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Trump cogita isenção para peças de automóveis e alivia pressão sobre montadoras

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que está considerando isenções em suas tarifas sobre veículos e autopeças importados, com o objetivo de dar mais tempo às montadoras para estabelecerem produção nos EUA.

“Estou analisando algo para ajudar as montadoras. Elas estão trocando peças por outras feitas no Canadá, México e em outros países, e precisam de um pouco mais de tempo, porque vão passar a fabricar aqui”, disse Trump a repórteres nesta segunda-feira, no Salão Oval.

As declarações podem oferecer algum alívio às fabricantes afetadas pelas tarifas sobre carros e caminhonetes, mas também aumentam a incerteza sobre a política comercial do governo. As ações da General Motors, Ford e da Stellantis (controladora da Chrysler) subiram após os comentários, revertendo as quedas registradas mais cedo.

As tarifas sobre importações de veículos ameaçam elevar os preços para consumidores americanos e causar rupturas nas cadeias de suprimento automotivas, que são profundamente integradas entre EUA, Canadá e México. Trump argumenta que as tarifas são necessárias para revitalizar a indústria manufatureira do país.

O governo impôs uma tarifa de 25% sobre veículos completos, com tarifas sobre peças programadas para entrar em vigor até 3 de maio. As medidas já preveem exceções para veículos com conteúdo suficiente para atender aos requisitos do acordo comercial da América do Norte.

As três grandes montadoras de Detroit vinham, há semanas, pressionando o governo Trump para excluir determinadas autopeças de baixo custo das tarifas planejadas. Segundo fontes próximas às negociações, Ford, GM e Stellantis aceitaram pagar tarifas sobre carros completos e componentes grandes, como motores e transmissões.

No entanto, as empresas alertaram que tarifas amplas sobre peças aumentariam os custos em bilhões de dólares e poderiam levar a alertas de lucro e cortes de empregos — efeitos contrários ao objetivo de Trump de reforçar a produção local.

Trump também afirmou nesta segunda-feira que pretende aplicar tarifas sobre importações farmacêuticas “num futuro não muito distante”.

As mudanças frequentes nos planos tarifários do presidente têm gerado sinais confusos para mercados, empresas e parceiros comerciais, que buscam entender como lidar com um governo que promete negociar dezenas de novos acordos para reduzir desequilíbrios comerciais.

Na segunda-feira, Trump elogiou as isenções concedidas a eletrônicos populares das tarifas de 125% aplicadas à China, bem como a tarifa global básica de 10%, dizendo que beneficiam empresas americanas como a Apple e citou investimentos da fabricante de chips Nvidia nos EUA.

“Olha, sou uma pessoa muito flexível. Não mudo de ideia, mas sou flexível”, disse Trump a repórteres.

“Ajudei o Tim Cook recentemente, e toda aquela operação”, continuou, referindo-se ao CEO da Apple. “Não quero prejudicar ninguém. Mas o resultado final é que vamos alcançar a grandeza para o nosso país.”

No fim de semana, porém, Trump indicou que o alívio para os produtos de tecnologia será temporário. Ele e seus assessores disseram que essas importações deverão ser alvo de tarifas setoriais específicas futuramente.

Fonte: Infomoney
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 15/04/2025

Brasil e EUA fazem primeira reunião 'pós-tarifaço'

A primeira negociação entre o Brasil e os EUA depois do tarifaço de Donald Trump ocorreu ontem. Os americanos dizem que estão negociando acordos com mais de 70 países.

Conforme a coluna apurou, os negociadores brasileiros e americanos discutiram essencialmente dois temas: primeiro, novos esclarecimentos sobre o pacote das ditas ‘tarifas recíprocas’, pela qual o Brasil sofre taxação adicional de 10% sobre todas suas exportações.

E segundo, o acesso para o aço brasileiro no mercado dos EUA. O governo brasileiro continua tentando negociar o restabelecimento pelo menos das cotas que foram impostas ainda no primeiro governo Trump, como a de 3,5 milhões de toneladas para o aço semiacabado, que é matéria-prima para a siderurgia americana.

Negociadores discutiram ideias sobre como avançar nos dois temas. Brasília e Washington vão marcar nova reunião.

