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CNI aponta sinais positivos para indústrias brasileiras de pequeno porte

O terceiro semestre deste ano demonstrou sinais positivos para as indústrias brasileiras de pequeno porte que operam nos setores de extrativismo e construção civil. De acordo com o Panorama da Pequena Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), questões relacionadas à compra de insumos não são os principais problemas citados por pequenos empresários do setor secundário que atuam nos ramos extrativista e de construção civil.

Comparado ao relatório deste período, no ano passado, a preocupação com matérias-primas caiu de 38,3% para 25% entre os empresários do setor extrativista e de 50% para 24% entre os responsáveis por pequenas indústrias na área de construção civil. 

Para a analista de Políticas e Indústria da CNI Paula Verlangeiro, no entanto, o problema da falta ou do alto custo da matéria-prima não deixou de existir. "Mas foi menos assinalado no terceiro trimestre pelas pequenas indústrias. A expectativa é que (essa preocupação) recue ainda mais no fim de 2022", explicou a analista. 

Enquanto o pequeno industrial reconhece que a aquisição de insumos não se mostra um problema neste terceiro trimestre, o mesmo não pode dizer quando o assunto aborda os pagamentos de impostos e a busca por empréstimos. Ainda de acordo com Paula Verlangeiro, na indústria extrativa, "a dificuldade mais recorrente é a elevada carga tributária, e na indústria da construção são as taxas de juros elevadas". A Selic, atualmente, está em 13,75%.

Diversificação nos insumos

Na avaliação do gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a diminuição da preocupação das indústrias de pequeno porte por aquisição de insumos pode ser explicada pelo fato de essas empresas adotarem estratégias para otimizar a aquisição de matérias-primas. "Embora o Panorama da Pequena Indústria não foque no motivo de os empresários evitarem estabelecer a compra de insumos como principal problema, a CNI faz sondagens e percebeu que, neste ano, as empresas buscaram contato com novos fornecedores, tanto aqui (Brasil), como em outros países", explicou o economista.

Outro motivo apontado por Marcelo Azevedo como benéfico à compra de insumos para as indústrias de extrativismo e construção civil é o fato de a China — um dos principais fornecedores de matérias-primas às indústrias — fazer lockdowns de forma mais "espaçada". Neste caso, o analista da CNI comentou que a política "covid zero", implantada pela China, vem afetando menos o fornecimento de insumos do que os extensos lockdowns comuns à China pandêmica.

Transformação

Enquanto os setores de extrativismo e construção civil celebram a aquisição de matérias-primas, a indústria de transformação cita essa demanda como a principal queixa entre os empresários. De acordo com a pesquisa da CNI, 40,5% dos representantes deste setor citam esse ponto como o principal problema.

O índice de preocupação, porém, diminuiu em comparação com o levantamento do segundo semestre, que apontou que 51,8% dos empresários da indústria de transformação citaram a aquisição de insumos como o principal problema na área.

A elevada carga tributária também preocupa esse setor, ficando em segundo lugar no ranking do Panorama da Pequena Indústria. 

O fato de o desempenho das pequenas indústrias no trimestre superar o do ano anterior faz com que os empresários deste setor se mostrem otimistas. Os dados mostram que, enquanto no ano passado o desempenho no terceiro semestre foi de 47,4 pontos, o Panorama da Pequena Indústria neste período em 2022 mostra que as pequenas indústrias avançaram para 49 pontos. 

No entanto, o otimismo do setor não faz com que os empresários mantenham a confiança na área. Segundo o relatório da CNI, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) para as indústrias de pequeno porte foi de 58,7 pontos em outubro de 2022, queda de 3,2 pontos, na comparação com setembro de 2022. Apesar da queda, o ICEI para o setor permaneceu acima da linha divisória de 50 pontos, que separa confiança de falta de confiança e acima da média histórica de 53,0 pontos. Logo, segundo a Confederação Nacional das Indústrias, é possível constar que o pequeno empresário industrial se mostra otimista. 

