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Governo vê projeto para mudar placa do Mercosul como “aumento de custo”, dizem fontes

Integrantes do governo Lula enxergam aumento de custos na tentativa do Congresso Nacional de fazer mudanças nas placas de identificação de veículos que circulam no Brasil e nos outros países que integram o Mercosul.

Um projeto de lei que tramita no Senado e que foi aprovado recentemente na Comissão de Assuntos Econômicos propõe inserir no modelo atual as informações de município e estado de registro.

Interlocutores do governo afirmam não ver necessidade em fazer mudanças nas placas e dizem que haveria apoio somente se fosse possível fazer as alterações reduzindo gastos dos cidadãos e, ao mesmo tempo, mantendo a segurança.

O projeto de lei (3.214/2023) foi enviado para a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (União-AP), ainda não definiu quem será o relator.

O modelo da placa do Mercosul é obrigatório no Brasil desde 2020 e, hoje, apenas veículos emplacados antes da aplicação da norma adotam o modelo antigo, com as informações de estado e município.

A proposta de rever o modelo atual foi apresentada pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), que justifica no texto que a retirada dificultou a identificação geográfica dos veículos, o que traz consequências negativas para a fiscalização do trânsito.

O senador alega questões de segurança e argumenta que as informações facilitam a identificação de veículos irregulares, como os que estão com a documentação vencida, envolvidos em práticas de transporte ilegal de passageiros ou cargas, ou que possuam pendências administrativas junto aos órgãos de trânsito.

Amin afirma ainda que há um significado cultural e identitário importante ao se ter a identificação. “Serviria para reforçar o senso de pertencimento à região e o orgulho local”, afirma o parlamentar na defesa do projeto.

Fonte: CNN
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 23/04/2024

 

Armazenagem de grãos: entenda os desafios para conter déficit no país diante de produção crescente

A produção de grãos como soja, milho e feijão no país cresce, em média, 10,9 milhões de toneladas por ano, mas o incremento na capacidade de guardar todo esse volume que projeta o Brasil no exterior não chega nem à metade dessa evolução, com 4,8 milhões.

Estratégica para evitar desperdícios, reduzir custos e aumentar a competitividade no exterior, a armazenagem de grãos é um dos principais desafios do setor agrícola brasileiro, que atualmente lida com um déficit total de aproximadamente 120 milhões de toneladas.

Algo que passa principalmente por investimentos, afirma Paulo Bertolini, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (CSEAG/Abimaq).

"O principal fator associado ao déficit de armazenagem é a falta de investimento em estruturas de processamento e armazenagem de grãos. Essa falta de investimento que acompanha o crescimento da agricultura brasileira, essa dinâmica formidável que é agricultura brasileira, não tem acontecido nas últimas décadas", afirma.

O setor de silos e de armazenagem é um dos que movimentam negócios na Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo que acontece em Ribeirão Preto (SP) entre 29 de abril e 3 de maio, com projeção de receber 200 mil pessoas e resultar em pelo menos R$ 13,2 bilhões em contratos. O g1 tem uma página especial com a cobertura do evento.

Produção x armazenagem de grãos

O Brasil fechou o ciclo 2022/2023 com 320,1 milhões de toneladas de grãos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em alta de 17,4% sobretudo por ganhos de produtividade e com destaque para o milho, responsável por mais de 60% da área cultivada.

Para o período entre 2023/2024, a projeção mais recente prevê uma queda de 8%, com uma produção de 294 milhões de toneladas.

Ainda assim, a atual capacidade de armazenamento é insuficiente. Segundo informações compiladas pela CSEAG em relatório divulgado no fim de março, até o ano passado o potencial de estoque era de 201 milhões de toneladas. Sem investimentos significativos, a tendência é de que essa diferença continue a subir.

"A projeção continua acima de 100 milhões de déficit de armazenagem. Não tem nada, nenhum indicativo de que isso mude."

Os atuais valores reproduzem uma tendência observada nos últimos anos (veja gráfico acima) em que a diferença entre o que o Brasil produz e consegue armazenar apenas aumentou. Em 2017, por exemplo, o déficit era de 59 milhões de toneladas, ou seja, três vezes e meia menor do que o atual.

Com grão a mais e armazéns de menos, a saída, para produtos como o milho, é deixar o excedente a céu aberto, o que representa prejuízos, tanto com desperdício na quantidade quanto com a perda de qualidade.

