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Instituto Aço Brasil preocupado com proposta da União Europeia

A proposta da União Europeia em reduzir as cotas de importações de aço pela metade e aumentar as tarifas em 50% preocupa o Instituto Aço Brasil. A medida eleva o grau de urgência com que o Brasil deve reagir, buscando tornar mais efetiva a aplicação de mecanismos de defesas comerciais em relação ao segmento. “Trata-se de mais um grande ator global do aço que recorre a uma dura medida para tentar preservar a capacidade de suas usinas, de investir e gerar empregos, depois dos Estados Unidos e do Canadá”, afirma o instituto. A proposta da União Europeia é capaz de acentuar o risco de desvios de comércio e o desequilíbrio do já sobreofertado mercado internacional.

A medida tem consequência imediata para o Brasil, como o aumento da vulnerabilidade da indústria do aço frente à onda predatória de importações, tornando ainda mais delicada sua já preocupante situação. Sem dispor de defesa comercial condizente com a gravidade do quadro global de guerra comercial desleal no setor, o Brasil vai se consolidando cada vez mais como destino preferencial do aço vendido abaixo do preço de custo, que não encontra mais espaço em mercados com defesas aplicadas de forma mais efetiva. Atualmente, as importações corroem um terço do mercado brasileiro de aço. Nos oito primeiros meses de 2025, as importações de aço laminado ao Brasil cresceram 30% em relação a igual período de 2024, e a previsão é de aumento de 32,2% no ano, o triplo da média histórica. A alta ocorre mesmo após o Brasil ter reforçado as defesas comerciais em relação a 14 NCMs (Nomenclaturas Comuns do Mercosul), de 273 disponíveis, com a renovação do mecanismo Cota-Tarifa.

O Aço Brasil afirma reconhecer os esforços do governo para conter as importações predatórias, mas, lamentavelmente, o produto vendido a preços desleais continua entrando no mercadobrasileiro, facilitado por acordos comerciais, regimes especiais, incentivos estaduais e fraudes na classificação de produtos. O Instituto Aço Brasil encerra a nota defendendo a necessidade imediata de o Brasil reagir, por entender que a situação “ameaça não só a indústria do aço, mas toda a cadeia produtiva metalmecânica, bem como sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento do País, por meio dos investimentos realizados e empregos gerados, e para a segurança nacional”.

 
Fonte: Brasil Mineral
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/10/2025

 

Consórcio de máquinas agrícolas ultrapassa caminhões e movimenta bilhões no país

O segmento de consórcio de máquinas agrícolas assumiu, pela primeira vez, a liderança entre os veículos pesados no Brasil, ultrapassando os caminhões na preferência dos produtores rurais. O resultado reflete o fortalecimento do agronegócio e o aumento do interesse por alternativas de investimento mais acessíveis e planejadas.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), referentes a julho de 2025, o consórcio de máquinas agrícolas passou a representar 51% das cotas ativas, superando os caminhões, com 41%, e outros equipamentos, com 8%.

Entre janeiro e julho deste ano, o segmento movimentou R$ 14,03 bilhões em créditos, alta de 14% em relação ao mesmo período de 2024. O volume de créditos disponibilizados avançou 43,3%, totalizando R$ 6,38 bilhões. Também houve crescimento nas contemplações, que chegaram a 27,9 mil consorciados — um aumento de 15,2%.

Entre as empresas que acompanham esse movimento está a Agritech, com um portfólio que inclui tratores, microtratores e implementos agrícolas. Segundo o coordenador-geral do Consórcio Nacional Agritech, Elcio Guelere, entre janeiro e setembro deste ano a modalidade registrou crescimento de 42% nos créditos comercializados e de 38% nos créditos disponibilizados, além de um aumento de 51% no número de contemplações.

Para Guelere, o avanço está diretamente ligado à percepção do pequeno e médio produtor da importância da mecanização do campo com equipamentos modernos e que atendam sua demanda.

“O consórcio se tornou um instrumento eficiente para garantir acesso à inovação no campo, oferecendo uma alternativa robusta frente aos custos elevados do crédito tradicional”, afirma.

