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Posse de Trump: quais setores devem ganhar e perder com as políticas do republicano

A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (20), gera grandes expectativas para o mercado sobre os efeitos de suas políticas na economia global, com atenção especial para o Brasil. Especialistas ouvidos pelo InfoMoney projetam 12 setores brasileiros que devem ser impactados diretamente pelas propostas econômicas do republicano.

Eles apontam que enquanto algumas empresas se beneficiam de políticas protecionistas e valorização do dólar, outras enfrentam empecilhos com o aumento dos custos e a pressão sobre suas margens de lucro. A adaptação do mercado a essas mudanças, segundo os especialistas, será determinante para garantir a competitividade no novo cenário internacional nos próximos quatro anos.

O setor de aço, por exemplo, já sente os efeitos das propostas de Trump, que prevê aumentos nas tarifas sobre produtos importados, inclusive o aço. Empresas brasileiras como CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) podem ser impactadas negativamente, com o risco de perda de competitividade no mercado americano. Já a Gerdau (GGBR4), que tem uma forte presença nos Estados Unidos, pode se beneficiar de um aumento na demanda interna por aço, favorecida pelas políticas protecionistas de Trump.

O analista Felipe Papini, da One Investimentos, alerta que empresas dependentes de insumos importados ou com dívidas em moeda estrangeira são as mais vulneráveis a esse cenário. Entre elas estão os varejistas Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3), que podem ver suas margens de lucro pressionadas devido à alta do dólar. A valorização da moeda americana, além de aumentar o custo das importações, também encarece o pagamento de dívidas em dólar, fator que afeta diretamente essas empresas.

O aumento no preço do dólar também pode afetar negativamente o setor de aviação. Com o aumento do custo do querosene de aviação, cotado em dólar, empresas como Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), diz ele, enfrentam uma pressão adicional sobre seus custos operacionais. Além disso, a possível alta nos preços das passagens aéreas para cobrir esses custos pode reduzir a demanda.

Quem deve se dar bem

Nem todos os setores do Brasil estão em risco, observam os especialistas. O agronegócio, por exemplo, tende a se beneficiar com a posse de Trump.

Segundo relatório da XP Investimentos da época da eleição, setores de exportação de commodities, como o agronegócio, tendem a se beneficiar com a vitória de Trump. Esse segmento foi favorecido durante a guerra comercial com a China em sua presidência anterior, quando a demanda chinesa se voltou ao mercado brasileiro como alternativa aos produtos americanos. A lista da XP inclui empresas como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3), que podem observar aumento na demanda por grãos brasileiros.

João Piccioni, analista da Empiricus Gestão, também aponta que as tarifas mais altas sobre os produtos chineses podem afetar o mercado americano, mas a demanda da China por produtos como soja e carne pode crescer, abrindo novas oportunidades para os exportadores brasileiros, citando também SLC Agrícola e BrasilAgro entre as que podem se beneficiar com o aumento da demanda por commodities.

Outro setor que deve aproveitar o cenário de alta do dólar é o de exportação de commodities, como petróleo. A Petrobras (PETR4) se encontra em uma posição favorável, já que grande parte de sua receita vem da exportação de petróleo, que é cotado em dólares. No entanto, a política energética de Trump pode gerar volatilidade. Enquanto as políticas de estímulo à produção de petróleo nos EUA podem aumentar a oferta global e pressionar os preços para baixo, as empresas exportadoras brasileiras podem ser beneficiadas pela alta do dólar.

A Braskem (BRKM5), por sua vez, com suas operações nos Estados Unidos e estrutura de receita em dólar, é vista como uma das empresas que mais pode se beneficiar da alta do câmbio. Seu posicionamento no mercado global de petroquímicos permite uma proteção contra as pressões das tarifas protecionistas, além de ter custos mais baixos em reais.

Oportunidades e riscos

Por outro lado, o setor industrial brasileiro, com empresas dependentes de insumos importados, pode sentir uma pressão maior. Rafael Weber, estrategista de ações da RJI Investimentos, diz que setores como alimentos e vestuário, que dependem de matérias-primas dolarizadas, enfrentam dificuldades. Empresas como a Intelbras (INTB3), por exemplo, que depende de componentes eletrônicos importados, podem sofrer com o aumento dos custos de produção.

O setor financeiro brasileiro também deve sentir os impactos das políticas de Trump. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mantenha os juros elevados por mais tempo, com o aumento da inflação nos Estados Unidos. Isso atrairia investidores para ativos americanos, tornando os mercados emergentes, como o Brasil, menos atraentes. Com o fluxo de capital externo diminuindo, o valor do real tende a cair frente ao dólar, tornando mais difícil a gestão de ativos para empresas com dívidas em moeda estrangeira.

Em relação ao setor de energia, a Petrobras pode ter um alívio momentâneo com o fortalecimento do dólar. Porém, o aumento da produção interna de petróleo nos Estados Unidos pode gerar uma pressão sobre os preços globais. Assim, a empresa brasileira precisaria ajustar suas estratégias para manter sua competitividade no mercado internacional, uma vez que a margem de lucro pode ser reduzida se os preços do petróleo caírem.

O analista Jeff Patzlaff, especialista em investimentos, também aponta que a política energética de Trump, que favorece o setor de óleo e gás nos EUA, pode trazer oportunidades e riscos para o Brasil. Embora a Petrobras possa se beneficiar inicialmente da alta do petróleo, a maior produção americana pode aumentar a oferta global, pressionando os preços e afetando as margens de lucro.