Como já publicamos nesta coluna, o governo Trump mostra-se obcecado com a tarifa de importação de etanol do Brasil, de 18% comparado à alíquota de 2,5% nos EUA. Não será surpresa se, no final das contas, se barganha houver, etanol e aço acabem misturados num pacote, para satisfazer Brasília e Washington.

Enquanto o governo Trump corre para avançar em negociações bilaterais, sob pressão agora cada vez maior de parte de seu setor privado, as contas sobre a fatura do desastre provocado por Trump parecem continuar aumentando.

Trump reduziu algumas das tarifas exibidas em seu grande pedaço de papelão na semana passada no jardim da Casa Branca. A menos que ocorra outra mudança de política, a União Europeia agora enfrentará uma tarifa de 10% nos próximos três meses, em vez de 20%. Mas a tarifa sobre a China, o terceiro maior parceiro comercial dos EUA depois do Canadá e do México, passou de 34% para mais de 130%. E ainda tem altas tarifas sobre o aço e o alumínio.

Paul Krugman, prêmio Nobel da economia, acha que na verdade os observadores que afirmam que as tarifas diminuíram estão perdendo a maior parte da história.

Ele nota que economistas que realmente analisaram os números, como os do Yale Budget Lab, estimam que o regime tarifário de 9 de abril aumentará os preços ao consumidor ainda mais do que o pacote de 2 de abril. É que Trump nivelou as tarifas adicionais sobre todos os países em 10%, mas aumentou extraordinariamente a alíquota sobre as importações procedentes da China.

Com isso, a estimativa é de que a versão mais recente da guerra comercial de Trump aumentará os preços ao consumidor em 2,9% nos EUA. Isso é cerca de dez vezes o impacto provável da infame tarifa Smoot-Hawley de 1930, que fez uma recessão passar a depressão e causar mais estragos na economia mundial, pavimentando o terreno para mais nacionalismo e guerra.

Krugman indaga o que os EUA deveriam estar negociando. Afinal, os outros países não podem prometer reduzir suas barreiras comerciais quando, em muitos casos, não há nenhuma barreira. Lembra que Peter Navarro, o assessor de comércio de Trump e chamado por Elon Musk de idiota, tem afirmado que os impostos sobre valor agregado são tarifas de fato, "mas não são, e as nações da União Europeia literalmente não podem se dar ao luxo de abrir mão deles".

Para Krugman, outros países "podem fazer concessões falsas que Trump pode reivindicar como vitórias falsas". Lembra que foi isso que ele fez com a China durante seu primeiro mandato, alegando que Pequim tinha feito concessões significativas - alegações que, no final, eram falsas. "De fato, os produtores de soja americanos nunca recuperaram totalmente a perda de participação no mercado. E lembre-se também de como Trump fez pequenas alterações no NAFTA (acordo dos EUA com México e Canadá) e alegou ter negociado um pacto comercial totalmente novo."

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/04/2025

Tarifas sobre o aço chinês pressionam preços e desafiam investimentos na siderurgia latino-americana

O aumento expressivo das tarifas sobre o aço importado da China por países latino-americanos marca um novo capítulo na tentativa de preservar a competitividade da indústria siderúrgica regional. Brasil, México, Chile e outros mercados vêm adotando medidas comerciais mais rígidas para conter a entrada massiva de aço chinês, cujo preço mais baixo tem causado distorções no mercado local, pressionando a produção nacional e ampliando o risco de desindustrialização em setores estratégicos.

Com a China exportando anualmente milhões de toneladas de aço para a América Latina, os países da região enxergam a necessidade de agir. A decisão de impor tarifas ou criar sistemas de cotas sobre o aço chinês, no entanto, não é isenta de dilemas. De um lado, busca-se reequilibrar os preços internos, fortalecer o setor siderúrgico e preservar empregos industriais. De outro, há o risco de minar relações econômicas com a China, que nos últimos anos se consolidou como um dos principais investidores em infraestrutura, energia, mineração e logística em território latino-americano.

O caso do Brasil é emblemático. O país implementou um sistema de cotas tarifárias para limitar o volume de importações a preços considerados predatórios. O aumento vertiginoso nas compras de aço chinês – que chegaram a quase triplicar em alguns segmentos – gerou pressão sobre produtores locais e motivou fortes reações do setor, culminando na adoção das novas regras.