A série de tratores 1155 Plus foi desenvolvida para atender às demandas do produtor familiar e é a mais adquirida pelos consorciados do Consórcio Nacional Agritech. Os modelos se destacam pela versatilidade no uso em diferentes culturas, pela compatibilidade com Biodiesel B8 e pela leveza que reduz a compactação do solo.

Equipados com motores Yanmar, oferecem potência e baixo nível de ruído. O raio de giro de 2.250 mm, o menor da categoria, facilita manobras em áreas reduzidas. A linha está disponível nas versões standard, cabinado, cafeeiro estreito, cafeeiro super estreito, super tração, parreira, parreira super estreito, arrozeiro e cultivo.

O gerente de Vendas e Marketing da Agritech, Cesar Roberto Guimarães de Oliveira, ressalta que o Consórcio Nacional Agritech tem ganhado relevância entre pequenos e médios produtores.

Segundo ele, o consórcio amplia o acesso aos equipamentos da marca e se firma como uma ótima alternativa em meio a um cenário de pressões sobre os custos e imprevisibilidade do mercado. “O mecanismo oferece previsibilidade e flexibilidade ao agricultor familiar, fatores decisivos para manter a produtividade e a sustentabilidade do negócio”, avalia.

 
Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 10/10/2025

 

UE apresenta medidas para 'salvar' seu setor do aço

A União Europeia apresentou, nesta terça-feira (7), propostas para dobrar as tarifas aduaneiras à importação de aço, imitando o presidente americano, Donald Trump, em uma tentativa de proteger a indústria do bloco - em dificuldades - da concorrência chinesa de baixo custo.

"Em 2024, foram eliminados 18 mil postos de trabalho diretos na indústria siderúrgica, o que é excessivo e devia cessar", ressaltou o vice-presidente da Comissão Europeia (braço executivo do bloco), Stéphane Séjourné, ao apresentar estas medidas à imprensa.

Em primeiro lugar, a Comissão pretende reduzir em 47% as cotas de aço estrangeiro que podem ser importadas a cada ano para a UE livres de tarifas.

Estas cotas livres de impostos seriam reduzidas, assim, a 18,3 milhões de toneladas, ou seja, o volume total de aço que a União Europeia importava em 2013, antes que o mercado se visse desequilibrado de forma duradoura pelo desenvolvimento de um importante excesso de capacidade de produção.

"Em nome de todos os funcionários da AcelorMittal na Europa, me sinto sinceramente aliviado", disse Aditya Mittal, diretor da gigante da siderurgia, agradecendo à UE por "ter compreendido a gravidade da situação e agido com firmeza e de forma adequada".

"O excesso de capacidade mundial é cinco vezes superior ao consumo anual de aço da UE", lembrou o Comissário do Comércio, Marcos Sefcovic.

Além disso, as importações que superarem as cotas terão as tarifas dobradas, passando de 25% a 50%.

Deste modo, vão atingir níveis similares aos impostos por Estados Unidos e Canadá, segundo as propostas da Comissão, que deverão ser validadas pelos 27 países-membros da UE e pelo Parlamento Europeu.

Por último, os importadores de produtos de aço transformado serão obrigados a declarar em qual país o metal inicial "foi fundido e moldado", uma cláusula que visa a evitar evasões das barreiras tarifárias.

"À beira do colapso" 

Este novo plano para "salvar nossas siderúrgicas e empregos", segundo Séjourné, substituirá a "cláusula de salvaguarda" estabelecida em 2019 pela UE para ajudar os produtores europeus, que expira em meados de 2026.

"A indústria siderúrgica europeia estava à beira do colapso. Vamos protegê-la para que possa investir, se descarbonizar e se tornar competitiva", havia prometido anteriormente o vice-presidente da Comissão antes dos anúncios.

O setor siderúrgico recebeu imediatamente com satisfação o plano e pediu que seja aplicado o quanto antes. A organização profissional do setor, a Eurofer, o qualificou de um "salva-vidas".

Bruxelas quer implementar estas medidas o quanto antes e no mais tardar antes de expirarem as medidas de proteção existentes, em 1º de julho de 2026.

