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Bolsa de Toronto quer atrair mais empresas de mineração do Brasil

Pelo potencial que tem, a indústria de mineração no Brasil, que é a maior da América Latina, ainda é pouco representada no mercado de capitais. Apenas quatro empresas — Aura Minerals, CBA, CSN Mineração e Vale estão listadas na B3. Pode se considerar ainda Usiminas e Gerdau, que produzem minério de ferro (em uma escala menor), todavia a atividade principal de cada uma dessas empresas é a fabricação de aço.

É muito pouco para a dimensão do setor mineral no Brasil e pelo potencial que tem o país nessa área, avalia Guillaume Légaré, Head da Toronto Stock Exchange & TSX Venture Exchange na América Latina, em conversa com o Valor.

O trabalho de Légaré, que está baseado em São Paulo, é atrair empresas de mineração do país, e também de fora com projetos aqui, para se listarem na Toronto Stock Exchange (TSX) e na Toronto Stock Exchange Venture (TSXV), ambas baseadas na cidade de Toronto, Canadá.

O foco é buscar principalmente as chamadas “junior companies”, mineradoras de pequeno porte, além de empresas pequenas e de médio porte, mas que tenham uma gestão bem estruturada, informa o executivo.

A TSX é a bolsa de acesso das empresas com boa equipe de gestão e qualidade do ativo e comprovação de reservas minerais, explica Légaré. “O Brasil se tornou ainda mais um país atrativo para os minerais da transição energética”, afirma o executivo canadense. “Queremos atrair essas mineradoras”, acrescenta.

A participação inexpressiva do setor mineral brasileiro no mercado de capitais, especialmente na bolsa paulista, a B3, onde poderia levantar recursos para desenvolver e alavancar diversos projetos, vem sendo também objeto de questionamento de Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, o Ibram. O ex-ministro tem como uma de suas bandeiras na entidade quebrar essa barreira.

Um dos últimos exemplos de empresa com operação no Brasil que foi à Bolsa de Toronto é a canadense Bravo Mining, em meados de 2022. A Bravo tem um projeto de exploração do grupo da platina, além de níquel e ouro no Pará, em fase preliminar de implantação. Localizadas na região de Carajás, as áreas foram adquiridas anos atrás da Vale.

Ao todo, com operações na exploração de diversos minerais no Brasil, em abril havia 40 mineradoras listadas nas duas bolsas. Desse número, 24 estavam na TSX; outras 16 companhias faziam parte da TSXV.

Entre essas companhias abertas estão a Aura Minerals, que produz ouro no Brasil e que se listou também na B3 logo após abri o capital em Toronto, na TSX. Outra empresa é Largo, que extrai e processa vanádio na Bahia.

Na TSXV destaca-se a canadense Sigma Lithiun, de Vancouver, cujo único, e já bilionário projeto, de produção de lítio grau bateria está montado no Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais. A empresa tem o fundo A10 Investimentos como maior acionista, com 46% do capital, além de fundos de investimentos e investidores institucionais.

Comandada pela brasileira Ana Cristina Cabral, a Sigma chegou à bolsa de Toronto em 2018, levantando US$ 20 milhões. Já com as obras avançadas, em 2021 a empresa se listou também na bolsa americana Nasdaq. Em abril deste ano a empresa iniciou a produção de lítio grau bateria e neste mês está prevista o primeiro embarque do produto para a Ásia.

Atualmente, a Sigma tem valor de mercado na casa de US$ 4 bilhões, com base no valor da ação negociada na Nasdaq. Na cotação da TSXV, o valor é de 5,8 bilhões de dólares canadenses.

As 40 mineradoras operam 94 propriedades no país. Mesmo com o potencial que dispõe, o Brasil não é líder na região — à frente estão México (127 empresas), Peru (60), Argentina (52) e Chile (43), de um total de 316 mineradoras listadas na TSX e TSXV com operações na America Latina ao final do ano passado.

Companhias com projetos de mineração no Brasil levantaram, no ano passado, US$ 420 milhões em capital na TSX e na TSXV

Conforme o MiG Report, da bolsa canadense, no último ano, até maio, 97 companhias globais se listaram na TSX (57) e na TSXV (40), levantando US$ 5,3 bilhões. Desse número, 14 empresas são do setor de mineração.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/06/2023

Brasil pode exportar hidrogênio verde na forma de aço

Estudo do think tank de energia alemão Agora divulgado nesta quinta (15/6) afirma que é possível, tecnicamente, chegar a emissões líquidas zero na siderurgia ainda na década de 2040 e o segredo está no hidrogênio verde.