"O Brasil cresce em média 10 milhões de toneladas na sua produção todos os anos, enquanto a capacidade estática de armazenagem de grãos cresce apenas metade disso, ou seja 5 milhões toneladas. Dessa forma, a cada ano que se passou nas últimas décadas o Brasil cresceu no seu déficit de armazenagem 5 milhões de toneladas", analisa Bertolini.

O raio-X da armazenagem de grãos

É justamente na região que mais produz grãos no país, o Centro-Oeste, onde o déficit é mais acentuado, com 84 milhões de toneladas. Dos 162,4 milhões de toneladas produzidos, apenas se consegue armazenar 78,4 milhões de toneladas, ou seja, 48%.

"Os maiores déficits de armazenagem, proporcionalmente, estão nas áreas de fronteira agrícola, onde a agricultura é mais jovem, onde ela cresceu mais."

Nordeste, Sul e Norte aparecem na sequência, respectivamente com 14,7 milhões, 10,4 milhões e 9 milhões. Apenas o Sudeste tem capacidade para armazenar todo o volume que produz, de 30,2 milhões em 2023.

Entre todos os estados brasileiros, os que mais têm capacidade de estoque são Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, com volumes que variam entre 31 milhões e 49 milhões de toneladas.

De todas as unidades de armazenamento em funcionamento, 84% estão em áreas urbanas e industriais, com destaque para o que está sob controle de tradings, armazenamentos privados e cooperativas, enquanto que apenas 16% ficam nas fazendas produtoras.

Silos em fazendas e crédito

Um dos desafios do setor agrícola é mudar essa proporção. Na visão dos especialistas, as fazendas apresentam uma série de vantagens na armazenagem, sobretudo pela redução de custos. Segundo a CSEAG, os principais benefícios são:

elimina custos com transporte e frete, principalmente na safra;
reduz custos com eliminação de impurezas e umidade;
reduzir perdas, que chegaram a 36 milhões de toneladas em todo o país em 2023;
permite um aproveitamento total dos grãos;
otimiza a operação da colheita;
permite escolher a melhor época para comercialização;
elimina o pagamento de taxas de secagem, armazenagem e quebra técnica;
diminui perdas com descontos em classificação do produto;
oferece garantia de qualidade do produto.

Mesmo assim, essa modalidade de armazenamento pouco evoluiu ao longo dos anos. Entre 2010 e 2023, a capacidade saltou de 20,38 milhões de toneladas para 33,22 milhões, uma variação em termos absolutos de 13 milhões que elevou a proporção com relação ao total de 14% para 16% .

"Nos Estados Unidos, mais de 60% da capacidade de armazenagem está dentro das fazendas (...). Os Estados Unidos, maior produtor mundial de grãos, consegue armazenar mais do que uma safra e meia. O Brasil não consegue armazenar uma única safra", afirma o representante da câmara setorial na Abimaq.

A ampliação dessa modalidade, bem como da capacidade geral de estoque em todo o país, passa necessariamente por mais recursos financeiros.

Nos cálculos da câmara setorial da Abimaq, apenas para equiparar produção e armazenagem são necessários, por ano, R$ 15 bilhões em investimentos. Bertolini explica o cálculo desse montante.

"Em média, uma tonelada estática de armazém para grãos custa em torno de R$ 1,5 mil. Isso vai não só em termos de equipamento, mas também todo o serviço de montagem desse equipamento, obra civil, terraplanagem, parte elétrica, frete desse equipamento, tudo isso está nessa conta. Se o Brasil cresce 10 milhões de toneladas em média todos os anos em sua produção agrícola, precisa investir R$ 15 bilhões somente para acompanhar esse nível de crescimento", diz.

Uma das principais fontes de incentivo está no Plano Safra, com o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), mas com valores que se esgotaram rapidamente no ciclo 2023/2024 e não tiveram suplementação, segundo Bertolini.

"Temos uma indústria de alta capacidade e tecnologia que é reconhecida internacionalmente, uma vez que a gente fornece para 40 países. Para redução do deficit de armazenagem é preciso investimento. Para que haja investimento tem que ter linhas de crédito adequadas com dinheiro suficiente para a demanda e necessidade brasileira", argumenta.

