Notícias

Minério de ferro fica estável em meio a preocupações com demanda antes de dados da China

Por Enrico Dela Cruz

(Reuters) - Os contratos futuros de minério de ferro ficaram moderados nesta segunda-feira com preocupações persistentes sobre as perspectivas de demanda para o ingrediente siderúrgico na China e cautela antes de uma série de divulgações de dados econômicos chineses.

O minério de ferro mais negociado para setembro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com queda de 0,1%, a 775,50 iuanes (112,87 dólares) a tonelada. O contrato atingiu 760 iuanes no início da sessão, a menor cotação desde 24 de março.

Já o minério de ferro de referência para maio na Bolsa de Cingapura subia 0,2%, para 116,80 dólares a tonelada, depois de cair para 114,35 dólares mais cedo, o menor valor desde 9 de janeiro.

Antes da divulgação dos dados de vendas no varejo, produção industrial e produto interno bruto da China no primeiro trimestre, o banco central chinês reforçou o apoio à liquidez para a economia ao rolar empréstimos de médio prazo na segunda-feira.

O Banco Popular da China, no entanto, manteve a taxa de 170 bilhões de iuanes em empréstimos de médio prazo de um ano para algumas instituições financeiras inalterada em 2,75% em relação à operação anterior.

"Este é um sinal importante de que o relatório do PIB do primeiro trimestre, previsto para terça-feira, não será muito suave. Mas também não esperamos que seja particularmente forte", disse Iris Pang, economista-chefe do ING para a Grande China.

 

A pressão de queda nos preços do minério de ferro decorrente da esperada política de controle da produção de aço na China, maior produtora de aço do mundo, também permaneceu, embora ainda não haja declaração oficial.

Outros insumos siderúrgicos na bolsa de Dalian reverteram perdas anteriores, com carvão metalúrgico e coque registrando altas de 0,7% e 0,2%, respectivamente.

(Por Enrico Dela Cruz em Manila)

Fonte: Investing
Data da Publicação: 17/04/2023

Rali do minério de ferro chegou ao fim? Os fatores destacados por analistas para acreditar que sim

Após um primeiro trimestre de alta para as cotações do minério de ferro, com a commodity à vista com pureza de 62% passando da casa dos US$ 112 a tonelada no fim do ano passado para US$ 128 nos últimos dias de março (ou alta de 14%) em meio ao otimismo com a reabertura da China, analistas de mercado têm visto sinais de enfraquecimento nos preços do ingrediente siderúrgico.

Nesta quinta-feira (13), o minério negociava na casa dos US$ 119 a tonelada, uma queda de mais de 6,6% no acumulado de abril. Já o contrato futuro da commodity mais negociado (para setembro) na Bolsa de Dalian teve queda de 3,1%, a 769 iuanes (US$ 111,89) a tonelada apenas nesta sessão.

O pessimismo sobre a demanda por aço na China tem prevalecido nas últimas sessões, mesmo com os traders monitorando um forte ciclone que pode interromper os embarques da Austrália, importante fornecedora do insumo. O enfraquecimento dos preços do aço na China indicou uma demanda fraca em um momento em que a atividade de construção no maior consumidor de minério de ferro está se recuperando. O aumento dos riscos de recessão também obscureceu as perspectivas para as exportações chinesas de aço, de acordo com analistas.

O plano da China, ainda não confirmado, de limitar sua produção anual de aço bruto, em meio à busca para conter a especulação do preço do minério de ferro, também tem sido um empecilho para o mercado.

A China deve divulgar um plano em que limita a produção das siderúrgicas domésticas aos níveis de 2022, informou a Bloomberg nesta quinta-feira.

“O minério de ferro está enfrentando pressão do controle de preços e os riscos políticos continuam a aumentar”, disseram analistas da Sinosteel Futures em nota.

Na avaliação do Goldman Sachs, os preços do minério de ferro foram sustentados até o momento por uma combinação de sentimento positivo em relação à reabertura da China, sazonalidade positiva (forte demanda de aço e fraca oferta de minério de ferro) e reabastecimento após o Ano Novo Chinês.

Mas a equipe de Materiais Básicos do banco apontou também que as carteiras de pedidos de aço foram mais fracas do que o esperado, o que se traduziu em um apetite reduzido das siderúrgicas para fazer um reabastecimento (os estoques atingiram um pico abaixo do nível do ano anterior).

