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Investigação antidumping sobre aço da China é a maior já aberta, diz governo

O Brasil abriu na última terça-feira a maior investigação antidumping de sua história, disse nesta quinta-feira a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. O alvo são 25 produtos siderúrgicos importados da China. As averiguações deverão demorar 18 meses.

“As pessoas me perguntam muito se isso tem a ver com os Estados Unidos”, comentou a secretária.

O governo americano levantou suspeitas de que o Brasil estaria exportando para lá produtos siderúrgicos trazidos da China, numa espécie de triangulação.

“Na verdade, o período coberto por essa análise é anterior a essas alterações tarifárias”, disse. “Mas, no contexto de mudanças importantes no cenário internacional para o setor siderúrgico, essa investigação é especialmente oportuna, eu diria.”

A decisão do governo brasileiro de coibir supostas práticas desleais de comércio por parte da China pode influenciar o diálogo com os Estados Unidos em torno da elevação das tarifas sobre o aço. A administração de Donald Trump fixou nesta semana uma taxação de 50% para importações de aço e alumínio. Antes, em março, essa tarifa havia sido estabelecida em 25%.

A taxação incide sobre produtos de todas as origens. O governo brasileiro tem investido em diálogo com o governo dos EUA. Os principais argumentos são que as indústrias dos dois países são complementares e que o comércio bilateral é superavitário para os Estados Unidos.

As investigações antidumping, explicou Prazeres, foram iniciadas porque havia indícios de dumping e de dano causado ao mercado brasileiro por essas importações. “O governo está atento à situação da indústria doméstica no setor siderúrgico”, comentou a secretária. “Assim, age a partir de parâmetros técnicos contidos nas regras internacionais e brasileiras sobre combate a práticas desleais de comércio.”

O dumping é uma prática desleal de comércio que consiste em vender, a outros países, produtos com preço abaixo do custo de produção ou do preço no mercado de origem. Quando essa situação causa dano no mercado de destino, é possível ao país prejudicado aplicar sobretaxas na importação desses produtos, de forma a equilibrar a concorrência.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/06/2025

Trump pode dar empurrão no acordo do Mercosul-UE com tarifaço?

A ameaça do presidente americano, Donald Trump, de aplicar tarifas de 50% sobre as importações da União Europeia (UE), uma escalada de sua guerra comercial, pode reduzir a resistência da França a aceitar o acordo entre o bloco europeu e o Mercosul, na avaliação de especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.

O assunto deve ser um dos focos da visita de Estado do presidente Lula à França a partir desta quarta-feira (4/6).

Apesar das boas relações bilaterais, o líder francês, Emmanuel Macron, declarou em inúmeras ocasiões sua oposição categórica ao tratado de livre comércio concluído em dezembro passado em Montevidéu, no Uruguai, reiterando que o texto finalizado, após 25 anos de discussões, é "inaceitável".

A entrada em vigor do texto ainda depende da aprovação de outras instâncias da UE.

"A decisão americana de aumento das tarifas é muito violenta, com forte impacto em países como a França e a Alemanha, e suscita reflexões estratégicas na Europa sobre a necessidade de buscar parceiros comerciais diferentes", afirma Antoine Bouët, diretor do Centro de Estudos Prospectivos e Informações Internacionais (CEPII) e professor de economia da Universidade de Bordeaux.

"Do lado francês, pode haver uma reconsideração da posição em relação ao acordo com o Mercosul."

Inicialmente, em fevereiro, os EUA anunciaram tarifas de 25% sobre os produtos europeus. Depois em maio elas passaram para 50% e deveriam entrar em vigor em 1° de junho. Mas após uma nova reviravolta, Trump recuou e adiou o ultimato para 9 de julho. No entanto, no caso do aço e do alumínio, o presidente americano declarou na sexta passada que a alíquota de 50% já seria aplicada nesta semana.