Ao lado de investimentos em eficiência no uso dos materiais, aumento da reciclagem, aplicação da bioenergia e de soluções de captura e armazenamento de carbono, a substituição do carvão por hidrogênio verde tem condições de alinhar a indústria de aço às metas globais de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C.

Mais do que isso: abre uma janela de oportunidade para exportadores de ferro se converterem em fornecedores de commodities verdes. O Brasil é um deles.

Segundo maior exportador de minério de ferro, o Brasil (22%) fica atrás apenas da Austrália (53%) e está em posição de vantagem em relação aos outros três fornecedores internacionais mais relevantes: África do Sul (4%); Canadá (3%) e Ucrânia (3%).

O estudo (.pdf) destaca o país sulamericano como o com maior capacidade de produção de hidrogênio verde, dada a alta renovabilidade de sua matriz elétrica e o potencial de crescimento da capacidade solar e eólica.

A recomendação do think tank é que, em vez de tentar exportar combustível, países como o Brasil deveriam se preparar para investir em “hidrogênio incorporado” na forma de ferro e aço verdes.

“As exportações de ferro verde proporcionarão novas oportunidades aos países que planejam exportar hidrogênio renovável ou de baixo carbono, criando mais empregos no mercado interno e permitindo que os países capturem uma parte adicional de valor agregado da cadeia de valor da siderurgia”, explica o relatório.

Essa virada de chave para o comércio internacional de produtos com maior valor agregado poderia alavancar em 18% o valor das exportações e em 16% o mercado de trabalho local, mostra a análise.

Corredores logísticos

O comércio de ferro verde também tem potencial de reduzir os custos da transformação global do aço, uma vez que o transporte de hidrogênio incorporado como ferro verde será significativamente mais barato do que o transporte de hidrogênio e seus derivados por navio.

Para impulsionar este cenário, os analistas da Agora recomendam a construção de parcerias entre exportadores e importadores. A Austrália já está trabalhando neste sentido.

Corredores logísticos. Em abril do ano passado, um consórcio formado pelo Fórum Marítimo Global, BHP, Rio Tinto, Oldendorff Carriers e Star Bulk Carriers firmou um acordo para avaliar a criação de um corredor verde de minério de ferro entre a Austrália e o Leste da Ásia.

O objetivo é mobilizar a demanda por transporte verde e escalar o frete de zero ou quase zero emissão de gases de efeito estufa. A amônia verde (derivada de hidrogênio) desponta como a escolha provável de combustível.

A Austrália é o maior exportador de minério de ferro do mundo e embarcou 872 milhões de toneladas em 2021.

Demanda ultrapassará oferta

Análise da  McKinsey indica que a demanda de aço verde provavelmente ultrapassará a oferta, com a projeção de crescimento significativo de projetos de energia renovável na Europa e nos Estados Unidos.

A expectativa é que a demanda global por aço com baixo teor de CO2 cresça dez vezes na próxima década, de aproximadamente 15 milhões de toneladas em 2021 para mais de 200 milhões de toneladas até 2030 – representando mais de 10% da demanda total de aço. Em 2040, deve chegar a 25% da demanda.

Com o mercado aquecido, os prêmios verdes podem chegar a US$ 200-US$ 350 por tonelada até 2025 e US$ 300-US$ 500/tonelada de 2025 a 2030, calcula a McKinsey.


Fonte: EPBR
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/06/2023

Siderurgia pode alcançar emissões zero já em 2040, diz estudo

O think tank de energia alemão Agora divulgou nesta quinta-feira (15) um relatório que afirma que um setor siderúrgico com emissões líquidas zero até o início da década de 2040 já é tecnicamente viável. O estudo indica como principais estratégias para este resultado a eficiência no uso dos materiais, o aumento da reciclagem, a produção de aço com base em hidrogênio verde, além da bioenergia e de algumas abordagens de captura e armazenamento de carbono (BECCS).

A análise é uma das primeiras a traçar um cenário viável em que o ferro e o aço deixam de ser um setor difícil de descarbonizar, o que favorece a ambição climática global.

"Nosso estudo mostra que é hora de remover o rótulo 'difícil de abater' do setor siderúrgico", disse Frank Peter, diretor da Agora. "As tecnologias e estratégias necessárias para atingir o zero líquido já existem - agora os governos e as empresas precisam combinar seus esforços para implantá-las rapidamente."

