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Setor do aço reitera investimento de R$ 100 bi até 2028 com adoção das cotas de importação

A indústria siderúrgica instalada no país reiterou os planos de investir R$ 100,2 bilhões até 2028, à medida que a adoção de um sistema de cotas de importação com tarifa de 25% sobre o volume excedente, ao longo de 12 meses a partir de junho, parece ter começado a frear a entrada de produtos siderúrgicos a preços predatórios no mercado brasileiro.

Embora as estatísticas do primeiro semestre ainda mostrem avanço das compras externas e a adoção da medida seja muito recente, as importações recuaram 23% entre maio e junho, disse o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

“Estamos com uma lupa gigantesca sobre as importações. Mas a ‘farra do boi’ que existiu em 2023, com aço entrando de qualquer maneira e a preços predatórios, acabou”, disse o executivo, em entrevista coletiva durante a 34ª edição doCongresso Aço Brasil. “É um sistema novo, mas temos uma crença enorme de que vamos moralizar as importações”, acrescentou.

De acordo com o presidente do conselho diretor do Aço Brasil, Sérgio Leite, os investimentos de R$ 100 bilhões programados entre 2023 e 2028 estão vinculados ao sucesso do sistema de cota-tarifa. Segundo o executivo, nos últimos 15 anos, o setor investiu uma média de R$ 12 bilhões ao ano e, em 2023, chegou a R$ 15 bilhões. “Esses R$ 100,2 bilhões vieram do planejamento estratégico das empresas. O risco que existe é o sistema de cota-tarifa não apresentar resultado”, afirmou.

Apesar da elevação dos investimentos, 2023 foi marcado pelo forte aumento das importações de produtos siderúrgicos, de cerca de 50%, para cinco milhões de toneladas. Esse volume corresponde à produção de uma grande usina integrada de aço e a 16% da produção local.

Depois de dez meses de negociações com o governo, a indústria siderúrgica, via Aço Brasil, conseguiu, em maio, a aprovação de cotas de importação para nove tipos de aço (NCMs), de uma lista de 18 inicialmente levada às autoridades. Essas nove NCMs, conforme Marco Polo, representaram 40% das importações.

“Montamos uma sala de guerra dentro do Aço Brasil para monitorar as importações”, contou, acrescentando que a indústria segue acompanhando as potenciais “NCMs de fugas”, que podem estar sendo usadas para burlar as regras em vigor.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/08/2024

China é a grande vilã em maior evento sobre aço no Brasil: ‘impossível competir’

O 34º Congresso do Aço, maior evento da siderurgia nacional, foca no Brasil, mas tão citada pelos palestrantes quanto o próprio país é a China. O país asiático surge, nos discursos, como uma ameaça ao setor e à toda a cadeia industrial do Brasil e de outros países. 

Ela foi protagonista na conferência magna do presidente do Grupo Techint, Paolo Rocca, sobre a geopolítica do setor. O grupo ítalo-argentino estende-se por uma série de setores e inclui a Ternium, empresa que controla a Usiminas. Ao redor do mundo, o grupo fatura US$ 40 bilhões de dólares por ano e emprega diretamente cerca de 100 mil pessoas.

“A China não é uma democracia, mas um sistema de governo autoritário e centralizado, com capacidade de alocar recursos para diferentes setores de economia com base na conveniência estratégica. Competir com a China nos últimos 30 anos tem sido impossível por várias razões”, afirmou, em seu discurso para um auditório cheio com alguns dos maiores líderes da siderurgia brasileira. Subsídios do governo chinês à produção têm levado a uma “enxurrada” de produtos em outros países sob um custo mais baixo que o nacional, argumentam os empresários.

Rocca defendeu uma tática de reshoring da indústria, isto é, incentivo à produção industrial nos próprios países de origem da matéria-prima.”No Brasil, o consumo de aço é de 130 kg per capita por ano. Isso não é nada no contexto mundial. O que se passa na América Latina? Os países desenvolvidos têm um consumo duas vezes maior. A China, cinco a seis vezes maior. Nossa indústria e toda a cadeia de valor têm um mercado estagnado. Esta é a imagem de um fracasso coletivo que tem tido consequências muito graves. Governar um país com baixo crescimento é muito complexo e traz consequências muitas vezes negativas”, reforçou.