Baseado em quatro perspectivas, o Panorama da Pequena Indústria analisa fatores como desempenho, situação financeira, perspectivas e índice de confiança. Todos os índices variam de 0 a 100 pontos. Quanto maior for esse dado, segundo a CNI, melhor é a performance do setor.

Os índices consideram volume de produção, número de empregados, utilização da capacidade instalada, satisfação com o lucro operacional e situação financeira, facilidade de acesso ao crédito, expectativa de evolução da demanda e intenção de investimento e de contratações.

Além disso, a pesquisa também traz o ranking dos principais problemas enfrentados pelas MPEs em cada trimestre.

A pesquisa é divulgada trimestralmente com base na análise dos dados da pequena indústria levantados na Sondagem Industrial, na Sondagem Indústria da Construção e no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI). Todos os meses, as pesquisas ouvem cerca de 900 empresários de empresas de pequeno porte.

Fonte: Correio Braziliense
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/11/2022

Setor mineral brasileiro pretende investir US$ 40 bilhões entre 2022 e 2026

Setor mineral brasileiro pretende investir US$ 40 bilhões entre 2022 e 2026
 
Projeção do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) dá conta de que, entre 2022 e 2026, o setor tem programado investimentos de US$ 40 bilhões no Brasil, sendo cerca de US$ 4 bilhões, ou 10% do total, em investimentos socioambientais. Estes investimentos deverão ser feitos mesmo com o setor não estar repetindo, em 2022, o bom desempenho de anos passados.

De fato, segundo outra projeção do Ibram, o faturamento do setor mineral brasileiro alcançou R$ 75,8 bilhões no terceiro trimestre deste ano, uma queda de 30% sobre o mesmo trimestre de 2021. Mesmo assim, a produção do país passou de 355 milhões para 365 milhões de t nas comparações trimestrais, um razoável incremento de 3%.

A queda no faturamento é explicada tanto por fatores externos como climáticos. Houve significativa redução da produção e da demanda de aço na China, o que influenciou negativamente o desempenho do minério de ferro, carro chefe da mineração brasileira, em termos de produção e exportação.

A contribuir está havendo ainda o problema das restrições à produção industrial na China em razão da Covid-19. Fenômenos climáticos recorrentes neste ano, como tufões e chuvas intensas, também estão influenciando o mercado e a produção de aço no país asiático, principal consumidor do nosso minério de ferro.

O conflito na Ucrânia também está prejudicando as exportações, devido à crise de energia que reduziu significativamente a produção de aço na Europa.

“Mas é preciso notar que a mineração é um setor historicamente cíclico, sazonal, que sofre influências de diversas fontes”, diz o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann. “Por isso, essa queda não nos preocupa. A mineração continua mantendo posição fundamental na economia brasileira, tendo respondido por R$ 26,1 bilhões de arrecadação de tributos e encargos no terceiro trimestre”.

Para Jungmann, no entanto, se este cenário hoje um pouco mais sombrio não afeta os investimentos previstos, estes poderiam ser muito maiores, se o Brasil contasse com instrumentos de financiamento da atividade mineral, como mantém para outros setores igualmente competitivos, como o agronegócio.

Na opinião do presidente do Ibram, isto é algo em que o Brasil deveria parar para pensar, especialmente devido à comprovada capacidade da mineração de gerar empregos. Só nos primeiro oito meses de 2022, o setor gerou mais de 5,6 mil vagas, totalizando 203,8 mil vagas diretas. De janeiro de 2021 a agosto de 2022, o total de vagas criadas alcançou 18.313.

FERRO

O minério de ferro continuou dando as cartas no setor no terceiro trimestre, respondendo por 64% do faturamento total. No entanto, o desempenho do faturamento desse minério apresentou queda de 43%, sendo R$ 48,2 bilhões no trimestre e R$ 85,1 bilhões no mesmo período de 2021.

Foi o mau desempenho do minério de ferro, que responde por cerca de 70% das exportações minerais brasileiras, obviamente, o principal responsável pela queda geral do faturamento do setor.

