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Aço importado causa guerra de pressões de indústrias ao governo

Quando o produto é commodity e ocorre um desequilíbrio de oferta, há ganhadores e perdedores. O aço barato que vem da China desde 2023 colocou, no Brasil, de um lado cinco siderúrgicas e, de outro, mais de 100 mil indústrias consumidoras. As ofertantes de produtos pressionam o governo federal por sobretaxa, e as consumidoras fazem lobby contra, alegando risco de alta da inflação e queda de vendas.  

As siderúrgicas Aperam, ArcelorMittal (que tem unidade em Santa Catarina), CSN, Gerdau e Usiminas pressionam o governo federal para elevar de 10,8% para 25% a tarifa de importação de 18 produtos de aço, que hoje entram no mercado brasileiro mais baratos. Argumentam que a Europa, Estados Unidos e México já elevaram as alíquotas para 25%.

Esses preços menores estão ligados à queda da atividade industrial na China e menor demanda mundial devido aos esforços de países para conter a inflação. O recuo de preços de commodities internacionais não acontece somente com produtos de aço, mas também com insumos plásticos, madeira e outros.

No caso do aço, o produto tem chegado ao Brasil com preço cerca de 30% inferior ao praticado por siderúrgicas nacionais, segundo cálculos feitos pela consultoria CRU, publicados pelo site Estadão.

Mas como o aço é um dos insumos de produtos, os impactos são menores na redução de preços ao consumidor. Empresas intensivas no uso de aço reduziram seus preços ao mercado interno numa média de 14% a 15% no ano de 2023.

A pressão por alíquota maior é feita pelo Instituto Aço Brasil, que representa os fabricantes do setor. O argumento principal é que as importações da China cresceram 50% no ano passado e o volume importado poderá representar cerca de 25% da oferta nacional.

Entre as grandes siderúrgicas que atuam no Brasil, além de cobrar do governo federal o aumento do imposto de importação, há caso de solicitação de abertura de processo antidumping contra a China.

Algumas empresas também estão anunciando postergação de investimentos. Isso não ocorre em Santa Catarina porque a única unidade instalada no Estado, a Vega, da ArcelorMittal, está finalizando nova linha de produção orçada em US$ 360 milhões (R$ 1,8 bilhão).

Mas também a pressão junto ao governo federal contra a alta de alíquota de importação é feita por milhares de indústrias que consomem produtos de aço. Entre os que integram esse grupo estão construtoras (que usam vergalhões nas estruturas das obras), fabricantes de máquinas, equipamentos e eletrodomésticos.

Outro grande setor que usa aço e seria afetado é o de veículos, que inclui automóveis, caminhões, máquinas agrícolas, barcos, navios e motocicletas. Ainda na indústria em geral, afetaria preços de tanques, tubos, fixadores, autopeças e muitos outros.

Essa mudança na alíquota para proteger as siderúrgicas nacionais, se ocorrer, pode gerar aumento de preços internos, porque elas tenderão em não manterão os atuais. Assim, dependendo da quantidade de uso de aço em cada produto, os preços podem variar de 2% a 15% ou mais ao consumidor.  

Na prática, as siderúrgicas sempre repassam rapidamente os custos aos consumidores. Em passado recente, a falta de aço no mercado mundial gerou alta estratosférica de preços no Brasil.

Isso foi em meados de 2021, quando o preço do aço subiu mais de 100% em poucos meses para clientes industriais, sob impacto da alta demanda durante a pandemia Covid-19. A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) foi uma das entidades que pediram redução da alíquota de importação de aço.

Então, em maio de 2022, o governo federal reduziu as alíquotas de vergalhões de aço de 10,8% para 4% e também cortou impostos de outros insumos, numa fase de alta pressão inflacionária. Mas em setembro de 2023, com a alta oferta chinesa, voltou a elevar a alíquota do aço para 10,8%, junto com outros produtos importados.

Além desse sobe-e-desce devido a oferta mundial e concorrência chinesa, na avaliação de analistas desse mercado, falta, também, às siderúrgicas brasileiras investir mais em tecnologia. Assim, poderiam oferecer produtos de aço com menor preço e maior qualidade.  