"Devemos agir agora", insistiu, em um comunicado, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, pedindo aos 27 membros da UE e aos eurodeputados que aprovem as medidas "rapidamente".

Bruxelas está negociando em paralelo com Washington uma isenção das tarifas ao aço europeu, a fim de que Estados Unidos e União Europeia se apoiem mutuamente para resistir à pressão da China.

Indústria desestabilizada 

Os números falam por si: no ano passado, a China fabricou mais de 1 bilhão de toneladas de aço, ou seja, mais da metade da produção mundial, muito acima da Índia (149 milhões), do Japão (84 milhões) e dos Estados Unidos (79 milhões), segundo dados da organização profissional World Steel.

Comparativamente, os países europeus ficaram muito atrás: a Alemanha produziu apenas 37 milhões de toneladas; a Espanha, 12; e a França, menos de 11.

A indústria europeia há anos sofre forte desestabilização pela concorrência das fábricas chinesas, que recebem muitas subvenções.

E também sofrem com as enormes capacidades de produção do gigante asiático, que derrubam os preços mundiais.

Juntamente com o aumento dos preços da energia provocada pela guerra na Ucrânia e a frágil demanda na Europa (que reflete as dificuldades de setores como o automobilístico e da construção), estas práticas que a UE considera desleais fizeram as siderúrgicas europeias mergulharem em números negativos.

Como resultado, estas últimas estão multiplicando seus planos de proteção ao emprego e o fechamento de instalações, o que gera o temor de uma reação em cadeia em um setor que conta com 300 mil empregos diretos e 2,5 milhões de indiretos na UE.

Na Alemanha, o conglomerado Thyssenkrupp está considerando inclusive vender sua divisão de aço para a indiana Jindal Steel, enquanto na França, a ArcelorMittal acaba de suprimir 600 postos de trabalho e ameaçou abandonar um importante projeto de descarbonização.

 
Fonte: AFP
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 08/10/2025

 

Após dois meses de tarifaço, efeito nas exportações brasileiras foi menor do que o esperado

Dois meses após a entrada em vigor do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o impacto na economia brasileira é menor do que o estimado inicialmente. Da pauta de exportações, 44,6%, ou seja, menos da metade dos produtos, estão sob impacto do percentual máximo, de 50%. Outros 29,5% são sobretaxados em menor carga. E há 25,9% de itens que estão isentos.

Os dados são de um monitoramento da Câmera Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), com base na análise da relação comercial dos dois países em 2024, detalhado ao GLOBO a partir de números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

A radiografia do impacto do tarifaço mostra que os produtos-alvo de alíquota máxima são commodities, como café, carne e açúcar, que têm mais facilidade para redirecionar as vendas a outros mercados, explica Fabrizio Panzini, diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Amcham Brasil. É esse ponto que reforça o impacto menor que o previsto, a capacidade de escoar produção a outros países.

Efeito setorial e regional

No setor de café, as exportações para o mercado americano, o maior do mundo para a bebida, despencaram 56% em setembro em relação a 2024, e devem zerar nos próximos dias, enquanto países como a Alemanha se consolidam como destinos alternativos.

Marcos Matos, diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), diz que o tarifaço provocou forte alta nos preços para o consumidor americano. Em 30 de julho, o preço do café era de 284 centavos de dólar por libra-peso. Atualmente, está em torno de 380 centavos:

— Isso causou uma grande realocação do mercado. A Colômbia exporta 40% para os EUA e 20% para a Europa. O Brasil, 16% para os EUA e 50% para a Europa. Aqueles 20% da Colômbia para a Europa vão reduzir e eles vão focar nos EUA. E o Brasil vai focar em outros países. Vamos ver o volume de vendas aos EUA cair abruptamente. Tende a zerar neste início de mês.

Em outros setores, porém, o impacto das tarifas pesa e se traduz em estoques lotados, pressão nos custos e demissões enquanto se busca crédito e novos mercados. Na indústria da madeira, já são mais de 4 mil trabalhadores dispensados. Em outras áreas, que dependem menos das exportações aos EUA, a saída é ampliar as vendas no mercado interno.
 