Fonte: G1
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 23/04/2024

 

Produção industrial retoma o crescimento e emprego segue em alta, aponta CNI

Grandes e médias empresas industriais retomaram ritmo de produção em março de 2024, segundo a Sondagem Industrial. A pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apurou aumento na produção industrial e no emprego nas indústrias desses portes. O indicador de evolução de produção marcou 51 pontos no terceiro mês deste ano, diferentemente de fevereiro, quando estava em 48,5 pontos.

O índice de evolução do número de empregados atingiu 50,4 pontos em março e segue 2 pontos acima da média para o período do ano.

“A indústria começou 2024 com o mercado de trabalho aquecido e as pesquisas mostram que essa tendência continua. Entretanto, apesar das altas na produção e no emprego, a demanda interna ainda é um problema para os empresários industriais”, explica o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo. 

Por outro lado, os empresários industriais demonstraram insatisfação com a situação financeira no início deste ano. O indicador de satisfação caiu 1,6 ponto em relação ao último trimestre de 2023, de 51,1 pontos para 49,4 pontos em março de 2024. Isso mostra que os empresários mudaram a percepção de satisfação para insatisfação em relação ao lucro.

Além disso, o índice de evolução do preço de matérias-primas aumentou 2 pontos, de 54,8 para 56,8 pontos, e indica uma percepção de alta de preços mais intensa e disseminada.

Com isso, a falta ou alto custo de matéria-prima retornou ao ranking de principais problemas apontados pela indústria, em terceira posição com 19,6% das respostas. No último trimestre do ano passado, a adversidade estava em sexta posição.

A elevada carga tributária continua em primeiro lugar, apontada por 35,7% dos empresários. Em segundo, segue a demanda interna insuficiente, assinalada por 30,6%. As posições são as mesmas verificadas no final de 2023.

 

Utilização da capacidade instalada está estável

A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se manteve estável em 68%, pelo segundo mês consecutivo. Usualmente, é o esperado para o mês quando comparado com a série histórica.

Estoques abaixo do esperado

A pesquisa da CNI mostrou alta dos estoques na passagem de fevereiro para março, como aponta o índice de evolução dos estoques (50,4 pontos). Mesmo com a alta dos estoques, eles permanecem abaixo do nível esperado pela indústria, como mostra o índice de estoque efetivo em relação ao planejado (49,8 pontos). É o quarto mês consecutivo que a pesquisa não registra excesso de estoque.

Expectativas e intenções de investir voltaram a crescer

Em abril de 2024, os indicadores de expectativa de quantidade exportada, de compras de matérias-primas e de demanda avançaram, enquanto a expectativa do número de empregados na indústria se manteve estável. Todos os indicadores apontam expectativas mais otimistas quando comparados à média histórica do período.

O indicador de intenção de investimento atingiu 57,0 pontos este mês, após avançar 0,5 ponto em relação a março. Com a alta, o índice está 5,1 pontos acima da média histórica da série (51,9 pontos).

Sobre a Sondagem Industrial

A Sondagem Industrial, realizada pela CNI, entrevistou 1576 empresas de pequeno, médio e grande porte por mês. Para este levantamento, os empresários foram questionados entre os dias 1° e 9 de abril de 2024.

O documento aborda o desempenho da indústria, as condições financeiras, os principais problemas e as expectativas das indústrias.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 22/04/2024

Governo brasileiro avalia criar cota e sobretaxar excesso de importação de aço em até 25%

O governo federal elabora uma proposta intermediária para os pleitos da indústria siderúrgica de sobretaxar o aço importado no Brasil em até 25%, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

Segundo interlocutores, a ideia é definir uma cota de importação para determinados itens da siderurgia – que seria a média das compras de 2020 a 2022. Sobre o que for importado dentro desse volume, incidiria as alíquotas de importação atuais. Se as compras ultrapassarem essa cota, o imposto de importação iria a 25%. A expectativa é de que o tema seja analisado na próxima terça-feira, 23, pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).

Com o plano, que deve envolver 15 itens da NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul), o governo quer avançar com uma saída que não provoque impactos inflacionários e nem um problema geopolítico, especialmente com a China. O risco inflacionário é um dos fatores sobre os quais técnicos do governo mais se debruçaram nos últimos meses.

Interlocutores ouvidos pela reportagem durante esse período apontavam que uma simples elevação a 25% seria impraticável no Brasil. A equipe econômica também manifestou preocupações. Diante disso, o governo tenta entrar num consenso por uma proposta intermediária. O martelo será batido em uma reunião na Casa Civil na próxima segunda-feira, às vésperas do encontro do colegiado executivo da Camex – formada por dez ministérios.