Além disso, o aumento das tarifas comerciais propostas por Trump deve afetar diretamente as exportações brasileiras de produtos agrícolas, especialmente se os Estados Unidos implementarem barreiras mais severas. No entanto, o aumento da demanda por commodities brasileiras por parte de mercados como a China pode compensar essa perda de competitividade.

Patzlaff diz que, no setor de consumo interno, o aumento dos custos operacionais devido à alta do dólar torna as varejistas vulneráveis porque a inflação gerada pela valorização da moeda americana pode reduzir o poder de compra do consumidor, prejudicando as vendas no mercado interno e afetando a rentabilidade dessas empresas.

Enquanto isso, empresas do setor de tecnologia, como WEG (WEGE3), podem se beneficiar com a valorização do dólar, uma vez que suas operações internacionais proporcionam uma vantagem cambial. A Embraer (EMBR3), com forte presença global, também está bem posicionada para tirar proveito das condições favoráveis, com sua receita predominantemente em dólar.

O mercado de commodities também tende a se beneficiar da valorização da moeda americana, com empresas exportadoras como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) se beneficiando da alta do dólar. Essas empresas possuem operações globais que ajudam a mitigar os impactos das flutuações cambiais.

No entanto, o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos pode elevar os custos de financiamento para empresas brasileiras endividadas em dólares, o que aumenta ainda mais a pressão sobre setores vulneráveis, como o varejo. Por isso, empresas como Lojas Renner e Magazine Luiza precisam considerar alternativas para mitigar os riscos, como a utilização de hedge cambial e a renegociação de dívidas.

Outro cenário

Com a perspectiva do novo governo Trump, muitas análises indicam um fortalecimento do dólar, o que poderia resultar em um enfraquecimento do real. Mas Paulo Feldmann, professor da Fia Business School, discorda dessa visão. Para ele, embora um fortalecimento inicial da moeda americana seja possível, as políticas implementadas por Trump podem gerar problemas para os Estados Unidos. A restrição à imigração, por exemplo, poderia aumentar os custos com mão de obra, o que impactaria a produção e geraria inflação.

Além disso, a postura desrespeitosa de Trump em relação a diversas instituições norte-americanas, segundo Feldmann, poderia gerar instabilidade interna, afetando negativamente a confiança na moeda americana.

Em relação às tarifas que Trump prometeu durante a campanha, o professor acredita que não haverá um tarifaço tão expressivo como muitos imaginam. Embora as tarifas sejam uma ameaça para países como a China, que pode reagir com a desvalorização do yuan, esse movimento pode neutralizar o impacto das medidas.

Empresas beneficiadas

Agronegócio e commodities

SLC Agrícola (SLCE3): beneficiada pela possível alta da demanda por produtos agrícolas devido às tarifas mais altas sobre produtos chineses.
BrasilAgro (AGRO3): aumento da demanda por soja e carne pode favorecer os exportadores brasileiros.
Petrobras (PETR4): beneficiada pela alta do dólar, já que parte de sua receita vem da exportação de petróleo.
Braskem (BRKM5): aumento da demanda por petroquímicos e sua receita em dólar favorecem a empresa.

Tecnologia e exportação

WEG (WEGE3): a valorização do dólar pode beneficiar empresas com operações internacionais como a WEG.
Embraer (EMBR3): beneficiada pela valorização do dólar, com forte presença global e receita predominantemente em dólar.
Suzano (SUZB3): a valorização da moeda americana favorece empresas exportadoras de commodities como a Suzano.
Klabin (KLBN11): operações globais ajudam a mitigar os impactos das flutuações cambiais.

Empresas que correm riscos

Setor de aço

CSN (CSNA3): pode ser impactada negativamente pelas tarifas de Trump, afetando sua competitividade no mercado americano.
Usiminas (USIM5): enfrenta risco de perda de competitividade devido às políticas protecionistas dos EUA.

Varejo

Lojas Renner (LREN3): pode sofrer pressão sobre as margens de lucro devido à alta do dólar, que aumenta o custo das importações e o pagamento de dívidas em dólar.
Magazine Luiza (MGLU3): enfrenta os mesmos desafios que Lojas Renner com o aumento do custo das importações e da dívida em dólar.

Setor de Aviação

Gol (GOLL4): pode enfrentar uma pressão adicional sobre seus custos operacionais devido ao aumento do preço do querosene de aviação cotado em dólar.
Azul (AZUL4): também enfrenta os mesmos problemas de aumento de custos com o querosene de aviação.

Setor industrial e financeiro

Intelbras (INTB3): pode ser impactada pela alta nos custos de componentes eletrônicos importados.
Setor financeiro: empresas com dívidas em moeda estrangeira podem enfrentar desafios com a alta do dólar, tornando mais difícil a gestão de ativos.

Outros impactos

Petrobras: apesar do alívio momentâneo com a alta do dólar, pode enfrentar volatilidade no setor de energia com o aumento da produção interna de petróleo nos EUA, que pode pressionar os preços globais.
Fluxo de capital externo: o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos pode diminuir o apetite por ativos emergentes, tornando o mercado brasileiro menos atraente. Isso afetaria o valor do real e tornaria mais difícil para empresas brasileiras com dívidas em dólar gerenciar seus custos.

