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Envelhecimento da mão de obra é desafio para a construção

A mão de obra é motivo de preocupação para a maioria dos empresários da construção civil. Atualmente, o número de entrantes para trabalhar no setor é muito pequeno em relação ao que era no passado. Há um envelhecimento na idade média de ajudantes, carpinteiros, mestres de obra e engenheiros.

Não que esse seja um problema que atinge apenas a indústria da construção, é uma realidade nacional presente em todos os setores, incluindo comércio, serviços e agricultura.

Com base nos dados da Rais - Relação Anual de Informações Sociais -, fica evidente que a construção civil não está atraindo tantos jovens para trabalharem nos canteiros de obra como no passado.

De 2015 a 2022 houve redução de 9,33% no número de empregados com carteira assinada com idade até 39 anos. Já o número de trabalhadores com 40 anos ou mais subiu 13,99% no mesmo período, no Espírito Santo.

Essa realidade não é constatada apenas na indústria da construção capixaba. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a idade média dos trabalhadores em obras no Brasil era de 37,4 anos em 2012. Em 2023, esse número subiu para 41,2 anos.

Diferentes fatores explicam esse envelhecimento da mão de obra, dentre eles, o aumento da expectativa de vida no Brasil. Em 2012, a expectativa de vida era de 74,8 anos. Em 2023, esse número subiu para 77,3 anos. Isso significa que as pessoas estão vivendo mais tempo e, consequentemente, trabalhando por mais tempo.

Outro fator é a diminuição da natalidade. A taxa de natalidade no Brasil vem diminuindo nos últimos anos. Em 2012, a taxa de natalidade era de 2,0 filhos por mulher. Em 2023, esse número caiu para 1,7 filhos por mulher. Isso significa que há menos jovens no mercado de trabalho, o que contribui para o aumento da idade média dos trabalhadores.

A formalização do mercado de trabalho também pode ser considerada um fator para que o público 40 mais esteja mais presente nas obras. O mercado de trabalho brasileiro vem se formalizando nos últimos anos.

Isso significa que mais trabalhadores estão registrados em carteira, o que lhes dá acesso a direitos como aposentadoria e seguro-desemprego. Isso faz com que os trabalhadores permaneçam no mercado de trabalho por mais tempo.

A questão é como fazer com que o setor seja atrativo para a mão de obra mais jovem. Tudo aponta para a tecnologia. Ela é o caminho para que a indústria aumente a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores, para que volte a motivar pessoas em início de vida ativa profissionalmente.

A construção civil do futuro exigirá uma abordagem inovadora e colaborativa, onde a valorização do trabalho humano e a adoção de práticas sustentáveis sejam fundamentais para o sucesso do setor. O setor enfrenta uma nova era, onde a criatividade e a ousadia são essenciais para superar os desafios e construir um futuro mais resiliente e eficiente.

Fonte: A Gazeta
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 30/08/2024

 

Fabricantes miram em máquinas mais resistentes e suporte técnico a agricultores após eventos climáticos

Bens caros e de altíssimo investimento para os agricultores, as máquinas agrícolas também ficaram suscetíveis aos danos causados pela enchente no Rio Grande do Sul, ampliando consideravelmente os prejuízos no campo. Antecipando-se a eventos climáticos que tendem a ser cada vez mais frequentes, fabricantes e concessionárias de maquinários começam a se preparar para o novo cenáriooferecendo implementos mais resistentes e prestando maior suporte técnico aos produtores.

Nas grandes montadoras, onde a alta tecnologia embarcada é realidade, os equipamentos modernos priorizam não só o conforto dos operadores e a maior produtividade, mas também a inteligência para a resolução de problemas nas máquinas.

Lucas Zanetti, gerente de marketing de produto da Massey Ferguson, diz que a fabricante vem apostando em iniciativas para ajudar o produtor a evitar danos não só nas condições climáticas adversas, mas também nas situações comuns do dia a dia do campo. Para isso, a marca investe em máquinas e soluções cada vez mais simples.

— Simples no sentido tanto de operação e regulagemquanto no diagnóstico de problemas e na manutenção. Uma manutenção fácil, de menor custo, que é importante principalmente nesses momentos, e confiáveis no sentido de robustez e entrega de produtos resistentes às condições adversas — explica Zanetti.

