente se os Estados Unidos implementarem barreiras mais severas. No entanto, o aumento da demanda por commodities brasileiras por parte de mercados como a China pode compensar essa perda de competitividade.

Patzlaff diz que, no setor de consumo interno, o aumento dos custos operacionais devido à alta do dólar torna as varejistas vulneráveis porque a inflação gerada pela valorização da moeda americana pode reduzir o poder de compra do consumidor, prejudicando as vendas no mercado interno e afetando a rentabilidade dessas empresas.

Enquanto isso, empresas do setor de tecnologia, como WEG (WEGE3), podem se beneficiar com a valorização do dólar, uma vez que suas operações internacionais proporcionam uma vantagem cambial. A Embraer (EMBR3), com forte presença global, também está bem posicionada para tirar proveito das condições favoráveis, com sua receita predominantemente em dólar.

O mercado de commodities também tende a se beneficiar da valorização da moeda americana, com empresas exportadoras como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) se beneficiando da alta do dólar. Essas empresas possuem operações globais que ajudam a mitigar os impactos das flutuações cambiais.

No entanto, o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos pode elevar os custos de financiamento para empresas brasileiras endividadas em dólares, o que aumenta ainda mais a pressão sobre setores vulneráveis, como o varejo. Por isso, empresas como Lojas Renner e Magazine Luiza precisam considerar alternativas para mitigar os riscos, como a utilização de hedge cambial e a renegociação de dívidas.

Outro cenário

Com a perspectiva do novo governo Trump, muitas análises indicam um fortalecimento do dólar, o que poderia resultar em um enfraquecimento do real. Mas Paulo Feldmann, professor da Fia Business School, discorda dessa visão. Para ele, embora um fortalecimento inicial da moeda americana seja possível, as políticas implementadas por Trump podem gerar problemas para os Estados Unidos. A restrição à imigração, por exemplo, poderia aumentar os custos com mão de obra, o que impactaria a produção e geraria inflação.

Além disso, a postura desrespeitosa de Trump em relação a diversas instituições norte-americanas, segundo Feldmann, poderia gerar instabilidade interna, afetando negativamente a confiança na moeda americana.

Em relação às tarifas que Trump prometeu durante a campanha, o professor acredita que não haverá um tarifaço tão expressivo como muitos imaginam. Embora as tarifas sejam uma ameaça para países como a China, que pode reagir com a desvalorização do yuan, esse movimento pode neutralizar o impacto das medidas.

Empresas beneficiadas

Agronegócio e commodities

SLC Agrícola (SLCE3): beneficiada pela possível alta da demanda por produtos agrícolas devido às tarifas mais altas sobre produtos chineses.
BrasilAgro (AGRO3): aumento da demanda por soja e carne pode favorecer os exportadores brasileiros.
Petrobras (PETR4): beneficiada pela alta do dólar, já que parte de sua receita vem da exportação de petróleo.
Braskem (BRKM5): aumento da demanda por petroquímicos e sua receita em dólar favorecem a empresa.

Tecnologia e exportação

WEG (WEGE3): a valorização do dólar pode beneficiar empresas com operações internacionais como a WEG.
Embraer (EMBR3): beneficiada pela valorização do dólar, com forte presença global e receita predominantemente em dólar.
Suzano (SUZB3): a valorização da moeda americana favorece empresas exportadoras de commodities como a Suzano.
Klabin (KLBN11): operações globais ajudam a mitigar os impactos das flutuações cambiais.

Empresas que correm riscos

Setor de aço

CSN (CSNA3): pode ser impactada negativamente pelas tarifas de Trump, afetando sua competitividade no mercado americano.
Usiminas (USIM5): enfrenta risco de perda de competitividade devido às políticas protecionistas dos EUA.

Varejo

Lojas Renner (LREN3): pode sofrer pressão sobre as margens de lucro devido à alta do dólar, que aumenta o custo das importações e o pagamento de dívidas em dólar.
Magazine Luiza (MGLU3): enfrenta os mesmos desafios que Lojas Renner com o aumento do custo das importações e da dívida em dólar.