Apesar de o discurso oficial evitar mencionar explicitamente a China, é notório que as medidas miram principalmente o aço de origem chinesa, cujos custos são, muitas vezes, inferiores ao custo de produção nacional. Essa diferença tem levado a uma queda nos preços praticados internamente, dificultando a sobrevivência de empresas siderúrgicas locais, especialmente as de médio porte.

Especialistas alertam, no entanto, que essa política de contenção pode trazer consequências indesejadas. A China é, atualmente, um dos maiores investidores estrangeiros na América Latina, com forte presença em grandes projetos de infraestrutura e cadeias produtivas críticas. Restrições comerciais mais severas podem levar a uma reavaliação dessas parcerias, especialmente se forem interpretadas como hostis.

Ainda assim, governos latino-americanos argumentam que a proteção da indústria local é uma questão de soberania econômica. Em um cenário global marcado por disputas comerciais, sobrecapacidade produtiva e guerras tarifárias, a preservação da base industrial e o equilíbrio dos preços do aço tornam-se prioridade para diversas administrações.

O desafio será encontrar um ponto de equilíbrio: proteger os mercados internos da concorrência desleal sem fechar as portas para investimentos externos estratégicos. Nesse sentido, a relação com a China seguirá sendo cuidadosamente monitorada, exigindo diplomacia e estratégia por parte dos governos da região.

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/04/2025

 

Guerra comercial e tarifaço de Trump: impactos e oportunidades para a indústria metalúrgica brasileira

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, marcada pela recente elevação de tarifas por parte do governo norte-americano, impôs novos desafios ao comércio global, com reflexos imediatos sobre os mercados de commodities e sobre o Brasil — especialmente na indústria metalúrgica.

O chamado "tarifaço de Trump", que ampliou tarifas sobre centenas de produtos chineses, reacendeu incertezas no ambiente internacional. A medida é parte de um movimento estratégico dos Estados Unidos para reduzir sua dependência da China, mas tem provocado reações em cadeia nos mercados, afetando a confiança dos investidores e pressionando os preços de matérias-primas como minério de ferro, petróleo e soja — todas fundamentais à economia brasileira.

Origens da disputa e efeitos globais

Desde 2018, quando os primeiros embates tarifários entre Washington e Pequim começaram, o comércio global passou a operar sob novas regras, mais voláteis e protecionistas. A escalada mais recente das tarifas amplia a percepção de risco e pode limitar o crescimento de países exportadores de commodities e bens industriais — especialmente os que dependem fortemente da China ou dos Estados Unidos como mercados destino.

Repercussão na cadeia metalúrgica

A indústria metalúrgica brasileira, que engloba a produção de aço, fundidos, forjados e transformados metálicos, sente os efeitos de forma direta. De um lado, há a pressão da queda nas commodities, o que pode reduzir receitas de exportação e desorganizar a estrutura de custos. De outro, existe a possibilidade de absorver parte da demanda redirecionada por players que desejam evitar a dependência do aço chinês.

Segundo especialistas, a reconfiguração do comércio internacional pode favorecer, pontualmente, exportadores brasileiros — desde que sejam capazes de oferecer confiabilidade logística, escala produtiva e qualidade técnica. Nesse cenário, os Estados Unidos podem buscar fornecedores alternativos na América Latina, criando brechas para empresas brasileiras.

Riscos à competitividade

Apesar da oportunidade, representantes da indústria alertam para os riscos de curto e médio prazo. O presidente do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone, afirmou ao portal IPESI que o Brasil precisará “navegar em forte turbulência” e que o ambiente exige ação estratégica. “É preciso garantir segurança jurídica, estabilidade regulatória e estímulo à competitividade para que a indústria consiga responder às mudanças com agilidade”, disse.

Além disso, o avanço do protecionismo em outras regiões pode restringir o acesso a mercados tradicionais, exigindo do Brasil uma política comercial mais ativa. Há consenso entre especialistas de que a diversificação de parceiros comerciais e o avanço em acordos bilaterais são fundamentais para mitigar riscos estruturais.

Setores mais impactados

Dentro da cadeia metalúrgica, os segmentos com maior exposição ao mercado externo — como siderurgia, autopeças e bens de capital — tendem a sentir os efeitos de forma mais acentuada. A queda nos preços internacionais do aço, por exemplo, impacta margens de exportadores e pode dificultar novos investimentos.

