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O Brasil e a pressão sobre minerais críticos

A intensificação da rivalidade geopolítica entre os Estados Unidos e a China transborda para o campo dos minerais essenciais, sem surpresa, e elevará as pressões sobre produtores como o Brasil.

Minerais críticos como terras raras, lítio, cobalto e nióbio são essenciais para muitas tecnologias modernas e para a segurança nacional e econômica. E diferentes países fazem uma corrida para garantir suprimento que assegure suas ambições econômicas e ambientais.

A China domina atualmente o processamento global de minerais essenciais muito procurados para a fabricação de baterias para veículos elétricos e armazenamento de energia renovável. De seu lado, os EUA negociam acordos com mais países para expandir seu acesso a esses minerais importantes.

Com produção nacional limitada, tanto os Estados Unidos quanto a Europa dependem muito das importações, incluindo da China, fornecedora de commodities como grafite, elementos de terras raras e outros minerais para baterias, e da Rússia, que fornece alumínio, níquel e titânio.

Washington e Bruxelas procuram assim atrair países em desenvolvimento para parcerias visando “alinhar’” medidas sobre fornecimento de matérias-primas críticas. Pelo recentemente lançado Fórum de Parceria para Segurança de Minerais, dizem ter nova e potencialmente melhor oferta que criaria mais valor agregado nesses países.

O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio, com 92% do total, conforme estudo da UE. O produto serve para aplicações de alta tecnologia (condensadores, supercomputadores etc.). Também produz 13% da bauxita no mundo, para produção de alumínio; 8% do grafite natural, usado para baterias e material para produção de aço; e 9% do tântalo mundial, que serve para superligas e compensadores para dispositivos eletrônicos.

Os EUA têm insistido em obter do Brasil um compromisso de o país não restringir exportações dos minerais críticos. Os americanos negociaram também com a UE, anunciaram acordo com a Índia que ninguém viu o conteúdo e têm um acordo com a Austrália que não inclui não restringir a venda.

Nesse contexto, uma recente declaração da embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley, de que os EUA pretendem comprar minerais críticos do país, deflagrou sinal de alerta em círculos do governo em Brasília. A fala foi vista como nada trivial do tipo “queremos minerais críticos”, ou seja, ter simplesmente o acesso. Já o objetivo destacado em Brasília vai na outra direção, de estimular o processamento e agregação de valor dessas commodities no país.

Ou seja, não é só resistência a compromisso de não restringir exportações. Sobretudo, existe a noção de que o tema deve ser tratado de maneira estratégica e preservar espaço de política pública para uma questão ainda está sendo definida.

A União Europeia também busca explorar com o Brasil uma parceria estratégica em matérias-primas críticas para a transição verde e digital. E, conforme relatos, esse foi um dos temas que levaram o governo de Lula 3.0 a rediscutir o acordo Mercosul-UE, com avaliação de que o pacote negociado no governo anterior não era palatável porque proibia qualquer restrição de acesso a esses minerais críticos.

Em termos de investimentos para produção local, até agora as cifras são irrisórias. No fim de 2022, Joe Biden anunciou que uma agência americana faria novo investimento de US$ 30 milhões (R$ 158 milhões) na empresa de mineração TechMet para transformação de minerais estratégicos níquel e cobalto no Brasil.

Estudo da Unctad, agora rebatizada de ONU Comércio e Desenvolvimento, sugere aos países em desenvolvimento focar efetivamente no valor agregado em componentes de energia renovável, para reforçar seus setores industriais, diversificar suas economias e redefinir seu papel na economia global.

Exemplifica com o caso da República Democrática do Congo, no qual a China tem acesso a várias commodities importantes. Com o refino local do cobalto, o país reforçou os ganhos, de US$ 5,6 por quilo na extração para US$ 16,2 após processamento.

Com alta da emergência climática, demanda aumentando para tecnologias renováveis como carros elétricos, placas solares e turbinas eólicas, a agência da ONU projeta que a demanda de lítio aumentará em até 1.500% até 2050, com idêntica alta para níquel, cobalto e cobre.

A oferta não acompanha a demanda e em algum momento haverá uma crise. A Unctad identificou 110 novos projetos de mineração globalmente, no valor de US$ 39 bilhões, com US$ 22 bilhões investidos em 22 projetos em países em desenvolvimento.