"O setor industrial francês, sobretudo automotivo, de transporte e de vinhos, está inquieto com o novo cenário internacional e pressiona o governo para a aprovação do acordo com o Mercosul", ressalta Bouët.

A oposição do governo francês ao texto é motivada pela pressão dos agricultores, que alegam ter de cumprir exigências sanitárias e ambientais mais rigorosas de produção e denunciam a concorrência, que poderia destruir milhares de empregos. Ecologistas também se opõem ao texto. As autoridades francesas temem novos protestos agrícolas como os que ocorreram no ano passado e que bloquearam eixos centrais de rodovias no país.

Macron teria ficado tão furioso com a conclusão das negociações que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que participou da cúpula em Montevidéu, não compareceu à cerimônia de reabertura da catedral Notre-Dame em dezembro, que ocorreu um dia depois do evento no Uruguai, embora sua presença estivesse inicialmente prevista. A imprensa francesa comentou que Macron teria decidido retirar o convite.

Para ser ratificado, o acordo com o Mercosul precisa ser aprovado pelo Conselho Europeu, que reúne os chefes de Estado e de governo do bloco. Para bloquear o texto, é necessário somar quatro países que representem 35% da população da União Europeia. A Polônia se juntou à França e a Itália também declarou, antes da crise desencadeada pela nova política tarifária dos EUA, sua oposição ao tratado. Uma outra etapa é receber o sinal verde do Parlamento Europeu.

"O governo francês se opõe ao acordo em razão do clima político na França. Macron e membros do governo se mostraram no passado favoráveis ao livre comércio. O presidente não é categoricamente contra. É uma tentativa de alinhamento em relação à opinião pública", afirma o economista Rémi Bourgeot, pesquisador ligado ao Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), com sede em Paris.

"A guerra comercial vai no sentido de colocar o acordo na rampa de lançamento. A situação internacional pode ser um pretexto para acelerar sua ratificação e ele será adotado de uma maneira ou de outra", afirma Bourgeot, ressaltando, no entanto, que o governo francês está em uma situação precária, sem maioria no parlamento, e que aceitar algo em que até então havia uma posição de hostilidade o deixaria ainda mais fragilizado.

Segundo Bourgeot, Macron tentaria modificar um pouco o acordo com o Mercosul para poder dizer que obteve tal concessão, mesmo que mínima.

No início de abril, o ministro francês das Finanças, Éric Lombard, reconheceu que em razão da ameaça americana de tarifaços e de seu impacto sobre o comércio internacional é preciso "apressar" as discussões sobre o acordo com o Mercosul, em um raro aceno à eventualidade de uma mudança na posição francesa.

Lombard fez essa declaração em um encontro em Paris com o ministro brasileiro da Fazenda, Fernando Haddad. Ao mesmo tempo, o francês reiterou a oposição francesa à ratificação do acordo, afirmando que faltam ajustes para concluí-lo. Eles envolvem, de acordo com o francês, "a questão da pegada ecológica, a área industrial e também assuntos relativos à agricultura."

"Compartilhamos com o Brasil o desejo de desenvolver o multilateralismo e o projeto de acordo com o Mercosul se insere nesse contexto", afirmou na ocasião o ministro francês.

O presidente do Banco Central francês, François Villeroy de Gaulhau, informou recentemente Macron que o acordo com o Mercosul poderia "amortecer o choque" dos impactos tarifários vinculados à guerra comercial de Trump.

O professor de economia da universidade Sorbonne Paris Nord e pesquisador do Iris, Philippe Barbet, diz à BBC News Brasil que o acordo com o Mercosul é equilibrado e favorável ao setor industrial europeu e mais ainda ao de serviços.

No caso da agricultura, ele representa um problema para os produtores de cereais e de carne, embora a carne do Mercosul represente apenas 1,3% do consumo na França, diz ele, e uma vantagem para outros setores agrícolas, como o de vinhos e queijos.

"Os acordos comerciais não estão mais na moda na França", diz Barbet, ressaltando que é complicado para o governo francês recuar de sua posição. "A situação política na França não permite", diz.

