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China começa a construir grande projeto de mina subterrânea de minério de ferro

Uma importante siderúrgica da China, Ansteel, começou a construir um projeto de mina subterrânea de minério de ferro de 22,9 bilhões de yuans (US$ 3,25 bilhões) na Província de Liaoning, nordeste da China, na quarta-feira.

Estima-se que a mina Xi'anshan, localizada a 7 quilômetros a sudoeste do distrito de Qianshan, na cidade de Anshan, produzirá anualmente 30 milhões de toneladas de minério de ferro e 10 milhões de toneladas de concentrado de minério de ferro.

Com uma reserva de minério de ferro de 1,3 bilhão de toneladas, o projeto se tornará a maior mina subterrânea de minério de ferro do país, de acordo com Dai Zhihao, presidente da Ansteel Mining Co., Ltd.

"A mina de minério de ferro Xi'anshan é de grande importância para melhorar a capacidade de fornecimento de minério de ferro da China e promover o desenvolvimento saudável da indústria siderúrgica", disse Luo Tiejun, vice-presidente da Associação de Ferro e Aço da China, na cerimônia de inauguração.

Conhecido como o berço da indústria siderúrgica chinesa, a Ansteel foi o primeiro gigante de ferro e aço estabelecido após a fundação da República Popular da China.

A China é o maior importador mundial de minério de ferro, com importações superiores a 917 milhões de toneladas nos primeiros 10 meses de 2022.

Fonte: Xinhua Newswire
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 17/11/2022

Indústria nacional terá déficit de 125 bilhões de dólares neste ano, o maior da história

A desindustrialização do país pode ser percebida na balança comercial nacional, apesar dos números positivos das exportações do agronegócio. Conforme dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), devido à perda de competitividade da indústria nacional, a diferença entre as importações e as exportações do setor produtivo, cujos produtos possuem maior valor agregado, deve atingir um saldo negativo recorde neste ano, chegando a US$ 125 bilhões.

“E o detalhe é que, no ano passado, a conta da balança comercial de manufaturados teve um déficit grande, de US$ 111 bilhões, e a projeção para este ano é de US$ 125 bilhões. É o maior saldo negativo da história, disparado”, adianta o presidente da AEB, José Augusto de Castro. Ele destaca que, apesar de os dados de emprego terem melhorado nos últimos meses, com queda da taxa de desocupação para 8,7% no terceiro trimestre do ano, a perda de competitividade da indústria nacional com o resto do mundo tem ajudado a exportar empregos em vez de criar localmente.

“Quando o País tem deficit desse tamanho na balança comercial da indústria, significa que estamos gerando emprego de qualidade e de melhor remuneração no exterior e não internamente”, pontua.

Na avaliação do presidente da AEB, apesar de o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter sinalizado em seus discursos que pretende recuperar a indústria nacional e fazer o Brasil ser um “protagonista internacional”, o desafio do novo governo será enorme. Segundo ele, para o país conseguir voltar a exportar mais produtos manufaturados do que commodities, que têm menor valor agregado, será preciso mudar a política de comércio internacional, atualmente mais focada no agronegócio, mais beneficiado pela inflação do que pelo aumento da demanda. “Devido à alta dos preços das commodities, após a pandemia, o país tem exportado preço, porque a quantidade de produtos praticamente não aumentou.”

Os dados mais recentes divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, comprovam essa contradição. Enquanto as exportações nacionais cresceram 19,1% em valores, no acumulado de janeiro a outubro deste ano na comparação com o mesmo período de 2021, somando US$ 281 bilhões, a quantidade de produtos embarcados cresceu apenas 4,4%. “Os preços das commodities começaram a cair em outubro e isso já está sendo refletido nos dados da balança, com a redução do saldo comercial”, destaca Castro.

Conforme os dados da Secex, de janeiro a outubro deste ano, as importações cresceram 29,3%, na comparação com o mesmo período de 2021, somando US$ 229,3 bilhões. Já a quantidade de produtos desembarcados avançou 4,4%. Enquanto isso, o saldo da balança comercial encolheu 11,7% na mesma base de comparação, para US$ 51,6 bilhões. Logo, esses dados confirmam as projeções da AEB para este ano. A entidade prevê queda de 11,9% no saldo comercial em comparação a 2021, para US$ 54,1 bilhões.