No entanto, para alcançar a meta de emissões líquidas zero em 2030, a indústria pode precisar de 80 novas minas de cobre, 70 novas minas de lítio e níquel e outras 30 de cobalto. O investimento necessário entre 2022-2030 varia de US$ 360 bilhões a US$ 450 bilhões, potencialmente resultando um “gap” de até US$ 270 bilhões.

De seu lado, a Organização Mundial do Comércio (OMC) constata que a forte demanda de minerais críticos ligados à energia exerce uma pressão sobre as cadeias de fornecimento. Nos últimos 20 anos, o montante do comércio anual desses minerais ligados à energia pulou de US$ 53 bilhões para US$ 378 bilhões.

Ao mesmo tempo, as restrições à exportação aumentaram, passando de 396 medidas em 2009 para 489 em 2012 e 502 em 2021, com pressões à alta sobre os preços mundiais e inquietações sobre a segurança do fornecimento.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/05/2024

 

5 setores que são impulsionados pela indústria da construção civil

A construção civil é um dos pilares mais sólidos da economia brasileira, já que impulsiona o crescimento econômico e gera empregos diretos e indiretos, além de movimentar diversas outras indústrias. No Pará, o setor tem desempenhado um papel crucial na melhoria da infraestrutura e no desenvolvimento urbano, refletindo diretamente na qualidade de vida da população.

De acordo com Fabrizio de Almeida Gonçalves, presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon Pará), a construção civil é a maior e mais rápida indústria indutora na retomada do crescimento econômico, tanto local quanto nacional. 

“A importância da construção civil no crescimento econômico é multifacetada. Este setor estimula diversos outros segmentos da economia, criando uma verdadeira cadeia de desenvolvimento” - Fabrizio de Almeida Gonçalves, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará

Entre os segmentos que estão interligados com a construção civil e, consequentemente, são fomentados a medida que o setor é impulsionado, estão desde fornecedores de refeições até grandes indústrias, como de aço, vidro, cimento, cerâmica, louças, metais, alumínio, entre outras. 

5 setores que são diretamente influenciados pela construção civil

1. Fornecedores de Materiais: A construção civil gera uma demanda constante por diversos materiais, que vão desde portas, esquadrias, janelas, até vidro, madeiras, pedras, entre outros. Esses fornecedores se beneficiam diretamente da necessidade de suprimentos para obras, resultando em um aumento na produção e vendas. A construção impulsiona ainda a cadeia produtiva desses materiais ao gerar emprego e renda em toda a cadeia de fornecimento.

2. Transporte: O setor é responsável pela logística de entrega de materiais e equipamentos para os canteiros de obras. Caminhões e outros veículos são essenciais para garantir que tudo chegue no prazo e em boas condições. Além disso, o aumento dos investimentos em infraestruturas, como a criação de estradas e pontes, melhora a eficiência do setor de transporte.

3. Aluguel de Máquinas e Equipamentos: O uso de maquinários pesados, como guindastes, escavadeiras e tratores é crucial para a realização de grandes obras. Esse setor se beneficia da alta demanda gerada pela construção civil. Ao alugar esses equipamentos, as empresas de construção conseguem reduzir custos e aumentar a eficiência, enquanto o setor de aluguel se expande e se moderniza.

4. Indústria de Materiais de Construção: A construção civil impulsiona a indústria de materiais uttilizados em obras, como tijolos, blocos, areia, telhas, cerâmicas, tubos, torneiras, tintas, entre diversos outros. A demanda constante por esses produtos incentiva a inovação e o aprimoramento de processos produtivos, resultando em materiais mais eficientes e sustentáveis.

5. Mercado Imobiliário: Beneficiado pela construção civil, o mercado imobiliário recebe novos empreendimentos, aumentam a oferta de imóveis residenciais, comerciais e industriais. Além disso, a construção de novas infraestruturas, como escolas, hospitais e centros comerciais também valoriza as regiões e impulsiona o desenvolvimento urbano.