Ao mesmo tempo, o sentimento positivo em relação ao minério de ferro e ao aço na China após a reabertura está enfraquecendo, pois os investidores têm percebido que o setor de consumo provavelmente se beneficiará muito mais do que o de commodities, que dependem de investimentos em ativos fixos e imóveis, como minério de ferro/aço. Por fim, a oferta de minério de ferro geralmente cai no 1T-2T e um aumento de material é esperado daqui para frente, o que deve pressionar as cotações na segunda metade do ano.

Mais especificamente para este ano, as exportações da Índia e da Austrália estão aumentando, enquanto a oferta de sucata na China provavelmente pressionará os fundamentos do minério de ferro, avaliam os analistas. Indo para a segunda metade do ano, a fraqueza da demanda como resultado de lançamentos imobiliários mais fracos em 2022 também ficará mais evidente.

“Em resumo, os preços do minério de ferro estão lentamente perdendo o suporte do sentimento positivo e da reposição de estoques, mas a sazonalidade ainda não atingiu seu pico. Esperamos que a atual força da oferta/demanda seja seguida por uma fraqueza significativa na segunda metade do ano, uma vez que o aumento da oferta se segue ao enfraquecimento da demanda da China”, avaliam os analistas do banco. O Goldman espera que o preço do minério de ferro caia dos atuais US$ 120 a tonelada para US$ 105 a tonelada no quarto trimestre de 2023 (4T23) e US$ 90 a tonelada em 2024.

Também com uma visão cautelosa, a Genial Investimentos aponta que a consolidação de alguns fatores na China deverão frear e começar a inverter o sentido da curva de minério de ferro também a partir do segundo semestre de 2023, levando a curva de precificação da commodity para patamares mais racionais.

São esses os fatores: (i) cortes de aço bruto; (ii) inspeções regulamentares, levando a liquidação parcial do posicionamento especulativo; (iii) aumento dos embarques, criando um excedente de mercado a partir da segunda metade do ano e basicamente anulando a restrição de oferta; (iv) mercado imobiliário ainda com uma performance preocupante e (v) menos espaço fiscal para incentivos do governo na economia chinesa.

Os analistas Igor Guedes, Ygor Araujo e Renan Rossi apontam que o 1T23 foi o primeiro trimestre completo após a reabertura da economia chinesa e que nele se enxergou alguns sinais de recuperação importantes que contribuem com uma conjuntura de curto prazo positiva para a commodity ferrosa, como o aumento das taxas de utilização dos alto-fornos nas siderúrgicas chinesas para cerca de 90%.

Porém, ainda que tenham ocorrido esses sinais, os movimentos de aceleração no preço foram apenas de curto prazo para a commodity, de forma que não enxergam sustentabilidade na curva de minério 62% de pureza a preços acima de US$ 110 a tonelada, dado o cenário observado hoje na China.

Os analistas acreditam que a recuperação econômica da China está ainda longe de se mostrar fortificada como a média do mercado inicialmente imaginava.

Eles observam que o estoque de minério de ferro nas usinas siderúrgicas permanece em níveis baixos e as usinas provavelmente reabastecerão o minério antes do pico sazonal da construção civil (abril/maio), o que deve suportar a curva de referência de minério com pureza de 62% para o patamar ainda acima dos US$ 100 a tonelada, mas ainda assim, não o suficiente para mantê-la acima dos US$ 120.

Fim do rali no radar?

Para os analistas da Genial, a pergunta se o rali do minério chegou ao fim é difícil de responder, uma vez que a aceleração de preços como o comportamento clássico de um rali ocorre, quase sempre, por expectativas futuras e não lastreadas na racionalidade dos agentes de mercado.

“Ainda que, para nós, todos os números apontam para uma queda na curva de minério daqui para frente, o mercado nem sempre é racional, e considerando que a China historicamente costumava surpreender positivamente os investidores, alguns acabam confiando mais na narrativa de superação do que necessariamente olhando mais atentamente para as dinâmicas de oferta e demanda atuais, e dos desafios que a China vai enfrentar daqui para frente”, avaliam.

