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Da gasolina ao agronegócio: como a guerra na Ucrânia afeta o Brasil?

Após semanas de tensão na região de fronteira entre Rússia e Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin ordenou uma invasão ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, sob o pretexto de assegurar a paz nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no extremo-leste ucraniano.

Assim, a Rússia deu início a uma invasão em larga escala à Ucrânia. Poucos dias depois do envio de militares para o leste separatista, as tropas russas já se deslocavam pela porção ocidental do país, rumo à capital Kiev. A eclosão do conflito trouxe pânico aos mercados e derrubou Bolsas de Valores ao redor do planeta, interrompendo uma sequência de ganhos do Ibovespa —o principal índice de ações da B3.

Como a invasão pode afetar a economia brasileira e, consequentemente, seus investimentos? Quais os setores mais impactados pelo conflito? Como cada um deles deve reagir aos desdobramentos da guerra? Felipe Bevilacqua, analista da Levante Ideias de Investimentos, responde a todas essas dúvidas abaixo.

Mais difícil do que Putin imaginava

De acordo com o analista, diante da postura que vinha sendo adotada por Putin, não é possível dizer que a invasão pegou os investidores de surpresa, assim como as sanções impostas à Rússia pelo ocidente em resposta ao ataque.

"O que de fato surpreendeu o mercado —e que não parecia estar nos cálculos do autocrata russo— foi a força da resistência ucraniana, que tem conseguido conter o avanço das tropas inimigas e impor duras perdas ao exército russo com forte engajamento da população civil no conflito", afirma.

Ele declara ainda que, diante da bem-sucedida resistência ucraniana e da imposição de sanções cada vez mais severas à Rússia, a guerra se estende por mais tempo —e a um custo mais alto— do que o estimado inicialmente.

Impacto global

Engana-se quem pensa que a guerra na Ucrânia afeta apenas os países diretamente envolvidos no conflito e seus vizinhos mais próximos. O conflito e seus desdobramentos políticos afetam a economia global como um todo, podendo afetar até mesmo o desempenho de empresas brasileiras listadas na B3.Felipe Bevilacqua, analista da Levante

O embate envolve as duas maiores nações da Europa em termos de extensão territorial, sendo a Rússia uma potência energética e a Ucrânia uma das maiores produtoras de grãos do planeta.

Diante disso, Bevilacqua diz que o conflito e seus desdobramentos políticos afetam a economia global como um todo, podendo afetar até mesmo o desempenho de empresas brasileiras listadas na B3.

Óleo e gás

Uma das mais relevantes consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia tem sido a alta da cotação do petróleo, que chegou ao patamar de US$ 125 pelo barril do óleo tipo Brent —aquele extraído no Mar do Norte e negociado na Bolsa de Londres.

A alta se dá em meio à perspectiva de que nações ocidentais podem impor sanções à exportação de petróleo e gás natural pela Rússia. Isso gera preocupação entre os investidores, uma vez que a Rússia é a principal fornecedora do insumo para os países do continente, e parte do gás precisa passar pela Ucrânia para chegar até a porção ocidental da Europa.

Com a perspectiva de escassez do gás, cresce a especulação em torno dos preços da energia, movimento que acaba impulsionando ainda mais o preço do petróleo, que é referência no setor.

"Pensando no curto prazo, a disparada dos preços do petróleo tende a impulsionar os resultados das companhias do setor de óleo e gás. Por outro lado, com o aumento dos preços dos derivados de petróleo, é possível que os parlamentares priorizem projetos que tenham como finalidade reduzir os preços finais dos combustíveis nas bombas brasileiras, o que pode limitar os ganhos do setor", afirma o analista da Levante.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que é urgente que se impeça a elevação das tarifas nos postos de gasolina, fazendo-se "mais do que nunca" para avançar os projetos que tratam do tema na Casa.

Assim, Pacheco informou que o Senado deve retomar os debates sobre o Projeto de Lei acerca da cobrança do ICMS sobre os combustíveis, bem como a proposta de redução da volatilidade dos preços por meio de mecanismos de estabilização.

Mineração e siderurgia

"A percepção de que o conflito no leste europeu também tende a afetar a oferta global de aço tem contribuído para a alta do preço do minério de ferro, diante da retomada da demanda pela commodity [matéria-prima] na China", diz Bevilacqua.