Segundo o economista, não haveria mudança de opinião do governo francês em razão das tarifas anunciadas por Trump, que tornam, na avaliação de Barbet, o acordo da UE com o Mercosul ainda mais importante.

"A agricultura francesa atravessa uma crise profunda e o lobby agrícola francês é muito potente. Há também uma ligação muito forte dos franceses com esse setor."

Ele destaca que se a França conseguir obter alguma mudança, ainda que simbólica, do texto, como por exemplo um maior controle dos produtos do Mercosul nas fronteiras do bloco, isso poderia facilitar uma mudança de posição do governo.

"O acordo será finalizado porque a França não vai conseguir bloqueá-lo. O país está relativamente isolado", afirma Barbet. Ele evoca ainda a possibilidade de que nos bastidores a França poderia não se empenhar para obter o apoio de outros países para conseguir o bloqueio do texto, sem precisar, oficialmente, mudar de posição.

Do lado francês, pouco antes da chegada do presidente Lula a Paris, o discurso continua o mesmo.

"A França não mudou sua oposição ao acordo como Mercosul, apesar da alta das tarifas alfandegárias americanas. Pensamos que esse acordo não é bom para a economia francesa e, em particular, para os consumidores e produtores agrícolas europeus", disse à BBC News Brasil uma fonte diplomática da França.

"Não somos contrários por princípio aos acordos comerciais. Analisamos caso a caso o resultado das negociações em função de nossos interesses. É por essa razão que nos opomos ao acordo com o Mercosul, que no estado atual não é satisfatório", acrescenta a fonte diplomática francesa.

"Devemos ter uma agenda comercial europeia que seja coerente com nossa agenda regulamentatória e climática", ressalta a fonte.

No ano passado, a França foi o 29° principal destino das exportações brasileiras, enquanto a França foi a 8ª maior fornecedora do Brasil.

A balança comercial entre os dois países, de cerca de US$ 9 bilhões no ano passado, é favorável para a França. Ela foi impulsionada pelo aumento de 11% nas importações do Brasil, que atingiram US$ 6,1 bilhões, segundo dados do governo brasileiro. Já as exportações do país para a França ficaram estáveis, totalizando US$ 2,9 bilhões.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, declarou ter a expectativa de que o acordo comercial entre a UE e o Mercosul seja definitivamente concluído em dezembro. Resta saber como a posição francesa poderá evoluir nos vários encontros que Macron terá com Lula nos próximos dias na França.

Fonte: BBC
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 04/06/2025

 

Índia assume protagonismo e desafia a China na produção de aço

Nos últimos anos, a indústria siderúrgica global tem observado mudanças significativas, especialmente na Ásia. A Índia, em particular, está emergindo como um importante ator no mercado de aço, desafiando a posição dominante da China. Este crescimento é impulsionado por uma série de fatores econômicos e industriais que prometem transformar o cenário global da siderurgia, segundo o site Brasil Perfil.

Com uma economia em rápida expansão, a Índia está aumentando sua capacidade de produção de aço para atender à crescente demanda interna e internacional. A disponibilidade de recursos naturais, como o carvão, a preços competitivos, tem sido um dos motores desse crescimento. No entanto, a transição para práticas mais sustentáveis é um desafio que o país precisa enfrentar.

Como a Índia está lidando com os desafios ambientais?

Um dos principais desafios para a Índia é a descarbonização de sua indústria siderúrgica. O país se comprometeu a reduzir suas emissões de carbono, mas o prazo estabelecido para 2070 é mais longo do que o de outras nações líderes na produção de aço. Isso reflete a complexidade de equilibrar o crescimento econômico com a necessidade de práticas sustentáveis.

Para alcançar suas metas ambientais, a Índia está investindo em tecnologias mais limpas e na modernização de suas instalações industriais. A adoção de energias renováveis e a melhoria da eficiência energética são passos cruciais nesse processo. A colaboração internacional também desempenha um papel importante na troca de tecnologias e práticas sustentáveis.

