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Rio de Janeiro mantém a liderança no ranking nacional de produção de aço em outubro

O Rio de Janeiro manteve, em outubro, a liderança da indústria siderúrgica no país. No mês, a produção do estado chegou a 825 mil toneladas de aço bruto, respondendo por 31% do volume nacional. No acumulado do ano, de janeiro a outubro de 2023, o estado produziu 7,2 milhões de toneladas, sendo responsável por 27,3 % da produção do volume nacional. Os dados são do Instituto Aço Brasil, entidade representativa das empresas brasileiras produtoras de aço.

“A indústria siderúrgica impulsiona o desenvolvimento econômico e social do estado e do país. Fornece insumos para diversos setores da indústria de transformação e também para a construção civil, e é responsável pela geração de empregos e renda para a população“, comentou o governador Cláudio Castro.

De acordo com o Instituto Aço Brasil, a produção brasileira de aço bruto foi de 2,6 milhões de toneladas em outubro de 2023. “O Rio de Janeiro possui um importante parque siderúrgico, formado por grandes empresas como Ternium, ArcelorMittal, CSN e Gerdau, e é um dos maiores produtores mundiais de aço bruto. Entendemos que esse é um setor fundamental para o crescimento econômico e apostamos em sua expansão nos próximos anos“, afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, Vinicius Farah.

Fonte: Diário do Rio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/11/2023

Importações de aços perdem força em outubro e caem 34%

Ao longo de outubro, as vendas de aços planos feitas pelas distribuidoras cresceram 5,2% frente a setembro. Com a alta, o volume chegou a 340 mil toneladas. No período foi verificado um arrefecimento nas importações de aços planos, que ficaram 34% menores frente a setembro. Apesar da queda, o volume ainda é alto, 204,6 mil toneladas, que superam em 15% o montante registrado em outubro de 2022. Nos 10 meses de 2023, as importações cresceram 47,3%. Os dados são do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).

As importações têm afetado o desempenho das usinas no mercado nacional, que estão programando paralisações. Mesmo assim, não é esperada mudança nos preços do aço, que devem permanecer estáveis ao longo dos próximos meses.

De acordo com o presidente do Inda, Carlos Loureiro, as vendas de aço nas distribuidoras ficaram maiores no período e a projeção é encerrar o ano com alta entre 1% e 1,5%. Conforme os dados do Inda, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o aumento nas vendas ficou em 9,7%. Para novembro, o setor espera uma queda de 4,5% frente a outubro. 

As vendas diárias também foram maiores. “A nossa venda diária seguiu muito firme, com 17 mil toneladas em média ao dia. Assim, o volume só perde para outubro de 2020, quando foi registrado o nosso pico de vendas em função da paralisação das usinas, fazendo com que o mercado comprador migrasse das usinas para as distribuidoras”.

Quanto às compras, houve um avanço de 9,1% quando comparado a setembro, com um volume total de 352,3 mil toneladas, contra 322,8 mil toneladas. Frente a outubro do ano passado, quando foram adquiridas 316,5 mil, a alta ficou em 11,3%.

Estoques

A compra maior que a venda fez com que os estoques ficassem maiores. Assim, em número absoluto, o estoque de outubro cresceu 1,5% em relação ao mês anterior, atingindo, então, o montante de 855,7 mil toneladas contra 843,4 mil. O giro de estoque fechou em 2,5 meses.

“Os nossos estoques subiram apenas 12 mil toneladas, que foi a diferença entre as vendas e compras. De qualquer maneira, o giro é muito bom, de 2,5 meses. A rede continua bastante cautelosa, não permitindo que os estoques fujam do controle. No mercado, a expectativa é de estabilidade nos preços”. 

Importações de aço caem, mas volumes ainda são altos

Os dados do Inda mostram ainda que, em outubro, houve queda das importações. A queda foi de 34% em relação ao mês anterior, com volume total de 204,6 mil toneladas contra 309,8 mil toneladas. Porém, se comparadas com o mesmo mês do ano anterior (177,9 mil toneladas), as importações registraram alta de 15%.

No acumulado dos 10 primeiros meses de 2023, a alta é de 47,3%, com o ingresso de 1,99 milhão de toneladas no mercado nacional.

“As importações ainda foram altas, mas ficaram menores que em setembro. Acredito que isso foi fruto da retirada do desconto que havia de importação e, assim, todo mundo correu para nacionalizar o produto”.