A Rússia responde por cerca de 10% do comércio global de aço, enquanto a Ucrânia tem uma participação de 4%. A interrupção do fornecimento do produto por essas duas nações faz com que os consumidores saiam em busca de fontes alternativas.

Neste cenário, a China é o único país capaz de suprir essa demanda, e é também a principal consumidora do minério de ferro produzido no Brasil.

Com as siderúrgicas chinesas em busca de matéria-prima, o preço do minério de ferro voltou a subir nas últimas semanas, sendo cotado a US$ 152,97 por tonelada no porto de Qingdao, na China, em 4 de março.

Agronegócio

O conflito também deve impactar o agronegócio brasileiro, uma vez que Ucrânia e Rússia são duas grandes produtoras de grãos. Juntas, elas respondem por 29% das exportações globais de trigo, 19% de milho e 80% de óleo de girassol.

Bevilacqua declara que a consequência é a subida das cotações destes produtos no mercado futuro, diante da perspectiva de diminuição da oferta global em decorrência da guerra. Destaca o aumento do preço do milho, produto que serve como base para a ração que alimenta os rebanhos brasileiros.

Com um custo mais alto para produção de ração, podemos esperar uma elevação do preço da carne produzida pelos frigoríficos ao redor do mundo, em decorrência da redução das margens destas empresas.

Outro fator relevante para o agronegócio brasileiro, segundo ele, é a possível diminuição da oferta global de fertilizantes, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio, em virtude da guerra.

Cerca de 70% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados, e a Rússia é a principal fornecedora do insumo, tendo comercializado cerca de 23% do total utilizado no Brasil em 2021.

Belarus, aliado da Rússia que também enviou tropas para a Ucrânia, é responsável pelo fornecimento de cerca de 6% dos fertilizantes utilizados no Brasil, e também enfrenta dificuldades para escoar sua produção.

Diante da escassez de fertilizantes no mercado doméstico, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, informou que o governo federal lança, este mês, um plano nacional para ampliar a produção do insumo no país, na tentativa de evitar que a safra deste ano seja prejudicada.

Próximos capítulos dos impactos no Brasil

Bevilacqua afirma que os setores de óleo e gás e mineração e siderurgia tendem a se beneficiar do cenário de alta dos preços do petróleo e do minério de ferro em meio à guerra na Ucrânia.

"Mas é preciso levar em consideração os esforços políticos que podem ser empregados para conter a elevação dos preços, especialmente no caso dos combustíveis", declara.

De acordo com o analista, o agronegócio, por outro lado, pode ser prejudicado tanto no ramo agrícola quanto na pecuária, devido à escassez de fertilizantes e de insumos utilizados na produção da ração consumida pelos rebanhos brasileiros.

"Portanto, o conflito no leste europeu tende a afetar setores cruciais da economia brasileira, podendo se refletir em perdas expressivas para algumas empresas do Ibovespa, e em ganhos igualmente relevantes para outras, a depender de sua área de atuação", diz.
 

- Acesse aqui o relatório completo da Levante os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia ao mercado brasileiro.

Fonte: UOL
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 10/03/2022

Empresas fecham cerco a Rússia; analistas já veem impactos em oferta de commodities e na logística

Em meio à escalada da invasão da Ucrânia pela Rússia, dois grandes produtores de commodities e que abastecem o mercado mundial, os preços já estão sendo bastante impactados, enquanto aparecem os primeiros efeitos sobre a oferta global de alguns desses materiais.

Matt Hope, analista global de commodities do Credit Suisse, destacou que, embora sanções às commodities russas tenham sido evitadas – uma vez que isso seria destrutivo para a economia ocidental -, houve uma surpresa com os movimentos agressivos das empresas para evitar qualquer ligação com a Rússia.

O Bradesco BBI também destacou que, mesmo em casos que não houve uma sanção direta aos produtos, algumas companhias deixaram de negociar com empresas russas. Já o JPMorgan ressaltou a dificuldade dos petroleiros do país em negociarem no mercado internacional, levando a commodity vinda da Rússia ao “ostracismo” e podendo levar a um cenário extremo de brent a US$ 185 o barril ao final do ano.