Fonte: Infomoney
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 21/01/2025

Mercado da construção está otimista para 2025

O setor da construção civil sempre foi um pilar fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Para 2025, as perspectivas positivas para este mercado estão intrinsecamente ligadas às tendências de inovação tecnológica, sustentabilidade e às transformações socioeconômicas do país.

Neste cenário, a mais importante feira do setor de construção civil e arquitetura da América Latina, a Feicon - que abre o calendário do setor no país e oferece oportunidades para todo o mercado fechar os melhores negócios -, será realizada entre os dias 8 e 11 de abril de 2025, em São Paulo, trazendo novidades, dados relevantes e conhecimento para toda a cadeia.

Para o economista Jaime Vasconcellos, do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção, Maquinismos, Ferragens, Tintas, Louças e Vidros da Grande São Paulo (Sincomavi), é esperado que o setor se mantenha em ascensão em 2025, mesmo com os juros mais elevados que acabam inspirando mais cautela.

"Com uma demanda aquecida, intrinsecamente ligada ao mercado de trabalho resiliente e que deve ser base inclusive do próprio desempenho positivo da economia brasileira ano que vem, espera-se que continuemos em uma trajetória de crescimento da construção no país, seja em desempenho de novos negócios, seja consequentemente em empregabilidade. A evolução poderá até não ser tão significativa, mas não deixará de ser percebida", afirma.

Boas oportunidades 

Para Luiz Henrique Ferreira, CEO & Fundador da Inovatech Engenharia, o mercado da construção terá um ano de 2025 com boas oportunidades.

"Isso devido ao desemprego em mínimas históricas, o que em tese aumenta o apetite por imóveis, mas por outro lado, é bastante desafiador pela elevada taxa de juros e inflação persistente", diz.

"No cenário específico do nosso setor, as oportunidades irão girar em torno do aumento de produtividade, industrialização e digitalização, uma vez que a escassez de mão de obra é irreversível", completa.

Para ele, a Feicon é o grande ponto de encontro para conhecer novos produtos e ideias para construir um Brasil mais eficiente e com construções de maior qualidade para as pessoas.

Recuperação no faturamento 

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Rodrigo Navarro, destaca que o ano de 2024 apresentou uma recuperação no faturamento da indústria de materiais de construção (aprox. 4,5% segundo projeções da FGV).

"Para 2025 queremos manter esse crescimento de forma sustentável para os próximos anos. Muitos fatores devem contribuir para isso. A resiliência da indústria, com investimentos em inovação e digitalização; programas de Governo como o Minha Casa Minha Vida, obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Nova Indústria Brasil (em especial a Missão 3), marco do saneamento e retomada de obras paradas; a continuidade do crescimento do setor imobiliário; e a recuperação do varejo", lista.

Segundo ele, as oportunidades e desafios são muitos, e durante a Feicon será possível discutir o que vem pela frente e trabalhar para mais um ano de sucesso, contribuindo de forma efetiva para o crescimento do país por meio da atração de investimentos, geração de empregos e renda.

Ano de desafios

Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), comenta que 2024 foi um ano positivo para a indústria da construção e, apesar dos muitos desafios, a expectativa é fechar com 3,5% de expansão no PIB do setor. "O mercado imobiliário teve um papel essencial nesse desempenho, impulsionado por ações das empresas e uma conjuntura favorável", afirma.

Para ele, 2025 será mais um ano com desafios. Por isso, a realização de grandes eventos, como a Feicon, será essencial para demonstrar a importância do setor da construção para a economia e a qualidade de vida da população. "A Feicon será uma oportunidade relevante de mostrar o que acontece de novidade na nossa indústria", destaca.

Mudança positiva no varejo

De acordo com a coordenadora do Instituto de Pesquisas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Katia Ratnieks, o varejo de material de construção vive um novo patamar desde os anos de 2019 e 2020, quando o crescimento nominal do faturamento foi de 16,8% e 27,7%, respectivamente. Nos anos seguintes, a variação foi de 2,4% positiva e 2,8% negativa.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 21/01/2025

 

Dólar alto é benéfico para exportação? Nem sempre

O dólar está acima de R$ 6 desde 13 de dezembro e, apesar de a moeda norte-americana valorizada ser vista como vantajoso para exportadores, a instabilidade cambial cria desafios significativos, explica o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso.

Ele aponta que um empresário brasileiro, ao elaborar sua planilha de custos, raramente utiliza uma cotação acima de R$ 5 por dólar, mesmo que a moeda esteja, por exemplo, em R$ 6,10. Essa discrepância ocorre porque as operações industriais envolvem longos prazos — desde a fabricação até a entrega de produtos no exterior —, dificultando a previsibilidade cambial.

Eleição de Trump reacende tensões globais e abre janela para exportações do agro brasileiro: Desvalorização do real frente ao dólar também promete oportunidade, na avaliação da consultoria agrícola Datagro

— Para fechar um contrato e produzir uma máquina que será exportada, é necessário considerar um período de seis a sete meses. Nesse tempo, o dólar pode variar significativamente. Um erro na projeção pode ser fatal para a empresa. No mercado internacional, listas de preços precisam ser consistentes e estáveis. A variação cambial constante no Brasil dificulta esse planejamento, retirando a competitividade da indústria — afirma Velloso.

Além disso, a cotação elevada do dólar encarece insumos dolarizados, como aço, plástico e alumínio, essenciais para a indústria brasileira, lembra. Esses materiais, precificados internacionalmente, incorporam não apenas o câmbio, mas também custos de importação e transporte.

