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China supera UE e EUA em exportações do Brasil no 1° semestre

As exportações brasileiras à China totalizaram US$ 51,9 bilhões no 1º semestre. O volume –equivalente a 30,9% das exportações brasileiras no período– é maior do que o total exportado (em US$ bi) para a União Europeia e para os Estados Unidos juntos, que somaram US$ 23,3 bilhões e US$ 19,2 bilhões, respectivamente.

Dentre os produtos brasileiros exportados para a China, a soja lidera com US$ 20,2 bilhões. O produto representa 39% das exportações do Brasil ao país asiático. No ranking, também aparecem petróleo (bruto), com US$ 11 bilhões, e minério de ferro, com US$ 10 bilhões.

 

De janeiro a junho, as exportações brasileiras alcançaram US$ 167,6 bilhões, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).

Somente em junho, as vendas ao exterior somaram US$ 29 bilhões. Apesar da queda de 1,9% nas exportações do mês na comparação com o mesmo período de 2023, o saldo comercial do mês foi positivo em US$ 6,7 bilhões.

 

No 1º semestre de 2024, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 82,39 bilhões. Em junho, as vendas de produtos do setor ao exterior somaram US$ 15,2 bilhões.

Commodities lideram

Os 3 principais produtos exportados pelo Brasil são commodities: soja (17%), petróleo bruto (15%) e minério de ferro (9,2%).

Inicialmente, é importante explicar a definição do conceito de commodities reconhecida internacionalmente: commodity é uma palavra em inglês amplamente usada dessa forma em vários idiomas (no plural, usa-se commodities). Seu significado principal, em português, é “mercadoria”. No comércio internacional, o termo é usado para definir itens produzidos em larga escala, que podem ser estocados mantendo a qualidade e que servem como matéria-prima, com qualidade e características uniformes. Por exemplo, seja, milho, trigo, feijão, café, carnes, madeira ou minérios. Produtos com algum tipo de industrialização (como açúcar, suco de laranja, leite e combustíveis) também são considerados commodities porque seus preços são determinados pela demanda do mercado internacional.

Dessa forma, os óleos combustíveis são considerados commodities, principal produto exportado pelo Amazonas, Rio Grande do Norte e Bahia. Também é o caso do aço, que lidera as exportações no Ceará.

Somente Roraima é exceção. “Outros produtos comestíveis e preparações” correspondem a 27% das exportações do Estado, o equivalente a US$ 30,3 milhões. A nomenclatura abrange a fabricação de massas, biscoitos, chocolates, pratos prontos e molhos como ketchup e mostarda.

 

Ranking por Estado

São Paulo concentra as exportações do Brasil, com US$ 33,2 bilhões. O valor corresponde a 20,7% das vendas brasileiras ao exterior no 1º semestre. Açúcar e melaço são os principais produtos exportados pelo Estado, com 14%.

Por outro lado, o Acre contribuiu com o menor volume de exportações no período, com US$ 48,6 milhões. O número representa 0,03% das vendas brasileiras ao exterior.
    
                
Fonte: Poder 360
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 05/08/2024

 

Depois das importações, custos elevam pressão sobre a siderurgia brasileira

A temporada de balanços do segundo trimestre vai demonstrando que, além das importações de aço, que seguiram entrando no país em volume elevado entre junho e julho, a desvalorização cambial trouxe uma nova preocupação às siderúrgicas instaladas no país. Produtores mais expostos às matérias-primas dolarizadas, como minério de ferro, coque, petróleo e placas, sofreram um baque na conta de custos no intervalo. Soma-se a isso a fraqueza do mercado global, motivo de alerta também de grandes nomes da siderurgia global, como ArcelorMittal e Nippon Steel.

Há uma semana, a Usiminas divulgou seus resultados e condensou bem o complexo ambiente de negócios para o setor, no Brasil e no mundo. De acordo com o presidente da companhia, Marcelo Chara, o cenário para a indústria siderúrgica segue desafiador, com a entrada de aço importado em volumes muito superiores à média histórica e pressão da desvalorização do real frente ao dólar na linha de custos. Os números do segundo trimestre, que vieram piores do que o esperado, e a indicação de que esse ambiente pode ser manter no trimestre em curso levaram à queda acentuada das ações na B3, que fecharam o dia com baixa de 23%.