No geral, o Credit atualizou as suas estimativas para os metais básicos em um cenário de menor demanda. Para o banco, os preços da energia devem permanecer altos, com os países buscando redução da dependência russa. Este fator, combinado com o aumento da taxa de juros e a desaceleração da demanda de bens de consumo com o fim dos lockdowns em meio à desaceleração da pandemia do coronavírus, faz com que os analistas esperem que a demanda e a produção industrial global diminuam. Os impactos para as diferentes commodities são também diversos.

A oferta de alumínio continuará mais apertada, uma vez que o fornecimento da produtora líder Rusal é critico. Enquanto isso, os analistas do banco continuam esperando que o níquel se mantenha com boa oferta e o cobre continuará no caminho de ter excedentes. Já o minério de ferro deve ter um mercado “mais apertado”, mesmo com demanda mais fraca, devido à perda de produção de pelotas (pequenas bolinhas de minério usadas na fabricação do aço) produzidas na Ucrânia.

Os problemas de oferta podem se estender por mais tempo, conforme apontou em evento na última sexta-feira (4) Anatole Kaletsky, sócio-fundador e economista-chefe da Gavekal Research. Ele vê como cenário mais provável para a guerra da Ucrânia que a situação atual perdure por mais três ou seis meses.

A probabilidade de mais sanções à Rússia estão altas, incluindo em petróleo e energia, avalia Kaletsky. No curto prazo, ele avalia que esse tipo de sanção afetaria mais o Ocidente do que Moscou, por conta da elevação dos preços que se seguiria, o que pressionaria ainda mais a inflação mundial. “A Europa certamente precisa do gás natural da Rússia.”

Confira abaixo quais são os impactos que estão sendo sentidos:

Alumínio: Preços e prêmios em alta. Os preços do alumínio continuaram registrando altas recordes em meio ao início do
guerra Rússia-Ucrânia, abrindo caminho para US$ 4 mil a tonelada, ressalta o Bradesco BBI. As sanções anunciadas até agora não afetam o alumínio russo exportado diretamente – na verdade, os EUA sinalizaram que estão adiando as restrições específicas sobre o tema.

No entanto, não são necessárias sanções para que os suprimentos sejam impactados no curto prazo. Muitas empresas já começaram a anunciar suspensões das relações comerciais com a Rússia, incluindo grandes companhias de navegação como Maersk, que lida com alguns embarques para a Rusal, segundo aponta a Bloomberg. A norueguesa Norsk Hydro também decidiu não entrar em novos contratos ligados a entidades russas. A americana Alcoa anunciou que não adquiriria matérias-primas da Rússia.

“Nós notamos que a Rusal já interrompeu uma refinaria de alumina de 1,7 milhão de toneladas por ano na Ucrânia (até agora não há relatos de interrupção na produção de alumínio da Rusal nas fundições, mas é muito provável que ocorram rupturas, em nossa opinião). Além disso, os preços elevados da energia em toda a Europa podem adiar ainda mais o reinício da capacidade”, ressalta o BBI.

Cobre: ??Nenhum desenvolvimento relevante no lado da produção por enquanto (a Rússia responde por cerca de 4% do fornecimento de cobre global).

O banco observa, no entanto, que devido aos baixos estoques no momento, possíveis interrupções podem apertar o mercado e impulsionar os preços no curto prazo. A produção de cobre na Rússia está concentrada em três empresas: UMMC, Russian Copper e Norilsk Nickel, que por sua vez estão ligados aos oligarcas russos (UMMC: Iskander Makhudov; Russian Copper Corporation: Igor Altushkin e Nornickel: Vladimir Potanin), de acordo com a CRU.

Pelotas de minério de ferro: mercado ainda mais apertado à frente, destaca o BBI, pois a logística e a produção já foram impactadas. A Rússia responde por cerca de 10 milhões de toneladas e a Ucrânia por cerca de 15 milhões de toneladas do mercado marítimo (ambos os países representam 20% do mercado total e 30% do mercado de pelotas).

