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Aço chinês gera onda protecionista mundo afora, e no Brasil também; entenda

O crescimento das exportações de aço da China em meio ao excesso de capacidade global de produção tem provocado uma onda de medidas protecionistas mundo afora, alertou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório publicado nesta terça-feira, 27.

De acordo com a OCDE, “as exportações de aço da China dispararam para um nível recorde de 118 milhões de toneladas em 2024”, superando o pico verificado durante a crise do aço de 2015-2016.

O documento observa que “as pressões provocadas por exportações a preços baixos levaram a um salto nas novas investigações antidumping”. Em 2024, segundo o relatório, “19 governos iniciaram 81 investigações antidumping envolvendo produtos siderúrgicos”, número cinco vezes maior que o registrado no ano anterior. “Quase 80% dos casos foram iniciados contra produtores asiáticos, com a China respondendo por mais de um terço do total”, diz a OCDE.

Além das disputas formais, crescem também medidas amplas, como aumentos generalizados de tarifas sobre as importações em diversos países. O relatório da OCDE destaca que “cada vez mais países têm adotado medidas mais abrangentes para proteger suas indústrias siderúrgicas, por meio de aumentos tarifários setoriais”.

‘Intermediários’

O documento aponta ainda que as exportações chinesas não afetam apenas os mercados diretamente importadores. Muitas vezes, diz a organização, “produtores sujeitos a medidas comerciais buscam contornar restrições, desviando exportações para outros mercados ou enviando produtos por países intermediários”.

A OCDE calcula que, entre 2013 e 2020, o volume de comércio siderúrgico suspeito de reencaminhamento (repassados por países intermediários) totalizou “21,5 milhões de toneladas métricas (13,3 bilhões de euros)”.

De acordo com o relatório, o Brasil tem mantido uma postura de contenção diante da crise global do aço, com capacidade produtiva estagnada e medidas defensivas para proteger seu mercado, segundo o relatório. A OCDE aponta que o Brasil não registrou qualquer crescimento de capacidade de produção entre 2020 e 2024, permanecendo com 50,9 milhões de toneladas por ano. A participação do País na produção global é de apenas 2,1%.

A estabilidade contrasta com o avanço de outras economias emergentes, como a Índia, cuja capacidade aumentou 26,2% no período analisado, e o Irã, com alta de 22,6%. Ainda assim, o Brasil aparece entre os países que adotaram barreiras comerciais.

Segundo a OCDE, “Brasil, México e Turquia aumentaram as tarifas com a intenção de enfrentar aumentos substanciais de importações verificados nos últimos anos”.

Essas ações incluem investigações antidumping. O Brasil foi um dos países que mais iniciaram processos em 2024, com “oito investigações envolvendo produtos siderúrgicos” chineses, mesmo número que Austrália e atrás apenas de Turquia e EUA, com dez casos cada. Ainda assim, produtores no Brasil reclamam que as barreiras não têm sido suficientes para frear a entrada de aço chinês no País.

O relatório destaca ainda que a América do Sul, região em que o Brasil é o principal produtor, viu as importações de aço aumentarem “cerca de 60% entre 2020 e 2024”, reflexo do redirecionamento das exportações chinesas, que atingiram recorde de 118 milhões de toneladas em 2024.

Fonte: Agência Estado
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/05/2025

 

Governo estende imposto de importação de 25% para 23 tipos de aço e mantém cotas

A Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), estendeu a alíquota de 25% de imposto de importação para 23 tipos de aço. Anteriormente, eram 19 tipos atingidos pela taxação. Cada tipo é identificado por um código, chamado de NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul).

Também foi mantido o sistema de cotas até determinados volumes de importação, que poderão entrar no país pelas tarifas originais das NCMs (entre 9% e 16%). Entretanto, foram excluídas do cálculo as importações feitas no contexto de acordos comerciais ou de regimes especiais.

"O estabelecimento de cotas busca reduzir os impactos nos setores que usam o aço em sua cadeia produtiva – como construção civil, automóveis, bens de capital e eletroeletrônicos", afirma o Mdic em nota.

Sobre a extensão da alíquota de 25% para quatro novas NCMs, o Mdic diz que a medida foi necessária para evitar "fugas", ou seja, uso desses códigos para evitar a tributação.

"Estas últimas foram caracterizadas como 'NCMs de fuga' e sua inclusão na medida decorreu da identificação de aumentos expressivos de importação no último ano, demonstrando que passaram a ser usadas como substitutas dos produtos originalmente tarifados", explica o ministério.