Perda de espaço

De acordo com Castro, em 2000, os produtos manufaturados chegaram a representar 59% das exportações nacionais e, no ano passado, esse percentual respondeu por pouco menos da metade: 28%. “E tudo isso é desemprego, ou seja, pensando em comércio exterior, o país atravessa uma clara desindustrialização e, para reindustrializar o País, é preciso mudar a estrutura de custos interna, a fim de atrair novamente investimentos de empresas de produtos manufaturados no País”, explica o especialista. Ele lembra que a inviabilidade desse tipo de negócio fez muitas montadoras fecharem suas fábricas no País, a exemplo da Ford, que encerrou a produção nacional em 2019.

“Para o País mudar o comércio internacional, será preciso recuperar a competitividade da indústria para ela poder conseguir voltar a exportar para mercados desenvolvidos, como Europa e Estados Unidos. E, para isso, é preciso reduzir o custo Brasil”, sintetiza Castro. “Não tenho nada contra o país exportar commodities, que têm a China como principal destino. Mas a indústria nacional precisa recuperar a competitividade”, acrescenta o presidente da AEB. A entidade realiza, nesta quinta (17) e sexta-feira (18), o 41º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), em que principais temas serão os desafios e as perspectivas para o comércio exterior brasileiro.

 
Fonte: O Sul
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 16/11/2022

 

Superávit comercial chega a US$ 1,782 bilhões em novembro

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,782 bilhões em novembro até o momento, resultado de exportações de US$ 11,12 bilhões e importações de US$ 9,34 bilhões. A corrente de comércio ficou em US$ 20,46 bilhões. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Economia. No acumulado do ano, o superávit é de US$ 53,13 bilhões.

Até a 2º Semana de Novembro/2022, comparado a Novembro/2021, as exportações cresceram 28,8%. As importações cresceram 2,6%. Assim, a balança comercial registrou superávit de US$ 1,78 bilhões e a corrente de comércio aumentou 15,4%.

No acumulado Janeiro até 2º Semana de Novembro/2022, em comparação a Janeiro/Novembro 2021, as exportações cresceram 19,6% e somaram US$ 291,78 bilhões. As importações cresceram 26,0% e totalizaram US$ 238,64 bilhões. Como consequência destes resultados, a balança comercial apresentou superávit de US$ 53,13 bilhões , com queda de -2,7%, e a corrente de comércio registrou aumento de 22,4%, atingindo US$ 530,42 bilhões.

Até a 2º Semana de Novembro/2022, o desempenho dos setores foi o seguinte: crescimento de 62,9% em Agropecuária, que somou US$ 2,06 bilhões; crescimento de 21,1% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 2,54 bilhões e, por fim, crescimento de 22,6% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 6,39 bilhões. A combinação destes resultados levou o aumento do total das exportações.

A expansão das exportações foi puxada, principalmente, pelo crescimento nas vendas dos seguintes produtos: Milho não moído, exceto milho doce ( 216,6%), Café não torrado (58,9%) e Algodão em bruto ( 98,7%) na Agropecuária; Outros minerais em bruto (258,4%), Minérios de cobre e seus concentrados ( 22,8%) e Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (71,8%) na Indústria Extrativa ; Carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (118,6%), Farelos de soja e outros alimentos para animais (excluídos cereais não moídos), farinhas de carnes e outros animais (61,0%) e Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) (184,8%) na Indústria de Transformação.

Por sua vez, ainda que o resultado das exportações tenha sido de crescimento, os seguintes produtos registraram diminuição nas vendas: Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (-19,1%), Especiarias (-39,5%) e Sementes oleaginosas de girassol, gergelim, canola, algodão e outras (-81,3%) na Agropecuária; Pedra, areia e cascalho (-29,2%), Minério de ferro e seus concentrados (-21,4%) e Minérios de alumínio e seus concentrados (-50,1%) na Indústria Extrativa; Folheados, contraplacados, aglomerados, e outras madeiras, trabalhados (-51,3%), Cal, cimento e materiais de construção fabricada (exceto materiais de vidro e barro) (-55,4%) e Produtos semi-acabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço (-28,4%) na Indústria de Transformação.

Até a 2º Semana de Novembro/2022, o desempenho das importações por setor de atividade econômica foi o seguinte: queda de -27,2% em Agropecuária, que somou US$ 0,16 bilhões; queda de -13,9% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 0,63 bilhões e, por fim, crescimento de 6,8% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 8,46 bilhões. A combinação destes resultados motivou o aumento das importações.