A pressão da indústria siderúrgica para o governo sobretaxar o aço de fora a até 25% – contra uma média que gira em torno de 10% –, vem crescendo desde meados do ano passado. O Executivo deu um primeiro passo para atender à atividade quando, em setembro, excluiu doze produtos siderúrgicos do rol de itens que sofreram redução de 10% no imposto de importação em junho de 2022. Desde então, contudo, usinas reclamam que a medida é insuficiente e ameaçam que precisarão rever a estratégia no Brasil, caso o cenário se mantenha.

Apesar do perfil mais protecionista, o governo se viu numa encruzilhada porque não pode ignorar os impactos inflacionários de um eventual aumento do imposto de importação. Por isso, técnicos passaram os últimos meses analisando a real situação de cada área específica da siderurgia, com o fim de constatar em quais produtos há, de fato, um aumento preocupante das importações - já que há itens que registraram redução de entrada no País.

Com a forte movimentação da indústria siderúrgica, a cadeia afetada por um eventual aumento de impostos também passou a se movimentar. Como mostrou o Estadão/Broadcast, uma coalizão de 16 entidades alertou para o risco de desindustrialização caso o Brasil venha a aumentar a taxação das importações de aço de aproximadamente 12% para 25%.

Formada por entidades de representação que têm forte consumo de aço para as suas atividades, a coalizão alertou para uma escalada inflacionária e perda de competitividade da indústria se houver aumento no imposto e importação do produto.

Além da pressão inflacionária, outro receio que orbita no governo é o risco de piora na diplomacia com a China, justamente no ano em que os países completam 50 anos de relação bilateral e o Executivo comemora diversas ampliações e abertura de mercado. O temor é que a China, assim como fez com os Estados Unidos, imponha represália à importação de produtos brasileiros, sobretudo minerais e commodities agrícolas.

Fonte: Estadão
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/04/2024

 

Indústrias de máquinas podem ter ganhos de até 50% com a adoção de novas tecnologias e sustentabilidade

Os fabricantes de máquinas e equipamentos em todo o mundo têm oportunidades imediatas e em grande escala para transformar a sua produtividade, com ganhos de 30% a 50%, aproveitando a inteligência artificial (IA), as inovações lean, as tecnologias digitais e a sustentabilidade, que formam a espinha dorsal da ‘fábrica do futuro’, de acordo com segunda edição do Global Machinery & Equipment Report 2024, lançado pela Bain and Company.

Com os negócios de máquinas e equipamentos sob pressão intensificada em muitas frentes, tais como desafios na cadeia de abastecimento, expectativas crescentes dos clientes e concorrência intensificada em mercados em rápida mudança, as empresas líderes do setor procuram aproveitar inovações de última geração para aumentar o desempenho. Os executivos do setor estão recorrendo a novas ferramentas digitais e tecnologias da Indústria 4.0, como IA, robótica e fabricação aditiva, bem como abordagens tradicionais de excelência operacional, para fortalecer e preparar as operações para o futuro, e se esforçam para dominar a atual onda de desafios.

“Os fabricantes de máquinas e equipamentos muitas vezes ainda dependem fortemente de abordagens tradicionais de manufatura enxuta. Eles podem incorporar ferramentas digitais ou Indústria 4.0 e medidas de sustentabilidade. Mas ainda o fazem em nichos organizacionais separados”, diz Michael Staebe, chefe do setor de Machinery, Paper and Metals da Bain & Company, com sede em Munique, na Alemanha.

“Para se tornarem verdadeiramente fábricas de sucesso do futuro e obterem ganhos de produtividade, as empresas de máquinas precisam enfrentar três desafios críticos. Em primeiro lugar, devem integrar as novas tecnologias da Indústria 4.0 com a sua abordagem e padrões de excelência operacional existentes. Em segundo lugar, devem integrar a tecnologia operacional e tecnologia da informação do ponto de vista operacional e de sistemas e, por último, é vital conectar a sustentabilidade e a circularidade com objetivos empresariais mais amplos e implementar em todo o sistema de produção”, complementa Staebe.