Setor de Aviação

Gol (GOLL4): pode enfrentar uma pressão adicional sobre seus custos operacionais devido ao aumento do preço do querosene de aviação cotado em dólar.
Azul (AZUL4): também enfrenta os mesmos problemas de aumento de custos com o querosene de aviação.

Setor industrial e financeiro

Intelbras (INTB3): pode ser impactada pela alta nos custos de componentes eletrônicos importados.
Setor financeiro: empresas com dívidas em moeda estrangeira podem enfrentar desafios com a alta do dólar, tornando mais difícil a gestão de ativos.

Outros impactos

Petrobras: apesar do alívio momentâneo com a alta do dólar, pode enfrentar volatilidade no setor de energia com o aumento da produção interna de petróleo nos EUA, que pode pressionar os preços globais.
Fluxo de capital externo: o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos pode diminuir o apetite por ativos emergentes, tornando o mercado brasileiro menos atraente. Isso afetaria o valor do real e tornaria mais difícil para empresas brasileiras com dívidas em dólar gerenciar seus custos.

Fonte: Infomoney
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 21/01/2025

Mercado da construção está otimista para 2025

O setor da construção civil sempre foi um pilar fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Para 2025, as perspectivas positivas para este mercado estão intrinsecamente ligadas às tendências de inovação tecnológica, sustentabilidade e às transformações socioeconômicas do país.

Neste cenário, a mais importante feira do setor de construção civil e arquitetura da América Latina, a Feicon - que abre o calendário do setor no país e oferece oportunidades para todo o mercado fechar os melhores negócios -, será realizada entre os dias 8 e 11 de abril de 2025, em São Paulo, trazendo novidades, dados relevantes e conhecimento para toda a cadeia.

Para o economista Jaime Vasconcellos, do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção, Maquinismos, Ferragens, Tintas, Louças e Vidros da Grande São Paulo (Sincomavi), é esperado que o setor se mantenha em ascensão em 2025, mesmo com os juros mais elevados que acabam inspirando mais cautela.

"Com uma demanda aquecida, intrinsecamente ligada ao mercado de trabalho resiliente e que deve ser base inclusive do próprio desempenho positivo da economia brasileira ano que vem, espera-se que continuemos em uma trajetória de crescimento da construção no país, seja em desempenho de novos negócios, seja consequentemente em empregabilidade. A evolução poderá até não ser tão significativa, mas não deixará de ser percebida", afirma.

Boas oportunidades 

Para Luiz Henrique Ferreira, CEO & Fundador da Inovatech Engenharia, o mercado da construção terá um ano de 2025 com boas oportunidades.

"Isso devido ao desemprego em mínimas históricas, o que em tese aumenta o apetite por imóveis, mas por outro lado, é bastante desafiador pela elevada taxa de juros e inflação persistente", diz.

"No cenário específico do nosso setor, as oportunidades irão girar em torno do aumento de produtividade, industrialização e digitalização, uma vez que a escassez de mão de obra é irreversível", completa.

Para ele, a Feicon é o grande ponto de encontro para conhecer novos produtos e ideias para construir um Brasil mais eficiente e com construções de maior qualidade para as pessoas.

Recuperação no faturamento 

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Rodrigo Navarro, destaca que o ano de 2024 apresentou uma recuperação no faturamento da indústria de materiais de construção (aprox. 4,5% segundo projeções da FGV).

"Para 2025 queremos manter esse crescimento de forma sustentável para os próximos anos. Muitos fatores devem contribuir para isso. A resiliência da indústria, com investimentos em inovação e digitalização; programas de Governo como o Minha Casa Minha Vida, obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Nova Indústria Brasil (em especial a Missão 3), marco do saneamento e retomada de obras paradas; a continuidade do crescimento do setor imobiliário; e a recuperação do varejo", lista.

Segundo ele, as oportunidades e desafios são muitos, e durante a Feicon será possível discutir o que vem pela frente e trabalhar para mais um ano de sucesso, contribuindo de forma efetiva para o crescimento do país por meio da atração de investimentos, geração de empregos e renda.