XVI Feira da Indústria do Pará será realizada de 22 a 25 de maio de 2024

A diversidade e força industrial paraenses serão destaque em um dos maiores eventos nacionais sobre o tema: a XVI Feira da Indústria do Pará (FIPA), que será realizada de 22 a 25 de maio, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia. O evento promete ser um ponto de encontro para empresários, investidores e profissionais do setor, proporcionando um ambiente promissor para discussões e troca de conhecimentos. 

O Sinduscon Pará estará presente com um estande, onde compartilhará as ações realizadas pela instituição voltadas para a melhoria do ambiente de negócios na construção civil. Na programação, haverá premiações, gravação de podcasts, happy hour, dinâmicas, brindes, entre outras atividades. Além disso, o sindicato participará dos painéis do Congresso Técnico, discutindo temas relevantes para a indústria. 

Fonte: O Liberal
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 23/05/2024

Guerra comercial abre oportunidade para o Brasil, afirmam estrategistas

Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou um pacote de aumento de tarifas sobre importações chinesas, incluindo veículos elétricos, chips de computador e produtos médicos. As medidas podem levar a uma guerra comercial entre EUA e China e, como reflexo, representar uma oportunidade para o Brasil ampliar sua pauta de exportações e receber investimentos. Essa é a opinião de Scott Jennings, estrategista do Partido Republicano, que ao lado de Simon Rosenberg, estrategista do Partido Democrata, participou do Summit Valor Econômico Brazil-USA.

Segundo Jennings, o sentimento anti-China devido à sua atuação agressiva no comércio internacional é algo que une democratas e republicanos. Biden manterá as tarifas impostas por seu antecessor, Donald Trump, e ainda aumentará outras, de acordo com a Casa Branca. O governo citou “riscos inaceitáveis” para a “segurança econômica” dos EUA, devido às práticas chinesas consideradas injustas, que inundam os mercados globais com mercadorias baratas.

As novas medidas terão impacto de US$ 18 bilhões em bens importados da China, incluindo aço e alumínio, semicondutores, baterias, minerais, células solares e guindastes, segundo a Casa Branca. “Para nossos aliados no Ocidente, há muitas oportunidades e vocês vão encontrar pessoas que concordam em ambos os partidos. Há um desejo de lutar contra a China e encontrar outros países como o Brasil para estar do lado dos EUA. A aliança contra a China para todos vocês traz enormes oportunidades de ser parte de algo grande”, disse Jennings.

De acordo com Rosenberg, a reação de Biden representou um movimento mais agudo do que o país está acostumado a fazer em questões de comércio externo, o que pode refletir o redesenho em marcha de uma nova era econômica. “Estive envolvido em todos os contratos de comércio livre que temos hoje e o governo de Biden está indo atrás de uma estratégia diferente. Isso representa uma oportunidade para o Brasil porque estamos indo de uma era econômica para outra”, afirmou.

Ao menos desde os debates para a criação da Área de Livre Comércio das Américas, em 1994, a América Latina não entra no radar dos EUA com maior relevância. As discussões sobre o bloco econômico foram encerradas em 2005. “Estamos em um período de transição nos EUA, o que aconteceu nesta semana foi um afastamento dramático das abordagens de praxe”, afirmou Rosenberg

O pacote da Casa Branca foi visto como resposta de Biden ao eleitorado que sente o avanço chinês e reclama dos efeitos sobre a geração de empregos e o comércio do país. As eleições devem ser acirradas, com o sentimento de revanche dos eleitores de Trump, e questões como o aborto e a queda da aprovação de Biden na esteira da pressão inflacionária.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 22/05/2024

 

US$ 8,5 bi de aço da China levam América Latina a elevar tarifas

Uma após a outra, nações latino-americanas seguem os passos dos EUA e da Europa ao impor tarifas elevadas às importações chinesas — um momento tenso em relações que há anos têm sido amistosas com a superpotência asiática.

Brasil, México e Chile aumentaram — e em alguns casos mais do que duplicaram — as tarifas sobre produtos siderúrgicos provenientes da China nas últimas semanas. A Colômbia pode estar prestes a seguir o exemplo.

 

As barreiras comerciais surgem depois de anos de consolidação da importância da China na América Latina. O país é o maior comprador de matérias-primas da região e um grande investidor. Ao mesmo tempo, a América Latina deu à China mais mercado para seus produtos, enquanto enfrenta duras tarifas nos EUA e Europa.