Mas outros produtos também apontaram para baixo. O faturamento relacionado ao ouro, por exemplo, caiu 4% entre julho e setembro de 2022, para R$ 6,2 bilhões. O ouro representou 8% do faturamento da mineração no trimestre.

Já o faturamento do cobre caiu 13%, para R$ 4 bilhões no terceiro trimestre. O cobre respondeu por 5% do faturamento total no período.

De outro lado, o faturamento do calcário dolomítico, da bauxita e do granito tiveram altas expressivas no trimestre, de 35%, 51%, e 46%, respectivamente, sobre o mesmo trimestre de 2021. Os valores foram, também respectivamente, de R$ 3,2 bilhões; R$ 1,8 bilhão; R$ 1,5 bilhão.

Entre os estados mineradores, Minas Gerais teve faturamento de R$ 29,7 bilhões, decréscimo de 38%, enquanto o Pará caiu 37%, curiosamente também para R$ 29,7 bilhões. No trimestre, os dois estados responderam com 39% cada um na produção mineral total brasileira.

Já Goiás registrou crescimento no faturamento de 30%, para R$ 2,9 bilhões, e respondeu por 4% da produção mineral brasileira no trimestre, enquanto a Bahia faturou R$ 2,5 bilhões, 3% a menos sobre o mesmo trimestre de 2021. O estado respondeu por 3% da produção mineral brasileira no terceiro trimestre.

São Paulo e Mato Grosso obtiveram faturamento de R$ 2,2 bilhões (+20%) e R$ 2,1 bilhões (+25%) na comparação com o mesmo trimestre do último ano. São Paulo tem sua produção focada principalmente em agregados para a construção civil e granito, sendo ainda importante produtor de água mineral e fosfato.

Já o Mato Grosso produz ouro e calcário dolomítico, este muito usado na correção de solos. Os dois estados responderam, cada um, por 3% da produção mineral brasileira.

Em relação às importações, o Brasil gastou US$ 4,8 bilhões para comprar cerca de 9,7 milhões de t no terceiro trimestre de 2022, uma queda de 20,5% sobre o mesmo período de 2021.

As importações que mais cresceram em termos de gastos foram a de carvão mineral (65,1%), potássio (133%), enxofre (112,1%) e rocha fosfática (80,7%). Mas, em toneladas, houve declínio nas compras desses minérios, à exceção do enxofre.

Fonte: IPESI
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/11/2022

 

Vendas de ônibus em 2022 crescerão até 18%

As vendas de ônibus de janeiro a outubro já somam 17,1 mil unidades, resultando em alta de 15% sobre iguais meses do ano passado. Com os emplacamentos estimados para novembro e dezembro, o ano fechará com algo entre 20,5 mil e 21 mil veículos, levando a um crescimento entre 15% e 18% sobre 2021, quando foram licenciadas apenas 17,8 mil unidades. 

Os emplacamentos acumulados nestes dez meses são muito próximos às vendas de todo o ano passado, quando 17,8 mil novos ônibus chegaram às ruas. Os números foram divulgados na quinta-feira, 3, pela Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionários.

Renovações de frotas puxam vendas de ônibus

A leitura isolada de outubro mostra 1,8 mil ônibus emplacados e queda de 25% na comparação com setembro: “Naquele mês houve um bom volume de emplacamentos para o Programa Caminho da Escola. Em outubro ocorreu um ajuste de mercado, mas o resultado é positivo no ano”, ressalta o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior.

Embora o volume acumulado ainda seja pequeno, a reação do setor vem ocorrendo por conta de renovações em frotas urbanas e rodoviárias. 

A Mercedes-Benz continua líder do setor, com 8,8 mil unidades no acumulado de janeiro a outubro, o equivalente a 51,7% do mercado total. Em segundo lugar vêm os Volksbus, com 3,8 mil ônibus licenciados e 21,5% do mercado. Mais abaixo está a Marcopolo, com 2,8 mil veículos emplacados e 16,3% do mercado nacional.