Na Expointer, os modelos robustos apresentados pelas marcas “escondem” a tecnologia embarcada. Os desenhos são projetados justamente para proteger e fazer com que os componentes sensíveis fiquem blindados dentro do maquinário. A resistência é fundamental para que qualquer dano, seja por água, poeira ou sol, não comprometa o funcionamento dos itens.

Zanetti lembra que as máquinas cada vez mais têm tido incorporação de tecnologia, o que remete a mais componentes eletrônicos. Por isso, é fundamental que esses itens estejam bem posicionados aos conectores e cabeamentos, a fim de resistirem o máximo possível às intempéries. Da mesma forma, a parte eletrônica ajuda no diagnóstico das avarias, com tecnologias como, por exemplo, a telemetria, que permite visualizar uma possível falha antes de ligar a máquina.

— Conseguimos detectar qualquer tipo de falha antes que possa ser uma falha maior ainda. A ferramenta eletrônica visa a ajudar bastante nesse sentido — completa o gerente da Massey.

Assistência no reparo

Além das perdas em terras e em produção, muitos agricultores viram máquinas robustas como colheitadeiras e tratores serem arrastados pela força da água. O reparo correto dos implementos foi fundamental para evitar a perda total dos motores agrícolas.

Para atender emergencialmente aos agricultores atingidos, as concessionárias passaram a oferecer suporte técnico aos produtores, com instruções específicas de reparo para as máquinas danificadas pelo lodo e pela água.

De acordo com as fabricantes, a manutenção inicial das máquinas que ficaram submersas é fundamental para garantir a funcionalidade dos equipamentos. Gigantes como John Deere passaram a oferecer assistência, inclusive remota, para orientar os clientes sobre as maneiras adequadas para a recuperação das máquinas.

— Adaptamos o suporte às necessidades dos clientes da região sul. Desde mapear os parques de máquinas do Estado e entender onde estavam as áreas mais afetadas a oferecer condições financeiras de revisão das máquinas — destacou Cibele Romão, gerente de suporte ao cliente e pós-vendas da John Deere para a região sul.

A Massey disponibilizou um guia de orientações básicas para a manutenção inicial dos maquinários afetados. Procedimentos e cuidados especiais como verificação da parte elétrica e mecânica antes de ligar a máquina são alguns dos passos recomendados, seguidos de limpeza para remoção da lama e, então, o planejamento da manutenção.

Enchente respinga nas compras

O dano financeiro deixado pela enchente impacta no bolso dos agricultores, em grande parte descapitalizados para investimentos de grande porte, como a renovação da frota. Diante do cenário, as marcas vieram para a Expointer com expectativas de vendas mais comedidas nesta edição. O Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers) ainda não divulga um balanço parcial das vendas, mas o movimento entre os estandes é de bastante procura.

Nesta quinta-feira (29), os espaços estavam lotados de público. CEO da SLC Máquinas, Anderson Strada diz que existia uma apreensão grande antes da feira em relação à disposição dos agricultores para consumir. As intenções de compra, no entanto, estão melhores do que o esperado:

— Para nossa surpresa, o volume de clientes que vem para prospectar negócios está além das expectativas. Existe a incerteza com o que de fato se concretiza, claro, mas o produtor está olhando com ideia de se reposicionar frente ao que aconteceu.

O segmento industrial costuma ser motor de faturamento na exposição. Em 2023, foram R$ 7,3 bilhões em negócios sinalizados pela venda de máquinas e implementos.

As perspectivas de recuperação de mercado estão no horizonte das empresas. A expectativa é de que o decorrer do segundo semestre prepare para um próximo ano de maior arrancada, com leve crescimento de vendas diante das projeções de La Niña menos severo e de custo de produção menor ao produtor, diz o gerente da Massey.