Ano de desafios

Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), comenta que 2024 foi um ano positivo para a indústria da construção e, apesar dos muitos desafios, a expectativa é fechar com 3,5% de expansão no PIB do setor. "O mercado imobiliário teve um papel essencial nesse desempenho, impulsionado por ações das empresas e uma conjuntura favorável", afirma.

Para ele, 2025 será mais um ano com desafios. Por isso, a realização de grandes eventos, como a Feicon, será essencial para demonstrar a importância do setor da construção para a economia e a qualidade de vida da população. "A Feicon será uma oportunidade relevante de mostrar o que acontece de novidade na nossa indústria", destaca.

Mudança positiva no varejo

De acordo com a coordenadora do Instituto de Pesquisas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Katia Ratnieks, o varejo de material de construção vive um novo patamar desde os anos de 2019 e 2020, quando o crescimento nominal do faturamento foi de 16,8% e 27,7%, respectivamente. Nos anos seguintes, a variação foi de 2,4% positiva e 2,8% negativa.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 21/01/2025

 

Dólar alto é benéfico para exportação? Nem sempre

O dólar está acima de R$ 6 desde 13 de dezembro e, apesar de a moeda norte-americana valorizada ser vista como vantajoso para exportadores, a instabilidade cambial cria desafios significativos, explica o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso.

Ele aponta que um empresário brasileiro, ao elaborar sua planilha de custos, raramente utiliza uma cotação acima de R$ 5 por dólar, mesmo que a moeda esteja, por exemplo, em R$ 6,10. Essa discrepância ocorre porque as operações industriais envolvem longos prazos — desde a fabricação até a entrega de produtos no exterior —, dificultando a previsibilidade cambial.

Eleição de Trump reacende tensões globais e abre janela para exportações do agro brasileiro: Desvalorização do real frente ao dólar também promete oportunidade, na avaliação da consultoria agrícola Datagro

— Para fechar um contrato e produzir uma máquina que será exportada, é necessário considerar um período de seis a sete meses. Nesse tempo, o dólar pode variar significativamente. Um erro na projeção pode ser fatal para a empresa. No mercado internacional, listas de preços precisam ser consistentes e estáveis. A variação cambial constante no Brasil dificulta esse planejamento, retirando a competitividade da indústria — afirma Velloso.

Além disso, a cotação elevada do dólar encarece insumos dolarizados, como aço, plástico e alumínio, essenciais para a indústria brasileira, lembra. Esses materiais, precificados internacionalmente, incorporam não apenas o câmbio, mas também custos de importação e transporte.

-Isso significa que, enquanto os preços de exportação são planejados com base em um dólar mais baixo e estável, os custos de insumos refletem a cotação atual, muitas vezes superior.

O real desvalorizado ajuda nas exportações, tanto que a balança comercial em 2024 foi o segundo melhor ano da história em saldo comercial e exportações. No entanto, o presidente da Abimaq chama atenção para a queda na participação da indústria de transformação nas exportações brasileiras. Há uma década, bens transformados representavam 64% das exportações, mas hoje essa parcela caiu para 54%. Produtos semimanufaturados, como carne bovina, celulose, açúcar e farelo de soja, lideram a pauta exportadora, enquanto produtos de maior valor agregado perderam relevância.

O aumento de 25% nas importações de bens de capital, como máquinas e equipamentos, inicialmente parece uma boa notícia, sugerindo investimentos em infraestrutura e produtividade.

— Porém, o consumo aparente desses bens caiu 0,5%, indicando que o aumento nas importações não se traduziu em maior investimento interno. Em valores corrigidos, o consumo aparente de máquinas e equipamentos no Brasil caiu 35% nos últimos 10 anos, passando de R$ 570 bilhões em 2013 para R$ 370 bilhões em 2024. Essa queda reflete uma redução na taxa de formação bruta de capital fixo, que atualmente está em 17%, bem abaixo dos 21% registrados em 2013.

A situação é agravada pela crescente participação da China no mercado brasileiro. Em 2024, 80% do aumento das importações de máquinas veio de produtos chineses, explica Velloso. Enquanto isso, países líderes em tecnologia, como Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos, registraram queda na exportação de máquinas para o Brasil.