PRIORIDADES – Muitos executivos do setor de máquinas veem cada vez mais a adoção da IA ??como uma tarefa urgente. De acordo com pesquisa da Bain, 75% dos executivos da indústria de manufatura avançada mais ampla disseram que a adoção de tecnologias emergentes, como a IA, é sua principal prioridade em engenharia e P&D.

Os pioneiros bem-sucedidos estão usando a IA para resolver problemas importantes em compras, montagem, manutenção, controle de qualidade e logística de armazenamento. Os líderes do setor consideram a tecnologia de IA particularmente útil na construção da resiliência e da sustentabilidade da sua cadeia de abastecimento face às perturbações macroeconômicas e geopolíticas em curso.

Embora os casos de utilização da IA ??em todos os setores estejam a desenvolvendo-se em ritmo rápido, a análise da Bain destaca o potencial de longo alcance da IA ??generativa para transformar o setor industrial, a sua produtividade e as operações. A IA generativa pode revelar insights ocultos de dados não estruturados que podem gerar melhorias drásticas na produtividade, no atendimento ao cliente e no desempenho financeiro.

A Bain identificou três áreas específicas nas quais as empresas estão implementado a IA com sucesso. Isso inclui minimizar defeitos de montagem e melhorar o controle de qualidade, aumentar a produtividade e agilizar o gerenciamento de armazéns.

O setor industrial consome agora mais chips e tecnologia da Internet das Coisas (IoT) do que qualquer outro setor, um indicador de que as empresas de máquinas estão a adotando rapidamente soluções digitais. A recompensa poderá ser enorme, segundo a Bain, que revela que as empresas de máquinas que já são líderes em soluções digitais duplicam os seus retornos para os acionistas em comparação com a média da indústria.

As empresas de máquinas que estão entre as primeiras a atender à crescente demanda dos clientes por soluções digitais gerarão mais lucros, maior fidelidade do cliente e múltiplos de avaliação semelhantes aos de software, diz a Bain.

Em vez de fabricar produtos padronizados para um mercado global, o relatório conclui que muitos estão desenvolvendo soluções para clientes adaptadas a indústrias específicas. Este pivô significa concentrar-se num número menor de clientes em segmentos verticais específicos da indústria, ao mesmo tempo que aumenta o leque de ofertas a estes clientes e trabalhar com cadeias de abastecimento menos fragmentadas.

Os mercados futuros serão definidos por segmentos de clientes e não por produtos. Nesta nova era, as empresas de máquinas que dimensionaram soluções digitais para um conjunto específico de clientes terão uma vantagem competitiva difícil de desafiar.

CIRCULARIDADE – Um estudo recente da Bain revelou que 47% das grandes empresas de máquinas assumiram compromissos de circularidade. No entanto, a maioria das iniciativas permanece de âmbito limitado – centrada na reciclagem e na redução de fatores de produção e resíduos. Muitas equipes de liderança veem a circularidade ligada à regulamentação, mas algumas começaram a considerá-la como uma oportunidade de criação de valor – uma oportunidade que pode proporcionar novos fluxos de receitas, resiliência da cadeia de abastecimento, maior intimidade com os clientes e acesso a novos grupos de clientes ao longo dos próximos 20 anos.

Os líderes emergentes com operações circulares e capacidades de IoT geram fortes ganhos em eficiência e sustentabilidade, observa a Bain. Os dados IoT recolhidos pelas empresas que utilizam esta tecnologia criam vastas oportunidades para preservar os ativos no seu valor máximo durante o maior tempo possível, melhorando a eficiência energética e reduzindo a necessidade de extração de recursos.

“Dados sem uma estratégia circular e uma cadeia de abastecimento para prolongar a vida útil das máquinas e adaptá-las são muito menos eficazes. Os modelos de negócios circulares, por sua vez, dependem de máquinas e dados conectados para reduzir o uso de matérias-primas”, diz Staebe. “As empresas que preveem mudanças nos lucros estarão bem posicionadas para identificar novas oportunidades à frente da concorrência e reimaginar produtos e serviços para um futuro circular.”

A Bain conclui que, no futuro, as empresas de máquinas irão conceber produtos para maior longevidade, vender mais produtos como serviço e explorar mercados circulares. Todas as três abordagens podem sustentar um modelo de negócio circular.

Fonte: IPESI
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 22/04/2024

 

Aço brasileiro está bem posicionado para atender à exigência ‘verde’, mas novos investimentos são esperados

O aço brasileiro está melhor posicionado do que boa parte de seus concorrentes, em particular os produtos siderúrgicos feitos por China e Índia, diante das novas exigências “verdes” do mundo.