Fonte: GaúchaZH
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 30/08/2024

 

Descarbonização da indústria vai demandar R$ 40 bilhões até 2050

A transição para o uso de fontes de energia renováveis, a aplicação de tecnologia para tornar os processos produtivos mais eficientes e a pesquisa e o desenvolvimento (P&D) com foco em produtos de menor impacto estão entre as soluções que vêm sendo aplicadas na indústria brasileira numa jornada rumo à economia de baixo carbono. O processo de descarbonização do setor demandará cerca de R$ 40 bilhões até 2050, ano em que o país deverá cumprir a meta assumida no Acordo de Paris de zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa, segundo projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Considerando a produção e o consumo de energia, o setor contribui com mais de 30% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). A McKinsey estima que a transição para uma economia de baixo carbono exigirá um investimento de US$ 275 trilhões nos próximos 30 anos, o que equivale a cerca de 7,5% do PIB global anual. É um cálculo similar ao da Climate Policy Initiative (CPI), de US$ 266 trilhões.

Alcançar a meta de emissões líquidas zero depende de um conjunto de avanços. Em relatório sobre o percurso até o carbono zero para a indústria, o Fórum Econômico Mundial elenca as cinco áreas-chave que vão determinar a rota de descarbonização: tecnologia, infraestrutura, demanda por energia sustentável, políticas públicas e acesso a capital.

"Neoindustrialização descarbonizada pode aumentar participação da indústria no PIB”
— Rosana Santos

Uma das empresas da Solvay, multinacional belga de químicos, a Rhodia no Brasil tem liderado os avanços do grupo para descarbonização. A meta é que toda a produção brasileira seja neutra em carbono até 2030. A fábrica da empresa em Paulínia (SP) atingiu 95% da meta. O desafio está em reduzir os 5% restantes e fazer o mesmo com outras unidades sediadas no Brasil. A empresa adotou medidas como compra de energia sustentável, uso de biomassa, redução da demanda por gás natural, aplicação de processos para melhoria da eficiência e uso de uma tecnologia de purificação dos gases, além da compra de créditos de carbono. Em outra frente, investe em média de 2% a 3% do faturamento em pesquisa, desenvolvimento e inovação.

“Temos um custo com esses projetos. Mas não vai existir química do futuro sem química verde. Então, é um investimento para se antecipar ao momento em que o mercado [de baixo carbono] estará precificado. Será um diferencial competitivo”, avalia a presidente do Grupo Solvay-Rhodia para a América Latina, Daniela Manique. Segundo ela, a linha de químicos sustentáveis da Rhodia tem no mercado internacional a principal via de faturamento. Um dos entraves para aumentar a penetração destas alternativas no setor no Brasil, como a de um fenol verde, que já foi criado, é o alto valor agregado.

Na descarbonização, uma das principais vantagens competitivas do Brasil é ter uma matriz energética mais limpa que as de outras economias, enquanto alguns dos grandes gargalos são o espaço fiscal e o capital disponível no país para financiar a transição verde, diz Rosana Santos, diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética. “É preciso tomar a decisão de que essa será nossa diretriz de crescimento. Uma neoindustrialização descarbonizada, que possa abocanhar uma parte do mercado recém-nascido de produtos verdes, pode implicar em aumento da participação da indústria no PIB brasileiro e na criação de empregos de maior qualidade, o que vai puxar a economia.”

Para ela, o Brasil tem uma oportunidade de “passar a ser enxergado como um provedor de produtos industrializados de menores emissões”, o que “agrega valor à nossa produção”. Os riscos do país não adaptar sua produção para o baixo carbono incluem a perda de acesso a mercados internacionais e o aumento da desindustrialização. Em determinados segmentos industriais, o país já é visto como referência em produtos com pegada de carbono menor que a de concorrentes. É o caso de parte da cadeia de aço. No país, essa indústria responde por 4% das emissões de gases, valor inferior à média de 7% nas emissões da produção mundial de aço.

Maior empresa brasileira produtora de aço, a Gerdau tem hoje 70% de sua produção de aço com origem na reciclagem de sucata, enquanto correntes de outros países em geral usam 30%, segundo Cenira Nunes, gerente geral de meio ambiente da Gerdau. Cada tonelada de sucata reciclada evita a emissão de 1,5 tonelada de CO2, calcula ela.