-Isso significa que, enquanto os preços de exportação são planejados com base em um dólar mais baixo e estável, os custos de insumos refletem a cotação atual, muitas vezes superior.

O real desvalorizado ajuda nas exportações, tanto que a balança comercial em 2024 foi o segundo melhor ano da história em saldo comercial e exportações. No entanto, o presidente da Abimaq chama atenção para a queda na participação da indústria de transformação nas exportações brasileiras. Há uma década, bens transformados representavam 64% das exportações, mas hoje essa parcela caiu para 54%. Produtos semimanufaturados, como carne bovina, celulose, açúcar e farelo de soja, lideram a pauta exportadora, enquanto produtos de maior valor agregado perderam relevância.

O aumento de 25% nas importações de bens de capital, como máquinas e equipamentos, inicialmente parece uma boa notícia, sugerindo investimentos em infraestrutura e produtividade.

— Porém, o consumo aparente desses bens caiu 0,5%, indicando que o aumento nas importações não se traduziu em maior investimento interno. Em valores corrigidos, o consumo aparente de máquinas e equipamentos no Brasil caiu 35% nos últimos 10 anos, passando de R$ 570 bilhões em 2013 para R$ 370 bilhões em 2024. Essa queda reflete uma redução na taxa de formação bruta de capital fixo, que atualmente está em 17%, bem abaixo dos 21% registrados em 2013.

A situação é agravada pela crescente participação da China no mercado brasileiro. Em 2024, 80% do aumento das importações de máquinas veio de produtos chineses, explica Velloso. Enquanto isso, países líderes em tecnologia, como Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos, registraram queda na exportação de máquinas para o Brasil.

Fonte: O Globo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 20/01/2025

 

Trump deve acirrar concorrência agrícola entre Brasil e EUA, dizem especialistas

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20 deve acentuar a concorrência no agronegócio entre Brasil e Estados Unidos. Trump volta ao poder com o anúncio de políticas comerciais protecionistas que, por um lado, podem favorecer o comércio de produtos agropecuários brasileiros a países importadores, como a China mas, de outro lado, tendem a embaraçar negociações para ampliações e aberturas de mercados entre os países.

Para especialistas em comércio exterior, representantes de entidades privadas e do governo, ouvidos pelo Broadcast Agro, o agronegócio brasileiro pode ganhar com as políticas protecionistas de Trump nas exportações a outros países, mas perder no próprio comércio com os Estados Unidos.

Nessa equação, um dos principais fatores é a potencial retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Trump promete aplicar tarifas elevadas sobre produtos importados pelos Estados Unidos e repetir o conflito com o gigante asiático – tônica da sua primeira gestão.

Em eventual troca de retaliações entre os países, o Brasil pode se favorecer do redirecionamento da demanda chinesa de soja e milho, embora em menor grau ao observado na primeira fase da guerra comercial sino-americana no primeiro mandato de Trump.

A tendência é o Brasil ocupar mais espaço no fornecimento de grãos ao mercado asiático, se confirmada uma escalada do conflito comercial sino-americano, pelo menos no curto prazo.

“Hoje exportamos 64% de soja, carne, algodão e milho para a China, enquanto os Estados Unidos exportam 34%. Portanto, os ganhos não seriam tão grandes como foram na primeira fase da guerra comercial, mas pode haver benefícios no curto e médio prazo”, avalia o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank.

Jank pondera que a China, entretanto, tende a não querer abrir mão da possibilidade de adquirir soja do Hemisfério Sul e do Hemisfério Norte em diferentes períodos do ano a preços mais competitivos.

“Outra preocupação a médio prazo seria um eventual acordo de trégua entre os países, o que faz parte do jogo político de pressão e ameaças do Trump em uma possível cessão da China”, pontua Jank.

Na avaliação da diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, o Brasil tem condições de ampliar o fornecimento de alimentos para a China e demais destinos, seja a demanda adicional gerada por uma guerra comercial ou por questões climáticas adversas.

Mori pondera que a disputa sino-americana pode ser mais crítica em comparação com a primeira fase.

“A composição do governo Trump 2 será diferente do Trump 1 pela situação geopolítica global. Trump volta com maior legitimidade, apoio político interno e liberdade para, inclusive, intensificar uma guerra comercial com a China. Por outro lado, a China mantém uma influência geopolítica muito grande”, observou.

“Temos de aguardar a chegada de Trump ao governo para ver as medidas implementadas e também como o Brasil vai se comportar nesse cenário. Defendemos o pragmatismo nas relações porque o agronegócio brasileiro vende para o mundo inteiro”, argumenta Mori.

Já na relação com o Brasil, além do distanciamento ideológico entre os governos Trump e Lula – que declarou apoio à democrata Kamala Harris -, a postura de Trump de maior protecionismo à produção local pode atrapalhar as tratativas para aberturas e ampliações de mercados entre os países.

Diplomatas que atuam nos Estados Unidos avaliam que a possibilidade de ampliar a cota de carne bovina (hoje de 65 mil toneladas ao ano) e de açúcar brasileiro (volumes estipulados por ano) vendidos ao mercado norte-americano dependerão de contrapartida brasileira – como a redução da tarifa sobre importação de etanol dos EUA.

O Brasil quer também vender mais frutas aos Estados Unidos, como limão taiti, enquanto os Estados Unidos querem ampliar vendas de vinhos, carnes premium, peras, cerejas americanas, salmão selvagem e proteína de leite.