De qualquer forma, eles apontam que a China pós-pandemia não deverá ser igual a China pré-pandemia. O crescimento do PIB da China perto dos 10% não será mais a regra, e se acontecer, será excepcionalidade de alguns anos (definitivamente, 2023 não será um deles, segundo a Genial). Dessa forma, os ajustes na curva de preços do minério deverão enquadrar essa nova realidade, e a média de US$ 125 a tonelada vista no 1T23 não leva essa realidade em consideração, na visão deles.

“E olhando para o comportamento da curva nas últimas duas semanas, saindo do pico de US$ 130 a tonelada (t) e chegando a US$ 119/t, acreditamos que finalmente os agentes de mercado estão começando a se comportar de maneira mais racional, então podemos estar sim, diante do final do rali”, afirmam.

Impacto nas companhias

Olhando para as individualidades de cada companhia, os analistas da Genial esperam um 1T23 pior para Vale (VALE3), onde as mesmas dificuldades de licenciamento ambiental serão somadas ao aumento de provisão para a joint venture com a BHP (Samarco/ Fundação Renova), sobre o acidente de Mariana (MG).

Já para a CSN Mineração (CMIN3), operacionalmente o resultado deve demonstrar melhoras no 1T23, com uma gradual elevação de margem, com um preço realizado superior ao visto no 4T22 (acima dos US$ 90 a tonelada), porém, com um volume de embarques levemente menor, o que já parece um feito grande, considerando que sazonalmente o volume dos primeiros trimestres são bem mais fracos que os dos quarto trimestres pela maior incidência de chuvas.

“Em termos de eficiências de custos, gostamos mais da CMIN3 para o curto prazo, uma vez que os contratos de arrendamento das embarcações próprias da Vale não a permitem capturar todo o arrefecimento no custo do frete na rota Tubarão-Qingdao (SSY). Esperamos uma contração nesse 1T23 para a marca de US$ 18,15/t versus US$ 20,80/t no 4T22”, avalia a casa.

Considerando um cenário mais adiante, a recente decisão da Opep de cortar a produção em 1,1 milhão de barris dia pode ocasionar uma alta do preço do óleo diesel e uma subsequente aceleração, novamente, do frete SSY. Mediante a isso, o cenário se inverte, e os analistas veem a Vale mais protegida que a CMIN, que possui mais exposição ao preço spot do frete.

“Tanto para a Vale quanto para CSN Mineração reiteramos o nosso rating de manutenção, e preferimos observar a curva de preços do minério se aproximar ainda mais do valor que acreditamos ser mais racional, para então enxergarmos com mais visibilidade oportunidades de entradas em ambos os papéis a valuations mais atrativos do que os atuais”, avalia a casa.

Apesar desse cenário desenhado por analistas, após conferência com investidores e empresas do setor, o Bradesco BBI apontou que a Vale segue vendo um mercado equilibrado nos níveis atuais, enquanto as projeções (guidance) de produção e custos para 2023 foram reafirmadas. No radar dos mercados, contudo, estão possíveis mudanças regulatórias (como elevação da alíquota dos royalties pagos sobre a extração de minérios), que causam mais preocupação aos investidores. O BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para Vale.

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 14/04/2023

Produção de minério de ferro e manganês tem previsão de dobrar em Corumbá e Ladário

Mato Grosso do Sul que produz atualmente cerca de 7 milhões de toneladas de minério deverá dobrar sua produção nos próximos anos, chegando a 14 milhões de toneladas.

A exploração mineral é uma atividade importante para a economia do estado de Mato Grosso do Sul. A mineração de minério de ferro e manganês gera empregos e movimenta a economia local. No ano passado, somente de CFEM (Compensação Financeira da Exploração de Recursos Naturais) o Estado arrecadou R$ 83.107.364,36 pago por 162 empresas que estão operando no Estado.

Uma das empresas que deve puxar este incremento na produção neste ano é a MCR, pertencente ao Grupo J&F, que recebeu autorização do Ibama para extrair minério de ferro em Corumbá. A empresa obteve a Licença Ambiental para a exploração das minas de Santa Cruz e Urucum, que juntas somam uma produção autorizada de 9 milhões de toneladas por ano de minério de ferro e 1 milhão de toneladas por ano de manganês.