Para reduzir o nível de emissões na produção, a Gerdau também trabalha com alternativas para substituição de carvão mineral nos altos-fornos. Uma delas é o uso de biomassa de eucalipto e casca de serragem como combustível. Um passo, no futuro, será o de transformar os altos-fornos em reatores de redução direta, que poderiam ser alimentados por hidrogênio. “A gente estuda como fazer a troca dos equipamentos para então chegar ao uso de hidrogênio. Tudo isso envolve pesquisa e desenvolvimento. Usar o hidrogênio não é algo trivial. Tem uma série de questões de segurança que precisam ser medidas”, diz.

O primeiro passo para descarbonizar passa pelo mapeamento das emissões em cada indústria, o que exige identificar, quantificar e classificar as fontes de GEE no escopo 1 (emissões diretas da empresa), no escopo 2 (emissões indiretas associadas à energia comprada), e no escopo 3 (outras emissões indiretas, como as da cadeia de suprimentos).

A Randoncorp, multinacional brasileira que trabalha com a manufatura de implementos rodoviários, autopeças, e veículos comerciais, começou em 2020 a fazer o inventário das emissões da companhia nos escopos 1 e 2, com a meta definida de reduzir em 40% as emissões nessas fases. Para isso, o grupo tem investido em plantas de energia solar, na substituição de equipamentos movidos a combustíveis fósseis por eletrificados e na substituição de gás natural por biomassa.

A empresa também começou, há dois anos, a fazer a medição da pegada de carbono de produtos para desenvolver alternativas, com a troca de matérias-primas que tivessem impacto menor. “Temos uma estratégia muito clara de substituir materiais metálicos pesados para materiais mais leves”, conta Anderson Pontalti, coordenador do comitê ESG da Randoncorp.

A descarbonização é um desafio maior para companhias do setor que são de menor porte. “As grandes empresas já entenderam que sustentabilidade é fator de competitividade. Para as micro e pequenas, a gente precisa pensar em uma forma de induzir a transição, até porque elas estão preocupadas com fluxo de caixa, com manter o negócio no mês seguinte. É um trabalho que precisa ser estimulado”, afirma o superintendente de meio ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 29/08/2024

 

CSN esclarece sobre investigação antidumping pelo DECOM

Sobre a nota “Entidades reagem a processo antidumping da CSN", publicada em 26 de agosto, pela Brasil Mineral, o Grupo CSN afirma que as informações estão equivocadas e induzem ao erro ao indicar que o objetivo do processo é uma elevação nas alíquotas de importação geral, quando, na verdade, o que está em pauta é uma investigação antidumping conduzida pelo Departamento de Defesa Comercial (DECOM), seguindo uma metodologia estritamente técnica, a fim de corrigir distorções causadas por importações a preços desleais.

A CSN lembra ainda que a concorrência predatória de produtos estrangeiros vendidos abaixo do custo de produção é uma preocupação global para garantir a sobrevivência das economias domésticas em todos os países. “É notório que mundialmente mecanismos de defesa comercial, como o antidumping, já estejam em curso em outros países para conter o avanço dessa prática desleal”.

A CSN afirma, ainda, que a investigação conduzida pelo DECOM está focada exclusivamente nas importações da China, pois uma combinação de queda acentuada de consumo em importantes segmentos chineses, como o imobiliário e a construção civil, tem gerado excedentes vultuosos em sua produção que precisam ser escoados a qualquer preço, literalmente. Assim, é importante frisar que, caso a medida seja aplicada, esta afetará apenas as importações de folhas metálicas chinesas, não impactando as importações de outros países.

“Além disso, também é essencial esclarecer que a investigação mencionada não diz respeito a um aumento de imposto de importação de folhas de aço. A tarifa atual de importação para folhas metálicas permanece em 10,8% e não haverá alteração nesse percentual. Portanto, o poder de compra do povo brasileiro não será afetado, tampouco haverá impacto na inflação, diferentemente do que foi sugerido. Ou seja, não haverá impactos na competitividade ou nos empregos das empresas produtoras de latas de aço. Na verdade, a defesa do país contra ações antidumping tem o efeito inverso: proteger os empregos e a indústria nacional contra a concorrência desleal”, finaliza a nota da CSN.