Caminhões: mais de 100 mil em 10 meses

O setor de caminhões anotou no acumulado de janeiro a outubro 102,6 mil unidades emplacadas, resultado muito próximo ao obtido no mesmo período do ano passado, com pequena queda de 2,1%. A venda de outubro atingiu 10,6 mil caminhões, total 4,6% menor que o de setembro, que teve um dia útil a mais, mas a média diária de emplacamentos permaneceu estável e próxima a 530 licenciamentos.

“É possível que se repita neste ano o resultado de 2021, como divulgamos em nossas projeções”, estima Andreta Jr. Em 2021 foram licenciados 127,3 mil caminhões. E os revendedores e fabricantes esperam bons números para novembro e dezembro, por pelo menos dois bons motivos.

A produção já não sofre mais com a falta de componentes que atingiu o setor no primeiro semestre. E muitos frotistas anteciparam a compra de caminhões este ano para fugir de futuros reajustes de 15% a 20% como consequência da transição da tecnologia de controle de emissões (de Euro 5 para Euro 6), que entra em vigor em janeiro.

Entre os caminhões, o primeiro e segundo lugares se invertem na comparação com os ônibus. Aqui a líder é a Volkswagen, com 29,2 mil unidades e 28,5% das vendas até outubro. Os Mercedes totalizam 27,9 mil, com 27,2% do mercado. O terceiro lugar é da Volvo, com 19,7 mil caminhões e 19,2% de participação. A Scania vem pouco abaixo, com 9,1 mil unidades e 8,8% do mercado local.

Fonte: Automotive Business
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 07/11/2022

De carros a ônibus, frota elétrica acelera no país e vendas devem crescer 33% neste ano

Nas ruas e nas estradas, os veículos elétricos começam a ganhar força, impulsionados por projetos de montadoras, indústrias, prefeituras e empresas do setor de energia e varejo. Os modelos movidos a bateria, em substituição ao diesel e à gasolina, devem chegar a quase 46,6 mil unidades vendidas somente neste ano no Brasil.

Será um crescimento de 33% em relação ao ano passado, quando 35 mil unidades foram comercializadas entre carros, furgões, caminhões e ônibus, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

O avanço vem sendo puxado por empresas e indústrias, que estão eletrificando sua frota de olho, principalmente, na redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, e por prefeituras, que começam a substituir os ônibus públicos movidos a diesel.

Desde que a Volkswagen Caminhões e Ônibus lançou seu primeiro caminhão 100% elétrico, no ano passado, a aceitação tem sido acima do esperado, afirma Antonio Roberto Cortes, presidente e CEO da companhia.

Já foram vendidas 350 unidades e há acordos assinados para a comercialização de mais mil caminhões para companhias como Ambev, Coca-Cola, Raízen e Grupo Vamos, entre outros.

— Investimos R$ 110 milhões no desenvolvimento de produto e em engenharia na nossa fábrica em Resende, no Rio. A perspectiva é que o segmento ganhe espaço. Mas há uma série de desafios, como as baterias. Por isso, estamos conversando com empresas para ver o que pode ser fabricado aqui no país — explica Cortes.

A produção de ônibus elétricos também está no radar da montadora, conta o executivo. É reflexo dos diversos projetos que começam a ganhar força em cidades espalhadas pelo país.

De olho nesse potencial, a Enel X, braço de negócios global da Enel que atua no fornecimento e eficiência energética, vem desenvolvendo infraestrutura de recarga e criando projetos de geração sustentável, como solar e eólica, em ao menos quatro cidades.

Sustentável do início ao fim

A empresa de energia pretende participar da licitação que será feita em Goiânia (Goiás), após estudos feitos na cidade, para fornecer a solução completa, da entrega dos ônibus ao sistema de carregamento e geração de energia renovável para as baterias dos veículos.

Em Curitiba (Paraná), está sendo feita uma chamada pública para iniciar um projeto-piloto. Já em Angra dos Reis (Rio), a companhia é responsável pelas análises para uma parceria público-privada.

