Tarifas dos Estados Unidos devem impactar preços do aço no Brasil
Os preços do aço praticados pelo setor no Brasil tendem a ser impactados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações norte-americanas, de acordo com analistas consultados pelo Diário do Comércio. Eles ressaltam, contudo, que ainda é cedo para estimar os efeitos, visto que a taxação poderá ser reduzida para alguns países.
Partindo do pressuposto que Donald Trump não flexibilize a alíquota de 25% sobre as importações de aço, possivelmente haverá um excesso de oferta no curto prazo e, consequentemente, uma queda nos preços no mercado doméstico – e também internacional –, conforme o sócio-diretor da Belo Investment Research, Paulino Oliveira.
“É importante relativizar o peso da economia norte-americana em termos de mercado global de aço, pois eles não são os principais consumidores”, pondera.
“Acredito que terá algum ajuste importante no curto prazo, mas os drivers de longo prazo continuarão sendo a China e a Índia”, complementa, enfatizando que a participação desses países no consumo aparente de aço global é bem maior do que a dos Estados Unidos, que respondeu por somente 5,1% do indicador em 2023 (dados da World Steel).
Para o especialista da Valor Investimentos, Pedro Sangaletti, considerando que a taxa seja mantida como está, o Brasil terá que adotar estratégias para diversificar suas exportações e até mesmo para fortalecer o mercado interno de aço. Na avaliação dele, se isso não acontecer, poderá haver um cenário de alta nos preços praticados no País, porque as siderúrgicas terão que repassar as perdas de margens com a imposição das tarifas.
Preços do aço subiram em janeiro no País
Segundo Sangaletti, em meio a um cenário de volatilidade, os preços do aço na China caíram em janeiro, embora a queda não tenha sido expressiva. Na Europa, de acordo com ele, os preços se mantiveram estáveis. Já no Brasil, conforme o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), os reajustes das siderúrgicas variaram aproximadamente em 5%.
O analista independente Pedro Galdi pontua que se a tarifa imposta pelos Estados Unidos não for alterada, a siderurgia brasileira tende a ser pressionada e será mais difícil para as empresas que reajustaram para cima os preços no mês passado aumentem novamente, visto que o aço de outros países se tornaria mais competitivo em relação ao do Brasil.
Na avaliação dele, como a tendência é que a inflação suba, as siderúrgicas vão tentar, pelo menos, repassar a alta inflacionária, algo que já é habitual.
Galdi não acredita que possa haver uma redução de preços por conta da taxação norte-americana. Ele ressalta que se as empresas aguentaram as importações aumentarem substancialmente nos últimos tempos, tomando o espaço delas no mercado interno, sem diminuir os valores, elas estão confortáveis e não deverão fazer isso agora.
“Tudo pode mudar se conseguir uma taxa menor. Os Estados Unidos continuarão viáveis e isso leva a abrir mão de tentar algum reajuste de preço”, diz. “Mas o aço vai continuar chegando barato e as importações podem seguir crescendo”, salienta.
Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/02/2025