O movimento de crescimento nas importações foi influenciado pela ampliação das compras dos seguintes produtos: Trigo e centeio, não moídos ( 21,1%), Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas ( 22,9%) e Látex, borracha natural, balata, guta-percha, guaiúle, chicle e gomas naturais ( 6,0%) na Agropecuária; Fertilizantes brutos (exceto adubos) (427,6%), Minério de ferro e seus concentrados (186.671,1%) e Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (117,0%) na Indústria Extrativa ; Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) ( 22,9%), Compostos organo-inorgânicos, compostos heterocíclicos, ácidos nucléicos e seus sais, e sulfonamidas (48,7%) e Válvulas e tubos termiônicas, de cátodo frio ou foto-cátodo, diodos, transistores (23,6%) na Indústria de Transformação.

Ainda que o resultado das importações tenha sido de crescimento, os seguintes produtos tiveram diminuição: Cevada, não moída ( -98,3%), Milho não moído, exceto milho doce (-57,6%) e Soja (-93,9%) na Agropecuária; Outros minérios e concentrados dos metais de base (-44,0%), Carvão, mesmo em pó, mas não aglomerado (-43,2%) e Gás natural, liquefeito ou não (-64,5%) na Indústria Extrativa ; Medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários (-56,6%), Adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos) (-39,2%) e Cobre (-66,8%) na Indústria de Transformação.

Fonte: Monitor do Mercado
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 16/11/2022

EUA anunciam investimento em níquel e cobalto no Brasil

O presidente Joe Biden anunciou nesta terça-feira (15) que uma agência americana fará novo investimento de US$ 30 milhões (R$ 158 milhões) na empresa de mineração TechMet para transformação de minerais estratégicos níquel e cobalto no Brasil. Faz parte da estratégia da Casa Branca de reduzir a dependência de cadeias de valor dominadas pela China.

Biden anunciou também uma série de outros investimentos na Indonésia, Índia e Honduras, pelo programa “Parceria para Infraestrutura e Investimento Global” (PGII, na sigla em inglês), uma iniciativa pela qual o G7, que reúne as maiores economias industrializadas, quer se contrapor ao megaprograma chinês de investimento Nova Rota da Seda.

À margem da cúpula do G20, em Bali (Indonésia), Biden juntamente com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente indonésio Widodo, líderes e ministros da Argentina, França, Canadá, India, Japão, Coreia, Senegal e Reino Unido procuraram destacar o plano para “financiar infraestrutura transformadora”.

No caso do Brasil, o presidente dos EUA disse que a DFC (US International Development Financial Corporation), com base em apoio anterior, investirá US$ 30 milhões de capital na TechMet Limited para desenvolvimento de minerais críticos de níquel e cobalto renovável no pais.

Segundo comunicado da Casa Branca, a mina brasileira da TechMet produz nível de fonte sustentável através de um processo de extração que é menos intensiva em água e carbono que os métodos tradicionais. Estima que esse níquel esteja próximo do segmento mais baixo de intensidade de carbono para a produção global desse mineral, que é importante para a indústria de carros elétricos.

A TechMet, sediada em Londres, foi fundada em 2017 por Brian Menell, um sul-africano com experiência em mineração na África, para investir em metais necessários para tecnologias de energia limpa e reciclagem de baterias, segundo um artigo do jornal "Financial Times". O almirante Mike Mullen, ex-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, faz parte de seu conselho consultivo.

A mina da TechMet fica no Piauí. Minerais críticos, como terras raras, lítio, cobalto, nióbio, são essenciais para muitas tecnologias modernas e para a segurança nacional e econômica. São encontrados em produtos desde computadores até eletrodomésticos. E são insumos chaves em tecnologias de energia limpa como baterias, veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares.

Um estudo da União Europeia (EU) aponta o Brasil como o maior produtor mundial de nióbio, com 92% do total. O produto serve para aplicações de alta tecnologia (condensadores, supercomputadores etc). Além disso, o país produz 13% da bauxita no mundo, para produção de alumínio; 8% do grafite natural, usado para baterias e material para produção de aço; e 9% do tântalo mundial, que serve para superligas e compensadores para dispositivos eletrônicos, por exemplo.

Durante o governo de Donald Trump, os EUA definiram uma lista de 35 minérios considerados críticos para a segurança econômica e nacional. Neste ano, o governo de Joe Biden deflagrou ações para aumentar a produção americana. A estimativa americana é de queda demanda global por esses minerais críticos deverá disparar 400%-600% nas próximas décadas e, para minerais como lítio e grafite usados em baterias de veículos elétricos, a demanda aumentará ainda mais — cerca de 4.000%.

Como o Valor já publicou, os Estados Unidos têm sinalizado ao Brasil interesse em ter um acesso preferencial à produção brasileira de minérios críticos, em meio à crescente rivalidade com a China e busca de reduzir dependência em relação a commodities estratégicas.