Um dos principais pontos de atenção neste terreno, o CBAM (do inglês Carbon Border Adjustment Mechanism) europeu — que não é limitado ao aço —, poderá representar, em teoria, mais oportunidades para a indústria instalada no país. Mas ainda há desafios a serem superados e novos investimentos para tornar a siderurgia local mais sustentável são esperados, na avaliação da GEP Costdrivers, plataforma de inteligência que acompanha cerca de 100 mil indicadores de diferentes setores.

Em relatório recente, a economista-chefe da plataforma, Tânia Gofredo, e o analista de metais Rodrigo Scolaro destacaram que um possível acordo entre Estados Unidos e União Europeia em torno do comércio de metais com baixo carbono, com taxas preferenciais, pode levar os americanos a adotarem medidas com impacto relevante no mercado internacional de ferro e aço, inclusive com a imposição de alguma taxação das emissões de carbono sobre produtos importados similar à dos europeus.

A expectativa é que a tarifa sobre as importações com elevada pegada de carbono comecem a ser cobradas apenas em 2026. Mas alguns produtores de aço, como China e Índia, têm protestado e os indianos já buscam ações na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a iniciativa, lembram os especialistas. “Esse protesto pode impactar no tempo de adoção da matéria no mercado, mas não deve anular o processo”, ponderaram.

Diante disso, disse Scolaro ao Valor, a leitura é que, embora o Brasil esteja à frente nesse processo, novos investimentos devem ser anunciados nos próximos anos para que o aço produzido no país seja ainda mais verde.

Uma das alternativas é usar o hidrogênio verde como fonte de energia na corrida pela menor pegada de carbono. “O hidrogênio verde pode ser o combustível chave para aço o verde. A biomassa também é uma alternativa viável, mas ainda não está claro como isso se dará”, afirmou.

Conforme o especialista, a matriz energética mais limpa do Brasil traz uma vantagem de partida em relação a outros países produtores. O país, inclusive, é sede da primeira produtora de aço do mundo com certificação de carbono neutro, a Aço Verde Brasil (AVB), que cultiva o eucalipto (biomassa) que será usado como fonte de energia em seu processo produtivo. Mas praticamente todas as grandes instaladas no país, como Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e ArcelorMittal — que puxa o movimento na Europa —, já estão investindo em mais descarbonização e avaliando o uso de combustíveis alternativos em busca do aço com menor pegada de carbono. Novos projetos devem ser anunciados à frente.

Além disso, segue o especialista, o minério de ferro usado na obtenção do aço verde a partir do hidrogênio também verde precisa ser de maior qualidade — até acima dos 65% de pureza —, mas a Vale tem investido nessa tendência. Isso se deve ao fato de a produtividade de aço com uso dessa tecnologia ainda ser relativamente menor, o que exige a utilização do minério de maior qualidade.

Mas já há iniciativas de uso do hidrogênio verde em outras regiões do planeta, a despeito do custo ainda elevado, e o país deve enveredar também por essa rota. “A discussão é que é possível usar esse combustível para fazer aço. Há vários investimentos na Europa, que devem entrar em operação nos próximos anos”, observou.

“O Brasil está entre os dez maiores de aço, ainda bem longe da china, mas com uma produção mais verde e potencial de torná-la ainda mais limpa”, comentou. “Na teoria, as siderúrgicas brasileiras seriam mais beneficiadas [pela adoção do CBAM]. Não é o aço mais verde do planeta, mas seria valorizada”, acrescentou.

Conforme Scolaro, há duas vertentes de análise do CBAM: a questão ambiental, mas também uma questão política, relativa à proteção comercial do mercado europeu — algo que os americanos também estão olhando. “Querendo ou não, funciona como um mecanismo de proteção da indústria europeia, ao colocá-la como limpa e as de fora, sujas, com imposição de taxa para esses produtos”, explicou.

Num primeiro momento, em sua avaliação, o aço verde tende a custar mais do que o “cinza”. Mas ao longo do tempo e com o ganho de escala, seu valor será reduzido. Ainda não há um parâmetro para os preços desses produtos, observou, mas já começa a existir algum repasse de “prêmio”, seja por marketing, seja pela necessidade de cumprimento de metas de descarbonização.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/04/2024