As medidas aprovadas nesta terça valem para os próximos 12 meses. Em abril do ano passado, a Camex havia elevada para 25% o imposto de importação de 11 NCMs de aço e estabelecido cotas de volume de importação para esses produtos.

Assim como no ano passado, o governo afirma que tanto a manutenção da taxação como a ampliação das NCMs decidida nesta terça "seguiram os critérios técnicos já utilizados nas decisões anteriores, alcançando as NCMs cujo volume de compras externas superaram em 30% a média das compras ocorridas entre 2020 e 2022".

A lista completa das NCMs será publicada na página da Camex, informa o Mdic.


- Mais sobre o tema:

Camex renova taxa de importação de aço e amplia lista
Medida visa fortalecer a indústria siderúrgica nacional contra o que o setor chama de ‘surtos de importação’

A Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), decidiu na terça-feira (27) renovar a alíquota de 25% de imposto de importação para 19 tipos de aço e ampliar para mais quatro NCMs (códigos utilizados para identificar os produtos). Com isso, a taxação passará a atingir 23 NCMs e será válida pelos próximos 12 meses.

Também foi mantido o sistema de cotas até determinados volumes de importação, que poderão entrar no país pelas tarifas originais (entre 9% e 16%). Entretanto, foram excluídas do cálculo as importações feitas no contexto de acordos comerciais ou de regimes especiais. Essas medidas também serão válidas pelos próximos 12 meses.

A decisão de ontem é uma continuidade das medidas adotadas desde 2024 para fortalecer a indústria siderúrgica nacional, contra o que o setor chama de “surtos de importação”, especialmente de produtos vindos da China. Também é uma forma de ajudar o setor em meio à taxação promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Segundo o Mdic, 19 tipos de aço já tinham importação taxada em 25% por decisões anteriores da Camex. Na reunião de ontem, a câmara decidiu manter a medida para esses NCMs e estender para outros quatro.

O ministério afirma que a ampliação foi necessária para evitar “fugas”, ou seja, o uso, por parte das empresas, desses outros códigos de aço para evitar a tributação. “Estas últimas foram caracterizadas como ‘NCMs de fuga’ e sua inclusão na medida decorreu da identificação de aumentos expressivos de importação no último ano, demonstrando que passaram a ser usadas como substitutas dos produtos originalmente tarifados”, explica o Mdic, em nota.

Em relação à manutenção das cotas, o ministério diz que a medida busca “reduzir os impactos nos setores que usam o aço em sua cadeia produtiva - como construção civil, automóveis, bens de capital e eletroeletrônicos”. Esses setores têm se posicionado contra a elevação da alíquota de importação.

Em abril do ano passado, a Camex havia elevado para 25% o imposto de importação de 11 NCMs de aço e estabelecido cotas de volume de importação para esses produtos. Outras NCMs foram adicionadas à medida posteriormente.

Assim como no ano passado, o governo afirma que tanto a manutenção da taxação como a ampliação das NCMs decidida nesta terça-feira “seguiram os critérios técnicos já utilizados nas decisões anteriores, alcançando as NCMs cujo volume de compras externas superaram em 30% a média das compras ocorridas entre 2020 e 2022”.

A renovação da tarifa de importação era um pleito do setor de aço, que pedia desde o início do ano ao Mdic a adoção de mais medidas que protegessem a indústria nacional.

O Comitê Executivo de Gestão da Camex é o órgão do governo responsável pelas decisões de comércio exterior. O colegiado é formado por representantes do Mdic, da Casa Civil e do Ministério da Fazenda, entre outros.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/05/2025

 

Exportações de aço da China disparam e provocam onda de protecionismo pelo mundo, diz OCDE

O crescimento das exportações de aço da China em meio ao excesso de capacidade global tem provocado uma onda de medidas protecionistas mundo afora, alerta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório publicado nesta terça-feira, 27.

A entidade afirma que “as exportações de aço da China dispararam para um nível recorde de 118 milhões de toneladas em 2024”, superando o pico da crise do aço de 2015-2016.

O documento observa que “as pressões provocadas por exportações a preços baixos levaram a um salto nas novas investigações antidumping”. Em 2024, “19 governos iniciaram 81 investigações antidumping envolvendo produtos siderúrgicos”, número cinco vezes maior que o registrado no ano anterior. “Quase 80% dos casos foram iniciados contra produtores asiáticos, com a China respondendo por mais de um terço do total”, diz a OCDE.