— Não adianta ter carro elétrico com uma bateria gerada a partir de energia fóssil. A ideia é ser sustentável do início ao fim e criar modelos que ajudem a melhorar o serviço para a população e a reduzir os custos. Em estudos que fizemos, há queda entre 50% e 60% nas despesas com manutenção e de 70% a 75% na economia de energia — explica Carlos Eduardo de Souza, diretor da Enel X.

Há ainda uma série de outros locais onde projetos com ônibus elétricos começam a ganhar força, como Fortaleza (Ceará), Salvador (Bahia), São Paulo, São José dos Campos (SP). Mas, apesar do interesse, a frota elétrica no país ainda é tímida.

Segundo Adalberto Maluf, presidente do Conselho Diretor da ABVE, o Brasil tem hoje apenas 371 ônibus elétricos, com base em dados do E-bus Radar. Ele ressalta que o Brasil é o único país do G-20 que não tem plano nacional de mobilidade elétrica:

— Somos o quarto maior fabricante de veículos pesados do mundo e o nono maior de carros leves. Sem um plano nacional, não há coordenação. O que temos hoje são empresas privadas movidas pela necessidade de reduzir a emissão por conta da agenda sustentável e algumas cidades.

Os projetos de logística das empresas vêm estimulando a venda de caminhões elétricos, que deve mais que dobrar este ano, passando de 293 unidades para mais de 600 até dezembro, segundo a ABVE.

Alta ainda maior está prevista para os comerciais leves (furgões, por exemplo), que devem passar das 151 unidades vendidas em 2021 para mais de mil este ano.

Paulo Zagman, vice-presidente de Logística da Ambev, lembra que a empresa tem uma frota elétrica de 255 veículos em diversas cidades no Brasil, que já rodaram mais de 500 mil quilômetros, poupando a emissão de 1.540 toneladas de gás carbônico na atmosfera e 150 mil litros de diesel.

O executivo destaca que as parcerias são fundamentais nesse processo, que exige um ecossistema amplo. Ele cita acordos com a Volkswagen e a JAC Motors.

Além disso, a cervejaria se juntou com a Fábrica Nacional de Mobilidades (FNM), uma startup de veículos elétricos que participou de um programa de aceleração da empresa em 2019 para o desenvolvimento de mil veículos elétricos, como caminhões e vans, previstos para estarem nas ruas até o fim de 2023.

— Queremos ter 100% da eletricidade comprada de fontes renováveis e reduzir em 25% as emissões de carbono em toda a cadeia de valor até 2025 — diz Zagman.

A Light, por exemplo, investe R$ 8,6 milhões em um projeto de eletrificação de sua frota. O objetivo é a redução de custos operacionais a partir da substituição dos atuais veículos a combustão.

O projeto, que começa este mês, envolve ainda o desenvolvimento de infraestrutura de recarga em suas subestações.

A Americanas também acelera seus investimentos. Hoje, a varejista conta com mais de 300 veículos ecoeficientes, como bicicletas e tuk-tuks elétricos, entre outros. No primeiro semestre deste ano, foram investidos R$ 126 milhões —avanço de 224% frente ao mesmo período de 2021.

Patrícia Bello, gerente de projetos e inovação da plataforma de logística da companhia, destaca ainda a parceria com startups para novas soluções:

— Já temos cem eletropostos em operação. A ideia é que os veículos circulem de dia e carreguem durante a noite nas bases operacionais da empresa. Nossa frota elétrica opera em nove estados e já representa 24% da operação de entrega até a casa do cliente.

Quem também vem recorrendo a aquisições e parcerias para avançar na eletrificação é a Vibra (ex-BR Distribuidora). A estratégia da empresa é transformar seus 8.300 postos de combustíveis espalhados pelo Brasil em postos de energia.

Para isso, antecipa Bernardo Kos Winik, vice-presidente executivo Comercial B2B da Vibra, a empresa planeja desenvolver projetos de geração renovável de energia ao mesmo tempo em que amplia o número de estações de recarga para as baterias.