Preços se manterão estáveis

O aumento das importações de aço tem feito com que usinas instaladas em território nacional busquem junto ao governo ações para conter o ingresso de aço no mercado nacional. Algumas já anunciaram paralisações.

De acordo com o presidente do Inda, Carlos Loureiro, apesar do movimento, não há expectativas de alterações dos preços do aço, seja para cima, o que pode ocorrer caso haja uma taxação do produto importado, ou para baixo.

“Não vejo a curto prazo nenhuma possibilidade especial de mudança de preços nos próximos meses. Temos a Usiminas agora voltando com alto-forno 3, com capacidade 20% maior. Então, há uma retomada grande da produção de planos, com isso, mercado muito estreito. As usinas têm resistido, mesmo com queda nas vendas, em reduzir os preços”.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/11/2023

Análise: A difícil equação do governo Lula no caso do aço chinês

O forte avanço do aço importado no mercado brasileiro deixa o governo em uma posição delicada. Se ceder ao pleito das siderúrgicas instaladas no país e elevar a 25% a alíquota de importação, colocará mais pressão sobre um série de setores consumidores, como máquinas e equipamentos e construção civil, que já vêm enfrentando outros desafios.

Por outro lado, se não atendê-las, corre o risco de deixar a porteira do mercado local aberta sobretudo para as siderúrgicas chinesas, que nos últimos anos vêm usando o mercado internacional para sustentar taxas de operação de suas usinas, praticamente todas estatais. Para 2023, estima-se que os chineses vão exportar 100 milhões de toneladas de aço, das quais apenas 3 milhões de toneladas para o Brasil, o que deixa claro que, se houver apetite local para mais, o país asiático tem a fornecer.

O aumento das importações acendeu a luz amarela do setor siderúrgico em maio. Desde então, representantes da Indústria e do Instituto Aço Brasil, que reúne essas empresas, participaram de conversas com técnicos e autoridades do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) em busca de algum tipo de proteção, que até o momento não veio — para dizer que não veio nada, o novo governo reverteu a redução de 10% da tarifa externa comum (TEC) do Mercosul.

Com o agravamento da situação nos últimos meses, o Instituto Aço Brasil anunciará ainda hoje a revisão das estimativas para 2023, incluindo possivelmente a expectativa de recorde de 5 milhões de toneladas de compras externas, o equivalente a um salto de mais de 50% frente a 2022. Ao mesmo tempo, as vendas internas devem recuar ao menos 6%, apesar do ambiente de demanda relativamente saudável, evidenciando o ganho de participação do produto importado, que até agora chega a 24%, versus 12% na última década.

Conforme as siderúrgicas, o recorde de importações em dez anos reflete o excesso de capacidade de cerca de 550 milhões de toneladas de aço no mundo, incluindo 190 milhões de toneladas na China. Para proteger a indústria local, já em 2018 os Estados Unidos impuseram tarifa de 25% ao produto importado, em movimento acompanhado na sequência pela União Europeia.

Neste ano, o México, que tem se alinhado aos Estados Unidos na nova geopolítica global, adotou a alíquota de 25%, após a aço importado responder por 40% do consumo aparente nacional. Essas medidas naturalmente deslocaram o volume disponível no mercado internacional para países com menos proteção, caso do Brasil, onde alíquota sobre importados é de cerca de 10%, mas pode cair a quase zero quando o aço entra por Santa Catarina, que concede redução de ICMS. Nada muito novo quando se trata de commodities e seus ciclos, mas um problema real.

Da mesma forma, os setores produtivos que consomem aço estão alarmados com a possibilidade de mais esse aumento de custos. Segundo esses fabricantes, automóveis, máquinas e equipamentos, eletrônicos e imóveis do “Minha Casa, Minha Vida”, entre outros bens, ficarão mais caros se a tarifa subir. E, assim como já começou na siderurgia, haverá demissão, em indústrias que são grandes empregadoras.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o pleito das siderúrgicas gera distorções — ao não destacar, por exemplo, que o aumento de importações se dá sobretudo em laminados a quente — e penaliza setores que, hoje, têm concorrência mais acirrada com importados do que o próprio aço.

Em máquinas e equipamentos, comentou, as importações já respondem por 45% do consumo aparente nacional. “Uma medida como essa, que protegeria a matéria-prima e não o bem transformado, traria uma mensagem contraditória ao objetivo de reindustrialização”, disse Velloso ao Valor. “Ela aumenta o custo do investimento no Brasil”, acrescentou. Importante consumidora de aços longos, a construção alega que apenas 4% do vergalhão usado no país é importado. Para o fio máquina, que é mais usado na construção de baixa renda — como Minha Casa, Minha Vida —, essa fatia é de 10%, e ambos seriam afetados se o pleito das siderúrgicas for atendido.