Os Estados Unidos foram o segundo principal destino dos produtos agropecuários brasileiros no ano passado, com exportações de US$ 12,092 bilhões, respondendo por 7,4% do total exportado pelo agronegócio no ano. Os embarques concentram-se em café verde, celulose, carne bovina in natura, suco de laranja e couro, segundo dados do sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro.

Já o Brasil importou US$ 1,028 bilhão em produtos do agronegócio dos Estados Unidos no último ano.

Do lado do governo brasileiro, a intenção é manter as negociações bilaterais em andamento e a relação comercial “de confiança, a despeito de posições políticas”, segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua.

“Os Estados Unidos são um importante parceiro do Brasil também do ponto de vista de investimentos e com um ecossistema de inovação agropecuária importante. A ideia é manter uma relação fluida, exportando produtos complementares à pauta, como o café, entre outros, e aprofundando a relação no que for possível”, afirmou Rua.

“Dependendo da política comercial que for adotada pelo presidente Trump, o Brasil sempre estará disponível aos demais países do mundo para prover eventuais necessidades que esses países possam ter em virtude de uma possível escalada protecionista nos Estados Unidos com reflexo nos produtos exportados pelos norte-americanos”, acrescentou Rua, em entrevista recente à reportagem.

Para Jank, o Brasil não é um país que apresenta ameaça à política comercial de Trump, por ser uma balança comercial geral deficitária para os produtos brasileiros – em 2024, exportações totais atingiram US$ 40,330 bilhões ante importações de US$ 40 583 bilhões.

“Os americanos vão escolher amigos e inimigos para as políticas comerciais. Do ponto de vista do Brasil, não há fatores comerciais que possam afetar as relações bilaterais, pelo contrário, há potenciais similaridades e contribuições em biocombustíveis e tecnologia agrícola”, afirmou o professor do Insper.

Em contrapartida, Jank vê possibilidade de maior pressão dos Estados Unidos para a diminuição da tarifa aplicada sobre o etanol exportado ao Brasil, hoje de 18%. Ele enxerga também fundamentos de mercado para o Brasil buscar o aumento da cota de carne bovina exportada aos EUA em virtude da crise na pecuária local.

Para Mori, da CNA, o interesse do agronegócio brasileiro em ampliar o comércio com os Estados Unidos continua. “A expectativa é que o pragmatismo seja mantido. Não há sinalizações de que isso vá mudar. Historicamente, já vimos outros momentos de desgaste entre governos e ausência de impactos em números da balança comercial”, pontuou.

Já representantes da indústria da carne e do setor sucroenergético não esperam avanços nas negociações para ampliar a cota de exportação sem tarifas de carne bovina e açúcar brasileiros ao mercado norte-americano.

“Os Estados Unidos tendem a continuar recorrendo à carne brasileira em virtude dos problemas domésticos de oferta, mas a redução de tarifas é pouco provável. O cenário atual já é favorável ao Brasil”, observou fonte do setor exportador.

Em 2024, o Brasil exportou 229 mil toneladas de carne bovina aos Estados Unidos, somando US$ 1,35 bilhão em divisas.

Os Estados Unidos são hoje ainda o principal destino do café brasileiro, com 471,539 mil toneladas (7,859 milhões de sacas) exportadas no ano passado. Interlocutores da indústria acreditam que tende a prevalecer a “racionalidade comercial” baseada no pragmatismo e no bom relacionamento entre os traders.

O professor emérito da Fundação Getúlio Vargas e ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues avalia que as demandas de mercado devem prevalecer sobre as questões ideológicas na relação entre os países.

“O que importa é o mercado funcionar adequadamente para que a gente continue participando dele também adequadamente”, diz Rodrigues. Para o professor, “pode haver mais protecionismo” em relação aos produtos agropecuários do Brasil. “Mas o Brasil tem de negociar. Nossa diplomacia tem de negociar com parcimônia e competência e estar aberta para todo mundo e para o mundo todo”, ressalta.

Na avaliação do ex-ministro, se considerado o primeiro mandato de Trump, os efeitos sobre o agronegócio tendem a incluir a tendência é de maior “desglobalização”, com implicação no enfraquecimento de organizações multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Isso é ruim para todo mundo, inclusive para o Brasil também. Sem organismos multilaterais, não há rumo”, conclui.

Fonte: Infomoney
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 20/01/2025

 

Construção civil em 2025: apostas e tendências para ficar de olho

O mercado imobiliário e a construção civil são um segmento movido pela capacidade de reinvenção, e que promete ter um novo ano influenciado por alterações no contexto econômico, aprimoramentos tecnológicos e novas técnicas construtivas, pelas variações no comportamento dos consumidores, além das preocupações sustentáveis.

Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo, o mercado goiano tem como principal propulsor o crescimento populacional e de renda per capita, que tendem a movimentar desde o nicho de habitações populares até o alto padrão, assim como os investimentos em imóveis para locação e a procura por regiões mais valorizadas.

Do outro lado, os incorporadores estão atentos aos desafios do aumento nas taxas de juros, à implementação de tecnologias que otimizem processos e reduzam custos, ao compromisso sustentável e aos diferenciais de bem-estar e segurança.

Uma tendência firmada é a dos empreendimentos multiuso, que contam com unidades residenciais e salas comerciais. “Estão consolidados nos grandes centros urbanos e em Goiânia não será diferente.