Além das disputas formais, crescem também medidas amplas, como aumentos generalizados de tarifas sobre o aço em diversos países. A entidade nota que “cada vez mais países têm adotado medidas mais abrangentes para proteger suas indústrias siderúrgicas, por meio de aumentos tarifários setoriais”.

O relatório aponta ainda que as exportações chinesas não afetam apenas os mercados diretamente importadores. Muitas vezes, “produtores sujeitos a medidas comerciais buscam contornar restrições, desviando exportações para outros mercados ou enviando produtos por países intermediários”. A OCDE calcula que, entre 2013 e 2020, o volume de comércio siderúrgico suspeito de reencaminhamento totalizou “21,5 milhões de toneladas métricas (13,3 bilhões de euros)”.

Estabilidade do Brasil

O Brasil tem mantido uma postura de contenção diante da crise global do aço, com capacidade produtiva estagnada e medidas defensivas para proteger seu mercado, segundo o relatório. A OCDE aponta que o Brasil não registrou qualquer crescimento de capacidade entre 2020 e 2024, permanecendo com 50,9 milhões de toneladas por ano. A participação do país na capacidade global é de apenas 2,1%.

A estabilidade contrasta com o avanço de outras economias emergentes, como a Índia, cuja capacidade aumentou 26,2% no período, e o Irã, com alta de 22,6%. Ainda assim, o Brasil aparece entre os países que adotaram barreiras comerciais. Segundo a OCDE, “Brasil, México e Turquia aumentaram as tarifas com a intenção de enfrentar aumentos substanciais de importações verificados nos últimos anos”.

As ações incluem investigações antidumping. O Brasil foi um dos países que mais iniciaram processos em 2024, com “oito investigações envolvendo produtos siderúrgicos”, mesmo número que Austrália e atrás apenas de Turquia e Estados Unidos, com dez casos cada.

O relatório destaca ainda que a América do Sul, onde o Brasil é o principal player, viu as importações de aço aumentarem “cerca de 60% entre 2020 e 2024”, reflexo do redirecionamento das exportações chinesas, que atingiram recorde de 118 milhões de toneladas em 2024.

Fonte: Estadão
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/05/2025

 

Crédito rural: desembolsos recuam no Brasil e em São Paulo

Nos dez meses de vigência do Plano Safra 2024/2025, o estado de São Paulo desembolsou R$ 28,1 bilhões em crédito rural, valor 19,2% inferior ao registrado no mesmo período do ciclo anterior. O estado respondeu por 9,4% do total nacional, ficando atrás de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

A agricultura empresarial, que recebeu 81% dos valores desembolsados, teve queda de 24,6% em relação ao mesmo período do ciclo passado. Em contrapartida, os programas Pronamp e Pronaf registraram crescimento, com aumentos de 18,1% e 6,8%, respectivamente.

A maior parcela dos recursos foi destinada ao custeio (60,5%), seguido por investimento, comercialização e industrialização, todas essas finalidades apresentaram queda em relação à safra anterior. Entre os programas de investimento, o Moderfrota liderou em volume desembolsado, apesar de leve retração.

Brasil

Faltando dois meses para o fim da safra 2024/2025, os desembolsos de crédito rural somaram R$ 298 bilhões, o que corresponde a 62,5% do total de recursos programados. Esse valor representa uma queda de 18,1% em relação ao mesmo período da safra anterior.

Entre os grupos de beneficiários, a maior retração foi registrada na agricultura empresarial, com redução de 26,5% nos valores liberados. O Pronaf teve uma queda mais moderada, de 0,4%, enquanto o Pronamp apresentou crescimento de 11,7%.

Todas as finalidades — custeio, investimento, comercialização e industrialização — registraram queda nos valores desembolsados, sendo menos acentuadas nas operações de custeio (-14,4%) e investimento (-16,6%). No âmbito dos investimentos, o Moderfrota se manteve como o principal programa, com R$ 7,3 bilhões liberados, ainda que tenha apresentado leve recuo de 0,2%.

Apesar da retração no crédito oficial, os instrumentos privados de captação de recursos, como LCA, CRA, CDCA e CPR, apresentaram desempenho positivo em termos de estoque, assim como o patrimônio líquido dos FIAGRO, que também registrou crescimento.

Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 28/05/2025

 

Mais da metade da indústria do Brasil pode sofrer com tarifa dos EUA

Mais da metade das indústrias brasileiras já teve ou deve ter seus negócios externos afetados pelas medidas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A percepção é mais forte entre as indústrias cuja exportação representa de 10% a 50% do faturamento. Nesse universo, mais de 80% apontam que sofreram ou devem sofrer impactos. Nas categorias de bens intermediários e de bens de capital, mais de 50% das indústrias consideram que devem ser afetadas.

Essas são algumas das conclusões de análise de respostas a quesitos especiais da sondagem industrial feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Participaram 830 empresas, com respostas coletadas de 1º a 25 de abril.

Foram dois quesitos especiais. O primeiro foi para saber se a política econômica de Trump afetou ou vai afetar os negócios externos da empresa em 2025.

Os dados mostram que 12,2% das indústrias de transformação pesquisadas já sofreram efeitos das medidas e outros 39,9% consideram que devem sofrer algum impacto, numa fatia conjunta de 52,1%. Entre as indústrias que exportam de 10% a 50% do faturamento, as taxas são de 19,7% e 60,4%, nessa ordem, num total de 80,1% de empresas que estão sendo afetadas ou devem ser afetadas.

A pesquisa foi feita antes da aparente calmaria das últimas semanas, com a perspectiva de negociação entre Estados Unidos e China na busca por um acordo tarifário. Na sexta-feira, porém, Trump voltou com promessas de novas tarifas. Desta vez o alvo foi a União Europeia, para o qual defendeu imposto de importação de 50% a partir de junho. A medida foi adiada para 9 de julho após os europeus prometerem acelerar negociações.

A pesquisa mostra o quanto a política tarifária de Trump afeta a percepção dos negócios das empresas, não somente pelo eventual acirramento de conflito comercial entre Estados Unidos e China, mas também pela incerteza em relação à abrangência dos impactos nas cadeias globais de produção, diz o economista Stéfano Pacini, pesquisador do Instituto FGV Ibre.

Mesmo a parte da indústria que exporta menos, até 10% do faturamento, também receia o efeito das tarifas de Trump. Nesse grupo 9,9% dizem que já estão sendo afetadas e 55,8% consideram que devem ser afetadas. Nas empresas cuja exportação alcança mais de 50% do faturamento, as taxas são de 9,1% e 46,7%, respectivamente. Total de 15% das indústrias pesquisadas respondeu que não têm sido nem devem ser afetadas. “Se não houver mudança nesse cenário de política tarifária, grandes e pequenos exportadores serão afetados”, diz Paccini.

Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior (AEB), a pesquisa mostra que, cedo ou tarde, a maior parte das indústrias sabe que será afetada. “Há ramos da indústria com longas cadeias de produção. Mesmo quem não exporta diretamente, fornece para quem exporta e em algum momento sofrerá impacto”, comenta. Castro ressalta que fora algum comércio específico, como o de veículos com a Argentina, a indústria brasileira mira grandes mercados, como Estados Unidos, Europa e China, regiões que participam da disputa mais difícil de tarifas.

As respostas por categoria de uso, destaca Pacini, mostram que a percepção de maior impacto na indústria de bens intermediários. Nessa categoria, 14,9% indicaram que já foram afetados e 57,4% deve ser impactados. Para o pesquisador, isso reflete a política de Trump com alvo no aço e alumínio brasileiros. A indústria de metalurgia e de produtos de metal, observa, é forte exportadora de intermediários. Bens de capital também apontam efeitos, com 5,3% já afetados e 52,5% que devem sofrer efeitos.

A segunda pergunta da pesquisa foi para saber como as políticas de Trump têm afetado ou vão afetar os negócios em 2025. Nesse quesito, o canal de transmissão mais apontado foi o do aumento de custos de importação, por 37,8% das indústrias pesquisadas. Por fatia de exportação, 41,8% das que embarcam até 10% do faturamento apontam a alta de custos, seguida de 31,1% das que têm 10% a 50% do faturamento na exportação.

A pesquisa também mostra, aponta, Pacini, que há grande incerteza, já que 37,5% das indústrias pesquisadas considera que ainda não está claro como a empresa será afetada. A dúvida parece generalizada, com 40,9% das que exportam até 10% do faturamento e 42,1% dos que exportam mais de 50% do que faturam.