A nação envia quase 10 milhões de toneladas de aço por ano, avaliadas em US$ 8,5 bilhões, para a América Latina – um enorme salto em relação às meras 80.500 toneladas em 2000, segundo a associação siderúrgica regional Alacero.

 

Agora, essa relação está sendo testada por uma virada global em direção ao protecionismo e por uma enxurrada de embarques chineses que ameaçam siderúrgicas latino-americanas e 1,4 milhões de empregos.

“Este é um teste importante para os interesses e intenções da China”, disse Margaret Myers, diretora do programa para Ásia e América Latina da Inter-American Dialogue. É também um “teste da determinação da América Latina de enfrentar um parceiro econômico crítico”.

O Brasil anunciou um sistema de cotas e imposto de importação sobre volumes excedentes para impedir preços predatórios. Embora o anúncio oficial não tenha mencionado a China, o aumento de 62% nos embarques chineses de aço para o Brasil no ano passado, para 2,9 milhões de toneladas, está por trás da medida, segundo pessoas a par do assunto.

“É um sinal para o mundo de que o Brasil tem regras – não é uma terra de ninguém”, disse Marco Polo de Mello Lopes, presidente da Aço Brasil.

Mas reagir contra a China pode ser arriscado – especialmente para as economias menores da região que dependem da demanda chinesa para suas exportações de matérias-primas, desde cerejas até cobre.

Existem muitos casos em que a China suspendeu compras e investimentos em resposta a medidas que considerou injustas e unilaterais. Por um breve período, por exemplo, a China proibiu produtos de soja da Argentina em resposta a amplas medidas antidumping. Após a prisão de uma executiva da Huawei em Vancouver, em 2018, a China bloqueou as importações de canola de duas empresas canadenses.

O Ministério do Comércio da China não respondeu a um pedido de comentário sobre as recentes tarifas impostas pelos países latino-americanos.

Para a China, autoproclamada líder do Sul Global, também existe um risco simbólico.

“De certa forma, estes países em desenvolvimento são os melhores indicadores do sentimento comercial global em relação à China”, disse Christopher Beddor, vice-diretor de pesquisa sobre China na Gavekal Dragonomics. “Eles sugerem que os muros protecionistas contra os produtos chineses estão sendo erguidos em muitos lugares diferentes, não apenas nos países ricos.”

Crise existencial

A relação comercial da América Latina com a China também teve, em muitos aspectos, um impacto positivo na região.

A economia do Chile, por exemplo, se beneficiou enormemente do envio de matérias-primas para a China e da recompra de produtos processados ??ou manufaturados. A estratégia de livre comércio do país — incluindo acordos bilaterais com a China e EUA — abriu enormes mercados para suas uvas, vinhos, salmão, celulose e minérios, ajudando o país a se tornar uma das nações mais prósperas da região.

Mas, assim como outras economias orientadas para a exportação de matérias-primas, o Chile tem dificuldades em competir na transformação de lítio bruto em componentes de baterias ou de minério de ferro em produtos siderúrgicos.

Para o Brasil, ter as melhores jazidas de minério de ferro do mundo não é suficiente para tornar as siderúrgicas do país competitivas em relação às chinesas.

O minério de ferro produzido pela Vale viaja 16.000 quilômetros até o porto chinês de Qingdao e segue para uma das centenas de grandes usinas siderúrgicas do país, onde é derretido e transformado em produtos de aço.

Quando esse aço faz a viagem de volta, ele chega aos importadores brasileiros com um grande desconto em relação aos preços cobrados pelas usinas locais da Gerdau, CSN e ArcelorMittal.

Na Colômbia, onde os embarques chineses chegam com um desconto de 50%, a siderúrgica Paz del Río pediu ao governo que aumentasse as tarifas de importação e a ajudasse a retornar à lucratividade, disse o CEO Fabio Galán em entrevista no mês passado.

Ao mesmo tempo, os investidores chineses também têm sido parceiros fundamentais nos países latino-americanos. O país asiático investiu US$ 187,5 bilhões entre 2003 e 2022 na América Latina e no Caribe, em setores como energia, transporte e mineração, de acordo com um relatório da Inter-American Dialogue.