Os consequentes impactos na produção e sanções devem levar a uma menor oferta de pelotas de minério de ferro, especialmente para o Leste Europeu. Os prêmios poderia,  portanto, aumentar no curto prazo, à medida que os clientes correm para tentar garantir os volumes.

A Ucrânia não conseguiu embarcar qualquer minério de ferro desde que a invasão começou, com o principal porto de minério de ferro (chamado Yuzhny) bem como a infraestrutura ferroviária sendo interrompidas. O principal produtor regional (Ferrexpo) anunciou força maior, a ArcelorMittal interrompeu as operações de mineração subterrânea, enquanto a Metinvest (maior produtor nacional de minério de ferro) ainda está com a produção em andamento, mas a logística provavelmente será afetada, apontam os analistas do BBI.

Já o Credit Suisse ressalta que a sua previsão original para o preço do minério de ferro para 2022, elaborada em outubro de 2021, era de US$ 120 a tonelada no primeiro semestre e de US$ 100 a tonelada no segundo semestre. Mais recentemente, passaram a ver os números como baixos, especialmente para a segunda metade do ano, vendo a partir daí US$ 135 de média no segundo trimestre e a US$ 130 na segunda metade do ano, com o cenário de escassez de mão-de-obra impactando a oferta, enquanto continuam esperando que a produção de aço da China aumente.

“Não sabemos por quanto tempo as exportações de minério de ferro da Ucrânia serão cortadas – provavelmente depende de quanto tempo o conflito continuará. Mas, se durar ao longo do ano como modelamos, certamente suporta uma visão de um preço forte de ao menos US$ 130 a tonelada no segundo semestre, em nossa opinião”, avaliam os analistas.

Aço: O BBI destaca que já houve aumentos de preços de aços planos anunciados na Europa com o aumento das preocupações com a oferta. A siderúrgica russa Severstal anunciou que cessou os embarques para a União Europeia devido a sanções (ela exportou 5,3 milhões de toneladas de aço em 2021, dos quais cerca de 3 milhões de toneladas para a União Europeia).

Além disso, a siderúrgica ucraniana Metinvest (cerca de 40% da produção de siderurgia do país), declarou força maior devido à invasão russa, ao bloqueio de embarques marítimos e à proibição de pagamentos transfronteiriços, segundo a fornecedora de informações sobre energia e commodities Platts.

A ArcelorMittal também anunciou aumentos de preços esta semana para produtos de aços planos, com a Platts mencionando a expectativa de oferta mais apertada, especialmente no sul da Europa, onde há algum pânico no mercado com relação à oferta de aço.

Carvão: A Rússia responde por cerca de 16% das exportações globais de carvão metalúrgico e cerca de 17% do carvão térmico, de acordo com a CRU. Do total, cerca de 55% a 60% é exportado para a China e Nordeste da Ásia e 12% para a União Europeia.

“Não esperamos interrupções relevantes em exportações de carvão, dada a dependência que o mundo (e especialmente a União Europeia) tem das fontes de energia russas, embora a volatilidade no curto prazo possa dar suporte aos preços. Observamos que o fornecimento global de carvão também está sendo impactado por questões climáticas na Austrália”, avalia o BBI.

Papel e Celulose: O impacto é relativamente mais limitado, apontam os analistas do Bradesco BBI, mas não totalmente desprezível, com os preços de petróleo e gás natural devendo pressionar fabricantes de papel, enquanto a Rússia é um importante exportador de kraftliner para a Europa (cerca de 200 mil toneladas por ano).

Entre as notícias recentes que podem impactar o setor, destacam (i) a International Paper podendo encerrar a produção de celulose e papel na fábrica de Svetogorsk na Rússia (capacidade de 720 mil toneladas por ano), pois está enfrentando um fornecimento inadequado de matérias-primas cruciais para a produção; (ii) enquanto a sueco-finlandesa Enso interrompeu toda a produção e vendas na Rússia até novo aviso (cerca de 3% da receita total do grupo); (iii) a finlandesa UPM cessou entregas para a Rússia (cerca de 2% das vendas de 2021).

Além disso, outra fonte de possíveis interrupções está relacionada ao fornecimento de madeira, já que a Rússia responde por cerca de 20% do mercado global de celulose de fibra longa e madeira serrada, de acordo com a agência especializada RISI.