Conforme Chara é preciso “estar cada vez mais preparado” para lidar com esse cenário. “A pressão nos custos das matérias-primas que estão expostas ao dólar, como carvão, coque e minério, tem impacto transitório, e isso afetou sobretudo a unidade de Cubatão”, afirmou, referindo-se ao aumento do custo do produto vendido (CPV) no trimestre.

Revisão de preços

A forte pressão dos custos das matérias-primas, seguiu o executivo, está levando à necessidade de revisão dos preços praticados pela siderúrgica. Do lado dos preços internacionais, a maior oferta de aço chinês segue exercendo pressão globalmente. “Todos os mercado estão se defendendo ante práticas de comércio desleal”, disse, acrescentando que a adoção de cotas de importação pelo Brasil, a partir de junho, ainda não surtiu efeito.

Na semana passada, a Nippon Steel disse que a procura global por aço continua em “situação difícil sem precedentes”, e fatores como a crise econômica na China e a piora do sentimento empresarial na Europa e nos Estados Unidos dificultaram a previsão de uma recuperação na demanda real neste momento. O mercado provavelmente levará tempo para se recuperar, indicou.

A companhia destacou ainda que, embora os preços tenham sido prejudicados devido, em parte, às exportações de aço da China, os custos das matérias-primas permaneceram altos devido ao nível elevado contínuo de produção na Índia e em outros lugares.

Sentimento econômico de cautela

A ArcelorMittal, por sua vez, mostrou queda acentuada nos lucros do segundo trimestre, após a redução dos preços do aço e menores embarques. Em maio, segundo a agência Dow Jones, a siderúrgica já havia informado que seus clientes estavam adotando uma “abordagem de espera” devido ao sentimento econômico de cautela.

Conforme a Arcelor, os preços médios de venda do aço caíram 7,5% nos primeiros seis meses do ano, enquanto os embarques no segundo trimestre recuaram 2% em relação ao ano anterior, para 13,9 milhões de toneladas métricas. Para a empresa, “as condições atuais do mercado são insustentáveis”, mas pode haver retomada de demanda no segundo semestre.

O problema, segundo a companhia, foi a produção excessiva de aço da China, que levou a menores margens, ao mesmo tempo em que os preços na Europa e nos Estados Unidos caíram a níveis abaixo do custo de produção.

Redução de custos

Para fazer frente a esse cenário, a brasileira Gerdau adotou uma abordagem agressiva de redução de custos. Assim como a Usiminas, a companhia não sentiu ainda os efeitos positivos esperados com a adoção de cotas de importação de aço pelo Brasil, mas acredita que os próximos meses serão promissores. “Já estávamos preparados para que o segundo trimestre fosse o pior do ano”, disse o presidente Gustavo Werneck. A companhia reviu sua base de ativos no Brasil e suspendeu as operações em três unidades, menos competitivas em termos de custos, para se adequar às condições mais ácidas do mercado.

Com as medidas recentes para redução de custos e readequação de ativos industriais, a Gerdau projeta que sua base de custos em 2025 será aproximdamente R$ 1,5 bilhão menor do que a realizada em 2023, segundo o vice-presidente de finanças da companhia, Rafael Japur. "Com essas iniciativas, esperamos capturar aproximadamente R$ 1 bilhão de forma anualizada em economias", afirmou.

Nos seis primeiros meses do ano, os ganhos ficaram em R$ 150 milhões, com readequação de capacidade de produção e melhorias de eficiência. Para o segundo semestre, a expectativa é de ganhos adicionais de R$ 400 milhões com a maior alavancagem operacional das usinas instaaldas no país, redução de custos e menor consumo de materiais específicos."Em 2025, teremos a anualização desses ganhos", acrescentou.

Outros R$ 500 milhões devem vir de economias em outras operações, na esteira de melhorias de produtividade e ganhos com investimentos já executados.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 05/08/2024

 

ArcelorMittal reclama das exportações de aço da China

A ArcelorMittal SA disse que as exportações da China deixaram o mercado de aço em uma posição insustentável, já que o maior produtor mundial fora do país asiático relatou uma queda no lucro do segundo trimestre.

Os produtores de aço nos EUA e na Europa estão sendo espremidos entre uma nova onda de importações baratas e uma demanda anêmica que está empurrando os preços para baixo. A empresa cortou sua estimativa para o consumo aparente de aço fora da China — um barômetro importante da economia mundial.