Embora os gastos chineses na região tenham desacelerado ultimamente, os investimentos continuaram em setores-chave. O Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) cresceu na Argentina. No Brasil, a gigante de carros elétricos BYD está construindo sua primeira fábrica fora da Ásia e planeja anunciar outra no México até o final do ano. No Chile, a BYD e a Tsingshan estão desenvolvendo fábricas de cátodos de lítio. Desde 2005, o Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Importação e Exportação da China concederam US$ 136 bilhões em financiamento à região.

Com as tarifas impostas recentemente, os países latino-americanos podem estar apostando que a China está tão enraizada na região que o governo em Pequim não imporá represálias. O presidente Xi Jinping deverá fazer sua primeira viagem à América do Sul em cinco anos, para as cúpulas de líderes da APEC e do G20, colocando foco renovado nas relações com a região.

Além disso, embora a quantidade de aço chinês que entra na América Latina seja significativa para a região e prejudicial para as usinas locais, representa só cerca de 1% dos bilhões de toneladas que as siderúrgicas chinesas produzem todos os anos, e os países da região são mercados importantes para muitas outras mercadorias chinesas. Isso pode minimizar o risco de irritar Pequim.

“Estes países têm potencialmente mais influência do que no passado porque são mais críticos como destino para muitos destes bens”, disse Myers. “Dito isto, eles ainda dependem enormemente da China. Então todo mundo vai pisar em ovos."

Fonte: Bloomberg News
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/05/2024

 

Fim de sobretaxa para tubos de aço terá pouco efeito

Mesmo com uma política muito protecionista para sua indústria siderúrgica, em janeiro de 2024, os Estados Unidos revogaram a cobrança de uma sobretaxa de 103,4% sobre a importação de tubos de aço fabricados no Brasil. A notícia foi bem recebida, pois há uma projeção de aumentar em 25% a exportação desse produto, no entanto, os especialistas ouvidos pelo Valor acreditam que o incremento real será pouco relevante para o setor como um todo.

Para se ter uma ideia, no ano de 2023 o Brasil exportou para todo o mundo cerca de US$ 24 milhões em tubos de aço, e desse total, apenas 2% foram destinados aos Estados Unidos, algo em torno de US$ 500 mil, segundo os dados da Câmara Americana de Comércio (Amcham).

Considerando todas as exportações do setor siderúrgico, o Brasil embarcou US$ 16,7 bilhões de produtos em ferro fundido, ferro ou aço em 2023, sendo 44% somente para mercado americano, valor que corresponde a US$ 7,3 bilhões. O Brasil é atualmente o nono maior produtor de aço bruto do mundo, com 21 usinas espalhadas pelo país.

Ou seja, as exportações globais dos tubos de aço brasileiro representaram 1,4% de todos os embarques do setor siderúrgico brasileiro em 2023, enquanto que a parcela destinada aos EUA representou apenas 0,003% do montante.

A medida antidumping sobre os tubos de aço vigorava desde 1992, no entanto, os EUA não retiraram as sobretaxas sobre os outros produtos do setor, como pelotas de aço e laminados. Mesmo assim o Brasil foi o único país a ter uma medida antidumping do setor revogada pelos EUA. Outros países ainda possuem sanções sobre esses produtos, como Índia, México, Coreia do Sul, Taiwan e Tailândia.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) afirmou ao Valor que a revogação da taxa configura um resultado positivo para a relação entre os dois países, no entanto, as exportações do produto seguem limitadas pelas cotas impostas pelo governo americano, de 2.865 toneladas por ano.

O diretor de relações governamentais da Amcham, Fabrizio Panzini, diz que a retirada da sobretaxa sobre os tubos brasileiros é uma medida importante a se reconhecer, pois uma taxa adicional de mais de 100% é um valor muito relevante e que acabava travando as exportações brasileiras. “No entanto, a exportação de tubos soldados de aço para os Estados Unidos nunca foi muito grande, o maior volume desse produto exportado foi de US$ 15 milhões no ano de 2007, então não dá para esperar que o incremento nas vendas de tubo de aço em 2024 seja muito relevante.”

Panzini ressalta também que a relação entre Brasil e EUA na siderurgia é longa e muito relevante para a indústria de aço brasileira, lembrando que foram os EUA, por meio do Ex-Im Bank, que financiaram a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941. “Além disso, a relação dos dois países nesse setor vem crescendo, em 2019, por exemplo, as vendas do Brasil para lá representavam 34% das exportações do setor, já em 2023 o número foi para 44%, um aumento de quase 10 pontos percentuais”, diz.