Nesse cenário, na perspectiva dele, há espaço para alinhamento dos países latino-americanos a outros atores ocidentais e um afastamento da China — hoje, uma das maiores parcerias comerciais do Brasil. “A indústria siderúrgica pode competir sem medo com os blocos econômicos do mundo ocidental. Com a China, não é possível”.

“Isso não é uma exportação da empresa X, mas uma política do Estado chinês que vale para tudo. Para blusinha, automóvel... É uma política chinesa. O mundo está utilizando suas defesas comerciais. Quem não estiver vai sofrer como sofremos aqui”, complementou o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello.

Os chineses também estiveram na fala de representantes do governo federal. Em um painel sobre mudanças climáticas, o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria enfatizou a pegada de carbono do aço chinês. “O mercado internacional tem sido impactado pelo excesso de aço chinês, que entrou no país com uma pegada de carbono significativamente maior. A nossa é de 1,7 tonelada de CO?2; por tonelada de aço. O chinês apresenta pelo menos 2 toneladas. O nosso aço já é mais verde do que o da China e do que a média global, de 1,8 tonelada”.

A China deve exportar cerca de 60 milhões de toneladas de aço neste ano, segundo estimativa da CRU, empresa de análise de mercado presente no congresso. A América Latina está do outro lado da balança, com necessidade de importar de 20 milhões de toneladas.

Hoje, a siderurgia vive um momento de relativo alívio após o governo federal atender a um pleito que vinha fazendo há meses: o aumento dos impostos sobre o aço importado. O alto volume de aço estrangeiro, especialmente chinês, que vinha entrando no país abalou o faturamento e a produção da siderurgia nacional, segundo as principais empresas do setor. O aumento da taxação, anunciado em abril, abrange apenas parte dos produtos à base de aço e só começa a valer quando o volume de importações atinge um patamar mais do que 30% superior à média do  período entre 2020 e 2022. Com isso, a expectativa do setor é que as importações do aço caiam 7% em 2024.  

Descarbonização pode aumentar preço do aço em 80%

A produção de aço precisa inverter sinais para cumprir as metas de descarbonização do Brasil e do mundo. Hoje, cerca de 98% do aço produzido no mundo não é considerado verde, isto é, com a menor emissão de CO?2; possível. O cenário precisa ser radicalmente diferente nos próximos anos, defendeu a analista da CRU Thais Terzian: “para cumprir as metas do Acordo de Paris, 100% da produção precisaria de ser aço verde em 2050”.

A produção exige, por exemplo, adaptação dos alto-fornos siderúrgicos, as estruturas milionárias que produzem aço em grande parte da metalurgia brasileira. “Muitos têm dez, 15 anos de vida útil. Esse investimento será jogado fora pela descarbonização?”, questionou Terzian.

A previsão da CRU é que o preço do aço aumente 80% até 2050. “É a única forma de remunerar o investimento da descarbonização”, pontuou a analista da empresa. Ela ponderou, contudo, que na prática isso significa preços que não seriam absurdos do ponto de vista da indústria.

“Certamente, começaremos a ver cada vez mais mercado para o aço de baixa pegada de CO?2;. É preciso termos medidas de comércio justo do aço, a indústria produzir um produto verde e um consumidor, na ponta disso, remunerar minimamente esse custo”, arrematou o conselheiro do Instituto Aço Brasil e diretor presidente da Aperam South America, Frederico Ayres Lima.

Fonte: O Tempo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/08/2024

 

Importações de aço caem 23% após medida contra China: ‘farra do boi acabou’

A alta de importações de aço no Brasil, especialmente da China, que chegou a 50% em 2022 e em 2023, começa a ser freada após o governo aumentar a tarifa sobre elas. Durante quase um ano, o setor desenhou alternativas com o governo federal e, em junho, as medidas começaram a valer. Embora a indústria admita ser cedo para medir resultados, atesta que, entre maio e junho, o volume de importações caiu 23% e deve fechar 2024 7% menor do que no ano anterior.

A projeção é do Instituto Aço Brasil, que apresentou os dados durante o 34º Congresso do Aço, que congrega as maiores lideranças da área em São Paulo nesta semana. “Aquela farra do boi que existiu ao longo de todo o ano de 2023, em que entrava tudo o que podia entrar aqui com práticas predatórias, acabou por conta do [novo] sistema”, afirmou o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello durante o evento.