Gargalos logísticos se aprofundam na região: Os analistas do BBI também destacam que seria negligente não apontar os gargalos logísticos se aprofundando  na região à medida que a guerra avança. As principais companhias de navegação (por exemplo, One Network, MSC, Hapag-Lloyd e Maersk), que respondem por cerca de metade da capacidade global de transporte de contêineres, estão se afastando dos portos ucranianos e evitando a Rússia, de acordo com RISI.

Os analistas do Bradesco BBI avaliam que as cadeias de suprimentos provavelmente ficarão ainda mais pressionadas pela situação, especialmente porque a Rússia e a Ucrânia estão localizadas próximas às principais rotas de transporte, como o Mar Negro.

Os períodos de guerra têm sido historicamente inflacionários e as curvas de custo global das commodities podem se deslocar para cima, traduzindo-se em maior suporte aos preços das commodities, avaliam. Para eles, os produtores integrados de commodities de baixo custo estão melhor posicionados.

Nesse cenário macroeconômico e geopolítico, as ações que podem continuar a ter desempenho taticamente superior, na visão do BBI, são  empresas como CBA (CBAV3), de alumínio e Vale (VALE3), enquanto também enxergam assimetria de valor significativa na Usiminas (VALE3), sendo que todas elas possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) pela casa.

Fonte: Infomoney
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/03/2022

 

Siderúrgicas da China e da Índia devem se beneficiar da guerra entre Rússia e Ucrânia

A invasão da Ucrânia pela Rússia está atrapalhando a indústria siderúrgica, elevando os preços e criando uma oportunidade para produtores indianos e chineses exportarem para a Europa.

A ArcelorMittal disse que fechou sua usina Kryvyi Rih, no sul da Ucrânia, que respondeu por cerca de 6,6% da produção total da empresa em 2020. No início da semana, a maior siderúrgica da Ucrânia, Metinvest, declarou força maior, citando dificuldades logísticas e de pagamento, enquanto a russa Severstal disse que estava redirecionando as exportações para fora da União Europeia.

A Rússia foi o quinto maior produtor de aço bruto em 2021, enquanto a Ucrânia foi o 14º maior. Ambos estão entre os cinco maiores exportadores líquidos globais de aço, segundo a consultoria de commodities Argus. Os preços à vista do aço laminado a quente do norte da Europa subiram 21% para 1.175 euros por tonelada na última semana, de acordo com a FactSet.

O aumento dos preços deve beneficiar os exportadores chineses e indianos, tornando os embarques mais lucrativos diante das tarifas da União Europeia (UE). A indiana Jindal Steel & Power subiu 21% nos últimos três meses e a Tata Steel subiu 14%, contra uma queda de 4,3% no índice BSE Sensex.

As produtoras de aço da China enfrentam produção limitada e uma desaceleração no setor de construção, mas os preços do aço laminado a quente na bolsa de Xangai na sexta-feira estavam em seu nível mais alto desde outubro do ano passado. As produtoras chinesas Beijing Shougang, Angang Steel e Inner Mongolian Baotou Steel Union subiram mais de 10% no mês passado.

Fonte: Dow Jones
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/03/2022

 

Cotação do minério de ferro sobe 19,4% em apenas uma semana

 A retomada na produção de aço da China impulsiona a valorização do minério O preço do minério de ferro subiu 19,4% somente nesta semana. A alta registrada na bolsa de commodities de Dalian, na China, onde os valores do insumo são negociados, é a maior desde 21 de fevereiro de 2020. Entre os fatores que impulsionam os preços, que atingiram US$ 128,65 na sexta-feira (4), estão os conflitos instalados no Leste europeu com a invasão russa à Ucrânia. 

De acordo com o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila, esse movimento ocorre porque a oferta do minério de ferro pode se tornar mais escassa devido às incertezas com a produção da Ucrânia, que, hoje, é responsável por suprir a demanda mundial com cerca de 45 milhões de toneladas ao ano. 

No entanto, o aquecimento do mercado imobiliário interno da China também explica a alta nos preços. “A China está retomando produção do aço e demanda pelo minério de ferro após o governo solicitar uma redução devido à poluição nas Olimpíadas de Inverno, e o conflito Rússia-Ucrânia, além de deixar a oferta do insumo mais apertada, ainda abriga sanções agressivas das empresas contra a Rússia”, explica o especialista. 