O relatório destaca que o Brasil (22%) é o segundo maior exportador de minério de ferro, atrás da Austrália (53%) e bem à frente dos últimos três fornecedores internacionais relevantes: África do Sul (4%); Canadá (3%) e Ucrânia (3%). O Brasil se destaca como aquele com maior capacidade de produção de hidrogênio verde, já que a obtenção ‘limpa’ desta gás depende da disponibilidade de energia renovável, um ativo que tem se fortalecido no país com o crescimento solar e eólico.

A recomendação do relatório é que em vez de tentar exportar hidrogênio verde, países exportadores de ferro como o Brasil deveriam se preparar para investir em "hidrogênio incorporado" na forma de ferro e aço verdes.

“As exportações de ferro verde proporcionarão novas oportunidades aos países que planejam exportar hidrogênio renovável ou de baixo carbono, criando mais empregos no mercado interno e permitindo que os países capturem uma parte adicional de valor agregado da cadeia de valor da siderurgia”, explica o relatório. “Em comparação com o cenário em que esses países exportariam minério de ferro e hidrogênio e seus derivados por navio, a exportação de ferro verde poderia permitir um ganho de cerca de 16% em empregos empregos locais e um aumento de 18% no valor agregado.”

O relatório afirma também que o comércio de ferro verde pode reduzir os custos da transformação global do aço, sendo vantajoso tanto para exportadores, como importadores. Isso porque o transporte de hidrogênio incorporado como ferro verde será significativamente mais barato do que o transporte de hidrogênio e seus derivados por navio. E para os importadores, o ferro verde pode aumentar a competitividade da produção de aço com baixo teor de carbono, ajudando assim a manter os empregos locais no setor siderúrgico.

Para impulsionar este cenário, os analistas da Agora recomendam a construção de parcerias entre exportadores e importadores. A Austrália, líder do mercado de ferro, saiu na frente também ao estabelecer em 2021 uma cooperação internacional em aço verde com a Coreia do Sul, seu terceiro maior cliente.

"A década de 2020 é uma grande encruzilhada para o setor siderúrgico global. As decisões corretas sobre políticas e investimentos hoje evitarão o aprisionamento de alto teor de carbono e ativos irrecuperáveis e nos colocarão no caminho de investimentos compatíveis com zero líquido que podem garantir o futuro do setor e de seus empregos", projeta Peter.

O relatório ressalta as abordagens que não terão êxito, como a captura e o armazenamento de carbono (CCS) combinado à energia do carvão, que “não desempenhará um papel importante na transformação global do aço”. Segundo o estudo, “as novas usinas siderúrgicas baseadas em carvão enfrentarão um alto risco de aprisionamento de carbono e de ativos irrecuperáveis.”

Fonte: Folha PE
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/06/2023

Minério de ferro fecha em queda nesta segunda-feira no mercado asiático

Os  contratos futuros do minério de ferro em Cingapura fecharam os negócios hoje em queda de -2,75%, valendo US$ 109,45 por tonelada. Os contratos à vista encerraram o dia em queda de -2,11% aos US$ 111,35 por tonelada.

Na Bolsa de Dalian, na China, o minério foi negociado também em queda de -1,81% a US$ 109,99 por tonelada.

Fonte: ADVFN
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 12/06/2023

Minério de ferro amplia ganhos com apostas em estímulo na China

Por Enrico Dela Cruz

(Reuters) - Os contratos futuros de minério de ferro negociados nas bolsas de Dalian e Cingapura subiram nesta segunda-feira para seus níveis mais altos em seis semanas, com traders apostando em uma recuperação na demanda depois que uma reportagem afirmou que o maior produtor de aço da China estava trabalhando em novas medidas para apoiar seu mercado imobiliário.

Os reguladores estão considerando um pacote de medidas, incluindo flexibilizações adicionais a restrições para compras residenciais, informou a Bloomberg News na sexta-feira, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

A China lançou recentemente medidas de apoio para o setor em dificuldades, um dos principais impulsionadores da demanda por aço e considerado um pilar da economia do país, mas a ação política parecia inadequada para sustentar uma recuperação.

 

Os indicadores chineses decepcionantes também alimentaram as esperanças de uma intervenção política adicional, disseram analistas.