 
 

— O impacto é muito importante principalmente quando se olha setorial e regionalmente. Fora das commodities, o restante acaba ficando muito mais fragilizado, como o mel do Nordeste, a madeira e os móveis do Sul e as máquinas e equipamentos do Sudeste. É um grupo que a tarifa vai derrubar as exportações caso não seja feita alguma ação — avalia Panzini, da Amcham Brasil.

Quando se observa o total de exportações brasileiras aos EUA no ano passado, é possível verificar que 74,1% se tornaram alvo este ano de algum tipo de sobretaxa. O grupo formado por commodities foi atingido duplamente, tanto pela tarifa recíproca de 10% anunciada por Trump em abril junto de uma grande tabela de países e números diante das câmeras, quanto pela sobretaxa adicional de 40% que entrou em vigor a partir de agosto. O somatório destas duas categorias resulta na alíquota máxima de 50%.

O grupo formado por produtos como ferro fundido, aviões e suco de laranja foi alvo somente da tarifa recíproca de 10%. E um conjunto minoritário foi onerado com a sobretaxa anunciada em agosto, de 40%, como medicamentos e filé de peixe.

No xadrez tarifário de Trump, há espaço para produtos que foram impactados por tarifas setoriais específicas, previstas no âmbito da Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio dos EUA, que permite a imposição de tarifas sobre bens considerados críticos para a segurança nacional. É nesta categoria que se encontram aço, alumínio e cobre, com percentual de 50%, e automóveis e autopeças, com taxa de 25%. Somados, os produtos atingidos por tarifas setoriais chegam a 9,8% da pauta.

Estatísticas mostram o impacto da avalanche de tarifas. Dados do governo federal mostram que, de janeiro a agosto, as exportações aos EUA subiram 1,6% na comparação com o ano passado. A alta, porém, é puxada pelo primeiro semestre: em agosto, as vendas desabaram 18,5%.

No setor de maquinário, os EUA representaram 26,9% das exportações no ano passado. Dados de agosto indicam que a queda nas vendas para o país ainda não afetou todo o setor. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) chegou a prever que as exportações fossem zeradas em setembro, mas as expectativas agora são um pouco mais otimistas.

— Empresas que direcionavam a maior parte das suas exportações para os EUA vão distribuir esses produtos para outros países. Existe essa reestruturação no mercado internacional — destaca Cristina Zanella, diretora de Competitividade, Economia e Estatística da entidade.

Algumas empresas já reduziram as entregas e registraram cancelamentos. A indústria teve aumento de empregos em setembro, já que parte das companhias depende mais do mercado doméstico, mas há casos de quem teve de demitir em razão da redução de contratos e projetos.

Enquanto se aguarda um encontro entre o presidente Lula e Trump, Panzini aponta que há outros caminhos para contornar os efeitos das sobretaxas. Nos EUA, empresas americanas que dependem de produtos brasileiros tentam comover o governo. E representantes do setor produtivo daqui se mobilizaram, como celulose e ferro-gusa, que entraram na lista de isenções.

‘Mais danoso para os EUA’

No início de setembro, o empresário Joesley Batista, acionista da J&F, se encontrou com Trump para discutir a taxação de 50% à carne.

Mas há outras estratégias. Segundo fontes, em móveis e máquinas e equipamentos há casos de empresas se instalando em outros países da América Latina para processar e enviar produtos aos EUA.

Para o tributarista Leonardo Briganti, sócio do escritório Briganti Advogados, o tarifaço foi prejudicial no curtíssimo prazo. China e outros mercados na Ásia e Europa absorveram parte da demanda, mas ainda não se sabe se é movimento pontual. Para o Brasil, diz, a principal preocupação está nos próximos meses:

— O efeito foi mais danoso para os EUA. A ideia de reindustrializar os EUA não aconteceu. Houve alta de custo e há pequeno e médio importador sofrendo.

Nos EUA, de outro lado, o governo Trump discute um socorro de cerca de US$ 10 bilhões ao agronegócio, principalmente aos produtores de soja, que viram o custo aumentar com a guerra tarifária.

Busca de novos clientes

Indústrias de madeira tentam buscar clientes em outros países, mas em algumas empresas fatia importante da produção é dedicada aos EUA. Na paranaense Randa, 100% das molduras fabricadas iam para os EUA, assim como metade do compensado produzido. Com as sobretaxas, o faturamento caiu 30%.