Segundo ele, a Vibra já tem 400 estações de carregamento e quer chegar a 500 no próximo ano em locais como estacionamentos e shoppings. Nestes locais, a recarga leva, em média, oito horas.

A Vibra, contudo, está desenvolvendo estações de carregamento ultrarrápido, que atingem 80% da bateria em até 20 minutos.

A meta é chegar a 70 unidades até 2023 em locais como rodovias, cobrindo cerca de nove mil quilômetros.

— Existe demanda e é grande. Estamos conversando ainda com concessionárias, para ter soluções de eletroposto, e com empresas de aluguel de carro que já estão eletrificando suas frotas. Mas há desafios. As estações precisam estar conectadas e dar ao cliente previsibilidade, permitindo saber onde estão as estações e os horários livres para recarregar. Essa jornada está sendo montada — conta Winik.

Fonte: O Globo
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 07/11/2022

Conheça as três frentes de negócios que podem movimentar US$ 125 bilhões no Brasil nos próximos anos

Que o mundo precisa desacelerar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) não é novidade para quem minimamente acompanha a pauta de sustentabilidade. Mas como fazer isso e quais as oportunidades que podem surgir a partir dessas novas demandas, ainda não está bem claro. Para colocar todos na mesma página, especialistas da consultoria McKinsey no Brasil reuniram em um relatório as três principais avenidas de atuação nas quais o país pode se destacar em uma economia mais verde: energia limpa e renovável; energia e materiais de base biológica; e mercado de carbono.

“Juntas, essas avenidas representam um mercado de mais de US$ 125 bilhões. Elas também podem gerar diversos outros benefícios diretos e indiretos, como desenvolvimento socioeconômico, melhor segurança hídrica e proteção da biodiversidade”, escrevem os 14 autores no documento. Esse valor é apenas uma parte do investimento necessário para os países e empresas chegarem às metas climáticas, estimado entre US$ 3 a 5 trilhões por ano até 2030.

Por que o Brasil? No relatório, a consultoria destaca que o fato de o Brasil ser hoje o sétimo maior emissor de gases do efeito estufa (GEE) certamente é um motivo para ele investir na descarbonização da economia. Mas não é só por isso. “Também porque detém uma posição inigualável para se tornar uma das potências que viabilizará essa transição”, aponta.

Energia limpa

O Brasil é privilegiado por já ter fontes de energia renovável em abundância, incluindo hidrelétrica, biomassa, eólica e solar. No caso dessas últimas, o relatório traz que elas devem se tornar as principais fontes de geração de energia elétrica do país, podendo atingir 47% do total da capacidade instalada até 2040, com um mercado adicional potencial de US$ 5 bilhões e US$ 11 bilhões em 2030 e 2040, respectivamente.

"Nossas projeções mostram que, até 2040, haverá uma redução de até 46% no custo nivelado de energia (LCOE) para geração de energia solar e 27% de redução para geração de energia eólica", cita o relatório como um dos argumentos para o potencial do setor. O fato de o país ter potencial de energia solar próximo ao de regiões desérticas e é também um dos melhores lugares do mundo para produzir energia eólica, é outra vantagem destacada.

A expectativa é que a capacidade solar instalada, atualmente de 13 gigawatts (GW), pode quadriplicar nos próximos anos, crescendo 15% ao ano até chegar a 37 GW de geração distribuída.

Hidrogênio verde - Mas boa parte do relatório se concentra em outra fonte energética: o hidrogênio verde (H2V). Com um pé no item energia limpa e outro no de soluções de base biológica, o hidrogênio verde tem uma oportunidade de movimentar no Brasil US$ 15 bilhões a 20 bilhões, sendo o mercado doméstico a ser responsável pela maior parte dessa receita (US$ 10-12 bilhões) até 2040. A expectativa é que a demanda doméstica pelo hidrogênio verde pode representar cerca de 70% da oferta total, substituindo parte significativa das importações de carvão e amônia hoje.