Fonte: O Globo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 20/01/2025

 

Trump deve acirrar concorrência agrícola entre Brasil e EUA, dizem especialistas

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20 deve acentuar a concorrência no agronegócio entre Brasil e Estados Unidos. Trump volta ao poder com o anúncio de políticas comerciais protecionistas que, por um lado, podem favorecer o comércio de produtos agropecuários brasileiros a países importadores, como a China mas, de outro lado, tendem a embaraçar negociações para ampliações e aberturas de mercados entre os países.

Para especialistas em comércio exterior, representantes de entidades privadas e do governo, ouvidos pelo Broadcast Agro, o agronegócio brasileiro pode ganhar com as políticas protecionistas de Trump nas exportações a outros países, mas perder no próprio comércio com os Estados Unidos.

Nessa equação, um dos principais fatores é a potencial retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Trump promete aplicar tarifas elevadas sobre produtos importados pelos Estados Unidos e repetir o conflito com o gigante asiático – tônica da sua primeira gestão.

Em eventual troca de retaliações entre os países, o Brasil pode se favorecer do redirecionamento da demanda chinesa de soja e milho, embora em menor grau ao observado na primeira fase da guerra comercial sino-americana no primeiro mandato de Trump.

A tendência é o Brasil ocupar mais espaço no fornecimento de grãos ao mercado asiático, se confirmada uma escalada do conflito comercial sino-americano, pelo menos no curto prazo.

“Hoje exportamos 64% de soja, carne, algodão e milho para a China, enquanto os Estados Unidos exportam 34%. Portanto, os ganhos não seriam tão grandes como foram na primeira fase da guerra comercial, mas pode haver benefícios no curto e médio prazo”, avalia o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank.

Jank pondera que a China, entretanto, tende a não querer abrir mão da possibilidade de adquirir soja do Hemisfério Sul e do Hemisfério Norte em diferentes períodos do ano a preços mais competitivos.

“Outra preocupação a médio prazo seria um eventual acordo de trégua entre os países, o que faz parte do jogo político de pressão e ameaças do Trump em uma possível cessão da China”, pontua Jank.

Na avaliação da diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, o Brasil tem condições de ampliar o fornecimento de alimentos para a China e demais destinos, seja a demanda adicional gerada por uma guerra comercial ou por questões climáticas adversas.

Mori pondera que a disputa sino-americana pode ser mais crítica em comparação com a primeira fase.

“A composição do governo Trump 2 será diferente do Trump 1 pela situação geopolítica global. Trump volta com maior legitimidade, apoio político interno e liberdade para, inclusive, intensificar uma guerra comercial com a China. Por outro lado, a China mantém uma influência geopolítica muito grande”, observou.

“Temos de aguardar a chegada de Trump ao governo para ver as medidas implementadas e também como o Brasil vai se comportar nesse cenário. Defendemos o pragmatismo nas relações porque o agronegócio brasileiro vende para o mundo inteiro”, argumenta Mori.

Já na relação com o Brasil, além do distanciamento ideológico entre os governos Trump e Lula – que declarou apoio à democrata Kamala Harris -, a postura de Trump de maior protecionismo à produção local pode atrapalhar as tratativas para aberturas e ampliações de mercados entre os países.

Diplomatas que atuam nos Estados Unidos avaliam que a possibilidade de ampliar a cota de carne bovina (hoje de 65 mil toneladas ao ano) e de açúcar brasileiro (volumes estipulados por ano) vendidos ao mercado norte-americano dependerão de contrapartida brasileira – como a redução da tarifa sobre importação de etanol dos EUA.

O Brasil quer também vender mais frutas aos Estados Unidos, como limão taiti, enquanto os Estados Unidos querem ampliar vendas de vinhos, carnes premium, peras, cerejas americanas, salmão selvagem e proteína de leite.

Os Estados Unidos foram o segundo principal destino dos produtos agropecuários brasileiros no ano passado, com exportações de US$ 12,092 bilhões, respondendo por 7,4% do total exportado pelo agronegócio no ano. Os embarques concentram-se em café verde, celulose, carne bovina in natura, suco de laranja e couro, segundo dados do sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro.