Em todos os casos — produtores de aço e consumidores —, a constatação é a de que o país tem um grave e antigo problema estrutural, o chamado custo Brasil. Somente reformas profundas poderiam equiparar a produção nacional e a internacional em termos de competitividade, e isso ainda levará anos. Neste momento, como diz o ditado, em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Cada vez mais, a leitura é que a decisão do governo sobre o aço acabará sendo política.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/11/2023

Produção de aço bruto no Brasil recua 8,1% em 2023

A produção de aço bruto nacional teve uma retração de 8,1% em 2023. A indústria brasileira produziu 26,6 milhões de toneladas do produto de janeiro a outubro. No mesmo período de 2022, o país entregou 28,9 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados pelo Instituto Aço Brasil nesta 5ª feira (23.nov.2023).

Em conversa com jornalistas, o presidente do instituto, Marco Polo Mello Lopes, disse que o decréscimo na produção nacional foi puxado pela entrada de importações predatórias, principalmente da China. Segundo o executivo, o mundo vive um momento de sobreprodução de aço pela desaceleração da economia chinesa. Isso faz com que o país venda aço a um preço mais barato para manter seu volume de produção e seus investimentos.

Enquanto a produção nacional recuou, a entrada de aço estrangeiro no país aumentou 54,8% no período. De janeiro a outubro de 2022, o Brasil registou um volume de importações de 2,7 milhões de toneladas. Nos 10 primeiros meses de 2023, esse montante saltou para 4,2 milhões de toneladas.

A expectativa do Instituto Aço Brasil é de que as importações fechem este ano com um volume total de 4,98 milhões de toneladas. Em 2024, a previsão é de que esse montante alcance 5,98 milhões de toneladas. Para Lopes, o governo federal precisa implementar uma tarifa de importação para frear esse avanço das importações e não prejudicar a indústria nacional.

Segundo o executivo, a queda no volume de produção pode impactar os investimentos do setor no país. Ele declarou que a previsão de investimentos para a indústria de aço é de R$ 48 bilhões de 2024 a 2027. Contudo, esse montante pode ser impactado caso o setor recue ao longo dos próximos anos.

Lopes defendeu que o governo aplique uma taxa de 25% nas importações, ao menos por um período de 1 ano ou 1 ano e 6 meses. Também disse que as autoridades brasileiras têm demonstrado sensibilidade a essa demanda e que espera uma ação do governo ainda no final deste ano ou no início de 2024.

 
Fonte: Investing
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/11/2023

Entenda em cinco pontos como a educação profissional pode impulsionar a neoindustrialização

Avanços tecnológicos, envelhecimento da população, mudanças climáticas e reorganização das cadeias produtivas têm impactado a vida em sociedade, a dinâmica do trabalho e a economia. Para debater o desenvolvimento sustentável e a competitividade do Brasil nesse cenário de constantes e aceleradas transformações, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) promoveu o Seminário Internacional de Educação Profissional. 

O evento, realizado nesta quinta-feira (23) com o tema Qual o papel da educação profissional para a neoindustrialização brasileira?, contou com parceria do Instituto Federal de Educação Profissional da Alemanha (BIBB) e o Canal Futura. Entre os palestrantes, estavam representantes do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), do Banco Mundial, da Unesco, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), dos ministérios da Educação (MEC) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e de empresas e instituições de ensino internacionais. 

Como a economista sênior do Banco Mundial Josefina Posadas destacou, mais de 55% dos empregadores na América Latina acham que a força laboral mal preparada é uma das maiores barreiras para crescimento. Ao compartilharem experiências nacionais e internacionais, os participantes mostraram cinco maneiras de a educação profissional contribuir para o desafio de mão de obra qualificada e a retomada da indústria no país. São elas: 

1 - Transformação digital 

O líder de projetos do WEF Attilio Di Battista apresentou o relatório Future of Jobs 2023, que mostra que big data e inteligência artificial são as tecnologias com maior impacto nos empregos nos próximos cinco anos. As mudanças no mercado de trabalho vão exigir que 44% dos profissionais do mundo se requalifiquem. 

“No Brasil, apesar de as empresas terem boa expectativa de adoção de tecnologias, em alguns casos até mais que os pares internacionais, elas estão menos comprometidas com treinamento dos colaboradores”, ponderou Attilio.