Empresas do setor também devem monitorar com atenção a movimentação dos estoques globais, variações no frete internacional e as decisões de política monetária nos países desenvolvidos, que afetam diretamente a liquidez e o custo do capital.

Infobox: 5 impactos diretos na indústria metalúrgica brasileira

Redução no preço do minério de ferro – Pressão nas margens de produtores e volatilidade nas exportações.
Instabilidade nos fluxos comerciais globais – Dificuldade para manter previsibilidade em contratos e escoamento da produção.
Aumento da concorrência internacional – Com redirecionamento de produtos chineses a outros mercados, o Brasil pode enfrentar maior competição.
Possibilidade de novos mercados nos EUA – A substituição de produtos chineses pode abrir portas para exportadores brasileiros.
Necessidade de ação governamental – O setor demanda apoio institucional para ampliar acordos e garantir competitividade.
Perspectivas e caminhos

A médio prazo, o Brasil precisa alinhar esforços públicos e privados para transformar instabilidades em vantagens estratégicas. Além de uma política comercial mais firme, é essencial avançar em frentes como logística, desoneração da cadeia produtiva e fomento à inovação industrial.

A guerra comercial pode ser uma ameaça — ou uma oportunidade. Tudo dependerá da capacidade do país de se adaptar, responder com inteligência e ocupar espaços que se abrem em meio à turbulência.

Fonte: Infomet
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 10/04/2025

 

Dia do Aço: a espinha dorsal do progresso industrial e cotidiano brasileiro

Poucos materiais têm uma presença tão marcante — e ao mesmo tempo tão invisível — na vida cotidiana quanto o aço. Presente desde a estrutura das cidades até os equipamentos de alta tecnologia, o aço é base para o crescimento de nações, sustentando infraestruturas, movimentando indústrias e aproximando inovações da sociedade.

Neste especial do Dia do Aço, vamos destacar a importância desse material no cotidiano do cidadão, na economia industrial, nas transformações tecnológicas e no desenvolvimento socioeconômico dos países. Também traremos um olhar sobre a história da siderurgia e os dados da evolução dos preços do aço no Brasil, com base nos índices Infomet da chapa grossa e da barra chata, representando os mercados de aços planos e longos.

O aço no dia a dia do cidadão

Mesmo sem perceber, o cidadão moderno convive com o aço o tempo todo. Ele está na cama em que dormimos, nos eletrodomésticos da cozinha, nas vigas e colunas da nossa casa, no ônibus que pegamos e no celular que carregamos no bolso.

Mais que um símbolo de força, o aço é sinônimo de confiança e durabilidade. Sua versatilidade e resistência permitem que seja usado em milhares de aplicações com segurança e eficiência.

O aço como motor da indústria

A indústria nacional depende do aço para funcionar — da construção civil à automotiva, da linha branca à naval. O aço é matéria-prima essencial para máquinas, equipamentos, veículos, estruturas metálicas e ferramentas.

No Brasil, a indústria siderúrgica movimenta bilhões de reais por ano, gera milhares de empregos diretos e indiretos e influencia diretamente setores como mineração, energia, logística e infraestrutura.

Aço e desenvolvimento socioeconômico

Há uma relação direta entre o consumo de aço e o nível de desenvolvimento de um país. Nações em processo de industrialização tendem a aumentar sua demanda por aço, enquanto países desenvolvidos utilizam o material em obras de manutenção, inovação e modernização tecnológica.

Além disso, o aço é um dos principais produtos de exportação de países com forte base mineral e industrial — como o Brasil —, sendo também um instrumento de política comercial e estratégica.

Do básico ao avançado: as aplicações do aço

Poucos materiais são tão onipresentes em áreas tão distintas como o aço. Ele é fundamental para a indústria de base, como construção, transporte e energia, mas também se faz presente na tecnologia de ponta: aviões, satélites, veículos elétricos, baterias de última geração.

Na medicina, o aço inoxidável é utilizado em bisturis, próteses, pinças cirúrgicas e equipamentos de imagem, graças à sua biocompatibilidade e resistência à corrosão.
Seja em pontes de aço, seja em chips de computadores, ele está sempre por trás de grandes avanços.