Neste ano, representantes brasileiros, em reuniões ocorridas em Washington em agosto, responderam que os americanos são bem-vindos, inclusive para fazer uma diferença em investimentos nesse setor, mas que o Brasil não pretendia privilegiar parceiros.

Em Bali, a presidente da Comissão Europeia observou que a iniciativa dos EUA vai permitir juntar forças para responder à demanda crescente por energia renovável. O bloco comunitário tem seu Global Gateway Strategy, para promover projetos sustentáveis, com 300 bilhões de euros em investimentos em terceiros países nos próximos anos.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/11/2022

Entrevista com Estêvão Kopschitz: Crescimento do PIB supera expectativas em 2022, afirma coordenador de conjuntura do Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) vê com otimismo a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. Segundo nova previsão divulgada pelo instituto no final de setembro, a economia brasileira está se recuperando e superando as expectativas, com possibilidade de fechar 2022 com crescimento de 2,8%.

De acordo com o coordenador de conjuntura do Ipea, Estêvão Kopschitz, o principal setor que vem puxando o crescimento do PIB é o de serviços, segmento que sofreu forte impacto da pandemia por depender da mobilidade da população.

No entanto, o especialista também alerta que o Brasil pode sofrer impacto de uma possível recessão mundial nos próximos anos, devido à guerra na Ucrânia e a alta inflação nos Estados Unidos e países europeus. 

"Apesar de a indústria e do serviço sofrerem com a recessão mundial e com os efeitos do aperto da nossa própria política monetária, a gente acredita que o setor agropecuário vai compensar isso um pouco e nossa previsão para 2023 é de 1,6% [de crescimento do PIB] para o ano que vem.”, afirma o coordenador.  

Mas, afinal, o otimismo em relação à recuperação do PIB brasileiro se mostra sustentável a médio e longo prazo? Quais setores podem despontar nos próximos anos e auxiliar nesse crescimento? Confira abaixo as respostas do coordenador de conjuntura do Ipea, Estêvão Kopschitz, em entrevista ao portal Brasil 61.

Brasil 61: O Ipea divulgou no final de setembro uma nova previsão de crescimento do PIB para este ano. O que motivou essa nova perspectiva de crescimento?

Estêvão Kopschit: “O principal fator para o crescimento do PIB este ano vem do setor de serviços, porque a agropecuária deve apresentar uma pequena queda, ligada a problemas em algumas safras. A indústria, um pequeno crescimento. Serviços é o setor que demora mais a se recuperar da pandemia, porque são os que dependem mais da mobilidade. Então eles tinham mais espaço para crescer, mas, em vários  casos, já até ultrapassamos o nível anterior à pandemia. Esse consumo, justamente num primeiro momento, lá ainda em 2020, 2021, com a dificuldade de consumir serviços por causa da pandemia, ele migrou para bens, então, construção civil, bens de consumo duráveis cresceram antes e depois começou essa normalização porque hoje a maior parte do PIB é de serviços. Então o consumo das famílias voltou a crescer, dessa vez consumindo serviço, é basicamente isso. O Ipea já vinha com uma previsão para 2022  acima da média  do mercado, nas nossas previsões mostraram otimismo, era uma previsão de maior crescimento e ainda assim fomos surpreendidos com um crescimento ainda maior, então parte do crescimento dos 2022 é também pelo que já observamos.”

Brasil 61: Essa perspectiva de crescimento do PIB se mostra sustentável a médio e longo prazo?

EK: Para 2022, a nossa previsão hoje é de 2,8% de crescimento do PIB. Sendo que, hoje, a maioria dos analistas de departamentos econômicos de instituições financeiras estão em torno desse número também de 2,7%  ou 2,8%, alguns até 3%, mas é nessa vizinhança aí. Para 2023 deve haver um crescimento menor do que em 2022, o mercado tem apostado no crescimento, bem menor, de 0,5%. Nossa previsão é de 1,6%, primeiro porque a desaceleração virá, principalmente, por dois motivos: a economia mundial está se desacelerando, pode haver até uma recessão, mas independente de haver ou não uma recessão, que é um número negativo no crescimento do PIB,  a economia mundial vai crescer bem menos do que esse previsto, já é um fato. Primeiro, porque continuam os problemas na Europa, trazidos pela guerra [na Ucrânia], de dificuldades de fornecimento de energia por causa, principalmente, do corte de gás pela Rússia, segundo porque a inflação está muito alta nos Estados Unidos, na Europa, e no Reino Unido, estão da ordem de 8%, 9%, 10% que são números muito altos para esses países e não se via isso há muitas décadas. Então, de um lado, o Brasil vai ter um ambiente mundial bem menos favorável nesse fim de 2022 e durante o ano que vem.

