Notícias

Indústrias de máquinas podem ter ganhos de até 50% com a adoção de novas tecnologias e sustentabilidade

Os fabricantes de máquinas e equipamentos em todo o mundo têm oportunidades imediatas e em grande escala para transformar a sua produtividade, com ganhos de 30% a 50%, aproveitando a inteligência artificial (IA), as inovações lean, as tecnologias digitais e a sustentabilidade, que formam a espinha dorsal da ‘fábrica do futuro’, de acordo com segunda edição do Global Machinery & Equipment Report 2024, lançado pela Bain and Company.

Com os negócios de máquinas e equipamentos sob pressão intensificada em muitas frentes, tais como desafios na cadeia de abastecimento, expectativas crescentes dos clientes e concorrência intensificada em mercados em rápida mudança, as empresas líderes do setor procuram aproveitar inovações de última geração para aumentar o desempenho. Os executivos do setor estão recorrendo a novas ferramentas digitais e tecnologias da Indústria 4.0, como IA, robótica e fabricação aditiva, bem como abordagens tradicionais de excelência operacional, para fortalecer e preparar as operações para o futuro, e se esforçam para dominar a atual onda de desafios.

“Os fabricantes de máquinas e equipamentos muitas vezes ainda dependem fortemente de abordagens tradicionais de manufatura enxuta. Eles podem incorporar ferramentas digitais ou Indústria 4.0 e medidas de sustentabilidade. Mas ainda o fazem em nichos organizacionais separados”, diz Michael Staebe, chefe do setor de Machinery, Paper and Metals da Bain & Company, com sede em Munique, na Alemanha.

“Para se tornarem verdadeiramente fábricas de sucesso do futuro e obterem ganhos de produtividade, as empresas de máquinas precisam enfrentar três desafios críticos. Em primeiro lugar, devem integrar as novas tecnologias da Indústria 4.0 com a sua abordagem e padrões de excelência operacional existentes. Em segundo lugar, devem integrar a tecnologia operacional e tecnologia da informação do ponto de vista operacional e de sistemas e, por último, é vital conectar a sustentabilidade e a circularidade com objetivos empresariais mais amplos e implementar em todo o sistema de produção”, complementa Staebe.

PRIORIDADES – Muitos executivos do setor de máquinas veem cada vez mais a adoção da IA ??como uma tarefa urgente. De acordo com pesquisa da Bain, 75% dos executivos da indústria de manufatura avançada mais ampla disseram que a adoção de tecnologias emergentes, como a IA, é sua principal prioridade em engenharia e P&D.

Os pioneiros bem-sucedidos estão usando a IA para resolver problemas importantes em compras, montagem, manutenção, controle de qualidade e logística de armazenamento. Os líderes do setor consideram a tecnologia de IA particularmente útil na construção da resiliência e da sustentabilidade da sua cadeia de abastecimento face às perturbações macroeconômicas e geopolíticas em curso.

Embora os casos de utilização da IA ??em todos os setores estejam a desenvolvendo-se em ritmo rápido, a análise da Bain destaca o potencial de longo alcance da IA ??generativa para transformar o setor industrial, a sua produtividade e as operações. A IA generativa pode revelar insights ocultos de dados não estruturados que podem gerar melhorias drásticas na produtividade, no atendimento ao cliente e no desempenho financeiro.

A Bain identificou três áreas específicas nas quais as empresas estão implementado a IA com sucesso. Isso inclui minimizar defeitos de montagem e melhorar o controle de qualidade, aumentar a produtividade e agilizar o gerenciamento de armazéns.

O setor industrial consome agora mais chips e tecnologia da Internet das Coisas (IoT) do que qualquer outro setor, um indicador de que as empresas de máquinas estão a adotando rapidamente soluções digitais. A recompensa poderá ser enorme, segundo a Bain, que revela que as empresas de máquinas que já são líderes em soluções digitais duplicam os seus retornos para os acionistas em comparação com a média da indústria.