De acordo com o diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da empresa mineradora, engenheiro ambiental Rodrigo Dutra, a obtenção das licenças é uma conquista importante para a empresa e para o setor de mineração do estado de Mato Grosso do Sul. "Estamos muito satisfeitos com a obtenção das licenças do Ibama. Isso nos permite dar continuidade ao nosso trabalho de exploração mineral, sempre respeitando o meio ambiente e seguindo todas as normas e regulamentações necessárias", afirma Dutra.

Com a autorização, a empresa poderá extrair até 6 milhões de toneladas por ano de minério de ferro da Mina de Santa Cruz e 3 milhões de toneladas por ano da Mina de Urucum. Além disso, a mineradora também poderá extrair 1 milhão de toneladas por ano de manganês da Mina de Urucum. Ao todo, a empresa tem autorização para processar 10 milhões de toneladas por ano de minério de ferro e manganês. O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, destaca a ampliação da produção e o esforço da empresa em promover uma mineração sustentável e responsável. Ele salienta que a obtenção das licenças do IBAMA é um importante reconhecimento da dedicação da empresa em preservar o meio ambiente e garantir a segurança das comunidades locais.

“É fundamental destacar que a mineração deve ser realizada de forma consciente, respeitando a natureza e as populações que vivem ao seu redor. O Pantanal sul-mato-grossense é um patrimônio natural do nosso país e deve ser preservado a todo custo”, reafirmou o secretário.

Destinos

A MCR irá extrair milhões de toneladas de minério de ferro e manganês, que serão transportadas para diversos destinos, como as regiões produtoras de aço do Brasil e outros países da América do Sul, Ásia, Europa e América do Norte. Por isso o Governo do Estado busca agilizar ações para ter uma infraestrutura logística eficiente e diversificada, que permita o transporte desses minerais de forma segura e sustentável.

“Nesse sentido, estamos buscando junto ao Governo Federal, recursos para a hidrovia do Paraguai e para Rodovia BR 267 principalmente. Além disso, o transporte por ferrovias é uma opção que deve ser cada vez mais explorada, pois é uma alternativa mais segura e econômica para o transporte de grandes quantidades de minério, onde podemos alcançar os maiores Portos Marítimo do Brasil”, lembrou Verruck.

O transporte por hidrovia, conforme o secretário, é uma alternativa que tem se mostrado muito eficiente na região, permitindo o escoamento do minério de forma mais rápida e com menor impacto ambiental, para isso estamos buscando junto ao Ministério de Transporte (DNIT), projetos e recursos, para podermos navegar com maior segurança e agilidade.

O coordenador de Mineração da Semadesc, Eduardo Pereira, informou que o maciço de Urucum, localizado em Corumbá e Ladário, é um dos mais importantes jazimentos de minério de ferro e manganês do Brasil e do mundo. Sua exploração teve início no ano de 1906, na Compagnie d’Urucum, com sede em Ougreé, Província de Liége, na Bélgica, quando foram descobertas as primeiras reservas minerais de ferro e manganês na região.

Desde então, o maciço de Urucum tem sido explorado por diversas empresas, contribuindo significativamente para a economia regional e do país, na produção de aço da indústria siderúrgica. O minério de ferro extraído em Urucum é considerado de alta qualidade pela indústria, com teor de ferro que varia de 62% a 67%, o que permite a produção de aço com alto valor agregado.

Além disso, a região também é rica em manganês, com reservas que ultrapassam 500 milhões de toneladas. O manganês extraído em Urucum é de alta pureza e é utilizado na fabricação de ligas metálicas, na produção de pilhas e baterias, entre outros usos.

Pereira ressaltou a importância da ampliação na produção de minério por parte da MCR. “É muito importante ressaltar que, além da preocupação com a sustentabilidade e com a preservação ambiental, a empresa também tem um papel fundamental na movimentação da economia local e regional”, acrescentou.

Ferrovia

Segundo o secretário Jaime Verruck, a retomada das discussões sobre a concessão da Malha Oeste também abre novas perspectivas para o setor de mineração. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) abriu, na segunda-feira (10), consulta pública para receber contribuições para o projeto de concessão da Malha Oeste, ferrovia que vai ligar Mato Grosso do Sul a São Paulo.