Dos entrevistados, 61% esperam incorporar tecnologias de saúde e cuidado, por exemplo (47% no cenário internacional), 46% esperam adotar novos materiais (29% globalmente), mas só 19% querem focar na requalificação de seus trabalhadores (frente a 28% globalmente). 

A incorporação das tecnologias e a requalificação dos trabalhadores devem caminhar juntas, reforçou Frederico Lamego, superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI. “Com tantas mudanças, a questão que fica é ‘haverá empregos?’. Junto ao Fórum Econômico Mundial, coordenamos aqui no Brasil, por meio do SENAI, uma aceleradora de competências que tem como objetivo agenda de requalificação olhando tendências digitais”. 

2 - Sustentabilidade 

Para o diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal, o Brasil tem potencial para liderar o crescimento dos empregos verdes no mundo: “Se há espaço para pensar a neoindustrialização aqui é nas áreas ligadas à energia e à biodiversidade. Somos um país competitivo nesses segmentos e podemos crescer mais que a média mundial”. 

Ele lembrou que o SENAI é uma instituição que sempre teve no seu DNA a indústria mais "hard", com cursos de metalmecânica, por exemplo, mas, “cada vez mais, as demandas nos levam para o mundo da biologia, da genômica, de como utilizar microrganismos da nossa biodiversidade em processos industriais e produtos. São nessas áreas em que devemos ter maiores investimentos”. 

A bioeconomia e as energias renováveis são áreas que vão criar empregos diretos, mas, como a economista do Banco Mundial Josefina Posadas observou, “temos os empregos verdes, mas há habilidades verdes que serão demandas em diferentes ocupações”. Sendo assim, as escolas técnicas vão ter que não só criar novos cursos, como também mudar os currículos das formações que já existem. 

Sobre a transição verde, o relatório Future of Jobs, apresentado pelo Attilio di Battista, traz uma visão mais otimista por parte das empresas brasileiras: 25% consideram habilidades verdes essenciais (16% globalmente), 67% acreditam que habilidades verdes estão ganhando cada vez mais importância (51% globalmente) e 30% estão focados em ter fundos para requalificar seus trabalhadores em habilidades verdes nos próximos cinco anos (21% globalmente). 

3 - Aproximação empresa-escola 

Ao detalhar o relatório do Banco Mundial Building Better Formal TVET Systems: principles and practice in low and middle income countries, Josefina Posadas defendeu que um sistema de educação profissional bem-sucedido deve focar nas empresas e nos alunos. Isso significa ser mais orientado à demanda do setor produtivo, inclusive explorando vocações regionais, e empoderar os alunos, ao permitir que eles descubram e desenvolvam suas aptidões. 

Iniciativas na Alemanha, na Suíça e no Brasil atestam a tese. Na Suíça, 2/3 dos jovens fazem educação profissional, contou Erik Swars, head de Assuntos Internacionais da Universidade Federal da Suíça para Educação Profissional (SFUVET). Os estudantes passam três a quatro dias por semana nas empresas e um a dois dias nas escolas vocacionais. “Parcerias público-privadas são elementos importantes. Tudo é baseado na cooperação entre confederações, autoridades regionais dos cantões e setor privado. Não há iniciativa ou decisão de cima para baixo”, contou.

Na Alemanha, os resultados do modelo dual se refletem no baixo índice de desemprego entre os jovens: apenas 4,4%. Diana Cáceres-Reebs, gerente de Projetos da América Latina do BIBB Alemanha, reconhece que o país tem uma economia forte e diversificada, mas a formação profissional é fator-chave para a empregabilidade da juventude. “Uma em cada cinco empresas dá formação profissional dual, sendo 2/3 dessa formação diretamente na empresa e 1/3 nas escolas profissionalizantes. Depois que terminam, os jovens são contratados”. 

Douglas Pereira, vice-presidente de Recursos Humanos da Volkswagen, trouxe um caso pioneiro no Brasil, de escola de formação profissional dentro da empresa. Em parceria com o SENAI, a fabricante já formou mais de 7 mil alunos em 50 anos. "Estar dentro da empresa permite a prática no ambiente organizacional que enriquece muito o conhecimento. Nossa escola de formação tem aprendizagem, pós e cursos técnicos de Mecatrônica, Eletroeletrônica, Mecânica, Elétrica, Manutenção, Logística e Ferramentaria", listou. 