O facilitador relacionado a Mobilidade urbana é o principal ponto na busca por esse perfil de investimento”, diz. Segundo ele, as pesquisas já demonstram o aumento na procura de imóveis para locação. “Isso faz com que os compactos que atendem a essa demanda sejam mais viabilizados e contribuam para aquecer o mercado”, explica. Melazzo afirma que um desafio para o segmento é viabilizar os empreendimentos no cenário de juros altos. “O que nos deixa mais tranquilos é que a sinalização da queda está próxima, de modo que o governo já tem tomado as ações para que a Selic comece a baixar de forma gradativa e rápida”.

Regiões valorizadas

Outro termômetro de localização ideal para novos empreendimentos são as pesquisas que apontam as regiões de maior valorização da cidade.

De acordo com dados recentes da Geobrain, plataforma da Brain Inteligência Estratégica, o Jardim Goiás está entre os bairros mais valorizados de Goiânia, com o metro quadrado avaliado em R$ 10.388, juntamente com os setores Marista, Bueno e Oeste.

O presidente do Conselho da Ademi-GO e CEO da SOMOS Desenvolvimento Imobiliário, Fernando Razuk, aposta que os imóveis de Goiânia continuarão nessa crescente, e o Jardim Goiás é o bairro com maior destaque este ano.

Para ele, o setor é muito almejado em função da proximidade com o Shopping Flamboyant, além de hipermercados, universidades e ao Parque Flamboyant, o que contribui para o aumento na procura. “É bairro muito desejado e tem uma oferta muito baixa de apartamentos à venda. É o cenário ideal para a tendência de valorização. Além disso, a região passará por importantes melhorias, como a concessão do Estádio Serra Dourada, que promete revitalizar todo o seu entorno, novas grifes e restaurantes no Shopping Flamboyant e lançamentos imobiliários exclusivos”, justifica.

Tecnologia e processos

Para o diretor comercial da CMO Construtora, Marcelo Moreira, as apostas para 2025 são a inteligência artificial, soluções de crédito imobiliário, ESG e industrialização.

“Temos aplicado o uso de robô automatizado desde o pré-atendimento até o pós-venda, para solicitações e dúvidas, e no desenvolvimento de projetos para otimizar processos e reduzir o consumo de materiais”.

Para ele, outra forte tendência é influenciada pela alta na taxa de juros e dos bancos. “Temos buscado alternativas para financiar o nosso cliente e as nossas obras, e assim reduzir o custo de construção”. Marcelo ainda garante que a exigência de certificações ESG tem crescido. “Contemplamos todos os nossos projetos com diretrizes para manter a CMO socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada.

Eu acredito que isso será cada vez mais motivo de escolha dos clientes e um diferencial de mercado. Por fim, outra tendência é o processo de industrialização das obras diante da dificuldade na contratação de mão de obra. Existe essa necessidade de uma maior mecanização dos processos construtivos para dependermos menos da mão de obra nos canteiros de obras”, afirma.

O superintendente de incorporação da Terral Incorporadora, Marcus Vinicius Viana, indica um setor cada vez mais integrado à tecnologia e à inovação. A inteligência artificial é uma das grandes apostas para o futuro e está revolucionando o uso de câmeras de segurança, tornando-as mais eficientes e proativas. A Terral já conta com dois empreendimentos com IA para a área de segurança: o Casa Conceito, localizado no Setor Oeste, em Goiânia, e o Eleva 25, em Brasília.

O sistema utiliza o recurso para diversas finalidades, e através da identificação de pessoas por meio do reconhecimento facial e veículos por meio da leitura das placas, monitora de comportamentos suspeitos e ajusta os níveis de vigilância do prédio. “A inteligência artificial tem revolucionado não só a fase de desenvolvimento dos produtos, mas também na gestão de condomínios. Entendemos que os moradores buscam conforto, qualidade de vida, bem-estar e segurança ao escolher a moradia”, explica.

Do MCMV ao alto padrão

O diretor de Incorporação da EBM Desenvolvimento Imobiliário, Marcos Túlio Campos, aponta dois segmentos principais. “No âmbito do público econômico, acreditamos na manutenção da alta velocidade de vendas de empreendimentos vinculados ao programa Minha Casa Minha Vida, especialmente devido aos recursos destinados pelo governo para este segmento, que atende famílias com renda de até R$ 8 mil”, explica.

Já para o mercado de média e alta renda, Marcos Túlio ressalta a crescente demanda por produtos com maior valor agregado. “Hoje, o cliente não prioriza apenas o preço; ele busca localização privilegiada, itens robustos de segurança, comodidades como minimercados e lockers inteligentes, além de tecnologias nos empreendimentos. Produtos que incorporam serviços diferenciados, como parcerias com operações hoteleiras e de gestão, também têm se tornado uma forte tendência, atendendo a um público cada vez mais exigente”, finaliza.

O diretor Comercial e Marketing da Sousa Andrade Construtora, Bruno Alcântara, destaca segmento de alto padrão, foco principal da empresa. “Embora o cenário econômico nacional apresente desafios, existem pilares sólidos que impulsionam o crescimento do setor, como o alto número de vagas de emprego abertas que refletem a resiliência do mercado”, analisa. Bruno também ressalta o protagonismo de Goiás, que caminha para se consolidar como o segundo maior mercado imobiliário do país, e enfatiza o potencial dos compactos de luxo como opção para investidores. “A volatilidade do mercado financeiro leva muitos à busca pela segurança do investimento em imóveis. O perfil patrimonialista do público local reforça ainda mais essa tendência. Por isso, na Sousa Andrade, iniciamos 2025 com o lançamento de um empreendimento nesse perfil,” conclui.