O governo também precisa definir políticas que incentivem maior industrialização no Brasil. Há décadas, o país prioriza a exportação de minérios para serem industrializados no exterior, em especial na Ásia.

A grande expectativa, agora, é saber como o governo federal vai proceder diante dessa nova pressão para elevar alíquotas. As siderúrgicas pedem uma decisão ainda em janeiro. Mas o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ainda não sinalizou prazos. Quanto mais demorar, menores serão os impactos inflacionários.

Fonte: NSC Total
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/01/2024

Empresas brasileiras de mineração e metalurgia recorrem à reciclagem de água para cumprir metas ESG

A demanda por projetos de reciclagem de água deverá aumentar entre as empresas brasileiras de mineração e metalurgia, tanto para o abastecimento de operações existentes quanto para atender a novos projetos.

“As empresas das áreas de mineração e siderurgia têm atualmente uma série de obrigações, metas relacionadas às práticas ESG e projetos de reúso de água ajudam as empresas a cumprir parte desses objetivos, pois estamos eliminando o consumo de água potável nas unidades industriais”, afirmou Paulo Roberto de Oliveira, CEO da empresa de saneamento GS Inima, à BNamericas.

No início desta semana, um consórcio liderado pela GS Inima ganhou uma concessão de 30 anos para projeto, construção e operação de uma instalação de reciclagem de água de R$ 240 milhões (US$ 50 milhões), no Espírito Santo.

O contrato foi oferecido pela concessionária estadual Cesan, e o consórcio – formado por GS Inima Brasil e Tubomills – será responsável pela prestação de serviços de tratamento de água na Bacia de Camburi e pelo abastecimento das operações industriais da siderúrgica ArcelorMittal.

A capacidade de produção de água tratada da planta será de 200 l/s, equivalente ao consumo de uma cidade com 115 mil habitantes.

A Cesan está atualmente em negociações com a Vale para implementar uma iniciativa de reaproveitamento de água nas operações industriais da empresa no estado, confirmou um porta-voz da empresa à BNamericas.

Além das operações existentes, novos projetos no setor de mineração também buscam opções para reduzir o uso de água potável.

A Sul Americana de Metais (SAM), subsidiária brasileira do grupo chinês Honbridge Holdings, promete realizar uma das operações com maior nível de reciclagem de água no país. A empresa aguarda licenças para desenvolver seu complexo de minério de ferro Bloco 8, de US$ 2,1 bilhões, em Minas Gerais.

Durante as operações, cerca de 95% da água utilizada no projeto será reaproveitada, informou a empresa.

A Grota do Cirilo, maior projeto de lítio do Brasil, de propriedade da Sigma Lithium, já recicla praticamente toda a água que utiliza.

As questões de ESG, incluindo o uso da água, estão recebendo imensa atenção das empresas de mineração.

No início desta semana, através do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), grandes empresas de mineração publicaram um documento durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, definindo uma série de compromissos relacionados à preservação ambiental nos próximos anos.

"A indústria de mineração deve a sua existência à natureza. No momento em que a integridade do nosso mundo natural está em perigo, mas a procura por minerais críticos está prestes a aumentar, firmamos o compromisso com uma ação coletiva significativa para ajudar a criar um futuro positivo para a natureza", declarou o presidente e CEO do ICMM, Rohitesh Dhawan, em um comunicado.

“Esses compromissos estão fundamentados nas metas e ações individuais significativas dos membros do ICMM, ao longo de várias décadas, incluindo a conservação do habitat, a proteção das espécies e a restauração da paisagem”, acrescentou.

 
Fonte: BN Americas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/01/2024

Possível aumento de imposto para aço pode beneficiar estas siderúrgicas

Após notícias de que representantes do setor siderúrgico devem se reunir com membros do governo para discutir reivindicações e debater um possível o aumento da tarifa de importação do aço de 12% para 25%, analistas de instituições financeiras afirmaram que o movimento é incerto, mas pode fomentar companhias brasileiras expostas à commodity.