Com subsídios do governo da China, o aço asiático vinha entrando no Brasil abaixo do preço de custo da siderurgia brasileira, argumentam as indústrias. Elas pleiteram um aumento da taxação de 18 entre quase 300 produtos à base de aço no Brasil. O governo limitou o pedido a uma taxa de 25% sobre 11 produtos, paga quando o nível de importações supera 30% da média de 2020 a 2022.

O cenário dos últimos anos foi a justificativa para que algumas das maiores siderúrgicas do Brasil anunciassem paralisações e demissões. Agora, o fator está fora da mesa, segundo Mello. “Do nosso lado, dissemos ao governo que vamos parar com as paralisações de plantas, fora ou uma outra que estavam no planejamento”, pontuou ele. O Brasil opera com cerca de 67% de sua capacidade produtiva de aço, atualmente, uma leve melhora em comparação ao cenário anterior, segundo ele.

Alguns projetos paralisados, como a planta da Gerdau em Barão de Cocais, na região central de Minas, não têm relação direta com a questão chinesa, segundo as empresas, e continuam suspensos. No caso da Gerdau, segundo a companhia, a interrupção do trabalho da fábrica, sua primeira em Minas, deveu-se à otimização da produção, com direcionamento de recursos para plantas mais produtivas, como a de Divinópolis.

Em conjunto, o setor do aço projeta um investimento de cerca de R$ 100 bilhões no Brasil de 2023 até 2028. O plano depende do sucesso do aumento da taxação dos importados, ponderou o recém-empossado presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil Sergio Leite. “O risco que existe é se esse sistema não apresentar o resultado que as empresas usaram para fazer a projeção”.

Inicialmente, a medida anunciada pelo governo em abril e colocada em prática em junho terá duração de um ano. Mas o setor espera que, caso seja necessário, o governo possa prorrogá-la. 

Fonte: O Tempo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/08/2024

 

Mineração e metalurgia aumentam investimentos em pesquisa e inovação alinhados à agenda ESG

Em busca de modelos de negócios mais sustentáveis e sintonizados com a agenda ESG (práticas sociais, ambientais e de governança), grandes companhias do setor de mineração, metalurgia e siderurgia investem pesado em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

Apenas a Vale, bicampeã no ranking setorial do anuário Valor Inovação Brasil, aplicou no ano passado 1,73% da sua receita líquida — equivalente a R$ 3,6 bilhões —em projetos e programas de PD&I. Outras gigantes listadas nas cinco primeiras colocações — ArcellorMittal Brasil, Belgo Arames, Gerdau e Nexa Resources — trilham o mesmo caminho e destinaram recursos expressivos em setores ligados a inovação e pesquisa.

O alto volume de investimento faz sentido. A mineração brasileira ocupa lugar de destaque na economia nacional. Em 2023, o faturamento do setor foi de R$ 248 bilhões, cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Ao longo da cadeia produtiva, são 2,5 milhões de empregos na área.

Segundo o Ibram, as mineradoras brasileiras projetam investir US$ 64,5 bilhões no período entre 2024 e 2028, com destaque para a sustentabilidade das operações. Até 2028, a previsão do Ibram é que US$ 10,7 bilhões (16,6% do total) sejam aplicados pelas empresas em projetos socioambientais. A sustentabilidade perde apenas para os investimentos gerais em projetos de minério de ferro, que devem receber cerca de US$ 17 bilhões até 2028 (26,8% dos investimentos totais do setor), prevê o instituto.

 

“A inovação é uma alavanca poderosa para nos ajudar a atingir nosso objetivo estratégico de construir uma mineração mais sustentável”, afirma Rafael Bittar, vice-presidente-executivo técnico da Vale. A inovação se coloca como um dos pilares para o crescimento da mineradora e manutenção da competitividade no mercado, além de gerar valor compartilhado com as regiões onde estão instaladas as operações.

Para ajudar a moldar o futuro da mineração sustentável, os investimentos em inovação da Vale são divididos em temas como soluções de minério de ferro, mineração sustentável, transição energética e mineração circular, sendo que neste último o foco é a redução de desperdício e minimização do impacto ambiental dos processos industriais.