Cerca de 200 funcionários foram dispensados, e os 600 restantes passam por rodízio de férias coletivas de 30 dias. Metade da produção está parada. Além de buscar mercado na América do Sul e Europa, a Randa tenta escoar a produção no mercado interno, mas a oferta é grande e o preço caiu 20%.

— Os estoques estão lotados, e estamos pagando armazéns nos portos, o que traz custo maior. Estamos sangrando o caixa e o empréstimo via BNDES não sai. A pergunta é até quando vamos conseguir segurar — diz o CEO Guilherme Ranssolin.

Na Engemasa, empresa de fundição e usinagem de aços inoxidáveis e ligas especiais que tinha 60% do faturamento vinculado a clientes americanos, os estoques estão parados. Em agosto, ela cortou 10% do quadro de 500 funcionários, e prevê férias coletivas até o fim do ano. A saída foi recorrer ao pacote de socorro do governo federal para empresas afetadas pelo tarifaço. Sócia e diretora administrativa e financeira da Engemasa, Paula Sverzut Stecca explica que realocar produtos é difícil porque são equipamentos feitos sob encomenda e com poucos fabricantes.

— Tentamos produzir para escoar antes do início das taxas, mas vários projetos ficaram para trás. Estamos colocando mercadorias num campo de futebol porque não temos onde armazenar. Tentamos negociar, mas, para essas empresas, um dia parado representa milhões. Podem encontrar um concorrente— diz.

A paulista Fider Pescados vem expandindo as vendas no país, alcançando mais clientes em São Paulo e regiões próximas, além de supermercados e atacadões que antes não atendia. Mas os EUA, destino de 5% das tilápias da empresa, seguem relevantes: a saída para manter o canal de vendas aberto com clientes americanos foi baixar os preços em até 15 %.

As exportações para o país caíram de 150 para 20 toneladas por mês. O restante foi absorvido pelo Brasil e pelo Canadá, que aumentou sua compra de 10 a 15 toneladas para 50 toneladas.

— Começamos a buscar clientes no país que não estavam na nossa carteira. Como é um período de crescimento de consumo, já que o peixe é mais consumido em períodos mais quentes, começamos a ter clima favorável e a demanda no mercado interno cresceu — conta o diretor da Fider, Juliano Kubitza.

 
Fonte: O Globo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/10/2025

 

Siderúrgicas anunciam aumento nos preços do aço em outubro

As principais siderúrgicas do país — CSN, ArcelorMittal e Gerdau — anunciaram reajustes no preço do aço a partir de outubro. Os aumentos serão de 7,5% a 8% para bobinas a quente e de 3,5% a 4% para os demais produtos, informou o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). A pressão de custos foi apontada como o principal fator para os reajustes. Segundo o presidente executivo da entidade, Carlos Jorge Loureiro, a Usiminas também deve seguir o movimento.

O anúncio ocorre em um cenário de retração no mercado interno. Em agosto, as vendas de aços planos caíram 3,6% em relação ao mesmo período de 2024, somando 337,4 mil toneladas. Na comparação com julho, a baixa foi de 2,4%. No acumulado do ano, de janeiro a agosto, o recuo é de 0,1%, com 2,6 milhões de toneladas comercializadas.

As compras também tiveram forte queda no mês: 12,3% em relação a julho e 11% na comparação anual, totalizando 327,6 mil toneladas. De janeiro a agosto, a redução foi de 0,4%, para 2,7 milhões de toneladas.

O estoque de agosto fechou em 1,08 milhão de toneladas, queda de 0,9% frente a julho, o que representa um giro de 3,2 meses — considerado elevado pelo Inda.

As importações recuaram 5,7% em relação a julho e 16,2% frente a agosto do ano passado, para 241,4 mil toneladas. Mesmo assim, os laminados a quente foram destaque de alta no acumulado do ano, com a China se mantendo como principal origem do produto.

Já as exportações seguem fracas: foram 41 mil toneladas em agosto, principalmente destinadas à Argentina, com destaque para embarques da Usiminas.