Outros analistas também não esperam um grande impacto com a medida anunciada em janeiro. “Não deixa de ser uma conquista do Brasil, mas foi apenas um item específico, não é sobre todo o mercado de aço, fizeram uma concessão sobre um item que não é tão importante assim”, afirma economista Igor Lucena, doutor em relações internacionais e CEO da Amero Consulting.

Segundo Lucena, é provável que as exportações de tubos de aço devam aumentar cerca de 25% em 2024, o que não é suficiente para impactar o mercado brasileiro de aço como um todo.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/05/2024

 

Falsificação causa prejuízo de R$ 3 bilhões por ano para o setor de autopeças

De acordo com a ABCF Associação Brasileira de Combate à Falsificação, todo ano o Brasil perde mais de 100 bilhões de reais com a falsificação, um número que impressiona, somente o mercado de tênis falsificado movimenta 1 bilhão de reais por ano no Brasil.

No topo da lista de falsificações está o mercado de cigarro, com mais de R$7 bilhões por ano, seguido do mercado de produtos ópticos (R$6 bilhões), autopeças (3 bilhões), softwares e mídias (R$3 bilhões) e combustíveis (R$2,5 bilhões).

Registro de marcas e patentes no INPI

O primeiro passo para evitar falsificações ou cópias é registrando a marca ou patente no INPI. A marca sem registro fica totalmente desprotegida e suscetível a cópias. Por isso, antes mesmo de divulgar a empresa, é imprescindível registrá-la no INPI, outro registro muito importante é a patente dos produtos, a patente concede de 15 a 20 anos de proteção (Patente de modelo de utilidade e patente de invenção) e 25 anos para registro de desenho industrial (design do produto).

Notificação extrajudicial

Com a marca devidamente registrada é possível enviar uma notificação extrajudicial às empresas infratoras impedindo, assim, o uso indevido da marca registrada, ainda é possível solicitar desuso imediato de logotipos, embalagens, fachada, redes sociais e sites, caso o infrator não atenda à notificação, o mesmo poderá ser processado por concorrência desleal e condenado até 1 ano de prisão, além das multas e royalties que deverá pagar ao proprietário da marca afetada.

Educação do consumidor

Outra tática muito utilizada é a educação do consumidor. Marcas famosas investem em campanhas de conscientização para alertar os consumidores sobre os riscos associados à compra de produtos falsificados, enfatizando os danos à qualidade, segurança e confiança do consumidor. Além disso, empresas colaboram com autoridades para realizar apreensões e processar infratores, enviando uma mensagem clara de que a falsificação não será tolerada.

Criação de um canal de denúncias

Outra tática muito importante, já adotada por grandes marcas, é a criação de um canal de denúncias. Através de um e-mail ou formulário, o cliente pode denunciar casos de falsificação e uso indevido da marca registrada. Essa estratégia, além de manter um banco de dados sobre a falsificação (que contribui para combater o uso indevido da marca registrada), também possibilita à empresa se aproximar mais de seus clientes.

Impactos da falsificação

Produtos falsificados muitas vezes não atendem aos padrões de qualidade e segurança estabelecidos pela marca original, resultando em danos à imagem e confiança do consumidor, além disso, a presença de produtos falsificados no mercado reduz as vendas legítimas, prejudicando a receita e os investimentos em inovação e desenvolvimento de produtos.

Em termos de segurança do consumidor, produtos falsificados podem representar riscos à saúde e segurança, pois não são submetidos aos mesmos padrões de controle de qualidade e regulamentações que os produtos legítimos, desde alimentos e medicamentos adulterados até produtos eletrônicos defeituosos, a falsificação pode colocar os consumidores em risco de lesões e até mesmo morte.

Além disso, a falsificação tem um impacto significativo na economia global, resultando em perdas bilionárias em receitas e empregos legítimos, o comércio de produtos falsificados alimenta a economia informal e financia atividades criminosas, como o tráfico de drogas e o terrorismo.

Fonte: Novo Varejo Automotivo
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 22/05/2024