As empresas de máquinas que estão entre as primeiras a atender à crescente demanda dos clientes por soluções digitais gerarão mais lucros, maior fidelidade do cliente e múltiplos de avaliação semelhantes aos de software, diz a Bain.

Em vez de fabricar produtos padronizados para um mercado global, o relatório conclui que muitos estão desenvolvendo soluções para clientes adaptadas a indústrias específicas. Este pivô significa concentrar-se num número menor de clientes em segmentos verticais específicos da indústria, ao mesmo tempo que aumenta o leque de ofertas a estes clientes e trabalhar com cadeias de abastecimento menos fragmentadas.

Os mercados futuros serão definidos por segmentos de clientes e não por produtos. Nesta nova era, as empresas de máquinas que dimensionaram soluções digitais para um conjunto específico de clientes terão uma vantagem competitiva difícil de desafiar.

CIRCULARIDADE – Um estudo recente da Bain revelou que 47% das grandes empresas de máquinas assumiram compromissos de circularidade. No entanto, a maioria das iniciativas permanece de âmbito limitado – centrada na reciclagem e na redução de fatores de produção e resíduos. Muitas equipes de liderança veem a circularidade ligada à regulamentação, mas algumas começaram a considerá-la como uma oportunidade de criação de valor – uma oportunidade que pode proporcionar novos fluxos de receitas, resiliência da cadeia de abastecimento, maior intimidade com os clientes e acesso a novos grupos de clientes ao longo dos próximos 20 anos.

Os líderes emergentes com operações circulares e capacidades de IoT geram fortes ganhos em eficiência e sustentabilidade, observa a Bain. Os dados IoT recolhidos pelas empresas que utilizam esta tecnologia criam vastas oportunidades para preservar os ativos no seu valor máximo durante o maior tempo possível, melhorando a eficiência energética e reduzindo a necessidade de extração de recursos.

“Dados sem uma estratégia circular e uma cadeia de abastecimento para prolongar a vida útil das máquinas e adaptá-las são muito menos eficazes. Os modelos de negócios circulares, por sua vez, dependem de máquinas e dados conectados para reduzir o uso de matérias-primas”, diz Staebe. “As empresas que preveem mudanças nos lucros estarão bem posicionadas para identificar novas oportunidades à frente da concorrência e reimaginar produtos e serviços para um futuro circular.”

A Bain conclui que, no futuro, as empresas de máquinas irão conceber produtos para maior longevidade, vender mais produtos como serviço e explorar mercados circulares. Todas as três abordagens podem sustentar um modelo de negócio circular.

Fonte: IPESI
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 22/04/2024

 

Aço brasileiro está bem posicionado para atender à exigência ‘verde’, mas novos investimentos são esperados

O aço brasileiro está melhor posicionado do que boa parte de seus concorrentes, em particular os produtos siderúrgicos feitos por China e Índia, diante das novas exigências “verdes” do mundo.

Um dos principais pontos de atenção neste terreno, o CBAM (do inglês Carbon Border Adjustment Mechanism) europeu — que não é limitado ao aço —, poderá representar, em teoria, mais oportunidades para a indústria instalada no país. Mas ainda há desafios a serem superados e novos investimentos para tornar a siderurgia local mais sustentável são esperados, na avaliação da GEP Costdrivers, plataforma de inteligência que acompanha cerca de 100 mil indicadores de diferentes setores.

Em relatório recente, a economista-chefe da plataforma, Tânia Gofredo, e o analista de metais Rodrigo Scolaro destacaram que um possível acordo entre Estados Unidos e União Europeia em torno do comércio de metais com baixo carbono, com taxas preferenciais, pode levar os americanos a adotarem medidas com impacto relevante no mercado internacional de ferro e aço, inclusive com a imposição de alguma taxação das emissões de carbono sobre produtos importados similar à dos europeus.