Apesar do cenário de retração, a expectativa do setor é de leve recuperação em setembro, com previsão de alta de 5% nas compras e vendas em relação a agosto. Para o acumulado até setembro, o Inda projeta avanço de 0,8% nas vendas.

A entidade também acompanha o mercado internacional. Loureiro disse esperar que o preço do minério de ferro encerre 2025 entre US$ 100 e US$ 105 por tonelada — patamar semelhante ao atual.

 
Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/09/2025

 

Tarifas geram contra-ataques e redesenham o mapa global do comércio de aço

À medida que as políticas comerciais de Donald Trump desferem um golpe devastador nas siderúrgicas de todo o mundo, países como México, Canadá e Brasil revidam - mas os Estados Unidos não são seu único alvo.

Embora as três nações tentem negociar com o governo Trump para reduzir as tarifas de até 50% impostas em junho sobre o aço importado para os EUA, elas também estão concentradas em aumentar a demanda local para compensar a queda nas exportações.

Isso significa bloquear a crescente onda de oferta chinesa barata que ameaça empurrar os produtores locais para fora de seus mercados domésticos.

O México anunciou um plano este mês para aumentar as tarifas sobre produtos da China, inclusive aço, para até 50%.

O Canadá também implementou medidas protecionistas e, no Brasil, os produtores de aço estão pedindo ao governo que imponha mais barreiras comerciais à oferta estrangeira.

Juntos, os três países foram responsáveis por 38% das importações americanas da liga em julho e cerca de metade no ano passado.

“Precisamos de medidas de defesa comercial rápidas e eficazes”, disse Marco Polo de Mello Lopes, chefe do grupo industrial Instituto Aco Brasil, em uma conferência no mês passado.

O aço chinês responde atualmente por 65% do mercado brasileiro de importação, acrescentou. “O grande desafio é recuperar o terço do mercado que perdemos para as importações predatórias.”

A China iniciou uma investigação de barreira comercial e de investimento sobre as medidas do México na quinta-feira (25), de acordo com uma declaração do Ministério do Comércio da China. Espera-se que a investigação termine dentro de seis meses, embora possa ser prorrogada por até três meses.

As medidas para interromper as importações de aço chinês podem ajudar a posição de negociação dos três países com os EUA.

As tarifas de Trump sobre os vizinhos dos EUA nas Américas ocorrem no momento em que seu governo trava uma guerra comercial mais ampla contra a segunda maior economia do mundo, visando, em parte, conter o fluxo de produtos chineses baratos para países de todo o mundo.

O aço chinês foi responsável por mais da metade do mercado global de aço no ano passado, de acordo com dados da World Steel Association.

Mas a mudança em direção a um maior protecionismo nas Américas - uma reversão de décadas de globalização e laços transfronteiriços estreitos na região - pode não convencer Trump a ceder.

Embora alguns países tenham conseguido reduções de tarifas e isenções para determinados produtos, o presidente dos EUA considerou as tarifas sobre o aço essenciais para proteger a segurança nacional e aumentar a produção doméstica da liga metálica.

Suas políticas comerciais estão fortalecendo o setor siderúrgico nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que atingem os produtores no exterior, remodelando as cadeias de suprimentos à medida que as empresas se esforçam para evitar pesadas taxas sobre insumos e exportações.

Um porta-voz do Office of the US Trade Representative não respondeu aos pedidos de comentários.

Desde que Trump anunciou as tarifas sobre o aço, os volumes enviados do Canadá e do Brasil para os EUA despencaram. As importações dos EUA provenientes desses países caíram 45% e 27%, respectivamente, em julho em relação ao ano anterior, segundo dados do US Census Bureau.

O México ainda não sentiu o impacto total dos impostos devido aos estoques, com o aço enviado para os EUA aumentando 50% em julho.

Ainda assim, os danos nos setores do México, Canadá e Brasil já foram generalizados.

A Algoma Steel Group, que opera uma grande usina em Ontário, está interrompendo os embarques de aço para os EUA, disse o principal executivo da empresa à Bloomberg News.