Em relatório divulgado aos clientes e ao mercado, o banco Itaú BBA lembra que o aço importado representou 21% do consumo da commodity no país no ano passado e afirma que um possível aumento nas tarifas de importação “poderia gerar ventos favoráveis ??para o poder de fixação de preços das siderúrgicas”, e a Usiminas (BVMF:USIM5) seria a mais beneficiada. Enquanto isso, CSN (BVMF:CSNA3) e a Gerdau (BVMF:GGBR4) também seriam beneficiadas, mas estariam “relativamente menos expostas”.

Também em relatório, o banco BTG (BVMF:BPAC11) avalia que é pouco provável que sejam implementadas tarifas mais elevadas, mas considera o tema como “altamente imprevisível”. O BTG concorda que uma medida como essa seria marginalmente positiva para companhias do setor, que vem sendo pressionadas. “Dado que o setor tem estado largamente sob pressão ao longo dos últimos meses e o lado negativo parece bastante limitado para as siderúrgicas brasileiras nos níveis atuais, não ficaríamos surpresos em ver alguma cobertura adicional a descoberto. Ainda assim, continuamos cautelosos quanto ao espaço”, completa.

O BTG recorda que as siderúrgicas sofrem com margens baixas por diversos anos, diante da inundação de importações de baixo custo no mercado interno. O impacto inflacionário seria modesto, no entendimento do banco.

“Se nada mudar, as siderúrgicas provavelmente continuarão cortando capacidade (devido à lucratividade pressionada), continuam a executar demissões e suspender investimentos. Assim, o país pode claramente perder se a indústria siderúrgica é desmantelada com o tempo”, conclui.

Fonte: Investing
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/01/2024

Gigante siderúrgica Tata Steel confirma corte de 2.800 empregos no Reino Unido

A gigante siderúrgica indiana Tata Steel confirmou, nesta sexta-feira (19), os cortes de até 2.800 empregos no Reino Unido, em um momento de reestruturação de sua siderúrgica de Port Talbot, no País de Gales, na tentativa de reduzir as emissões de carbono. A empresa conta com um total de 8.000 funcionários no Reino Unido.

"Cerca de 2.500 postos serão afetados" nos próximos 18 meses, e outros 300, nos três anos seguintes, informa um comunicado do grupo, que pretende substituir seus altos-fornos por um equivalente elétrico menos poluente, pelo qual recebeu significativos subsídios governamentais.

A Tata Steel afirma que, com essa medida, irá "reduzir suas emissões de CO2". Dentro do seu plano, a Tata indica que seus fornos de Port Talbot, "com fortes" emissões de CO2, irão "fechar gradualmente" antes do final do ano. A reestruturação será estendida a outras instalações do país até 2025.

A Tata Steel também planeja um investimento de 1,25 bilhão de libras (1,58 bilhão de dólares ou 7,8 bilhões de reais) em um forno elétrico e na modernização da infraestrutura da empresa, para "garantir uma produção de alta qualidade a longo prazo" no Reino Unido, acrescenta o comunicado.

Fonte: AFP
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/01/2024

Minério de ferro tem sessão mista conforme traders ponderam sobre perspectivas de demanda

Os futuros do minério de ferro foram negociados em uma faixa estreita de preços nesta segunda-feira, com o índice de referência de Dalian subindo e o de Cingapura recuando, à medida que os investidores ponderaram sobre as perspectivas de demanda na ausência de uma esperada flexibilização monetária na China, principal mercado consumidor do minério.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou o dia com alta de 0,53%, a 952 iuanes (132,29 dólares) a tonelada, ampliando os ganhos pela terceira sessão consecutiva.

O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura, no entanto, caía 0,46%, a 129,3 dólares a tonelada.

A China manteve inalteradas as taxas de empréstimo de referência em sua fixação mensal na segunda-feira, após a decisão de manter estável sua taxa de empréstimo de médio prazo na semana passada, atendendo às expectativas e refletindo o espaço limitado de Pequim para flexibilização monetária em meio à pressão sobre o iuan.