O minério de ferro mais negociado em Dalian encerrou as negociações com alta de 2,2%, a 759 iuanes (106,68 dólares) a tonelada. Anteriormente, atingiu 770 iuanes, o valor mais alto desde 20 de abril.

Na Bolsa de Cingapura, contrato de referência do minério de ferro para julho subia 1%, para 104,95 dólares a tonelada, por volta das 8h40 (horário de Brasília), abaixo de uma máxima da sessão de 108 dólares, o maior valor desde 21 de abril.

Fonte: Investing
Publicação: 05/06/2023

Setor do aço projeta estabilidade para 2023, mas vê potencial com reformas

O setor do aço tem se mostrado "resiliente" frente às adversidades econômicas internacionais e do Brasil. A avaliação é do vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, que apresentou os dados da indústria siderúrgica em reunião-almoço da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), nesta quinta-feira (1º), em Porto Alegre. O evento contou com a presença de entidades e empresários do setor. Apesar de projetar estabilidade para este ano, Homes acredita que com as reformas (tributária e administrativa), baixa nos juros e crescimento do PIB, a tendência é de melhora.

"Hoje, estamos vivendo um cenário de estabilidade, o setor sofre impactos de consumo e investimento, principalmente por conta do cenário de altos juros", considerou Homes. Conforme apresentou, os juros reais do Brasil chegam a 7,5%, um dos maiores da América Latina, o que prejudica o setor. Para este ano, o Brasil deve sofrer uma leve queda (-1%) no consumo de aço, de 13,8 milhões de toneladas do ano passado para 13,6 milhões de toneladas. No ano que vem, no entanto, a retomada deve ser consistente, com crescimento de 3%, chegando a 14 milhões de toneladas de planos totais.

Ele ressaltou também que, pela primeira vez, o México ultrapassou o Brasil no consumo de aço. "Bom para o México, ruim para o Brasil", ponderou. Em 2022, o Brasil figurou no 9º lugar de produtores da matéria-prima. Apesar disso, o executivo se manteve otimista em relação ao futuro do setor que, com a mudança das projeções do PIB para cima e reformas administrativas, tende a crescer. O último boletim emitido pela Focus projeta um crescimento de 1,4% do PIB em 2024. "O consumo está ligado ao PIB. Com uma projeção de crescimento, mas precisamos reduzir os juros e fazer a reforma tributária e administrativa. Assim, conseguimos reativar todos os setores relacionados a o consumo de aço, setor de construção, setor de consumo, de carros, maquinários e equipamentos. Os investimentos precisam voltar ao Brasil", ponderou. 

A reabertura da China e a diminuição dos gargalos da cadeia de suprimentos também animam os empresários, mesmo com os juros altos e a inflação persistentes. Além disso, os dados apontam um cenário favorável às indústrias que utilizam o aço, como a automobilística (o setor pode crescer a produção de 2% este ano em relação ao ano passado e 4% no próximo) a de equipamentos agrícolas, e a de equipamentos para extração mineral e na construção, que deu um salto de 15% de 2021 para 2022. 

Oportunidades na construção civil e energia podem impulsionar setor

Durante o evento, o vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, destacou as potencialidades do aço mesmo com um cenário de estabilidade no Brasil. Entre as principais oportunidades está o número de carros por habitantes, que ainda é considerado baixo, maior uso do aço para construção civil e para o saneamento básico.

"O déficit habitacional é estimado em 6 milhões de moradias. Se consideradas aquelas em situação precária, o número sobe para 25 milhões", afirmou. Ele ainda apontou para o papel do aço no desenvolvimento da energia sustentável: cada novo megawatt (MW) de energia solar requer entre 35 e 45 toneladas de aço, e cada novo MW de energia eólica requer 120 a 180 toneladas de aço.

O vice-presidente comercial da Usiminas também acredita que Re-shoring, quando a produção volta para o próprio país de origem, podem abrir novas oportunidades de integração dos produtos em aço brasileiro nas cadeias de valor. "Temos que apostar na reindustrialização do País", concluiu. 

O presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul, José Antonio Fernandes Martins, também acredita que o setor apresenta uma perspectiva de melhora. "As vendas estão boas, o setor que estava prejudicado, de transporte coletivo, melhorou muito. Houve queda no setor de transporte de carga, mas não chegou a afetar."

Ele também defendeu que a Reforma Tributária seja acelerada no congresso. "Precisamos simplificar a tributação. Não podemos conviver com a maratona de impostos que temos", refletiu Martins.

Fonte: Jornal do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 02/06/2023