Entre as experiências da companhia em 2023 estão os testes para substituição do antracito, um tipo de carvão mineral, por biocarbono — produto obtido a partir da carbonização da biomassa, de zero emissão — nos fornos de pelotização (processo de transformação do minério de ferro) e metais básicos.

O briquete de minério de ferro, por sua vez, tem o potencial de reduzir em até 10% as emissões de gases de efeito estufa no alto-forno, possibilitando, no futuro, a produção de aço com zero emissão. “A inovação tem contribuído para seguirmos rumo à meta de zerarmos nossas emissões líquidas até 2050”, diz Bittar.

A inteligência artificial (IA) tem se colocado como importante aliada nos processos de inovação. A inteligência e a integração de dados por meio de programas como o Integrated Quality Management (IQM), que amplia os conhecimentos geológicos e otimiza trabalhos em campo, resultaram em ganhos superiores a R$ 1,75 bilhão para a Vale no ano passado. Algoritmos melhoram a performance no trajeto dos caminhões de acordo com a carga, o perfil da via percorrida e o tipo do veículo, reduzindo o consumo de combustível e melhorando a produtividade.

A ArcelorMittal, vice-campeã no ranking setorial, prevê que os investimentos em inovação e tecnologia proporcionem um impacto positivo de R$ 1 bilhão nos resultados da empresa até 2028. Para isso, foram mapeadas mais de cem oportunidades em diversas áreas, incluindo utilização de IA. Por meio do Programa iNO.VC, foram desenvolvidos protótipos como o primeiro micro-ônibus autônomo da América Latina.

 

“A inovação, ao tornar as empresas brasileiras mais competitivas e sustentáveis, contribui decisivamente para o fortalecimento da economia brasileira e beneficia o mercado, com produtos e soluções de alto valor agregado”, afirma Rodrigo Carazolli, diretor de transformação do negócio da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam.

A companhia, uma das grandes produtoras de aço no Brasil e que está entre as líderes do segmento no mercado mundial, investe globalmente mais de US$ 300 milhões por ano em projetos de PD&I nos países em que atua. “As grandes empresas possuem longas cadeias de valor e a inovação realizada por elas vai se desdobrando e alcançando também empresas de pequeno e médio portes, gerando um efeito em cascata”, completa Carazolli.

Outra gigante do aço, a Gerdau encerrou 2023 com receita líquida de R$ 68,9 bilhões. Deste total, a companhia investiu o equivalente a mais de 5% em inovação, área que envolve o trabalho de 300 colaboradores diretos. “A inovação desempenha um papel estratégico e abrangente na garantia de sustentabilidade do nosso negócio e na criação de valor voltado aos nossos clientes e à sociedade em geral”, diz Gustavo França, diretor global de TI e digital da Gerdau.

Segundo França, a companhia, fundada há 123 anos em Porto Alegre (RS), incentiva e promove a adoção de novas tecnologias que trarão benefícios em toda a cadeia de produção, com destaque para 5G e IA. Resultado de uma parceria entre a Gerdau e a Embratel, recentemente foi concluída a implantação da tecnologia 5G privada na unidade de Ouro Branco (MG).

A infraestrutura tecnológica, explica França, permite à empresa acelerar a implementação dos conceitos da indústria 4.0 em Ouro Branco, impulsionando automatização, produtividade, uso de dados e segurança nos processos, incluindo planejamento, produção e logística. “Com o suporte dessa nova infraestrutura de rede, a Gerdau planeja expandir seus investimentos em tecnologias avançadas, como veículos autônomos e telecontrolados, internet das coisas e inteligência artificial”, diz França.

Na Belgo Arames, líder brasileira na transformação de arames de aço, a inovação também é considerada pilar estratégico. “A inovação nos permite não apenas acompanhar as tendências de mercado, mas também liderar a transformação do negócio”, afirma o CEO da companhia, Rodrigo Archer.

Com uma política de forte incentivo à inovação interna e aberta, o investimento tem gerado resultados concretos, como o surgimento de startups corporativas e a adoção de metodologias ágeis, cujo impacto positivo é verificado desde a concepção de ideias até a consolidação de novos produtos e negócios. “Além disso, enfatizamos a importância de ‘aprender a aprender’, integrando o elemento de aprendizado em nossa cultura de inovação, preparando nosso pessoal para enfrentar os desafios emergentes”, explica Archer.

