China produz menos aço, e oferta global anda de lado em 2024
China produz menos aço, e oferta global anda de lado em 2024
Maior produtora de aço bruto do mundo, a China seguiu pisando no freio em abril, em meio à política de descarbonização da economia doméstica implementada por Pequim e das medidas de defesa comercial adotadas mundo afora contra o país asiático.
De acordo com os dados mais recentes da Worldsteel, que contabiliza o volume produzido em 71 países, equivalente a 98% da produção global no ano passado, os chineses produziram 85,9 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos em abril, bem abaixo das 100 milhões de toneladas médias que vinha produzindo por mês há tempos. Frente a abril de 2023, a redução foi de 7,2%.
Com isso, a China também derrubou a produção global de aço bruto. Segundo a entidade, o mundo produziu 155,7 milhões de toneladas em abril, uma queda de 5% na comparação anual e de 0,9% no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, para 625,4 milhões de toneladas.
De acordo com o site mining.com, a China pretende reduzir as emissões de dióxido de carbono, no conjunto de suas principais indústrias, em 1% em relação ao apurado em 2023. Para tanto, anunciou na semana passada um plano de governo que prevê maior controle sobre a produção de aço e a taxa de utilização das siderúrgicas locais, o que seguirá limitando a disponibilidade de produtos siderúrgicos. As usinas chinesas são tidas como altamente poluidoras por usarem carvão como fonte de energia.
“Ainda não está claro se a produção de aço neste ano ficará estável ou menor do que em 2023”, ponderaram analistas da Sinosteel Futures em nota, conforme a publicação. Além das metas ambientais, os chineses têm se deparado com barreiras comerciais crescentes em diferentes países, que alegam que o aço chinês é subsidiado e compete em condições desleais.
O Brasil foi um dos que adotaram medidas de defesa comercial, que devem entrar em vigor neste mês. Há pouco mais de um mês, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) decidiu estabelecer cotas de importação para 11 produtos de aço (NCMs), com alíquota de 25% sobre o que exceder o volume definido.
Por aqui, a produção de aço bruto em abril somou 2,7 milhões de toneladas, baixa de 1,1% na comparação anual, segundo levantamento do Instituto Aço Brasil. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2024, a produção brasileira cresceu 3,9%, a quase 11 milhões de toneladas.
Enquanto os chineses seguiram moderando o ritmo, África, Europa, Oriente Médio e América do Sul colocaram mais aço no mercado, frente ao mesmo período do ano passado. Conforme a Worldsteel, a África produziu 1,8 milhão de toneladas de aço bruto no mês passado, alta anual de 1,4%. A Ásia e a Oceania, por sua vez, colocaram 114,8 milhões de toneladas do insumo no mercado, baixa de 5,8% liderada pela China.
Na União Europeia, a produção ficou em 11,3 milhões de toneladas, com expansão de 1,1%, enquanto outros países europeus não integrantes do bloco produziram outras 3,4 milhões de toneladas, 2,6% a menos do que o visto no mesmo mês de 2023.
O Oriente Médio, por sua vez, produziu 4,6 milhões de toneladas, quantidade 8,2% menor na comparação anual e a América do Norte marcou 8,9 milhões de toneladas, baixa de 5,2% na mesma base comparação.
Na Rússia, considerando-se os números da Ucrânia, foram 7,4 milhões de toneladas, queda de 3,5%. E a América do Sul somou 3,4 milhões de toneladas produzidas, 3,9% menos.
Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/06/2024