Por categoria de uso, são os setores ligados a investimentos que mostram mais incerteza. A indústria de bens de capital, que produz máquinas e equipamentos, ressalta Pacini, tem 61,9% dos pesquisados que apontam que não há clareza sobre como serão afetados. Bens não duráveis vêm depois, com 42,2%.

Em outras categorias de uso, a forma de transmissão dos efeitos da política de Trump é percebida no aumento de custos de importação, com 51,8% dos respondentes da indústria de bens duráveis e 45,6% no segmento de bens intermediários.

Para Welber Barral, os dados mostram a preocupação dos segmentos de bens de consumo duráveis e de bens intermediários em relação ao impacto das tarifas nos custos de importação de insumos. Barral. “Os produtores de bens de consumo duráveis são grandes importadores de partes e peças”, diz.

Já os bens intermediários, lembra, são a categoria de uso mais importante dentre os desembarques brasileiros. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic), os intermediários representaram 59,6% de todo o valor importado pelo Brasil em 2024. A incerteza apontada pelo setor de bens de capital, que não sabem como devem ser afetados, diz ele, está relacionada em grande parte às negociações sobre a tarifa do aço, importante insumo para o setor.

Segundo a pesquisa, apenas 3,3% das indústrias pesquisadas apontam que pode haver ganho de competitividade internacional. A parcela pequena, avalia Castro, da AEB, mostra que a percepção geral é de que ninguém deve ganhar com o acirramento dos conflitos tarifários. Eventuais ganhos, diz, tendem a ser pontuais e podem ser fugazes, dado as mudanças constantes nas medidas de Trump.

“As respostas da pesquisa traduzem o aumento da insegurança para todos os setores em relação ao custo de importação de insumos e o desarranjo internacional que pode derivar desse cenário”, diz Pacini.

Em análise sobre as tarifas de Trump, Igor Barenboim, economista-chefe da Reach, diz que a política do presidente americano tem objetivo de reduzir a dependência da china ao máximo possível. Os levantamentos disponíveis, aponta, mostram ainda movimentos muito tímidos nos preços dos produtos, indicando que as empresas ainda estão focadas em preservar sua presença no mercado e devem ver o que fazem com a margem, quando entenderem os efeitos nos custos, de fato.

Barenboim cita levantamento do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, divulgado em 9 de maio. Pelo estudo, as medidas americanas de fevereiro e março que elevaram as tarifas sobre produtos chineses em 20% tiveram impacto de 0,1% num dos principais núcleos de inflação que o Fed acompanha.

Barral ressalta que o que já tem movimentado as empresas que exportam de alguma forma ao mercado americano é a revisão de contratos que permeiam a cadeia de produção, inclusive envolvendo terceiros países. “Há uma grande demanda para revisão de contratos, com foco em cláusulas de força maior”, exemplifica. Os contratos, diz, estão sendo analisados para saber se essa cláusula está bem redigida e se as tarifas de Trump estão alcançadas entre os imprevistos por intervenção estatal que podem ser considerados como força maior. De olho em possibilidades de conflitos à frente, outra demanda que tem sido levantada pelas empresas, observa, é a da revisão das cláusulas de solução de controvérsias.
 
Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 28/05/2025

 

Distribuidores de aço defendem taxa de 25% para produto chinês

O Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda) defendeu, nesta quinta-feira (22), uma taxa de 25% para as importações do aço chinês, para proteger a indústria nacional. Durante coletiva de imprensa, o presidente do instituto, Carlos Loureiro, disse que, mesmo que o governo federal adote uma solução como esta, o problema não será resolvido nos próximos quatro meses, diante do alto volume de estoque.

Conforme os dados apresentados, a importação continua pressionando o mercado nacional. Em abril, foi apurada alta de 21% na comparação com o mesmo mês do ano passado, passando de 242,3 mil toneladas para  293,3 mil toneladas importadas de aço plano.

No acumulado do ano, o crescimento das importações é ainda maior, 31,7%, passando de 827,3 mil toneladas importadas de janeiro a abril de 2024 para 1,08 milhão de toneladas no mesmo período deste ano. “O número é muito alto, você percebe que é em cima de um ano que já foi alto, que foi 2024, e que causou, inclusive, o movimento de criar cotas”, lembra Loureiro.