A operadora ferroviária Canadian Pacific Kansas City também foi forçada a interromper seus embarques transfronteiriços de aço, que representam 41% de sua receita em metais, minerais e produtos de consumo.

E a brasileira Gerdau cancelou seus planos de investir cerca de US$ 600 milhões em uma nova usina siderúrgica no México.

Embora alguns consumidores de aço dos EUA estejam recorrendo aos estoques para amenizar o golpe da redução da oferta ou tenham sido protegidos por contratos assinados antes das tarifas, o próximo ano poderá ser mais difícil à medida que os produtos armazenados se esgotarem e o aço estrangeiro se tornar muito caro.

No primeiro semestre do ano, cerca de US$ 750 milhões em projetos foram cancelados pelas sete maiores empresas siderúrgicas do México e pelo menos 4.000 empregos diretos foram perdidos, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Bloomberg News, que pediu anonimato porque a informação não é pública.

A demanda de aço do México caiu 8,1% nesse período, segundo dados da Câmara Nacional da Indústria de Ferro e Aço, conhecida como Canacero.

A associação siderúrgica saudou os esforços do governo mexicano para restringir o aço chinês com tarifas mais altas. “É essencial ter medidas que defendam a produção mexicana, promovam a competitividade e protejam o emprego”, disse a Canacero em um comunicado de setembro.

 

Embora a tarifa principal sobre o aço seja de 50%, na verdade os países têm uma taxa efetiva menor. Para o ferro e o aço, em julho, ela está abaixo de 30% para o Canadá, México e Brasil, de acordo com dados compilados pela Bloomberg News, que são calculados para incluir isenções negociadas.

O México e o Canadá estão relativamente protegidos graças a uma isenção para o metal que é “derretido e derramado” nos EUA, bem como isenções de outras tarifas sobre o conteúdo não metálico desses produtos, de acordo com a Bloomberg Economics.

Os EUA continuam sendo um importador líquido de aço e precisarão continuar comprando aço estrangeiro, a menos que a indústria nacional se expanda em grande escala. O destino final das tarifas de Trump, entretanto, permanece incerto depois que a Suprema Corte concordou em ouvir argumentos sobre a legalidade das tarifas.

Mas, no curto prazo, as medidas protecionistas voltadas para a China estão se proliferando à medida que as siderúrgicas das Américas se ressentem dos impostos de Trump.

Além dos aumentos das tarifas do México sobre o aço chinês, seu governo está investigando usinas siderúrgicas fantasmas, operações que existem apenas no papel na Ásia e servem de cobertura para as importações estrangeiras, uma vez que os proprietários tentam escapar das tarifas ou sanções.

O governo já interrompeu as importações de mais de mil dessas usinas siderúrgicas falsas, das quais 40% estavam ligadas à China, 10% à Índia e 6% ao Irã, disse Luis Rosendo Gutiérrez Romano, vice-ministro da economia do México para o comércio, em uma entrevista em agosto.

O Canadá impôs tarifas de 25% sobre o aço chinês e, em julho, reforçou suas cotas tarifárias - que impõem tarifas mais altas sobre valores acima de um determinado nível - para limitar ainda mais as importações de países parceiros não americanos.

O governo também acrescentou uma sobretaxa de 25% sobre os produtos siderúrgicos de qualquer país, exceto os EUA, que contenham aço derretido e derramado na China.

As empresas contratadas pelo governo canadense também serão obrigadas a adquirir aço de produtores nacionais, à medida que o país aumenta seus gastos militares, de infraestrutura e de habitação.

Ainda assim, muitas siderúrgicas canadenses terão que se voltar para novas áreas de fabricação - o Canadá não é um produtor de vigas, por exemplo, e tem capacidade demais em bobinas de aço usadas em diversos produtos, como carros.

O governo canadense apresentou apoio financeiro, como uma iniciativa de C$1 bilhão ($727 milhões) para ajudar as siderúrgicas com projetos de investimento, e o Canadá está examinando medidas adicionais, disse a Ministra da Indústria, Melanie Joly, à Bloomberg News no mês passado.

Ela também destacou o acordo entre a Swebor Stal Svenska da Suécia e a fabricante canadense de veículos blindados Roshel para produzir aço de grau balístico em uma nova instalação.