“Estamos confiantes com a nova rodada de Audiências Públicas, Com a expansão da malha ferroviária no Brasil, esperamos que a MCR, e outras mineradoras como a MMP Participações, 3ª Mining e a Vetorial, além das Empresas de Ferro Gusa de Corumbá, Aquidauana e Ribas do Rio Pardo, possam contar com essa opção de transporte para garantir a eficiência e a segurança no escoamento dos seus minérios”, concluiu Verruck.

Fonte: Diário Online
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 13/04/2023

Minério de ferro oscila com mercado de olho em ciclone e demanda de aço na China

Por Enrico Dela Cruz

(Reuters) - Os contratos futuros de minério de ferro oscilaram nesta terça-feira, inicialmente ampliando perdas devido às preocupações com a fraca demanda de aço na China, mas depois revertendo a direção quando uma tempestade tropical começou a se dirigir para Port Hedland, na Austrália, importante fornecedora de minério.

O minério de ferro mais negociado para setembro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com alta de 1,5%, a 798,50 iuanes (115,97 dólares) a tonelada. Mais cedo, chegou a cair até 1,7%, para 773,50 iuanes, a cotação mais fraca desde 27 de março.

Na Bolsa de Cingapura, o contrato de maio de referência do ingrediente siderúrgico subiu 1,7%, a 119,50 dólares a tonelada, também revertendo as perdas anteriores. O contrato caiu para uma mínima de três meses de 115,20 dólares na segunda-feira.

Port Hedland, o maior ponto de exportação de minério de ferro do mundo, usado por BHP, Fortescue e a Hancock Prospecting, da bilionária Gina Rinehart, foi esvaziado nesta quarta-feira com a aproximação de um ciclone tropical, informou a Autoridade Portuária de Pilbara.

A recuperação dos futuros de minério de ferro seguiu-se às vendas ("selloffs") provocadas pela decepção com a lenta recuperação sazonal da demanda por aço na China.

"A alta temporada de demanda por aço não está forte", disseram analistas da Huatai Futures em nota.

Com a fraca demanda por aço para projetos de infraestrutura na China e a atividade lenta no setor imobiliário doméstico, eles disseram que "o pessimismo do mercado aumentou".

Os temores de uma intervenção regulatória na China para reduzir os preços do minério de ferro também derrubaram os contratos futuros abaixo de 120 dólares a tonelada na semana passada.

(Por Enrico Dela Cruz em Manila)

 
 Fonte: Investing
Data da publicação: 11/04/2023

Minérios da Bahia são estratégicos para energias renováveis e veículos elétricos

O futuro da indústria automobilística, em boa parte do mundo, está na chamada eletromobilidade. Nesse sentido, o setor da mineração, que atua como base de sustentação da sociedade moderna tem muito a contribuir, uma vez que as baterias elétricas dependem de minérios para a sua produção.

Segundo levantamento recente realizado pela consultoria AlixPartners, as vendas de carros elétricos podem chegar a 33% de participação no mercado global até 2028 e 54% até 2035. Para lidar com essa demanda crescente, as montadoras e os fornecedores têm planos para investir US$ 526 bilhões no desenvolvimento de novos veículos e baterias até 2026 - mais que o dobro do valor investido entre 2020 e 2024.

Atualmente, a Atlantic Nickel é a única empresa no Brasil a produzir o níquel sulfetado, que atende à crescente demanda mundial por níquel classe I para produção de baterias dos veículos elétricos. Depois de passar por um processo de refino, o produto está pronto para abastecer o mercado.

Toda a produção do concentrado de níquel da planta de Itagibá, na região sul da Bahia, é exportada para os mercados asiático e europeu, com predominância da China. Os embarques são realizados a partir do Porto de Ilhéus. “A indústria da mineração e? que vai viabilizar que todos nós tenhamos um futuro melhor. Viver em um mundo com menos emissões de gases de efeito estufa, em um mundo onde as coisas são mais eficientes”, destaca o CEO da Appian Capital Brasil, Paulo Castellari.

Descoberta da CBPM

Estudos realizados pela CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral) no período entre 1989 e 2000 já estimavam um depósito de níquel na região de Itagibá com recursos da ordem de 40 milhões de toneladas de minério, fator que motivou o interesse da Mirabela e, posteriormente, da Atlantic Nickel, em tornar a Bahia o maior produtor deste mineral no Brasil.