Já o Brasil importou US$ 1,028 bilhão em produtos do agronegócio dos Estados Unidos no último ano.

Do lado do governo brasileiro, a intenção é manter as negociações bilaterais em andamento e a relação comercial “de confiança, a despeito de posições políticas”, segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua.

“Os Estados Unidos são um importante parceiro do Brasil também do ponto de vista de investimentos e com um ecossistema de inovação agropecuária importante. A ideia é manter uma relação fluida, exportando produtos complementares à pauta, como o café, entre outros, e aprofundando a relação no que for possível”, afirmou Rua.

“Dependendo da política comercial que for adotada pelo presidente Trump, o Brasil sempre estará disponível aos demais países do mundo para prover eventuais necessidades que esses países possam ter em virtude de uma possível escalada protecionista nos Estados Unidos com reflexo nos produtos exportados pelos norte-americanos”, acrescentou Rua, em entrevista recente à reportagem.

Para Jank, o Brasil não é um país que apresenta ameaça à política comercial de Trump, por ser uma balança comercial geral deficitária para os produtos brasileiros – em 2024, exportações totais atingiram US$ 40,330 bilhões ante importações de US$ 40 583 bilhões.

“Os americanos vão escolher amigos e inimigos para as políticas comerciais. Do ponto de vista do Brasil, não há fatores comerciais que possam afetar as relações bilaterais, pelo contrário, há potenciais similaridades e contribuições em biocombustíveis e tecnologia agrícola”, afirmou o professor do Insper.

Em contrapartida, Jank vê possibilidade de maior pressão dos Estados Unidos para a diminuição da tarifa aplicada sobre o etanol exportado ao Brasil, hoje de 18%. Ele enxerga também fundamentos de mercado para o Brasil buscar o aumento da cota de carne bovina exportada aos EUA em virtude da crise na pecuária local.

Para Mori, da CNA, o interesse do agronegócio brasileiro em ampliar o comércio com os Estados Unidos continua. “A expectativa é que o pragmatismo seja mantido. Não há sinalizações de que isso vá mudar. Historicamente, já vimos outros momentos de desgaste entre governos e ausência de impactos em números da balança comercial”, pontuou.

Já representantes da indústria da carne e do setor sucroenergético não esperam avanços nas negociações para ampliar a cota de exportação sem tarifas de carne bovina e açúcar brasileiros ao mercado norte-americano.

“Os Estados Unidos tendem a continuar recorrendo à carne brasileira em virtude dos problemas domésticos de oferta, mas a redução de tarifas é pouco provável. O cenário atual já é favorável ao Brasil”, observou fonte do setor exportador.

Em 2024, o Brasil exportou 229 mil toneladas de carne bovina aos Estados Unidos, somando US$ 1,35 bilhão em divisas.

Os Estados Unidos são hoje ainda o principal destino do café brasileiro, com 471,539 mil toneladas (7,859 milhões de sacas) exportadas no ano passado. Interlocutores da indústria acreditam que tende a prevalecer a “racionalidade comercial” baseada no pragmatismo e no bom relacionamento entre os traders.

O professor emérito da Fundação Getúlio Vargas e ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues avalia que as demandas de mercado devem prevalecer sobre as questões ideológicas na relação entre os países.

“O que importa é o mercado funcionar adequadamente para que a gente continue participando dele também adequadamente”, diz Rodrigues. Para o professor, “pode haver mais protecionismo” em relação aos produtos agropecuários do Brasil. “Mas o Brasil tem de negociar. Nossa diplomacia tem de negociar com parcimônia e competência e estar aberta para todo mundo e para o mundo todo”, ressalta.

Na avaliação do ex-ministro, se considerado o primeiro mandato de Trump, os efeitos sobre o agronegócio tendem a incluir a tendência é de maior “desglobalização”, com implicação no enfraquecimento de organizações multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Isso é ruim para todo mundo, inclusive para o Brasil também. Sem organismos multilaterais, não há rumo”, conclui.

Fonte: Infomoney
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 20/01/2025