Brasil 61: O setor agropecuário vem enfrentando um recuo neste ano. No entanto, a previsão do IPEA para o setor em 2023 é de um crescimento de 10,9%. O que está por trás dessa perspectiva de recuperação?

EK: Essa nossa previsão está baseada na previsão de safra da Conab, porque ainda não saiu a do IBGE, então está condicionado a essa previsão da Conab. O principal é um ganho na soja, que é o principal produto e também no milho. Em outros anos que esses produtos tiveram um aumento de produção, de PIB muito grande, que esses produtos específicos tiveram um aumento grande. O PIB da agropecuária também foi forte, então a gente está baseado nisso e também num cenário de normalidade do clima, porque a agricultura está sempre sujeita a intempéries, a secas, geadas que podem acontecer, mas no momento não tem nenhuma expectativa de fenômenos climáticos atípicos para ano que vem.
 
Brasil 61: Os setores que hoje estão puxando o aumento do PIB tendem a continuar sendo os principais setores no crescimento do indicador ou outros segmentos tendem a despontar nos próximos anos?

EK: “Para a gente ter um crescimento sustentado, de ter um arcabouço macroeconômico estável na parte fiscal, câmbio flutuante, a âncora da inflação, da meta de inflação, a gente deveria caminhar para mais alguma abertura comercial, prosseguir provavelmente em privatizações, tudo isso são medidas que aumentam a eficiência da economia em crescimento. Está muito ligado à eficiência e também se preocupar mais com a educação, porque depois que os países passam por fases de crescimento - devidos ao aumento de capital, migração da população do campo para a cidade - como já aconteceu no Brasil a décadas atrás, e aconteceu na China recentemente, vem acontecendo na Índia, o que proporciona o crescimento é o aumento de produtividade e isso costuma estar ligado à educação.  No Brasil aconteceu um fenômeno um pouco diferente, que nós conseguimos aumentar a escolaridade da população em alguns anos, mas não houve um correspondente aumento de produtividade como aconteceu em países que investiram na educação, como Chile e Coreia do Sul, por exemplo. Então acho que a educação tem que ser um grande tema assim como ciência, tecnologia, coisas que tragam aumento de produtividade.”

Fonte: Brasil 61
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/11/2022

Clientes inadimplentes são realidade para 34% dos pequenos negócios

Cerca de um terço das micro e pequenas empresas (MPEs) e dos microempreendedores individuais (MEIs) de São Paulo têm clientes inadimplentes, segundo pesquisa do Sebrae-SP. O levantamento mostrou que, no mês de julho, 34,2% das MPEs paulistas tinham clientes com pagamento atrasado. Entre os MEIs esse número é um pouco menor, cerca de 32,2% de inadimplentes.

O estudo ainda mostrou que para uma boa parte das MPEs, 41,9%, com clientes inadimplentes, houve um aumento dos casos em comparação com 2021. Para 34,7% a parcela de inadimplência ficou no mesmo patamar e para 19,9% essa taxa diminuiu. No caso dos MEIs, 16,7% deles, o grupo de clientes com pagamentos em atraso aumentou. Para 12,7% essa parcela diminuiu e para 55,2% ficou igual

“Apesar de parte de MEIs, micro e pequenas empresas ter registrado aumento de clientes inadimplentes em suas carteiras no último ano, o lado positivo é que o grupo formado por negócios cuja inadimplência ficou inalterada ou diminuiu ainda é maior”, destacou Marco Vinholi, diretor-superintendente do Sebrae-SP.

O diretor ainda explicou que a falta de pagamento e os atrasos estão diretamente ligados ao nível de emprego. Além disso, a renda e a taxa de juros e a combinação desses fatores é o que altera o nível de inadimplência.

Já no caso do pagamento a prazo, 29,1% das MPEs afirmaram aceitar essa modalidade de pagamento somente no cartão de crédito. Outros 26,9% optam por negociar diretamente com o cliente e para 12,5% só se for em boleto bancário. Para 56,8% dos MEIs que vendem a prazo, este tipo de transação comercial representa até 20% do faturamento.

A pesquisa foi feita com base em 1,7 mil MPEs e 1 mil MEIs em julho de 2022. As companhias foram definidas como empresas de serviço e comércio com até 49 colaboradores e empresas da indústria e construção civil com até 99 trabalhadores, com faturamento anual até R$ 4,8 milhões.

Fonte: Mercado & Consumo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/11/2022