“Há algum tempo, os gestores do setor minerário têm ciência de que o segmento não pode fechar os olhos para questões como o aquecimento global e para a obrigatoriedade de se produzir de forma responsável, no que diz respeito aos recursos naturais e, principalmente, no cuidado com a vida das pessoas. O uso de todo potencial da energia renovável deve fazer parte desse processo, assim como o aproveitamento de resíduos da mineração, que é considerada uma ação estratégica do ponto de vista econômico e sustentável”, defende o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm.

Importância do vanádio

O vanádio, minério do qual a Bahia é a única produtora na América Latina, também é de suma importância para a produção de baterias elétricas. A empresa responsável é a Largo Vanádio de Maracás (LVMSA), que atua no município de Maracás – em áreas igualmente descobertas pela CBPM.

Dois anos depois de ter adquirido a tecnologia para a produção de baterias de vanádio, a Largo anunciou, em janeiro de 2023, a implantação da primeira unidade do produto, na Ilha de Mallorca (Espanha). Como diferencial, além de possibilitar o armazenamento de energia produzida a partir de matrizes renováveis, como eólica e solar, a bateria se destaca também por ser totalmente reciclável.

Outro minério importante para o desenvolvimento do mercado de eletromobilidade é o cobre, que é utilizado em condutores elétricos e tem a Bahia como um dos seus três maiores produtores no Brasil. A substância é produzida pela Ero Brasil (antiga Mineração Caraíba) nas cidades de Jaguarari, Juazeiro e Curaçá, sendo exportada para África do Sul, Canadá, China e Índia.

Da Bahia para o mundo

Em março deste ano, representantes da SDE (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) estiveram presentes na Prospectors and Developers Association of Canada (PDAC), evento mais importante de prospecção mineral e de mineração do mundo, realizado em Toronto. Na ocasião, o potencial do setor na Bahia foi apresentado.

“Tenho dito que países desenvolvidos buscam novas matrizes energéticas, diante das mudanças climáticas e da pressão por medidas para conter o colapso ambiental e nós somos uma grande alternativa. É de grande importância apresentar as nossas oportunidades minerais, em particular aquelas descobertas pela CBPM”, destacou o secretário da pasta, Angelo Almeida.

O superintendente de Atração de Investimentos e Fomento ao Desenvolvimento Econômico da SDE, Paulo Guimarães, relatou que a apresentação foi muito bem recebida pelo público presente, que elogiou o trabalho desenvolvido pela CBPM, em particular no cenário da transição energética. “O mundo precisará cada vez mais de minerais estratégicos voltados à produção de baterias para mobilidade e armazenamento de energia das fontes eólica e solar”, declarou.

Energia eólica

Já no campo dos investimentos em energias renováveis, destaque para a Ferbasa, que adquiriu, em 2018, o Complexo Eólico BW Guirapá, situado em Caetité. Com sete parques e capacidade instalada de 170 MW, o empreendimento será capaz de fornecer eletricidade limpa para a companhia a partir de 2036, quando se encerra o atual contrato de fornecimento celebrado com a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).


Mineração baiana investiu R$ 3,2 bi, atraiu novas empresas e gerou empregos nos últimos anos

A Bahia tem vivenciado um verdadeiro boom no setor da mineração nos últimos anos. Não à toa, o estado saltou da quinta para a terceira posição em faturamento de produção no País, atrás apenas de Pará e Minas Gerais. Tamanho crescimento contou com R$ 3,2 bilhões de investimento da iniciativa privada, geração de 14 mil empregos diretos e 150 mil indiretos, além da atração de novas empresas.

Mesmo sob os impactos da pandemia e recessão econômica, o setor tem acumulado recordes significativos, chegando a representar, pela primeira vez, 3% do PIB (Produto Interno Bruto) baiano, segundo dados da SDE (Secretaria de Desenvolvimento Econômico). Outro fator importante para este cenário foram as licitações de áreas descobertas pela CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral) no período.

“Quando nós assumimos, em 2019, a Bahia estava há cinco anos sem realizar licitações de pesquisa mineral e nos últimos quatro anos nós tivemos a oportunidade de fazer 14 licitações”, destaca o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm. Cada licitação apresentada representa mais uma nova mina em potencial, algo que tem o poder de dinamizar a economia de municípios no interior do estado.