A expectativa é que a tarifa sobre as importações com elevada pegada de carbono comecem a ser cobradas apenas em 2026. Mas alguns produtores de aço, como China e Índia, têm protestado e os indianos já buscam ações na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a iniciativa, lembram os especialistas. “Esse protesto pode impactar no tempo de adoção da matéria no mercado, mas não deve anular o processo”, ponderaram.

Diante disso, disse Scolaro ao Valor, a leitura é que, embora o Brasil esteja à frente nesse processo, novos investimentos devem ser anunciados nos próximos anos para que o aço produzido no país seja ainda mais verde.

Uma das alternativas é usar o hidrogênio verde como fonte de energia na corrida pela menor pegada de carbono. “O hidrogênio verde pode ser o combustível chave para aço o verde. A biomassa também é uma alternativa viável, mas ainda não está claro como isso se dará”, afirmou.

Conforme o especialista, a matriz energética mais limpa do Brasil traz uma vantagem de partida em relação a outros países produtores. O país, inclusive, é sede da primeira produtora de aço do mundo com certificação de carbono neutro, a Aço Verde Brasil (AVB), que cultiva o eucalipto (biomassa) que será usado como fonte de energia em seu processo produtivo. Mas praticamente todas as grandes instaladas no país, como Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e ArcelorMittal — que puxa o movimento na Europa —, já estão investindo em mais descarbonização e avaliando o uso de combustíveis alternativos em busca do aço com menor pegada de carbono. Novos projetos devem ser anunciados à frente.

Além disso, segue o especialista, o minério de ferro usado na obtenção do aço verde a partir do hidrogênio também verde precisa ser de maior qualidade — até acima dos 65% de pureza —, mas a Vale tem investido nessa tendência. Isso se deve ao fato de a produtividade de aço com uso dessa tecnologia ainda ser relativamente menor, o que exige a utilização do minério de maior qualidade.

Mas já há iniciativas de uso do hidrogênio verde em outras regiões do planeta, a despeito do custo ainda elevado, e o país deve enveredar também por essa rota. “A discussão é que é possível usar esse combustível para fazer aço. Há vários investimentos na Europa, que devem entrar em operação nos próximos anos”, observou.

“O Brasil está entre os dez maiores de aço, ainda bem longe da china, mas com uma produção mais verde e potencial de torná-la ainda mais limpa”, comentou. “Na teoria, as siderúrgicas brasileiras seriam mais beneficiadas [pela adoção do CBAM]. Não é o aço mais verde do planeta, mas seria valorizada”, acrescentou.

Conforme Scolaro, há duas vertentes de análise do CBAM: a questão ambiental, mas também uma questão política, relativa à proteção comercial do mercado europeu — algo que os americanos também estão olhando. “Querendo ou não, funciona como um mecanismo de proteção da indústria europeia, ao colocá-la como limpa e as de fora, sujas, com imposição de taxa para esses produtos”, explicou.

Num primeiro momento, em sua avaliação, o aço verde tende a custar mais do que o “cinza”. Mas ao longo do tempo e com o ganho de escala, seu valor será reduzido. Ainda não há um parâmetro para os preços desses produtos, observou, mas já começa a existir algum repasse de “prêmio”, seja por marketing, seja pela necessidade de cumprimento de metas de descarbonização.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/04/2024

 

Abimaq trabalha para evitar aumento da alíquota de aço importado

Releia:
Indústria tenta barrar alta na taxação do aço importado e rejeita tese da invasão chinesa
As entidades contestam a avaliação dos fabricantes nacionais de que está havendo uma invasão chinesa do aço

Uma coalizão de 16 entidades de segmentos da indústria intensivos no uso de aço deflagrou uma mobilização em Brasília na tentativa de barrar o pedido das siderúrgicas brasileiras para sobretaxar a importação do produto.

As entidades contestam a avaliação dos fabricantes nacionais de que está havendo uma invasão chinesa do aço e temem que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acabe cedendo ao pleito sem levar em consideração os riscos para a economia de um eventual aumento da taxação.