“Como combustível e matéria-prima industrial, o hidrogênio verde contribuirá para descarbonizar a matriz energética mundial, criando uma oportunidade de investimento de US$ 200 bilhões no Brasil ao longo dos próximos 20 anos”, aponta o estudo.

A consultoria vê potencial do Brasil se tornar um dos maiores produtores mundiais de H2V porque 70% do custo de produção é de energia renovável e o país tem potencial de expandir suas fontes eólicas e solares, baixando esse custo. Além disso, a evolução tecnológica e industrial dos eletrolisadores também contribui para diminuir o preço. O fato de já ter uma rede de energia integrada e acessível às empresas, sem demandar tanto investimento em bens de capital e ainda permitir até vender excedente à rede é outro ponto a favor.

Segundo João Guillaumon, sócio da McKinsey e um dos autores do relatório, o hidrogênio verde tem dois papéis: é usado para armazenar e transportar de maneira mais eficiente energia renovável (sob a forma de amônia) e permite descarbonizar indústrias que são difíceis de descarbonizar com só a eletricidade, como a do aço e fertilizantes. “Para indústrias que precisam de muita energia para reduzir materiais, o hidrogênio vai ser um redutor 100% renovável”, comenta. Até o momento, o uso do hidrogênio esteve limitado a aplicações específicas, como refino de petróleo ou produção de amônia.

Um exemplo é oportunidade citado no estudo é a exportação de metálicos verdes na forma de ferro briquetado a quente (HBI), que é possível de ser feita no Brasil a um custo US$ 100 por tonelada menor. O H2V é usado como energia para o processo de redução das pelotas de minérios de ferro para criar ferro esponja. A vantagem é que os custos brasileiros de produção de hidrogênio verde são mais baixos que outros países.

Dessa forma, diz Guillaumon, seria uma oportunidade para a indústria local, ao invés de fazer a amonificação, transporte e fracionamento do H2 para exportar (dobrando seu custo), investir na redução local e já vender o produto pronto para outros países. Só a indústria do aço europeu, segundo a McKinsey, sozinha, demandará pelo menos 11 milhões de toneladas de metálicos verdes todos os anos até 2030 para cumprir seus próprios compromissos de descarbonização e os de seus principais clientes (por exemplo, montadoras e fabricantes de linha branca).

Energia e materiais de base biológica

Dentro do tema de ativos biológicos, a biomassa é, certamente, uma nova fronteira. As três principais aplicações são, de acordo com a consultoria, o uso de biocombustíveis para aviação ou em substituição ao diesel; desenvolvimento da indústria de biogás e biometano; e uso para produção de aço e outros processos de alta temperatura.

O uso de biomassa para combustível, inclusive de aviação, nas indústrias química e do plástico, entre outras, leva a um potencial de mais de US$ 40 bilhões em oportunidades para a biomassa florestal na próxima década, com potencial especial na exportação.

“O Brasil está bem posicionado para se tornar o maior produtor de combustível sustentável do mundo”, aponta. Os principais resíduos são óleo de cozinha usado, óleo de soja e cultivos especiais, como a macaúba. “Até 2035, o Brasil pode capturar um mercado de até USD 35 bilhões, sem colocar sua produção agrícola em risco. Uma boa parte desse mercado estaria associada à produção de macaúba substituindo pastagens degradadas”, complementa.

Para o biogás, o potencial é de atingir US$ 15 bilhões até 2030, aproveitando resíduos e subprodutos as indústrias da cana-de-açúcar, pecuária, gado leiteiro, suinocultura, além de lixo e esgoto urbano. Já as florestas plantadas em silvicultura, podem representar um mercado de US$ 15 bilhões em 2030 e US$ 35 bilhões em 2040.

Créditos de carbono

Para a McKinsey, o Brasil tem condições privilegiadas para desenvolver um “mercado vibrante de créditos de carbono voluntários”. A demanda interna potencial é de 90-220 MtCO2eq em 2030. Além disso, o Brasil concentra em seu território cerca de 15% das soluções climáticas naturais potenciais para abater ou sequestrar carbono da atmosfera. É o país com o maior potencial do mundo nessa área, podendo gerar entre 1,2 e 1,9 GtCO2eq, com aproximadamente 80% associados a projetos de restauração florestal em pastagens degradadas.