Luxo, lazer e sustentabilidade

O mercado tem introduzido novos conceitos que ampliam a ideia de luxo e exclusividade, como os home resorts e small luxury clubs, por exemplo, com as suas infraestruturas dignas de hotéis cinco estrelas.

Essa é uma aposta da Opus Incorporadora, que trouxe o conceito inédito para Goiânia com seu último lançamento: um clube de alto padrão, com áreas de esporte, saúde e bem-estar, sustentado pelos pilares Racquets, Beauty, Gym e Social. Esse perfil de empreendimento conta com quadra de tênis e beach tennis para duplas, academia completa, espaços para yoga e pilates, spa com sauna, ofurô e sala de massagem, além de bar e lounge. “Trata-se de um movimento internacional que materializa a força do clube privativo em gerar desejo pelo exclusivo. E nós sabemos que é isso que cliente goiano de alto padrão procura”, explica diretor de Marketing da Opus Incorporadora, Guilherme Eduardo Martins.

Dados divulgados pela Brain & Company, em 2024, apontam um crescimento médio anual de 18% no mercado de luxo, com projeção de atingir R$ 130 bilhões até 2030. Na Consciente Construtora e Incorporadora, a previsão de crescimento para 2025 é de 10% a 15%. De acordo com o diretor comercial da empresa, Júlio Torres, uma das tendências que se destacam cada vez mais nesse nicho é a sustentabilidade.

O World Trade Center Goiânia (WTC) é referência em Goiânia, com a utilização de elevadores que regeneram a energia, estrutura para captação de água da chuva, placas fotovoltaicas, que não só tem influência direta no impacto ambiental como também estão aliadas a diminuição considerável dos custos de manutenção de condomínio. “A Consciente foi pioneira em ações sustentáveis, focando na redução do impacto ambiental e dos custos para o investidor. Estamos atentos a essas tendências para oferecer o que há de melhor, com empreendimentos que aliam autenticidade, sustentabilidade, luxo, excelência na mão de obra e escolha de produtos”, destaca.

Na decoração

Na arquitetura e decoração ainda prevalece a ideia de que ‘menos é mais’. “As pessoas já vêm explorando misturas de cores vibrantes, mas o minimalismo segue em 2025.

Além disso, as casas inteligentes, os espaços multifuncionais e acolhedores continuarão com tudo”, comenta a arquiteta da Brasal Incorporações, Lia Galera. Vale lembrar também que a cor Pantone de 2025 é o mocha mousse, um tom de marrom suave e quente, mas o ‘cherry red’, que é um vermelho cereja, também deve estar bem presente na decoração. “Para compor os ambientes com acolhimento e personalidade, a melhor escolha serão objetos que tenham significado emocional, que estabeleçam conexão e contem histórias. Não é à toa que elementos personalizados e feitos a mão estão em alta”, comenta. Ela explica que continuam também a necessidade de contato com a natureza e as estratégias de design ecológico e biofilia.

Conexão com a natureza

Para a diretora de incorporações da Dinâmica Incorporadora, Patrícia Garrote, duas tendências que seguem em alta em 2025 são projetos sustentáveis e conectados à natureza e a oferta de empreendimentos com infraestruturas de lazer de alto nível.

Ela explica que o quesito sustentabilidade virou uma exigência. “Se há alguns anos esse item tinha destaque nos projetos com o uso de materiais recicláveis, tecnologias para economia de energia e reaproveitamento de água da chuva, recentemente o mercado tem ido além, trazendo uma conexão genuína com a natureza, o que tem feito da biofilia uma tendência cada vez mais forte nos empreendimentos”, explica.

A biofilia pode estar presente em fachadas verdes, no uso de materiais naturais, como madeira e pedras, texturas e cores em tons terrosos, ou em recursos que potencializem a iluminação natural e a ventilação cruzada, todos elementos explorados no último lançamento da Dinâmica, o Envolt Biophilic Home. 

Fonte: Capital Econômico
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 20/01/2025

 

Crise cambial e juro alto: o que esperar para 3 setores da B3 no ano, segundo Goldman

As empresas brasileiras, especialmente aquelas com grande exposição ao câmbio e à dívida atrelada às taxas de juros, têm enfrentado pressão após o real perder 24% de seu valor em relação ao dólar, enquanto as taxas de juros de dez anos subiram mais de quatro pontos percentuais, segundo análise do Goldman Sachs.

O banco diz que as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ainda não foram ajustadas para baixo, apesar das flutuações cambiais e da elevação das taxas de juros. Contudo, as empresas que enfrentam essa realidade já começam a ver reflexos nas suas ações, à medida que o mercado ajusta as expectativas diante das condições econômicas mais difíceis.

Setores como utilities (energia e saneamento), infraestrutura, companhias aéreas e locadoras de veículos são os mais atingidos. É que com o aumento das taxas de juros e a desvalorização do real, essas empresas enfrentam custos mais altos. Embora algumas, como Energisa (ENGI11) e Equatorial (EQTL3), tenham certa flexibilidade para repassar aumentos por meio de tarifas reguladas, sua capacidade de ajustar os preços, observam os analistas, é limitada.