Entre eles, a coalizão aponta pressão na inflação, aumento dos custos, perda de competitividade da indústria nacional e prejuízos para os investimentos.

O Instituto Aço Brasil, a entidade representativa das empresas brasileiras produtoras de aço, não quis comentar.

A guerra do aço, como é chamada nos bastidores, escalou, nas últimas semanas, porque representantes da coalizão têm recebido alertas de dentro do próprio governo de que o discurso da invasão chinesa estaria reverberando nos gabinetes de Brasília, aumentando as chances de um aumento da tributação.

O aço é um insumo essencial usado na produção da indústria de produtos de maior valor agregado e tecnologia, como máquinas e equipamentos, automóveis, ônibus, caminhões, eletrodomésticos, autopeças e construção civil.

A disputa começou porque as siderúrgicas protocolaram pedido na secretaria-executiva da Camex (Câmara de Comércio Exterior) para aumentar a alíquota do Imposto de Importação de diversos produtos de ação para 16% e 25%. O patamar atual está em 10,8%, segundo dados da coalizão.

Cabe ao Gecex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior), colegiado do governo federal que reúne dez ministérios, decidir sobre o aumento

“É mais do que o dobro. Um aumento de 15 pontos percentuais que daria no preço para o consumidor de aço, 15%”, afirma o presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), José Velloso.

O executivo alerta que os investimentos do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa, Minha Vida seriam afetados pela alta das alíquotas do Imposto de Importação.

O grupo argumenta que o aço do Brasil já é o mais caro do mundo, quando comparado aos preços no mercado interno de vários países.

A coalizão tem sustentado nas conversas com autoridades do governo Lula e também líderes do Congresso que o valor por tonelada praticado no Brasil equivale a US$ 890 -37% a mais do que a média do preço dos outros países, de US$ 703.

Os argumentos foram levados ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

A Abimaq integra a coalizão, que tem também representantes do segmento da construção civil, ferroviária, autopeças, construção metálica, ferramentas, eletroeletrônicos, fabricantes de ônibus, construção naval e saneamento básico.

Segundo Velloso, o pleito das siderúrgicas é para aumentar o imposto de 21 códigos tarifários da chamada NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) usado para identificar o tipo do produto. Os pedidos têm sido apresentados desde o segundo semestre do ano passado.

Para o presidente da Abimaq, a tese de invasão chinesa não se sustenta porque a taxa de penetração do aço importado no mercado brasileiro é de 18%.

A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil), na sua manifestação ao Gecex sobre o pleito, afirma que o principal país exportador do vergalhão -amplamente usado pelo setor- é a Turquia, não a China.

A entidade diz que, dependendo da construção, o vergalhão pode representar até 15% do custo da obra.

Em fevereiro deste ano, o Gecex já tinha aprovado uma recomposição tarifária da alíquota do Imposto de Importação de cinco tipos de produtos do setor siderúrgico -aumento entre 1,2 e 1,6 ponto porcentual.

“As siderúrgicas querem mais. O assunto não saiu da pauta. A demanda está lá”, diz Velloso. Ele afirma que o mesmo aço que custa US$ 890 para a indústria brasileira é vendido pelas mesmas usinas para o exterior por US$ 661.

Procurado, o MDIC afirmou à Folha que os diversos pedidos das NCMs do aço para o aumento da tarifa têm datas diferentes. Portanto, os pleitos podem ser discutidos pela Camex em diferentes momentos.

Uma reunião do Gecex está marcada para o próximo dia 24. A pauta não foi divulgada, mas alguns desses pedidos poderão ser apreciados, segundo o ministério.