Quais são as projeções econômicas para o futuro da siderurgia indiana?

A Índia está projetada para se tornar a terceira maior economia do mundo, superando potências como Japão e Alemanha. Com um crescimento econômico robusto, o país está se posicionando para ser um dos principais produtores e exportadores de aço até 2050. Essa expansão econômica é sustentada por uma taxa de crescimento do PIB de aproximadamente 6,5% ao ano.

O aumento da produção de aço na Índia não apenas atende à demanda interna, mas também posiciona o país como um fornecedor crucial no mercado global. A capacidade de inovar e adotar práticas sustentáveis será fundamental para o sucesso contínuo da Índia na indústria siderúrgica.

Qual é o papel do Oriente Médio na produção sustentável de aço?

Além da Índia, o Oriente Médio está se destacando como uma região promissora para a produção de aço sustentável. Empresas globais estão firmando parcerias com países da região para desenvolver projetos que utilizam gás natural e hidrogênio verde como fontes de energia. Essas iniciativas visam reduzir as emissões de carbono e criar um modelo de produção mais sustentável.

Esses projetos no Oriente Médio não apenas diversificam as fontes de produção de aço, mas também contribuem para a redução das emissões globais de carbono. A criação de hubs de produção de aço verde é um passo significativo em direção a uma indústria siderúrgica mais sustentável.

Quais são as perspectivas para a indústria siderúrgica global?

O futuro da indústria siderúrgica está em um ponto de transformação, com a Índia emergindo como um líder potencial no mercado global. O crescimento econômico do país, aliado a esforços para aumentar a produção de aço de forma sustentável, destaca seu papel crescente na economia mundial.

Simultaneamente, a busca por soluções sustentáveis, como a produção de aço verde no Oriente Médio, reflete um compromisso global com a redução das emissões de carbono. A evolução dessas tendências determinará o futuro da siderurgia nos próximos anos, com um foco crescente em práticas industriais sustentáveis.

Fonte: BM&C News
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 03/06/2025

 

Governo de São Paulo corta juros pela metade e incentiva compra de tratores nacionais

O Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, irá oferecer condições especiais de financiamento para a compra de tratores novos de fabricação nacional. Pelo programa Pró-Trator, o Estado, SP irá subsidiar até 50% da taxa Selic, com o objetivo de incentivar a modernização do parque de máquinas no campo, aumentar a produtividade e impulsionar a indústria nacional de implementos agrícolas. “Nosso compromisso é fortalecer o produtor rural com acesso facilitado a crédito e tecnologia. Ao subsidiar parte dos juros, o Estado viabiliza a renovação de equipamentos e contribui para um agro mais competitivo e tecnificado”, acrescenta o governador Tarcísio de Freitas.

Como funciona?

O teto dos juros definido no chamamento é de até 8% ao ano, com limite de financiamento de R$ 50 mil por produtor rural. Os equipamentos elegíveis devem ter motor de até 125 cv de potência. O chamamento Público do governo paulista será publicado nesta terça-feira (03) e irá credenciar bancos cooperativos interessados em atuar como operadores financeiros do programa. As instituições têm até o dia 9 de junho para enviar a documentação necessária e obter a habilitação junto ao governo paulista. “Esse é um passo importante para tornar o financiamento mais acessível, principalmente para o pequeno e médio produtor. Estamos ampliando as parcerias com cooperativas de crédito para que o recurso chegue mais rápido e de forma mais capilarizada”, destacou o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai.

São Paulo lidera vendas de tratores no Brasil

Com forte presença no agronegócio, São Paulo mantém a liderança nacional em vendas de tratores. De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Estado comercializou mais de 7 mil unidades em 2024, representando 21% do total vendido no país. Na sequência, aparecem Paraná, com 4,9 mil tratores vendidos, e Rio Grande do Sul, com 4,3 mil unidades.