O mercado está preocupado com as perspectivas de demanda de médio a longo prazo em meio à incerteza macroeconômica, disseram os analistas da Huatai Futures em uma nota.

"A produção de metais quentes permaneceu em um nível relativamente baixo em comparação com o mesmo período do ano anterior, mas o espaço de queda para os preços do minério pode ser limitado, já que algumas usinas ainda precisam repor matérias-primas", acrescentaram.

As siderúrgicas chinesas normalmente reabastecem a matéria-prima para manter a produção em nível normal durante a semana do feriado do Ano Novo Lunar, conhecido por interrupções logísticas.

Os agentes do mercado estão atualmente apostando na perspectiva da demanda no primeiro semestre do ano, disseram os analistas da Galaxy Futures (GF) em uma nota.

As expectativas são de que o consumo de aço aumente no primeiro semestre, sustentado pela demanda do setor de infraestrutura e pela estabilização do mercado imobiliário, acrescentaram os analistas da GF.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/01/2024

Terras raras: por que a China está limitando a exportação de matérias-primas para a transição energética

A China suspenderá a exportação de uma série de tecnologias de terras raras, o que potencialmente tornará mais difícil para os EUA e outras nações ocidentais reforçarem o suprimento de matérias-primas estratégicas.

Pequim colocou a tecnologia para produção de metais e ímãs de terras raras em uma lista de itens que não podem ser transferidos para o exterior, de acordo com um documento do Ministério do Comércio. A decisão do principal fornecedor mundial desses minerais surge num momento em que os seus rivais geopolíticos se apressam para reduzir a dependência de materiais produzidos na China.

Nas últimas três décadas, a China construiu um papel dominante na mineração e refinamento de terras raras, um conjunto de 17 elementos utilizados na fabricação desde turbinas eólicas a equipamento militar e veículos elétricos.

As novas regras não afetam o envio de produtos de terras raras em si, mas podem ter como objetivo frustrar os esforços para desenvolver a indústria fora da China.

 
 

Os metais críticos estão cada vez mais sob os holofotes à medida que as nações ocidentais encaram cada vez mais o seu fornecimento como uma questão de segurança nacional - especialmente porque a transição energética global alimenta receios de possível escassez no futuro.

Os EUA estão liderando uma iniciativa para reduzir o domínio da China sobre os fluxos de minerais, desde terras raras até lítio e cobalto. A principal legislação climática do presidente Joe Biden inclui regras destinadas a gerar mais oferta internamente ou a partir de nações aliadas. Em resposta, a China impôs restrições à exportação de gálio, germânio e grafite.

Embora a legislação histórica de Biden e a lei das matérias-primas críticas da Europa prometam desbloquear novos financiamentos para potenciais fornecedores, a última decisão de Pequim destaca os desafios técnicos que os produtores ocidentais poderão enfrentar no desenvolvimento de processos de refinamento que a China passou a dominar ao longo das décadas.

Até pouco tempo, praticamente não existiam refinarias de terras raras fora da China. Isso significa que empresas e pesquisadores chineses construíram uma vantagem tecnológica e prática significativa no processo de extração e processamento de terras raras, enquanto outras regiões ficaram para trás.

A lista de itens proibidos inclui tecnologia para separar terras raras, bem como para produzir metais e ímãs. A tecnologia para mineração, tratamento de minério e fundição foi listada como “restrita”, ao invés de proibida.

O controle da China sobre o mercado global de terras raras ganhou ampla atenção internacional pela primeira vez em 2010, quando a China impôs restrições rigorosas às exportações. Os EUA, a União Europeia e o Japão forçaram Pequim a anular as medidas através da Organização Mundial do Comércio, mas as preocupações sobre o seu domínio persistiram à medida que os fornecedores ocidentais enfrentavam reveses comerciais, técnicos e ambientais para desenvolver formas alternativas de fornecimento.

A China foi responsável por mais de dois terços da extração de terras raras no último ano e é responsável por toda a capacidade de refino global, de acordo com as informações do governo dos EUA. Além disso, o país também domina o fornecimento de ímãs de terras raras, o principal produto usado em bens manufaturados.

Fonte: O Globo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/12/2023