Com agências de notícias (AgroMais e Folhapress)

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/04/2024

Após duas décadas, mecanização brasileira receberá um novo livro técnico-didático

O setor agropecuário brasileiro, que experimentou um crescimento significativo nas últimas duas décadas, agora recebe um importante apoio na literatura técnica com o lançamento do “Manual de Máquinas Agrícolas” na Agrishow 2024, em Ribeirão Preto/SP. Este livro, resultado de uma colaboração entre docentes universitários e importantes indústrias do setor, busca preencher uma lacuna na formação técnica dos profissionais da área, fornecendo conhecimento atualizado sobre máquinas e implementos agrícolas.

O “Manual de Máquinas Agrícolas”, uma iniciativa da Editora Funep em parceria com docentes universitários e indústrias do setor agropecuário, será lançado durante a Agrishow 2024, um dos maiores eventos do agronegócio no Brasil. Este livro, que surge após duas décadas sem uma atualização significativa na literatura técnica sobre mecanização agrícola, visa preencher uma lacuna na formação dos jovens profissionais da área.

Segundo Tiago Rodrigo Francetto, professor de engenharia agrícola da UFSM e um dos editores do manual, a ideia de produzir o livro surgiu da necessidade de fornecer informações técnicas acessíveis aos alunos dos cursos de ciências agrárias. O conteúdo do livro foi elaborado por um grupo de 22 professores, cada um contribuindo com sua especialidade, e contou também com a colaboração de importantes indústrias do setor, incluindo a Titan Pneus.

Um dos destaques do primeiro volume do manual é um capítulo dedicado exclusivamente aos pneus agrícolas, uma área que carecia de literatura específica até então. Meire Santorio, diretora de qualidade e tecnologia da Titan, destaca a importância deste capítulo, que aborda desde os diferentes tipos de pneus até os conceitos de pneus radiais e convencionais, além de considerações sobre os tipos de solos e culturas.

Além do conteúdo técnico, a Titan também contribuiu com a revisão do material, garantindo uma abordagem imparcial e focada na engenharia dos pneus. O lançamento do primeiro volume do manual está previsto para a Agrishow 2024, com o segundo volume, dedicado às máquinas de colheita mecanizada, a ser lançado em breve.

Francetto ressalta que o próximo passo é tornar a obra acessível a um público ainda maior, inclusive em outros idiomas como espanhol e inglês, para atender à demanda de professores e estudantes não só do Brasil, mas também da América Latina e dos Estados Unidos. O financiamento inicial para a publicação dos volumes foi em grande parte fornecido pelas indústrias parceiras, que também contribuíram com o conteúdo técnico e patrocínio.

Fonte: Mecânica Online
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 19/04/2024

 

Setor de aço no Brasil pede aumento de tarifa contra produto chinês. Nos EUA, Biden quer triplicar taxação

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer triplicar as tarifas sobre o aço e o alumínio chineses importados pelo país, por considerar que há “uma concorrência injusta”, que prejudica os trabalhadores americanos. As tarifas chegariam a 25%, segundo a agência Bloomberg. A queixa contra as importações desses produtos não se resumem aos EUA: na próxima quarta-feira, o Brasil vai analisar um pleito do setor siderúrgico para elevar as tarifas sobre esses itens.

O Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) deve analisar o pleito do setor siderúrgico para elevar, também a até 25%, as tarifas de importação de aço. Segundo interlocutores do governo, estão incluídos laminados, chapas e tubos.

Hoje, as alíquotas brasileiras estão em torno de 11%. O setor alega que há uma invasão de aço no Brasil, originário, principalmente, da China e da Rússia.

A Camex é formada por dez ministérios. Junto com o argumento de que um setor inteiro pode fechar empresas e demitir, há a preocupação com a inflação, já que um aumento de tarifa acaba tendo impacto nos preços ao consumidor.

Da parte dos grandes compradores de siderúrgicos, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, afirma que uma alta da tarifa para 25% faria com que o preço interno subisse 15%.

— Se o problema é o aço chinês, por que não pedir uma investigação por dumping ou subsídio? Por que não podemos comprar os produtos de outros países? — perguntou Velloso.