4 - Novas habilidades 

O Fórum Econômico Mundial monitora, junto às empresas, as habilidades técnicas e socioemocionais mais demandadas. Neste ano, destacaram-se as habilidades cognitivas: pensamento analítico; criatividade; liderança e influência social; resiliência, flexibilidade e agilidade; curiosidade e aprendizado ao longo da vida; motivação e autoconsciência; empatia e escuta ativa. 

Uma curiosidade que o representante da organização destacou é que, no Brasil, flexibilidade, resiliência e agilidade são as mais valorizadas: 72% dos entrevistados brasileiros acreditam que essas habilidades devem estar no cerne do treinamento - percentual bem acima do internacional, de 50%. 

5 - Política pública 

"Não teremos neoindustrialização se não tivermos esforço de todos os atores relevantes. É um grande desafio, porque o Brasil sofre a mais grave desindustrialização precoce do mundo”, alertou Felipe Machado, secretário-adjunto de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC. Citando o exemplo da Coreia do Sul, que deu um salto de desenvolvimento social e econômico, ele falou de duas frentes de investimentos, em educação e nas políticas industriais.

Acreditando que as duas precisam caminhar juntas, a pasta recriou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), com 20 ministérios, incluindo o da Educação; fez um comitê de qualificação para o Novo PAC - “uma das preocupações é se a gente não vai se deparar com muitos gargalos de mão de obra, então o objetivo é antecipar as demandas para conseguirmos entregar os projetos”; e lançou o novo Brasil Mais Produtivo, em que o SENAI tem papel fundamental. 

Novo Brasil Mais Produtivo vai aumentar competitividade das indústrias, diz presidente da CNI 

Ainda sobre as políticas nacionais, Patrícia Barcellos, diretora do MEC, reconheceu a necessidade de expansão da educação profissional e tecnológica no ensino médio e integrada à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ela destacou dois projetos em andamento: o Profissionais do Futuro, com a Agência de Cooperação Alemã, a GIZ; e o estudo para implementação de cursos técnicos em bioeconomia na Amazônia Legal, com BNDES e SENAI. 

Da Suíça, veio um bom exemplo de programa de financiamento do governo federal com os cantões, que incentivam as empresas a investirem nas habilidades digitais e verdes de seus empregados.  “É um financiamento para cursos práticos. Temos mais de 3 mil empresas na iniciativa, que recebem investimento por participante e por aula. É um projeto muito importante para as pequenas e médias empresas”, complementou Erik Swars, da SFUVET.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/11/2023

Debate pelo preço do aço passa a envolver também a Abimaq como um ator principal contra o pleito das siderúrgicas

Quem pensar que o debate sobre o preço do aço se esgotou, está muito enganado. O único que está em ponto morto, esperando tempo bom, como um velho sertanejo,  é o ministério comandado pelo Vice-PresidenteGeraldo Alckmin que, aqui pra nós, está careca de conhecer o problema. Mas o governo precisa se posicionar. Há que se ter firmeza e determinação. Os dois lados em disputa tem as suas razões, mas está carente de um árbitro justo. E neste caso, não se tem o VAR para recorrer. Não dá para o governo se fingir de morto e, no melhor estilo Paulo Guedes, deixar o mercado se acomodar.  Esse problema parece longe de terminar e permanecerá enquanto os mercados chinês e turco não conseguirem absorver a produção de suas siderúrgicas. Enquanto isso não acontecer, eles vão oferecer ao mercado mundial – e especial ao Brasil – um aço mais barato do que é produzido aqui. Os chineses e os turcos apostam  nos tropicões tributários que as empresas nacionais são obrigadas a enfrentar. Muitas caem de cara no chão. É imposto e taxas por todo lado atrapalhando a produção.

Por sua vez, as empresas consumidoras tem a oportunidade de comprar mais barato e aproveitam o preço de ocasião. Vale lembrar que na época da pandemia, o movimento foi ao contrário e as empresas comeram o pão que o diabo amassou, tendo que se virar para comprar o aço a um preço absurdamente caro no Brasil, que aumentava a cada mês, com as siderúrgicas brasileiras  optando por colocar  quase toda sua produção no exterior, porque o dólar era mais atrativo para se vender. Lembrando uma velha máxima popular: “ quem bate, esquece. Quem apanha, não.”