Em relação à nova guinada da construção civil na China,  o presidente do Conselho de Mineração e Siderurgia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Rowan Pedro de Araújo, lembra que as medidas adotadas após a crise que atingiu o mercado daquele País e uma das principais empresas de construção chinesa, a Evergrande, foram suficientes para uma retomada rápida. 

“A construção civil é um grande termômetro para o mundo e para o mercado de minério de ferro, principalmente pelo aquecimento da produção de aço usado nas construções. A China é uma locomotiva no mundo, e se você tem uma economia forte lá, ela puxa todo o tipo de mercado. O governo chinês agiu rápido e socorreu a Evergrande e injetou bilhões para acalmar o mercado, porque a China entendeu que as consequências seriam maiores se não agisse”, afirmou Araújo. 

Agenda verde

Contudo, o especialista avalia que, além dos conflitos no Leste europeu e o novo momento otimista da construção civil na China, a agenda da descarbonização está impulsionando o mercado dos carros elétricos. A demanda aumentada de carros que não utilizam combustíveis fósseis para a mobilidade movimenta as siderúrgicas e empresas automobilísticas. 

Em conjunto a uma recuperação da economia em um cenário de crise sanitária mais controlada, a produção de aço aumenta para suprir esses mercados e também aquele da linha branca, que consiste na fabricação de equipamentos como geladeiras e fogões. Araújo ressalta, nesse sentido, que 99% do minério de ferro hoje é destinado à produção de aço. 

Futuro dos preços 

Segundo o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila, a tendência é de que os preços atinjam, ainda neste ano, o valor de US$ 135 até o segundo trimestre. “Nós não sabemos por quanto tempo as exportações de minério de ferro da Ucrânia serão cortadas. Provavelmente, dependerá de quanto tempo o conflito continua e isso deve manter a valorização do minério de ferro”, afirma Chinchila. 

Ainda segundo o especialista da Terra Investimentos, as empresas brasileiras continuarão aumentando a produção para atender à oferta internacional, sendo que, em Minas Gerais, o preço mais alto de venda do minério pode incrementar a arrecadação do Estado devido ao pagamento de tributos. Caso o preço se mantenha alto, o presidente da Comissão de Mineração e Siderurgia da ACMinas, Rowan Pedro de Araújo, acrescenta que o cenário pode ser fundamental para Minas Gerais, já que, desde o rompimento das barragens, o Estado deixou de exportar milhões de toneladas de minério de ferro. 

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/03/2022

 

ArcelorMittal tem meta de ter ao menos 30% de mulheres até 2030

A ArcelorMittal lançou a meta, no ano passado, de ter ao menos 30% de mulheres entre seus empregados até 2030 no Brasil. O desafio é para todas as áreas da produtora de aço, incluindo as atividades operacionais, administrativas e cargos de liderança. “As mulheres já são a maioria da sociedade brasileira, das universidades e estão aumentando a representatividade nos cursos de engenharia. Essa mudança também deve acontecer na ArcelorMittal, aumentando a participação em todos os cargos e segmentos de negócio”, pontua Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil. Atualmente, dos cerca de 16 mil empregados da ArcelorMittal Brasil, 15% são mulheres. Na área operacional, 7% são mulheres, e em cargos de liderança, 10%.

A engenheira Tatiana Nolasco foi a primeira mulher a assumir como Diretora de unidade industrial (desde agosto de 2020) da ArcelorMittal no Brasil e na América Latina. A executiva é a diretora de negócio das plantas industriais de Barra Mansa e Resende. Em Belo Horizonte, na sede administrativa da ArcelorMittal, a liderança feminina também se faz presente. Na sede estão Sofia Trombetta Camisasca, que é Diretora de Pessoas, Saúde e Bem Estar, além da argentina Paula Harraca, Diretora de Estratégia, ESG, Inovação e Transformação do Negócio. Paula Harraca atua há mais de 17 anos na produtora de aço ArcelorMittal. Ela também é presidente-executiva da Fundação ArcelorMittal Brasil e do Açolab, primeiro hub de inovação aberta da indústria mundial de aço.

