Minério supera os US$ 150 e alumínio renova recorde
Os preços do minério de ferro e das commodities metálicas, como alumínio e níquel, seguiram ontem em trajetória firme de alta, com os receios renovados de interrupção da oferta em meio à guerra na Ucrânia e às sanções impostas à Rússia. Já as duas principais referências do petróleo terminaram o dia em queda, depois de começar o pregão com altas expressivas.
Enquanto a principal matéria-prima do aço voltou a ser negociada acima de US$ 150 por tonelada nos portos chineses, o alumínio atingiu novo recorde, de US$ 3.741 a tonelada, e o níquel para três meses alcançou o maior nível em onze anos, de US$ 27.976 a tonelada, na Bolsa de Metais de Londres (LME).
Segundo a equipe de análise do UBS, a Rússia produz cerca de 4 milhões de toneladas por ano de alumínio primário, equivalente a cerca de 6% da oferta global. Potenciais restrições à Rusal ou interrupções na logística de alumina e bauxita podem ter “impacto material” nos fluxos comerciais de curto prazo, para além da Rusal, destacaram os analistas.
“Vemos risco de interrupção de oferta de 3,5 milhões a 4 milhões de toneladas de alumina para a fundição de alumínio na Rússia, o que poderia resultar em redução de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas na produção russa de alumínio”, escreveram, em relatório desta quinta-feira.
Esse impacto não seria imediato, uma vez que a companhia russa tradicionalmente opera com um a dois meses de estoque de alumina no seu país.
Já os preços do minério voltaram a superar os US$ 150 por tonelada no mercado à vista, acompanhando a forte valorização dos contratos futuros e as perspectivas mais otimistas para a produção de aço na China - a percepção é que o aço chinês poderá ocupar o espaço do material russo no mercado internacional com as sanções impostas recentemente.
Segundo a publicação especializada Fastmarkets MB, o minério com teor de 62% de ferro foi negociado a US$ 153,33 a tonelada no porto de Qingdao, com alta de 5,8% ante a véspera, alcançando o maior preço em seis meses.
Com esse desempenho, em março, a commodity passou a exibir valorização de 11,90%, elevando a quase 27% os ganhos acumulados em 2022.
A percepção de que a guerra entre Rússia e Ucrânia tende a afetar a oferta global de pelotas e de aço contribui para a força recente da matéria-prima, que desde o início da invasão acumula alta de quase US$ 20 por tonelada.
Os contratos futuros de minério de ferro marcaram mais uma sessão de ganhos, sustentados também pela retomada das operações nas siderúrgicas chinesas com o fim das restrições impostas durante a Olimpíada de Inverno.
Na Bolsa de Commodity de Dalian, os contratos mais negociados, para maio, encerraram o dia com valorização de 6,8%, para 797,50 yuan por tonelada, depois de terem subido quase 10% durante a sessão de negócios.
Segundo a Mysteel, o consumo diário de finos de minério importados nas 64 siderúrgicas chinesas acompanhadas pela consultoria subiu 8,2%, na terceira semana consecutiva de alta, para 511,8 mil toneladas na última semana.
Já os estoques de finos de minério, ainda conforme a consultoria, permaneceram estáveis nas usinas monitoradas.
Notícias de que o governo chinês tem avaliado flexibilizar as medidas de controle em relação à covid-19 contribuem para a valorização da commodity.
Depois de começar o dia batendo nos US$ 116 o barril, os preços dos contratos para maio do Brent, a referência global, terminaram o dia em queda de 2,18%, a US$ 110,46, na ICE, em Londres, enquanto os preços dos contratos para abril do WTI, a referência americana, caíram 2,45%, a US$ 107,67 o barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex).
Apesar da queda de ontem, a escalada do conflito pode trazer de volta o movimento altista para os contratos de petróleo. Isso porque a leitura é que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) ignoraram a questão geopolítica na reunião de quarta-feira, apenas fazendo “referência a um mercado de petróleo equilibrado e a desenvolvimentos geopolíticos que estão gerando volatilidade”, nas palavras do Commerzbank. “Também não houve indicação de qualquer intenção de compensar as interrupções de fornecimento da Rússia”, ainda segundo o banco alemão em seu relatório diário. “A pressão sobre a Opep+ para se distanciar mais da Rússia provavelmente aumentará visivelmente quando sua próxima reunião for realizada em 31 de março.”
Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/03/2022