Um pouco da história da siderurgia

A história do aço remonta à Antiguidade, mas sua produção em escala industrial começou com a Revolução Industrial, no século XVIII. O desenvolvimento de processos como o Bessemer, o Thomas-Gilchrist e o forno Siemens-Martin revolucionou a fabricação de aço.

No Brasil, a indústria siderúrgica moderna se consolidou no século XX, com marcos como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 1941 e a formação do chamado "Cinturão Siderúrgico" no Sudeste. Hoje, grandes grupos como Usiminas, Gerdau, ArcelorMittal e Aperam mantêm o país entre os maiores produtores do mundo.

Evolução dos preços do aço no Brasil

- Evolução dos preços dos aços planos (exemplo: Chapa Grossa) no Brasil
O histórico de preços da chapa grossa — utilizada aqui como exemplo representativo dos aços planos — revela um comportamento cíclico, com momentos de forte valorização seguidos por ajustes significativos. Após um período de relativa estabilidade entre 2007 e 2019, o índice sofreu uma virada importante com a chegada da pandemia da COVID-19. Entre 2020 e 2021, os preços deram um salto expressivo — passando de 203 pontos em julho de 2020 para 338,90 em janeiro de 2022, acumulando alta superior a 65%.

Esse movimento foi impulsionado por gargalos logísticos globais, demanda aquecida em setores como infraestrutura e exportações favorecidas pela alta do dólar. Em seguida, observou-se um recuo gradual, com o índice voltando à casa dos 320 pontos em 2023, refletindo o arrefecimento da demanda e a normalização dos estoques. Já em 2024, os preços retomaram uma leve trajetória de alta, encerrando março em 402,25 pontos — sinal de recuperação moderada, possivelmente influenciada por obras públicas, investimentos industriais e movimentações do setor de energia e construção naval.

- Evolução dos preços dos aços longos (exemplo: Barra Chata) no Brasil
No caso dos aços longos, utilizamos como exemplo a barra chata, produto típico da construção civil e da indústria de base. O mercado apresenta forte volatilidade ao longo dos anos. Entre 2009 e 2020, o índice manteve-se majoritariamente na faixa dos 100 a 140 pontos, com pequenas variações, refletindo uma certa estabilidade da demanda. No entanto, a partir de meados de 2020, o setor passou por um ciclo de valorização acentuado, com o índice saltando de 135 em abril de 2020 para 295,5 em abril de 2021 — mais que o dobro em apenas um ano.

Esse avanço coincidiu com o boom da construção civil durante a pandemia, impulsionado por juros baixos e programas de estímulo. Em 2022, o índice atingiu o pico de 495 pontos, antes de recuar de forma significativa. O ano de 2023 foi marcado por forte correção, com quedas sucessivas, levando o índice de 407,50 (em abril) para 335,75 (em setembro). Já em 2024, o movimento tem sido mais estável, com oscilações marginais e um valor atual de 402,25 pontos, refletindo um mercado ainda em busca de equilíbrio entre oferta e demanda.

Aço e sustentabilidade: 100% reciclável

Outro aspecto que merece destaque no Dia do Aço é sua contribuição para um futuro mais sustentável. O aço é infinitamente reciclável, sem perda de qualidade. No Brasil, mais de 90% do aço consumido é reciclado. Além disso, a indústria vem investindo em tecnologias para reduzir emissões de carbono, como o uso de hidrogênio verde e energias renováveis nos processos produtivos.

O aço do futuro

Com o avanço da Indústria 4.0, o aço está cada vez mais conectado à inovação. Impressão 3D de peças metálicas, estruturas inteligentes para construções sustentáveis e ligas especiais para atender a exigências extremas fazem parte dessa nova era.

Empresas do setor já desenvolvem soluções em aço para cidades inteligentes, mobilidade elétrica e até missões espaciais.

Conclusão: O aço como símbolo de resiliência e transformação

Neste 9 de abril, ao celebrarmos o Dia do Aço, mais do que homenagear um insumo industrial, reconhecemos um verdadeiro protagonista da evolução humana. O aço simboliza a capacidade de transformação da sociedade — seja moldando o concreto das cidades, seja sustentando as tecnologias do amanhã.