Fonte: Brasil Mineral
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/08/2024

 

Confiança da construção volta a acrescer em agosto, diz FGV

O Índice de Confiança da Construção (ICST) ficou relativamente estável, ao variar 0,2 ponto em agosto, para 97,5 pontos, chegando assim ao quatro mês seguido sem queda, informou a Fundação Getúlio Vargas nesta terça-feira. Na média móvel trimestral, o índice avançou 0,4 ponto.

O resultado do indicador de agosto foi influenciado exclusivamente pela melhora da percepção sobre o momento atual, enquanto a avaliação sobre as expectativas nos próximos meses piorou. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 1,5 ponto, alcançando 97,0 pontos. Por outro lado, o Índice de Expectativas (IE-CST) recuou 1,3 ponto, para 98,0 pontos.

Para Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do FGV/Ibre, a atividade no setor segue aquecida, gerando escassez de trabalhadores qualificados. “Essa é principal limitação ao crescimento do setor no cenário atual”, comentou.

Sobre o novo revés nas expectativas, Ana Maria disse que as oscilações do indicador desde o início do ano provavelmente são reflexo das pautas que predominam o cenário macroeconômico, como a possibilidade de elevação de juros.

“Mas os fundamentos setoriais continuam positivos e, apesar da queda na margem, a maioria das empresas sinaliza que a demanda prevista para os próximos meses aumentará e os negócios irão melhorar,” observou.

O Nível de Utilização da Capacidade (NUCI) da construção aumentou 0,5 ponto percentual no mês (p.p.), chegando aos 80,0%. Os NUCI de Mão de Obra e de Máquinas e Equipamentos também aumentaram 0,6 e 0,5 p.p, para 81,4% e 74,6%, respectivamente.

Fonte: Infomoney
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 28/08/2024

Presença da China no mercado mundial é um fantasma que assombra as importações brasileiras de aço

As importações brasileiras de aço somaram, em julho, 592 mil toneladas, volume que representa alta de 22,9% em relação a igual período do ano passado e, com alguma dose de surpresa, aumento de 38,3% na comparação com o mês de junho. Cabe recordar que naquele mês entraram em vigor as barreiras de contenção da importação de aço, com estabelecimento de cotas e cobrança de 25% sobre volumes excedentes. A flutuação registrada, mesmo que as indústrias locais ainda não se mostrem preocupadas, requer atenção e assim deve ser acompanhada, procedimento que países altamente industrializados, como os Estados Unidos, adotam sem reservas, com foco na agressiva atuação da indústria chinesa, porém mirando também produtos de origem brasileira.

Conforme as primeiras avaliações da indústria local, que festejaram o recuo das importações em junho, o que qualificam como “inércia” era esperado, da mesma forma como estimam que a partir do mês de setembro os volumes serão reduzidos. Assim devem funcionar as barreiras, dizem, acrescentando que em caso contrário o governo brasileiro se compromete a “agir”. Tudo no entendimento de que a agressiva presença da China no mercado mundial pode sugerir, nesse caso em particular, práticas comerciais pouco convencionais, numa concorrência que se distancia de padrões aceitáveis.

Nos primeiros sete meses do ano, conforme dados do Instituto Aço Brasil, as importações de aço acumularam crescimento de 23,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior, somando 3,3 milhões de toneladas. No ano passado as importações totalizaram 5 milhões de toneladas, volume que deve cair para 4,7 milhões em 2024. Para o ano, conforme este jornal já noticiou, as mais recentes previsões são de que a produção de aço bruto crescerá 0,7%, chegando a 32,2 milhões de toneladas. A produção acumulada no primeiro semestre foi de 19,4 milhões de toneladas, ou mais 3% na comparação com o primeiro semestre do ano passado. Em Minas Gerais o crescimento chegou a 7,6% e somou 5,9 milhões de toneladas.

Os números apresentados colocam, para o Brasil e Minas Gerais em particular situação que pode ser definida como de calmaria, depois do ciclo de expansão registrado nos anos 70 e 80 do século passado. Bem diferente do que ocorre na China, cuja produção apenas no intervalo entre janeiro e maio de 2024, chegou a impressionantes 438,6 milhões de toneladas, ainda assim com queda de 1,4% em relação ao ano anterior. Eis o tamanho do concorrente ou do problema que, queiramos ou não, nos assombra.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/08/2024