Já o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Marcelo Leite, disse que o aço representa o maior custo dos produtos. Leite afirmou que o segmento reconhece a importância de as indústrias siderúrgicas brasileiras se fortalecerem para concorrer com os importados e sugeriu que sejam realizados estudos, junto com o governo e todos os integrantes da cadeia.

— Queremos uma cadeia do aço pujante, com bastante vigor. Mas não se trata apenas de uma análise restrita à tarifa, e sim de encontrar formas de aumentar a competitividade — enfatizou Leite.

Em fevereiro deste ano, cinco produtos de aço que tiveram as tarifas de importação reduzidas em 2022 voltarão a pagar as alíquotas originais para entrar no país. O Gecex aprovou a medida, atendendo parcialmente a pedidos dos produtores nacionais, que alegavam concorrência desleal.

Há dois anos, o governo rebaixou unilateralmente em 10% o Imposto de Importação de uma série de insumos industriais. Segundo o Gecex, a decisão representava uma recomposição e o órgão continua a analisar pedidos para restaurar a alíquota de outros produtos abrangidos pela redução das tarifas.

Nos EUA, medida mais política que econômica

Nos Estados Unidos, Joe Biden, que disputa a reeleição, pediu ao Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, sigla em inglês) para triplicar as tarifas atuais, de 7,5% em média, impostas a uma parte do aço e do alumínio chineses importados pelos Estados Unidos.

— As siderúrgicas chinesas não precisam se preocupar em lucrar, porque o governo chinês as subsidia. Não competem, trapaceiam — afirmou o presidente americano em Pittsburgh, na sede do sindicato United Steelworkers, que reúne os trabalhadores do setor. — Eu não quero um confronto com a China, mas sim uma concorrência justa.

Analistas, porém, consideram a medida mais política que econômica. Colin Hamilton, diretor-gerente de Commodities da gestora BMO Capital Markets, disse à Bloomberg que apenas 2% do aço e 4% do alumínio usados nos EUA ano passado vieram da China.

Pequim, no entanto, denuncia o que chama de “falsas acusações” de Washington. Em nota, o Ministério do Comércio chinês afirma que a investigação do USTR “interpreta de forma equivocada as atividades normais de comércio e investimentos como prejudiciais para a segurança nacional e os interesses das empresas americanas.” E acrescentou que os EUA “impõem os seus próprios problemas industriais à China.”

Os anúncios da Casa Branca são feitos em um contexto de forte rivalidade com a China, apesar do diálogo renovado entre as duas maiores economias mundiais.

O governo Biden mencionou “a preocupação crescente com o fato de as práticas comerciais desleais da China, como inundar o mercado com aço vendido abaixo do custo de mercado, estejam distorcendo o mercado global da construção naval e corroendo a concorrência.”

UE e América Latina

Além disso, a União Europeia acusa de Pequim de distorcer o mercado local, ao inundá-lo com produtos de baixo preço.

Na América Latina, a indústria siderúrgica, que gera 1,4 milhão de empregos, também pede maiores tarifas de importação. A principal siderúrgica chilena, Huachipato, anunciou recentemente a suspensão paulatina de suas operações se não receber uma proteção tarifária, pressionada pela avalanche de aço chinês comercializado até 40% mais barato do que o produzido no Chile. Cerca de três mil postos de trabalho estão em risco, afirma a empresa.

Fonte: O Globo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/04/2024

 

Produção de aço bruto brasileiro registra 2,8 milhões/t em março, diz IABR

Alta de 5,6% ante ao apurado no mesmo mês em 2023 e, no trimestre foram produzidos 8,3 milhões de toneladas de aço bruto, aumento de 6,2% também comparado ao mesmo período do ano anterior. As exportações tanto no mês de março como no acumulado do trimestre tiveram queda. Destaque para o Estado do Rio de Janeiro que ocupa o segundo lugar no ranking nacional em produção de aço bruto, dos semiacabados e laminados.