Entre as empresas de transportes, as companhias aéreas, como a Azul (AZUL4), precisam elevar tarifas em cerca de 3% para equilibrar uma desvalorização de 10% do real. O problema é que como essas empresas já venderam antecipadamente muitas passagens, esses ajustes podem ser demorados. Locadoras de veículos, como a Localiza (RENT3), também têm uma margem de ajuste nos preços para enfrentar as altas taxas de juros, mas isso pode retardar seu crescimento, de acordo com o Goldman Sachs.

Para os estrategistas, a demanda por energia e outros serviços essenciais tende a ser menos impactada pelas variações no PIB.

A Rumo (RAIL3), por exemplo, segundo eles, possui uma exposição reduzida ao custo do diesel, o que beneficia seu poder de precificação no longo prazo. Já as rodovias com pedágio são mais sensíveis ao desempenho econômico, com o tráfego de veículos crescendo em uma proporção superior ao PIB.

Nos últimos três meses, as ações de utilities caíram 13%, enquanto o Ibovespa teve queda de 8%. A conta demonstra uma diferenciação entre as empresas, com aquelas mais vulneráveis ao câmbio e à inflação sendo mais penalizadas. O banco diz que o mercado reage a essas diferenças de maneira clara, com investidores mais cautelosos em relação às ações de empresas com maior endividamento e maior exposição a variações cambiais.

O Goldman Sachs revisou as projeções para empresas brasileiras e ajustou as estimativas de acordo com as condições de juros altos e a valorização do dólar:

Óleo e gás

No setor de energia, petróleo, óleo e gás, a Petrobras teve sua previsão de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, reduzida para os anos de até 2026. O preço-alvo das ações preferenciais (PETR3) e ordinárias (PETR4) foi ajustado para R$ 48,30 e R$ 43,90, respectivamente, representando uma queda de 3% para ambos os papéis.

Para a PRIO, a revisão foi positiva em relação ao Ebitda de 2024, que subiu em 1%, embora o custo médio ponderado de capital (WACC) tenha sido elevado para 15,5%, impactando o preço-alvo das ações PRIO3, que passou a ser de R$ 60,30, um valor inferior aos R$ 61,90 anteriores.

A PetroReconcavo também teve suas estimativas de Ebitda para 2024 reduzidas em 1%, com o Wacc sendo ajustado para 17,2%, o que resultou em um novo preço-alvo de R$ 23,80 para as ações RECV3, abaixo dos R$ 25,20 projetados anteriormente.

A Brava Energia manteve suas previsões de Ebitda praticamente inalteradas para os próximos anos, mas o preço-alvo das ações BRAV3 foi reduzido de R$ 29,20 para R$ 27,40 devido a ajustes nas projeções de lucro.

Energia elétrica

No setor de energia elétrica, a Sabesp teve suas estimativas de lucro líquido para até 2026 revistas para baixo, com ajustes em sua taxa de WACC, que subiu de 7,3% para 7,6%. O preço-alvo para as ações SBSP3 passou a ser R$ 114,50, abaixo dos R$ 120,10 anteriores.

A Eletrobras também teve suas projeções de lucro líquido para 2024 e 2025 revistas para baixo, com um ajuste no Wacc para 8,7%. O preço-alvo para as ações (ELET3 e ELET6) foi ajustado para R$ 48 e R$ 53, respectivamente.

A Copel teve suas estimativas de lucro líquido revisadas até 2026, com um ajuste em sua taxa de Wacc para 7,9%. O preço-alvo para as ações (CPLE3 e CPLE6) permaneceu inalterado em R$ 11,20 e R$ 12,40.

A Equatorial viu suas estimativas de lucro líquido até 2026 revistas para baixo, com um ajuste em sua taxa de Wacc para 6,5%. O preço-alvo das ações EQTL3 foi ajustado para R$ 40,50, uma leve redução em relação ao valor anterior de R$ 40,69.

A Energisa também revisou suas estimativas de lucro líquido, com um ajuste em sua taxa de Wacc para 7,9%. O preço-alvo das ações ENGI11 foi reduzido de R$ 59 para R$ 56,80.

A Cemig revisou suas estimativas de lucro líquido para os próximos anos, com um ajuste em sua taxa de Wacc para 9,4%. O preço-alvo para as ações CMIG4 foi ajustado para R$ 8,90, uma queda em relação aos R$ 9,30 anteriores.

Logística e transporte

No setor de logística e transporte, a Localiza teve suas estimativas de receita líquida e Ebitda para 2024, 2025 e 2026 mantidas, mas o preço-alvo das ações (RENT3) foi ajustado para R$ 46,20, uma redução de R$ 7,20 em relação ao valor anterior de R$ 53,40.

A CCR viu suas estimativas de receita líquida e Ebitda para 2025 e 2026 revistas para cima, enquanto as despesas financeiras foram ajustadas para cima para os próximos três anos. O preço-alvo das ações (CCRO3) foi ajustado para R$ 12,30, um aumento em relação aos R$ 11,60 anteriores.

A Ecorodovias teve suas estimativas de receita líquida e Ebitda para 2025 e 2026 revistas para cima, mas suas previsões de lucro líquido para os próximos anos foram reduzidas, com um ajuste no preço-alvo das ações (ECOR3) para R$ 6,00, uma leve alta em relação aos R$ 5,90 anteriores.

Fonte: Infomoney
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 17/01/2025