No último ano, mais de 1.500 colaboradores da Belgo Arames, cerca de 45% do total do quadro de funcionários, participaram dos programas de inovação da empresa. A participação ocorre em programas como o Venture Builder, que em pouco mais de um ano de atuação já lançou seis startups corporativas.

Uma delas é a Cerca Rápida, sistema que agrega novas tecnologias para otimizar e mecanizar a instalação de cercas rurais feitas de arame. Pelo método tradicional, um cerqueiro com dez quilômetros de extensão pode demorar até um ano para ser concluído. Com o Cerca Rápida, o serviço é entregue até cinco vezes mais rápido. Lançado no ano passado, o Belgo Cerca Rápida recebeu investimentos de

R$ 1 milhão e foi desenvolvido em um ciclo de 18 meses, incluindo pesquisas, testes e protocolos de segurança.

“Nossa meta é atingir oito mil quilômetros de cercas instaladas em cinco anos, equivalente a uma viagem de ida e volta do Oiapoque ao Chuí”, afirma André Ghion, diretor de marketing, inovação e estratégia da Belgo Arames. Outra startup corporativa, a 3D Part, desenvolve modelos de impressão de peças 3D em arame de aço para a indústria.

Em fase de pré-lançamento, a proposta da 3D Part é criar uma peça de forma mais rápida quando comparada à manufatura tradicional. A solução ainda é uma alternativa mais sustentável, pois gera menos resíduos. “Do jeito convencional, o descarte de aço na produção de peças pode chegar a 80%. Com a tecnologia 3D, cai para 20%”, diz Ghion.

Com receita líquida de US$ 2,8 bilhões em 2023, a Nexa Resources, uma das cinco maiores produtoras de zinco do mundo, destinou, no ano passado, US$ 8 milhões a PD&I. A empresa adota a inovação aberta, por meio da troca de conhecimento com universidades, centros de pesquisa, hubs de inovação, startups e empresas estabelecidas.

Um dos focos da Nexa é o aproveitamento da jarosita (resíduo da metalurgia de zinco), transformando-a em geopolímero, um substituto para o cimento. Cerca de 15 toneladas de jarosita já foram comercializadas. “Em um mundo onde a competitividade na indústria está cada vez mais acirrada, a inovação tem um papel fundamental: trazer novas soluções para reduzir custos, aumentar eficiência, crescer e, consequentemente, gerar mais empregos”, diz o gerente de inovação da Nexa, Caio Moreira van Deursen.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/08/2024

Agro brasileiro tem o maior potencial para atender demanda por terras até 2030

O agronegócio brasileiro tem o maior potencial para atender demanda por terras até 2030, por meio de tecnologias para recuperação de áreas degradadas. De acordo com estimativas da Mckinsey & Company, divulgadas no 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio, o mundo precisará de cerca de 70 a 80 milhões de hectares daqui a seis anos, dependendo dos efeitos advindos das mudanças climáticas, que podem aumentar a demanda por área para mais de 100 milhões de hectares. O evento é uma realização da Associação Brasileira do Agronegócio – ABAG, em parceria com a B3 – a bolsa do Brasil, e acontece nesta segunda-feira, dia 5 e agosto, em São Paulo (SP).

“Esse montante equivale quase a que o Brasil tem hoje de terra plantada. Historicamente, isso já foi feito no passado, por meio da supressão vegetal. Hoje, a realidade é outra: precisamos reflorestar e para suprir essa necessidade, existem outras alavancas”, disse Nelson Ferreira, sócio-sênior e líder global de Agricultura da Mckinsey & Company.

Uma pesquisa da consultoria com produtores agrícolas de todo o mundo revelou que o agro brasileiro está na vanguarda na adoção de produtos de biocontrole e bioestimulantes, e de práticas de agricultura regenerativa, e que tem potencial de crescer na agricultura de precisão, automação e sensoriamento remoto.

Outro ponto tratado por Ferreira foi o potencial brasileiro com as soluções de biomassa para 2030, com cerca de US$ 25 bilhões, e em 2040, com US$ 61 bilhões. A seu ver, é necessário discutir qual o papel do Brasil nessas tecnologias, pois o agronegócio pode agregar valor, além da questão dos alimentos, por meio de novos produtos, como no caso da biorrefinaria, sempre de forma integrada e sustentável.