Em março de 2024 a produção brasileira de aço bruto foi de 2,8 milhões de toneladas, um aumento de 5,6% frente ao apurado no mesmo mês de 2023. Já a produção de laminados foi de 1,9 milhão de toneladas, 3,6% superior à registrada em março de

2023. A produção de semiacabados para vendas foi de 777 mil toneladas, um crescimento de 38,1% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2023, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil (IABr), no dia 16 de abril(terça-feira).

Consumo e vendas — As vendas internas retraíram 6,3% frente ao apurado em março de 2023 e totalizaram 1,7 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,1 milhões de toneladas, 1,6% inferior ao apurado no mesmo período de 2023.

Exportações — As exportações de março de 2024 foram de 942 mil toneladas, ou US$ 774 milhões, o que resultou em queda

de 23,2% e de 25,6%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2023.

Importações — As importações de março de 2024 foram de 486 mil toneladas e de US$ 452 milhões, um aumento de 46,0% em quantum e uma queda de 5,5% em valor na comparação com o registrado em março de 2023.

Produção no trimestre do ano — A produção brasileira de aço bruto foi de 8,3 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a março de 2024, o que representa um aumento de 6,2% frente ao mesmo período do ano anterior. A produção de laminados no mesmo período foi de 5,7 milhões de toneladas, crescimento de 5,1% em relação ao registrado no mesmo acumulado de 2023. A produção de semiacabados para vendas totalizou 2,3 milhões de toneladas de janeiro a março de 2024, um aumento de 2,3% na mesma base de comparação.

Vendas — As vendas internas foram de 4,9 milhões de toneladas de janeiro a março de 2024, o que representa uma elevação de 0,3% quando comparadas com igual período do ano anterior.

Consumo — O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 6,0 milhões de toneladas no acumulado até março de 2024. Este resultado representa um aumento de 3,3% frente ao registrado no mesmo período de 2023.

Exportações — As exportações de janeiro a março de 2024 atingiram 2,6 milhões de toneladas, ou US$ 2,0 bilhões. Esses valores representam, respectivamente, redução de 17,9% e de 22,8% na comparação com o mesmo período de 2023.

Importações — As importações alcançaram 1,3 milhão de toneladas no acumulado até março de 2024, um aumento de 25,4% frente ao mesmo período do ano anterior. Em valor, as importações atingiram US$ 1,3 bilhão e avançaram 0,6% no mesmo período de comparação.

O Rio de Janeiro responde por 24,1 % da produção nacional de aço bruto, sendo o segundo no ranking nacional, atrás apenas de Minas Gerais, e à frente do Espírito Santo e São Paulo— Produção de aço no Estado do Rio de Janeiro, em março, cresceu 6% em relação ao mesmo período do ano passado, o estado responde por 24,1 % da produção nacional de aço bruto.

O Estado do Rio de Janeiro produziu 654 mil toneladas de aço em março, o que significa um crescimento de 6% em relação a março do ano passado, e a 24,1% da produção total do país. Os dados são do Instituto Aço Brasil, entidade representativa das empresas brasileiras produtoras de aço. Nos três primeiros meses do ano, a produção de aço bruto no Rio de Janeiro acumula 2,2 milhões de toneladas, um aumento de 19,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.

— A indústria siderúrgica fluminense tem apresentado sucessivos aumentos na produção, e é um vetor significativo de crescimento econômico do estado. O Rio de Janeiro possui um importante parque siderúrgico e ocupa a segunda posição no ranking nacional de produção, impulsionando a cadeia produtiva do setor e gerando milhares de empregos para a população —comenta o governador Cláudio Castro.

— Na comparação com março e com o acumulado dos três primeiros meses no ano passado, o estado registrou crescimentos percentuais na produção de aço, superiores aos de Minas Gerais (6% e 19,7%, respectivamente), consolidando o Rio de Janeiro como um dos maiores produtores nacionais — destacou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, Vinicius Farah.

Fonte: Portal Fator
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/04/2024