Fonte: O Tempo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/03/2022

 

Preço internacional do aço sobe refletindo efeitos do conflito na siderurgia

Os preços do aço no mercado internacional já estão em rota de alta em decorrência dos impactos da invasão da Rússia à Ucrânia no fim da semana passada. O prolongamento da guerra irá agravar ainda mais as cadeias de produção de usinas de aço na Ucrânia, bem como as sanções à Rússia irão travar o comércio do país, que é o quinto maior produtor mundial de aço.

Rússia e Ucrânia são dois fornecedores relevantes de placas de aço - material semiacabado usado para fabricar chapas e bobinas de aço - no mercado global. Além de grandes exportadores de produtos acabados e itens como minério de ferro, pelotas e ferro-gusa.

“Não há razão para os preços não subirem”, afirma Carlos Loureiro, que atua há diversas décadas no mercado de aço brasileiro e do exterior e que atualmente preside o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).

“Os dois países são grandes exportadores líquidos de aço, tanto de produtos finais como semiacabados, porém com maior peso no mercado de placas”, afirma.

Segundo Loureiro, citando informações que recebeu de fontes, os preços de placas vendidas pelo Brasil - importante produtor - já estão sendo negociados com aumentos, diante das preocupações com a Ucrânia. A oferta começou a ficar apertada e o mercado reagiu tão logo os tanques russos cruzaram as fronteiras do país vizinho (dia 24).

Os negócios fechados no fim da semana passado com placas de origem brasileira ficaram na faixa de US$ 740 a tonelada (valor FOB). Ou seja, material colocado em portos brasileiros.

No entanto, segundo fontes do mercado de produtos siderúrgicos, novas cargas já eram oferecidas, no mínimo, a US$ 780 a tonelada, conforme informação da publicação especializada Metalbulletin divulgada pela Smart Steel Business.

No Brasil, são grandes produtores de placas para exportação a Ternium (do grupo Techint), a Companhia Siderúrgica de Pecém -CSP (controlada por Vale e as sul-coreanas Dongkuk e Posco) e ArcelorMittal Tubarão. A brasileira Gerdau também exporta excedentes de placas.

Os produtos acabados, como chapas e bobinas, por consequência, sofrerão aumentos, uma vez que as placas são matérias-primas para muitos fabricantes não verticalizados e até para siderúrgicas com problemas em seus altos-fornos - caso de Usiminas em Cubatão (SP).

Desde o início do conflito, com a intensidade dos ataques russos em alvos ucranianos, os preços do aço, metais e matérias-primas siderúrgicas disparam. Na bolsa LME Steel, desde dia 25 para cá, a cotação da bobina de aço laminada a quente saltou de US$ 800 para 880 a tonelada, FOB China.

Noutra ponta da cadeia produtiva, o minério de ferro (com menos intensidade) e carvão também estão em alta, afetando os custos das usinas de aço integradas.

O carvão metalúrgico, insumo das usinas de aço que já vinha em movimento de alta, passou de US$ 250 a tonelada para US$ 400 a partir do dia 24 (quando ocorreu a entrada de tanques russos na Ucrânia) até ontem.

De acordo com informações da World Steel Association (Worldsteel), entidade global que representa produtores de 85% do volume mundial de aço bruto, no ano passado a Rússia produziu 76 milhões de toneladas; a Ucrânia, 21 milhões de toneladas.

Grande parte de seus volumes é transformada em placas destinadas à exportação - União Europeia, outros países europeus e Ásia são os maiores importadores de aço russo e ucraniano. O Brasil, no ano passado, importou relevante volume de produtos siderúrgicos oriundos da Rússia.

Em termos de exportações líquidas - vendas ao exterior menos importação -, conforme a Worldsteel, a Rússia lidera o ranking mundial, com quase 30 milhões de toneladas. A Ucrânia está na quarta posição, com cerca de 14 milhões de toneladas.

Na cadeia produtiva do aço, os dois países são também grandes produtores e exportadores de minério de ferro, especialmente de pelotas para alto-forno, um produto de alto valor agregado. A Europa, como um todo, é o segundo maior comprador dos dois países - só perde para a China.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/03/2022