“Além desse imenso potencial, o custo brasileiro para desenvolver e implementar projetos para obter créditos de carbono de alta qualidade e integridade é menor e mais competitivo que a média global, com retornos mais atrativos se comparados com as atuais atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas”, relata o documento.

Gargalos

Cada uma das três frentes têm suas dificuldades e desafios para crescer, mas, para Henrique Ceotto, sócio da consultoria e um dos autores do relatório, tecnologia não é um problema, já que temos a maioria das necessárias para escalar essas oportunidades, uma boa notícia.

O que falta para o país e as empresas, em especial, caminharem mas rápido nessas vertentes até 2030 são outras questões. “Podemos facilitar se tivermos clareza regulatória, mecanismos de garantia de demanda, como os market makers, e bons projetos [especialmente para mercado de carbono] para atrair investimentos”, diz.

Ele explica que “dinheiro não é um problema” para as iniciativas, e ele virá de diversas formas, como investimento direto, instrumentos para economia verde, financiamento bancário e acordos bilaterais de cooperação. “A realidade para a economia verde é que ela é colaborativa, é difícil uma empresa fazer isso do início até o fim de um processo”, aponta.

“O país vive uma excepcional oportunidade para promover desenvolvimento socioeconômico sustentável e de alto impacto em regiões socioeconômicas não beneficiadas”, disse o executivo. Ele acrescenta que essas cadeias são, porém, algumas das possíveis frentes de oportunidades para o país, as quais tiveram condições de avaliar no detalhe. “É importante que governos, associações de classe e empresas vejam essas oportunidades e tracem condições para que isso floresça”, finaliza Ceotto.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 04/11/2022

Balança comercial registra superávit de US$ 3,9 bilhões em outubro

O bom desempenho da safra de grãos e a recuperação das exportações de carne fizeram o superávit da balança comercial dobrar em outubro. No mês passado, o país exportou US$ 3,9 bilhões a mais do que importou – alta de 90% em relação ao registrado em outubro do ano passado, de US$ 2 bilhões. Esse é o terceiro melhor resultado para o mês, só perdendo para outubro de 2020 e de 2018.

De janeiro a outubro, a balança comercial acumula superávit de US$ 51,6 bilhões. Isso representa 11,7% a menos que o registrado nos mesmos meses do ano passado. Apesar do recuo, o saldo é o segundo melhor da história para o período, perdendo apenas para os dez primeiros meses de 2021, quando o superávit tinha fechado em US$ 58,5 bilhões. No mês passado, o Brasil vendeu US$ 27,2 bilhões para o exterior e comprou US$ 23,3 bilhões. Tanto as importações como as exportações bateram recorde em outubro, desde o início da série histórica, em 1989. As exportações subiram 27,1% em relação a outubro do ano passado, pelo critério da média diária. As importações, no entanto, aumentaram em ritmo maior, 19,8% na mesma comparação.

No caso das exportações, o recorde deve-se mais ao aumento dos embarques do que dos preços internacionais das mercadorias e do que do volume comercializado. No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu em média 14,4% na comparação com outubro do ano passado, enquanto os preços médios aumentaram 5,7%. A valorização dos preços das mercadorias vendidas para o exterior poderia ser maior não fosse a queda do minério de ferro, cuja cotação caiu 33,9% na mesma comparação, e por produtos semiacabados de ferro ou de aço, cujo preço recuou 26%, por causa dos lockdown na China, que reduziram a demanda internacional.

Nas importações, a quantidade comprada subiu 6,7%, refletindo a recuperação da economia, mas os preços médios aumentaram em ritmo mais intenso: 11,1%. A alta dos preços foi puxada principalmente por adubos, fertilizantes, petróleo, carvão mineral e trigo, itens que ficaram mais caros após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Fonte: Amanhã
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 04/11/2022