Solenidade de abertura

A solenidade de abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio 2024 foi aberta com uma homenagem ao Rio Grande do Sul. O presidente da ABAG, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, reforçou a importância do estado para o país e para o agronegócio nacional. Na sequência, mencionou a importância do evento para discutir os principais temas do setor em um cenário geopolítico fragmentado.

“Vamos tratar da efetiva capacidade do agro em competir com um mundo cada vez mais protecionista, a fim de posicionar nosso país diante das oportunidades e como podemos aproveitá-las. É fundamental atuar, cada vez mais, de forma integrada em ações público-privadas, questionando medidas unilaterais e para corrigir conceitos errôneos sobre o mundo tropical”.

Ele abordou ainda a ação pioneira realizada pela ABAG, por meio da participação do embaixador Roberto Azevêdo, consultor da entidade em uma reunião com os produtores americanos para um alinhamento, que pode caminhar para um modelo positivo de atuação das Américas, para recuperar a governança global no multilateralismo. Pontou também a importância das ações coordenadas com o mercado de capitais, a vanguarda da ciência, da tecnologia e das práticas sustentáveis do agro brasileiro e o combate as ilegalidades que ferem o setor e o país.

“A demanda por bioprodutos e biodevirados está em todos os setores. Assim, precisamos de um diálogo aberto, pois os produtores agroindustriais podem contribuir com a agenda climática, a COP 30, mercado de carbono e a correção dos equívocos da mensagem, pois a resposta está na produtividade e inovação, com regulação efetiva. O agro é formador de alianças para um mundo novo”, disse Carvalho.

“O agro de São Paulo é tecnificado, diversificado e cada vez mais sustentável, com 300 produtos diferentes. Por isso, precisamos render nossas homenagens ao agronegócio”, disse o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, que comentou sobre o que tem sido feito pelo estado para superar desafios da insegurança jurídica, da logística e do financiamento, como a regularização fundiária, investimento em ramais ferroviários e aumento no aporte de recursos em seguro rural, e para combater as mudanças climáticas.

Também trazendo questões ligadas à insegurança jurídica e dificuldades logísticas, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, destacou a necessidade de proteção à propriedade e segurança jurídica para impedir invasões de terra. “Da porteira para dentro tem ganhos de produtividade, mas há dificuldades para escoar a produção. A privatização permite investimentos robusto em infraestrutura”, afirmou. Ele salientou ainda que é preciso avançar cada vez mais em relação a recuperação de áreas degradadas, agricultura de baixo carbono e preservação de biomas.

Gilson Finkelsztain, CEO da B3, enfatizou que o acesso ao crédito é essencial para o agro e que o Plano Safra não é suficiente para suprir as necessidades do setor, por isso a B3 tem orgulho de viabilizar o crédito, através de registros de diversas frentes. 

Para Carlos Augustin, assessor Especial do Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil se tornou maior exportador de algodão do mundo, porque resolveu certificar o produto, alcançando 80% da produção certificada. Também ressaltou que o país tem a oportunidade de recuperar áreas degradadas. São 160 milhões de hectares que podem ser desenvolvidas com sustentabilidade e com certificação para ter competitividade nos mercados globais.

O deputado federal Arnaldo Jardim fez um resumo sobre as pautas legislativas, como o início das reuniões sobre o Marco Temporal, a isenção da cesta básica na Reforma Tributária e o “Mover”, que retrata o compromisso com o carro híbrido flex. Ele destacou ainda o papel dos biocombustíveis para a competitividade nacional, o uso do etanol como uma alternativa de combustível sustentável tanto na aviação, como no marítimo, e o agro como pioneiro quando se trata de bioeconomia.

Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 06/08/2024

 

Potencial do agro atrai investidores estrangeiros para o Brasil

O potencial do agro brasileiro tem chamado a atenção do mundo. Investidores estrangeiros estão de olho nesse mercado, que apesar da pujança, ainda é altamente dependente da importação de fertilizantes, por exemplo. Na última semana, empresários de 11 multinacionais de diferentes países estiveram no Rio e afirmaram ter planos de ampliar investimentos no Brasil.