Sem vendas, as siderúrgicas nacionais são pressionadas a cortar custos,  o que inevitavelmente explode na redução da carga de trabalho e em seguida no corte de empregos e nas paralisações de suas unidades. Por enquanto,  a Gerdau já demitiu 700 funcionários e ArceloMittal, colocou 400 trabalhadores em férias coletivas e parou a unidade de Resende, no Rio de Janeiro. Mas esse movimento não vai parar enquanto o governo não aumentar as alíquotas de importação do aço, é o que estão reivindicando. O mercado vê este movimento como chantagem. As siderúrgicas, como trunfo. A solução seria diminuir a teia de impostos para tornar o aço mais competitivo. Mas com um governo guloso e gastador, com um déficit estimado em RS$ 177 bilhões, pode tirar o cavalo da chuva. Não será esta a solução que o governo apresentará. Por enquanto ele veste a fantasia do avestruz, enfiando a cabeça na terra para não ver nada.  E seja o que Deus quiser.

Ontem (22), a ABIMAQ  enviou uma nota para o Petronotícias contestando alguns pontos em relação ao  posicionamento apresentado aqui pelo Instituto Aço Brasil, publicado anteontem (21). Em relação a esta  nota,  a ABIMAQ  faz um exame de tudo que foi argumentado pela instituição que representa 85 % das siderúrgicas brasileiras.

“O aço é o principal insumo para a produção de máquinas e equipamentos e para diversos outros setores industriais no Brasil. A produção nacional já é altamente protegida pelas atuais tarifas, por medidas de defesa comercial e por normas técnicas que dificultam a entrada em um setor bastante concentrado, em que os principais fabricantes concentram enorme poder econômico.

As importações de máquinas e equipamentos são maiores que a de  aço. A participação de máquinas importadas no consumo aparente é maior do que a participação de aço importado. Os maiores aumentos de importação de aço ocorreram em produtos de aplicação destinada especificamente para as próprias usinas siderúrgicas. Dados da plataforma do governo brasileiro COMEX STAT, que  apontam um aumento de 883,9% nas importações de placas de aço.

Se o problema são as importações da China, o instrumento escolhido pelo aço está errado. Deveria ser um processo de subsídio contra a origem [aço derrama] China e não o aumento da alíquota de importação,  pois assim todos os tipos de aços, de qualquer origem, seriam atingidos. Portanto, o pleito foi genérico e indiscriminado.

O setor siderúrgico brasileiro pratica os maiores preços do mundo. Como aco é uma commodity, este é o motivo principal da competitividade chinesa e não o fato de a China praticar preço baixo. Chama a atenção que a siderurgia brasileira vende aço no mercado brasileiro com preços em media 83% mais caros do que os preços praticados em suas exportações. Ou seja, o setor explora o consumidor brasileiro,  se aproveitando de um mercado extremamente protegido com várias barreiras de importações.

Os vários setores industriais que consomem o aço como matéria prima, máquinas, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, autopeças, automóveis, caminhões, ônibus, material ferroviário, construção civil, agricultura, setor naval, infraestrutura, óleo & gás, que incluem obras do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – são mais estratégicos que o setor siderúrgico, pois agregam mais valores em suas cadeias do que um setor que produz apenas a matéria prima. O setor siderúrgico gera aproximadamente 120 mil empregos diretos, enquanto os setores que transformam o aço empregam mais de 5 milhões de pessoas diretamente.

Se a medida for adotada, com o aumento da proteção do aço, nossa indústria vai perder competitividade por aumento de preços,  vai gerar desemprego e acelerar a desindustrialização.

Mais de 90% do aço comprado no Brasil é de origem de distribuidores. Não há como o setor siderúrgico se comprometer que não haja aumento de preços pois o mercado é pulverizado. Vale lembrar que grande parte dos distribuidores é relacionada com as próprias siderúrgicas. O objetivo do setor é ter aumento de margens através do encarecimento da matéria prima.

O setor siderúrgico, de acordo com próprio Aço Brasil,  emprega apenas 120 mil postos de trabalho diretos, aproximadamente.  Por agregar mais valor nas cadeias produtivas mais longas, os consumidores de aço como matéria prima recolhem mais tributos do que o setor siderúrgico. O setor de máquinas faz mais investimentos que o setor siderúrgico por ser muito maior e mais tecnológico. [aço carros] Os consumidores de aço investem mais.  

O atendimento dos pleitos do Instituto Aço Brasil representaria, em síntese, prejudicar severamente a competitividade de toda a produção nacional de máquinas e equipamentos e de outros produtos que agregam mais valor e geram mais empregos e renda que o setor do aço, em troca de benefícios individuais para grandes empresas siderúrgicas, que tem obtido resultados significativos nos últimos anos.

Fonte: Petronotícias
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/11/2023