Medidas do governo federal foram insuficientes

A imposição de cotas e o aumento de tarifas por parte do governo federal, em junho do ano passado, já foram medidas criadas para limitar a entrada do aço importado no País. Atualmente, a taxa de importação do aço da China para o Brasil é de 25%, se as cotas de importação forem ultrapassadas. Caso contrário, a taxa padrão de importação, que é de 10,8%, em média, continua a ser aplicada.

As medidas adotadas pelo governo federal, no entanto, são consideradas insuficientes pelo Inda, já que as importações continuaram subindo, mesmo após as regulamentações.

Segundo Loureiro, mesmo que o governo tome uma medida agora, taxando o aço chinês em 25%, uma vez que responde por mais de 76% das importações, o problema se perpetuará, no mínimo, pelos próximos quatro meses, considerando o número de material que ainda tem para entrar no Brasil. 

De acordo com o presidente do Inda, só no porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, há 750 mil toneladas em viagem, com data registrada para chegar ao País, ou aguardando para ser descarregado.

“Então, só neste porto você tem 750 mil toneladas, fora o material que está nos depósitos. Com isso, fica claro que mesmo que venha uma solução, não vamos resolver o problema nos próximos quatro, cinco meses. Todo esse material só tem uma saída, vender no mercado interno. Se é importado, não tem como devolver”, afirmou.

Loureiro ressaltou, ainda, que a redução do preço dos produtos praticados pelas usinas nacionais não fará com que elas vendam mais. “Não resolve o problema, porque o material que está para ser descarregado vai ter que ser vendido no Brasil. A opção de baixar preço é só prejuízo para nós distribuidores e para as próprias usinas, que passam a ter suas margens de lucro muito apertadas”, frisou.

Com relação aos estoques dos distribuidores, eles ficaram estáveis em relação a março, mas aumentaram quase 16% em relação ao mesmo mês do ano passado. O volume acumulado é de 1,06 milhão de toneladas e equivale a 3,3 meses de vendas. Nível considerado elevado e que causa preocupação do instituto, uma vez que os preços estão em tendência de queda pela pressão da importação.

Volume de aço importado já é o terceiro do rankingde fornecedores

O volume de aço plano importado pelo Brasil já torna o exterior o terceiro maior fornecedor de aço plano do País. Segundo o presidente do Inda, a CSN, que ocupava a terceira posição, atrás de ArcelorMittal e Usiminas, já foi superada pelas importações. Está à frente apenas da Gerdau, se considerados os cinco fornecedores principais. “Se a gente não tomar cuidado, as importações ainda podem ultrapassar a Usiminas”, alertou. 

Tarifas impostas pelos EUA reduzem exportações de aço

Apesar de o Inda considerar que a taxa de 25% imposta pelo presidente Donald Trump ao aço brasileiro não restringiu as exportações do Brasil para os Estados Unidos (EUA), uma vez que o País de Donald Trump continua sendo o maior importador de aço brasileiro, o que se notou foi uma queda de 31% nas vendas em abril em relação a março.

De acordo com os dados do Instituto, enquanto em março o volume de aços planos vendido pelo Brasil para o país norte-americano somou 643,1 mil toneladas, em abril, o volume reduziu para 443,7 mil toneladas, recuo de 31%.

Confirmando as projeções do Inda, apesar da taxação imposta pelo presidente Donald Trump ao aço brasileiro, os EUA continuam sendo o maior comprador. “Conforme previmos, apesar dos 25% de tarifa impostos pelos EUA ao Brasil, os EUA continuam sendo o maior importador de aço do Brasil. Oitenta e dois por cento das nossas exportações continuaram indo para lá”, disse Loureiro.

Depois dos EUA, são pequenas as vendas para a Argentina (6,9%), o Reino Unido (5,1%) e a República Dominicana (4,7%). Outros países respondem por menores volumes.

Vendas de aço caem 4,3% em abril

As vendas de aços planos, em abril, conforme dados do Inda, tiveram queda de 4,3%, quando comparadas a março, atingindo o montante de 317,3 mil toneladas, contra 331,7 mil. Segundo Loureiro, uma queda dentro do esperado, que era de cerca de 4%.

Em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 332,1 mil toneladas, as vendas registraram queda de 4,5%. Ainda assim, o mês de abril registrou média de venda de 15,9 mil toneladas por dia, considerado um número bom pelo instituto, e acima da média do ano passado, que foi de 15,1 mil toneladas. Já no acumulado do ano, a alta foi de 0,9%.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/05/2025