Em um mundo cada vez mais desafiador, o aço se mantém como um elo entre passado, presente e futuro. Com inovação, sustentabilidade e propósito, ele continua a ser a espinha dorsal não apenas da indústria, mas também da esperança de um desenvolvimento mais justo, eficiente e conectado às necessidades das próximas gerações.

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/04/2025

 

'O problema é o mundo inteiro ficar exposto a essa enxurrada de aço chinês', diz presidente do Instituto Aço Brasil

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) mostram que, mesmo com a tarifa de 25% sobre o aço e alumínio importados pelos Estados Unidos em vigor por quase metade do mês, o Brasil exportou em março 39% a mais desses metais em comparação com o mesmo mês de 2024. O aço, justamente o principal item da pauta exportadora, foi o que teve melhor desempenho.

O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, explicou que as exportações brasileiras de aço para os Estados Unidos têm caráter complementar, já que o principal produto embarcado são as placas de aço, um tipo de semiacabado usado pela própria indústria siderúrgica americana, que não tem autossuficiência na produção dessa matéria-prima. Ele lembrou ainda que, ao mesmo tempo em que exporta aço, o Brasil importa carvão mineral dos Estados Unidos, essencial para o setor siderúrgico brasileiro.

Segundo ele, esses argumentos foram fundamentais nas negociações que resultaram, em 2018, em um acordo comercial entre os dois países, após a imposição de tarifas pelo governo Trump. Pelo acordo, que durou seis anos, o Brasil pôde exportar até 3,5 milhões de toneladas de placas de aço por ano para os EUA, além de 687 mil toneladas de produtos acabados.

- Nenhum acordo vigia por tanto tempo se fosse bom só para uma das partes. Esse acordo foi bom tanto para a indústria siderúrgica brasileira quanto para a americana - afirma ele, considerando que estes motivos é que devem ser usados na negociação entre o governo brasileiro e o norte-americano neste novo governo Trump.

O presidente do Instituto Aço Brasil ressalta que o país não 'sai de navio em busca de comprador' e quem vai pagar pela alta da tarifa é o importador norte-americano.

- Nós não saímos pelo mundo procurando comprador. Nós somos demandados. O que a gente exporta, de maneira geral, é placa. Placa é matéria-prima. Não é um produto acabado que concorre com as indústrias automobilística, de linha branca, construção civil. Quem paga por essa tarifa? É o consumidor americano. O preço que nós vendemos aqui é o preço FOB (Free on Board), entregue no porto. Daí pra frente, todas essas tarifas, custos logísticos, quem paga é o comprador.

Além das tarifas dos Estados Unidos, o presidente do Instituto Aço Brasil chamou a atenção para um segundo problema enfrentado pelo setor: o aumento das importações predatórias de aço chinês. Agora com a promessa de taxação de 104% dos Estados Unidos à China, a busca por outros territórios deve aumentar.

- O Brasil tem sido bombardeado por importações predatórias há anos. No ano passado, entraram 4,8 milhões de toneladas de aço. E a nossa projeção é que em 2024 esse volume chegue a 5,3 milhões de toneladas, o que representa 25% das nossas vendas. Mais de 90% disso é China - destacou.

Para Marco Polo, o problema é estrutural, já que as empresas brasileiras não competem apenas com companhias chinesas, mas com o próprio Estado chinês, que subsidia a produção e mantém as exportações em alta mesmo diante de uma queda no consumo interno.

- A China exporta cerca de 100 milhões de toneladas de aço por ano. Isso faz parte de uma política de Estado. Eles mantêm a produção e colocam o excedente para fora - afirmou.

Marco Polo destacou ainda que o Brasil não deve se preocupar com um eventual desvio de exportações da China que deixariam de ir para os Estados Unidos e passariam a ser destinadas ao mercado brasileiro. Segundo ele, as tarifas aplicadas pelos EUA já limitam fortemente a entrada do aço chinês naquele mercado.

-Os Estados Unidos já tinham antes dessa nova decisão uma alíquota de 70% contra a China. Em 2023, a China exportou cerca de 1,2 milhão de toneladas para os EUA. No ano passado, esse número caiu para 400 mil toneladas por causa das tarifas. O problema não é o desvio para os EUA. O problema é o mundo inteiro, inclusive o Brasil, ficar exposto a essa enxurrada de aço chinês.

Fonte: O Globo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/04/2025