A convite da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), estiveram no país investidores dos segmentos de fertilizantes, energia verde e gás natural. Participaram de 2ª feira (29.jul.2024) a 6ª (2.ago) do Rio + Agro, evento internacional organizado pela Fundação São Francisco de Assis, com o apoio do governo do Estado do Rio de Janeiro.

Um dos focos da iniciativa da Apex foi justamente divulgar a necessidade do país para investimentos na área de fertilizantes.

“Fizemos um intenso trabalho para reduzir a dependência que o Brasil possui na área de fertilizantes, especialmente fertilizantes verdes, atraindo países que produzem tecnologias com mais eficiência energética, reduzindo a pegada de carbono dentro do agronegócio brasileiro”, afirmou o coordenador de Investimentos da ApexBrasil, Carlos Padilla.

Dentre as empresas estrangeiras participantes, algumas que ainda estudam negócios no Brasil e outras recém-instaladas no país. Também participaram companhias consolidadas há muitos anos no país, como a EuroChem, com sede na Suíça e filial no Brasil desde 2016. Já investiu mais de US$ 2,5 bilhões no país, tendo mais de 20 plantas operando em vários Estados.

“Esse fórum foi um marco porque investimentos serão necessários para diminuir essa dependência internacional, já com esse viés de meio ambiente e sustentabilidade. O país apostou muito em desenvolvimento tecnológico, mas faltava investir em mais diálogo”, disse Gustavo Horbach, diretor-presidente da Eurochem para a América do Sul.

A Atlas Agro, outra gigante do setor de origem suíça especializada na produção de fertilizantes nitrogenados com zero emissões de carbono, reforçou o plano de construir sua 1ª fábrica de fertilizantes nitrogenados, a partir do hidrogênio verde, no Brasil. A planta será implantada em Uberaba, Minas Gerais, com investimentos de cerca R$ 4,3 bilhões.

“À medida que a planta industrial de Uberaba entrar em novos estágios, vamos olhar outras localidades”, disse o executivo Rodrigo Santana, diretor de Operações da Atlas Agro.

No Brasil há 3 anos, o grupo francês Helexia vende o que classifica como “segurança energética”. São estruturas solares que podem ser instaladas em áreas rurais para geração solar fora da rede, consumida diretamente pelo produtor agrícola. “Chegamos sem saber com quem falar, mas agora sabemos”, afirmou o CEO, Aurelien Maudonnet.

Na outra ponta, há empresas como a suíça Casale, que anunciou a abertura de um escritório em São Paulo. “Viemos exportar nossa tecnologia para produção de fertilizantes nitrogenados e ureia para participar dos esforços estratégicos brasileiros”, disse Luca Pasco, responsável pelos negócios da Casale na América do Sul, empresa há 60 anos no mercado europeu e referência mundial em tecnologia para beneficiar o agronegócio.

É o caso também da Anodox, nascida sueca, mas se preparando para abrir seu 1º escritório no Brasil –provavelmente no Rio de Janeiro, segundo Ricardo Uerhara, head de Tecnologia da novata no país, atrás de parcerias. “Foi uma grande oportunidade de fazer network intenso e discutir soluções de descarbonização na indústria e investimentos de grande porte no Brasil”, disse Uerhara. A empresa é especializada em armazenamento de energia, como baterias não inflamáveis.

O governo brasileiro tem feito um esforço para viabilizar investimentos estrangeiros na chamada área agrossocioambiental para descarbonização da produção industrial de fertilizantes no Brasil. Para o setor do agronegócio, a ApexBrasil tem trabalhado com biofertilizantes, biogás, biocombustíveis, máquinas e equipamentos para pequenos agricultores.

“Nossa estratégia passa por ter um aumento de oferta de gás natural nacional, o que aumenta a concorrência, e trazer um gás mais barato e competitivo, especialmente para o setor crítico de fertilizantes, que envolve segurança alimentar”, diz Fernando Matsumoto, coordenador-geral de Infraestrutura do Ministério de Minas e Energia.

Atualmente, mais de 87% dos fertilizantes usados pela agricultura brasileira são importados –de uma demanda anual de 45 milhões de toneladas/ano. A meta do Plano Nacional dos Fertilizantes é chegar até 2050 com uma produção nacional capaz de atender entre 45% e 50% da demanda interna.

Fonte: Poder 360
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 06/08/2024