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ângelo Almeida, ressalta o grande potencial baiano no setor. “A Bahia é o estado mais bem estudado geologicamente do Brasil, o que lhe confere o status de estar sempre entre os principais alvos de pesquisa do país. Importantes indutoras do crescimento da mineração na Bahia são as descobertas da CBPM, disponibilizadas para Licitação Pública e repasse à iniciativa privada. Foi assim, com as áreas arrendadas para a produção de vanádio, níquel, bentonita, areia de alta pureza, argilas e o ouro de Santaluz”, pontua.

Campeã nacional em pesquisa

Para o presidente do IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), Raul Jungmann, os investimentos em pesquisa realizados pelo estado, nos últimos anos, têm sido fundamentais. “A Bahia hoje é a campeã nacional em pesquisa mineral. Estamos falando de um em cada três reais aplicados. Nós precisamos ampliar, reconhecer o papel, a importância da pesquisa mineral e, nesse sentido, quero dar parabéns, particularmente, à CBPM.”

Presente em mais de 200 municípios baianos, o que representa mais de 50% do estado, a mineração da Bahia tem a diversidade como um de seus principais diferenciais. Hoje, a unidade federativa lidera a arrecadação em 19 tipos de minérios e metais preciosos, como quartzo, magnesita e diamante. Além disso, é a única a produzir vanádio (Maracás) e urânio (Caetité).

Novas empresas

Tamanha vocação minerária estimulou o ingresso de 120 empresas do setor em operação na Bahia entre 2018 e 2022, duas das quais por meio de atração direta do Estado, através da CBPM: Equinox Gold (ouro) e BF4 Minerais do Brasil S.A. (sienito). De parte da iniciativa privada, destaque para as chegadas da Tombador Iron (Sento Sé) e da Colomi Iron – ambas dedicadas ao minério de ferro. Foi também durante esse período que a BAMIN realizou o seu primeiro embarque de minério de ferro.

“As cidades onde estão situadas as empresas da mineração são beneficiadas tanto com o dinheiro da CFEM [Compensação Financeira pela Exploração Mineral] que retorna para o município, quanto pelos empregos gerados, que normalmente pagam três vezes a mais do que em outros setores, beneficiando toda a economia da região”, observa o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm.

Como funciona a CFEM

Os maiores beneficiários com a CFEM são os municípios, que recebem 60% dos recursos de compensação financeira. Os estados e os municípios afetados ficam com 15% do montante, cada. Os outros 10% vão para a Agência Nacional de Mineração, IBAMA, Centro de Tecnologia Mineral e Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

A Bahia é o terceiro maior estado em arrecadação de CFEM, com mais de R$ 182 milhões em 2022, ficando atrás, apenas, de Minas Gerais e Pará. “O crescimento da mineração baiana tem sido muito significativo, sobretudo nos últimos dois anos, muito por conta de sua diversidade mineral. “Continuaremos na luta para que os números de títulos publicados e a arrecadação do Estado da Bahia aumentem a cada ano”, projeta a gerente regional da ANM (Agência Nacional da Mineração) no Estado da Bahia, Carla Ferreira.

Para saber o quanto o seu município recebe por conta da CFEM, basta acessar o infográfico interativo disponível no site da CBPM: http://bit.ly/cfembahia

Perspectivas para o futuro

As perspectivas para o futuro da mineração baiana são as melhores possíveis, quando se leva em conta as descobertas recentes da CBPM acerca das áreas potenciais para a ocorrência de depósitos minerais a 100 km de distância de cada lado dos trilhos da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste).

“Ao longo deste e dos últimos 50 anos, a CBPM esteve à frente de várias descobertas e lutas que ajudaram a mineração da Bahia a alcançar o patamar hoje vivido. Com certeza todo esse trabalho e esforço levará a mineração baiana para uma nova etapa de modernidade e prosperidade”, enfatiza Tramm.

Mineração baiana em números:

R$ 3,2 bilhões de investimento da iniciativa privada*;
Geração de 14 mil empregos diretos e 150 mil indiretos*;
Terceiro maior estado em arrecadação de CFEM em 2022;
Atração de novas empresas;
Líder em 19 tipos de minérios e metais preciosos.


Fonte: Correio 24horas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/04/2023