O Brasil, por sua vez, está investigando se são necessárias tarifas antidumping sobre as importações de 25 tipos de produtos de aço da China. O governo implementou um sistema de cotas tarifárias para limitar as importações de alguns produtos siderúrgicos e apoiar as usinas siderúrgicas locais - uma medida que a indústria considera ineficaz.

Em um discurso no final de julho, Zhao Minge, presidente da China Iron & Steel Association, alertou sobre possíveis medidas protecionistas de países inundados pelo aço chinês. A exportação em larga escala de “produtos de aço primário de baixo valor agregado” não se alinha com as políticas de exportação da China, disse ele.

Se os principais importadores de aço dos EUA descobrirem que “suas remessas para os EUA estão bloqueadas, então, para equilibrar a oferta e a demanda domésticas de aço, eles reduzirão as importações da China”, disse ele.

No entanto, as medidas protecionistas podem não ser suficientes para mudar o rumo das siderúrgicas nas Américas, segundo alguns analistas e executivos do setor. No Canadá, o comércio transfronteiriço de aço foi efetivamente interrompido e o setor disse ter cortado cerca de 1.000 empregos.

A Algoma, uma das maiores produtoras de aço do Canadá, está se desfazendo de seus negócios nos EUA com base no pressuposto de que as tarifas de Trump serão aplicadas no curto e médio prazo, disse o CEO Michael Garcia em uma entrevista no início deste mês.

A empresa está em “discussões muito avançadas” com o governo canadense para obter um empréstimo federal de C$500 milhões para conter as perdas crescentes, acrescentou.

“Descobrimos que é impossível manter nossos negócios nos EUA”, que representam cerca de 60% da carteira da Algoma, disse ele.

O mercado canadense está enfrentando um excesso de oferta estrangeira, que responde por cerca de 65% do aço vendido no país, disse Garcia. A Algoma está tentando substituir o máximo possível dos negócios nos EUA “por negócios domésticos, mas estamos achando isso muito, muito desafiador, dada a dinâmica do mercado canadense”, disse ele.

O Brasil também está sob pressão significativa, já que as tarifas dos EUA levam a China a redirecionar seus suprimentos. A fabricante multinacional de aço ArcelorMittal, sediada em Luxemburgo, poderia adiar seus planos para uma nova fábrica planejada no Brasil, de acordo com o chefe de suas operações no país, Jorge Oliveira.

“O risco de investimento existe e, se as importações continuarem aumentando, poderemos adiar”, disse ele em uma entrevista no final do mês passado.

A reorganização do comércio global também forçou a ArcelorMittal a interromper as exportações de 400 mil toneladas de placas de aço fabricadas no Brasil para o Canadá, que agora não pode reexportar para os EUA, disse Oliveira.

O presidente da Gerdau, Andre Gerdau Johannpeter, alertou em uma conferência em São Paulo, em agosto, que o setor siderúrgico brasileiro está próximo a um ponto de ruptura, com qualquer queda adicional na capacidade dos atuais 66% podendo ameaçar os empregos. “A grande questão é onde estarão os empregos - na China ou no Brasil?”, disse ele.

Vale lembrar que o confronto político entre o Brasil e Trump em relação ao tratamento dado ao seu aliado Jair Bolsonaro foi um duro golpe para a tentativa do Brasil de fechar um acordo bilateral sobre tarifas de aço.

Desde que Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, os canais diplomáticos entre os dois países ficaram em silêncio - e as conversas só serão retomadas quando as tensões diminuírem, disse Lopes, diretor do Instituto Aço Brasil.

Barry Zekelman, o bilionário CEO da Zekelman Industries , disse em uma entrevista no mês passado que as siderúrgicas canadenses não sobreviverão a menos que as políticas comerciais dos EUA mudem. Sua empresa, fabricante de tubos de aço com sede em Chicago, tem uma fábrica de tubos em Ontário e possui uma participação na Algoma.

As usinas canadenses “não podem sobreviver com as tarifas que estão pagando”, disse ele. “Elas vão fechar as portas se isso continuar.”

 
Fonte: Bloomberg News
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/09/2025