Fonte: JP News
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 03/06/2025

 

Trump diz que vai dobrar tarifas sobre o aço importado pelos EUA, de 25% para 50%

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (30) que planeja dobrar as tarifas sobre o aço importado pelo país, de 25% para 50%. A medida preocupa o mercado: se confirmada, irá intensificar a pressão sobre os produtores globais.

A declaração de Trump também reacende temores de uma nova escalada na guerra comercial. Desde o início da sua política tarifária, os mercados têm enfrentado instabilidade, com os principais índices globais registrando quedas acentuadas diante das incertezas provocadas pelo republicano.

"Vamos impor um aumento de 25%. Vamos passar de 25% para 50% nas tarifas sobre o aço importado para os Estados Unidos, o que vai proteger ainda mais a indústria siderúrgica americana", disse Trump nesta sexta, em um comício na Pensilvânia.

As tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio nos EUA estão em vigor desde 12 de março, um mês após a assinatura do decreto por Trump.

A medida afetou diretamente o setor siderúrgico de grandes parceiros comerciais dos EUA, como Canadá e México. O Brasil, segundo maior fornecedor de aço do país, também foi impactado.

Especialistas ouvidos pelo g1 apontam como principal consequência das tarifas a redução das exportações para os EUA. Além disso, o cenário impõe novos desafios ao setor siderúrgico, que pode ser forçado a redirecionar suas vendas ou, no longo prazo, reduzir a produção.

Para as empresas com fábricas no Brasil, os efeitos variam. De um lado, estão as companhias com forte atuação no mercado externo, que tendem a ser mais prejudicadas pela queda nas exportações.

De outro, estão aquelas com foco maior no mercado interno, que sentem menos o impacto direto. No entanto, essas empresas enfrentam o desafio de lidar com o possível aumento da oferta de produtos no mercado doméstico — o que pode pressionar os preços e reduzir as margens de lucro.

Os impactos para Brasil

O Brasil é, em volume, o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, conforme dados do Departamento de Comércio norte-americano. Ao todo, foram 4,1 milhões de toneladas em exportações para o país em 2024.

Os números ficam atrás apenas do Canadá, responsável por 6 milhões de toneladas ao mercado norte-americano. Em terceiro lugar, vem o México, com o envio de 3,2 milhões de toneladas.

Veja abaixo:

 

Ao todo, cerca de 25% do aço utilizado nas indústrias dos EUA é importado. No caso do alumínio, cujo principal exportador para o país também é o Canadá, essa parcela é de 50%.

José Luiz Pimenta, especialista em comércio internacional e diretor da BMJ Consultoria, explica que os EUA são grandes consumidores de aço e alumínio no cenário global — insumos importantes para a produção de automóveis, eletrodomésticos, eletrônicos, construção civil, entre outros setores.

"Brasil e Canadá são os países mais afetados em termos de exportação. O que tende a ocorrer é um efeito de diminuição de importações [pelos EUA] desses países, sobretudo de aço, no curto e no médio prazo", diz, sobre a criação das taxas.

Segundo Pimenta, o cenário irá exigir que o Brasil diversifique os destinos dos produtos, buscando mercados em outros países — tarefa difícil, já que a concorrência esbarra na China, uma grande exportadora. Outra alternativa seria tentar vender o excedente no próprio mercado nacional.

Lia Valls, pesquisadora associada do FGV Ibre e professora da UERJ, acredita que, apesar da concorrência, parte das exportações podem até ser absorvidas pelo gigante asiático.

"A China prefere comprar produtos semifaturados [placas de aço e chapas de alumínio]. Ou seja, pode importar esses materiais para transformar em produto final", exemplifica. "Mas, em um primeiro momento, não está muito óbvio para onde as exportações brasileiras serão dirigidas."

Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos, o cenário de queda nas exportações para os EUA também pode, em um segundo momento, prejudicar o mercado de trabalho na siderurgia brasileira.

"Com menos demanda, as fábricas podem ter que diminuir sua produção, o que pode levar a cortes de empregos. Muitas pessoas que trabalham diretamente na produção de aço e alumínio, além de setores como transporte e mineração, podem ser afetadas", diz.

Como as taxas atingem as empresas

Os impactos das tarifas de Trump nas empresas do país foram avaliados em relatório do Itaú BBA, no início de março. Segundo o banco, empresas exportadoras não listadas na bolsa de valores brasileira — que representam mais de 80% das vendas de aço para fora do país — serão as que mais sentem os efeitos negativos dessas medidas.

É o caso de multinacionais com operação no Brasil, como a ArcelorMittal e a Ternium, indica o Itaú. As companhias produzem placas de aço, que são compradas em grande escala pelos EUA e processadas para uso no mercado doméstico. Diante das taxas, os fluxos podem diminuir, afetando essas (e outras) empresas.

Por outro lado, o relatório aponta que siderúrgicas brasileiras como a Gerdau, Usiminas e CSN não seriam tão prejudicadas. O motivo é que as exportações são menos significativas para a operação dessas companhias, conforme explicou à BBC Daniel Sasson, analista do Itaú BBA para o setor de mineração e siderurgia.

Em nota publicada após o anúncio das tarifas por Trump, o Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas brasileiras, informou ter recebido "com surpresa" a decisão do governo dos EUA.

O instituto disse estar confiante "na abertura de diálogo entre os governos dos dois países, de forma a restabelecer o fluxo de produtos de aço para os EUA nas bases acordadas em 2018", ano em que foi estabelecida uma cota de exportação.

As tarifas — e o vaivém — de Trump

Donald Trump assinou em 10 de fevereiro o decreto que impõe tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio do país. O início das cobranças foi em 12 de março.

O objetivo de Trump ao taxar produtos de outros países é priorizar e incentivar a indústria local. Ele espera que, com custos de importação mais altos, haja um aumento na procura e na produção de insumos nacionais.

"A nossa nação precisa que aço e alumínio sejam produzidos nos EUA, não em terras estrangeiras", afirmou o republicano em fevereiro, ao assinar a ordem executiva que determinou a cobrança das tarifas.

Desde que assumiu seu segundo mandato, o republicano tem anunciado diversas taxas de importação. Trump prometeu, ainda durante a campanha eleitoral, tarifar uma série de produtos de outros países, em especial do Canadá e do México, seus principais parceiros comerciais.

Anunciou também seu tarifaço, no início de abril, que atingiu mais de 180 países. A medida chegou a ser suspensa nesta semana pela Justiça dos EUA, mas uma segunda decisão retomou as cobranças, que seguem em 10% para a maioria das nações.

Produtos da China e alguns setores específicos, como no caso do aço, enfrentam alíquotas mais altas.

Fonte: G1
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 02/06/2025

Vendas de máquinas devem crescer mais de 8% em 2025, se Plano Safra ajudar

As vendas de máquinas agrícolas no Brasil somaram R$ 5,3 bilhões em abril, 11,7% superior ao registrado no mesmo período no ano passado, segundo dados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

No acumulado do ano, as vendas somam R$ 20,34 bilhões, alta de 20,6% na mesma comparação. De acordo com o presidente da Câmara Setorial de Máquinas Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, Pedro Estevão, a expectativa é de que o setor apresente crescimento de 8% até o final deste ano.

“Achamos que tem um viés de alta, que será maior que 8%, mas vai depender muito do Plano Safra. Se vier com juros muito altos, o pessoal vai ficar muito restritivo com relação a novos investimentos”, destacou Pedro Estevão.

Já as exportações de máquinas agrícolas em abril atingiram US$ 134,9 milhões, alta de 17,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, foram US$ 485,7 milhões, alta de 4,2%.

As importações caíram 19,3% em abril, para US$ 132,3 milhões. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, por sua vez, houve alta de 1,2%, com US$ 432,5 milhões.

Fonte: Globo Rural
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 30/05/2025