Nos primeiros seis meses do ano, os preços médios de venda do aço caíram 7,5%, enquanto os embarques de aço no segundo trimestre diminuíram 2% em relação ao ano anterior, para 13,9 milhões de toneladas métricas.

"As condições atuais do mercado são insustentáveis", disse a ArcelorMittal em um comunicado na quinta-feira. "O excesso de produção da China em relação à demanda está resultando em spreads de aço doméstico muito baixos e exportações agressivas; os preços do aço na Europa e nos EUA estão abaixo do custo marginal.”

Um novo aumento nas exportações de aço da Ásia — e especialmente da China — tem o potencial de se tornar um ponto crítico político no Ocidente e foi uma questão-chave de campanha quando Donald Trump concorreu pela primeira vez à presidência.

A economia da China teve um desempenho irregular este ano, com a indústria às vezes sendo um ponto positivo, enquanto o consumo foi prejudicado por uma crise imobiliária prolongada. Isso impulsionou o superávit comercial da China a um recorde, pois as exportações aumentaram.

Os EUA e a União Europeia — dois dos maiores mercados de exportação da China — estão erguendo novas barreiras comerciais após acusar Pequim de usar subsídios estatais para construir capacidade industrial excessiva.

Enquanto a Europa implementou tarifas para atingir as exportações chinesas, o comércio global de aço é frequentemente visto como um jogo de whack-a-mole: se as exportações são bloqueadas em um mercado, a ação muda para outro lugar, reduzindo os preços em todos os setores.

O aumento nas exportações ocorreu porque a demanda por aço está crescendo mais lentamente do que a ArcelorMittal esperava. A empresa reduziu sua previsão para o consumo aparente de aço fora da China para entre 2,5% e 3% este ano. Originalmente, esperava-se que a demanda crescesse até 4% este ano.

O consumo de aço na China pode até contrair, de acordo com a ArcelorMittal, que reduziu sua previsão para 2024 para uma faixa de -1% a +1%.

A siderúrgica reportou que o lucro líquido para os três meses até o final de junho caiu 72,9%, para US$ 504 milhões, de US$ 1,86 bilhão um ano atrás, devido a vendas que caíram 13% no ano, para US$ 16,25 bilhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ficou em US$ 1,86 bilhão, abaixo do primeiro trimestre e do mesmo período do ano passado, mas acima das estimativas dos analistas.

Fonte: Bloomberg News
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 02/08/2024

Análise: Copom ainda não fechou posição para subir o juro, mas deixa a porta mais aberta

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou um comunicado mais conservador, que deixa a porta mais aberta ainda para uma eventual alta de juros na sua reunião de setembro. Mas nada indica que os seus membros já tenham fechado uma posição para esse aperto adicional.

Os especialistas estavam de olho em dois pontos que poderiam indicar um aperto mais forte: uma alta da projeção de inflação do colegiado e um eventual reconhecimento de que os riscos negativos no cenário inflacionário superam os positivos.

Aparentemente, ambos pioraram, mas não o suficiente para comunicar de uma forma clara e direta que o Copom já decidiu, de antemão, fazer um ajuste para cima na meta da taxa Selic no seu próximo encontro.

A projeção de inflação para o horizonte relevante de política monetária está em 3,2%, percentual que está acima da meta, definida em 3%. Alguém mais rigoroso dirá que a inflação está acima da meta e, portanto, seria preciso uma dose maior de juros do que os 10,5% contemplados na projeção. Alguém mais pragmático vai argumentar que uma diferença de 0,2 ponto percentual é estatisticamente irrelevante numa projeção para um prazo tão longo.

A questão: onde o Copom se encaixa, entre o analista mais rigoroso e o mais pragmático? Em fins do ano passado, em uma entrevista de divulgação do Relatório de Inflação, o diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen, disse que a projeção de inflação de 3,2% para 2025 estava acima da meta.

Mas, por outro lado, o Copom iniciou um ciclo de corte de juros em agosto de 2023, quando a projeção de inflação para 2024 se encontrava em 3,4%. Naquela ocasião, porém, havia gordura nas previsões de queda de juros do mercado embutida no boletim Focus. Assim, o Copom pode sinalizar que chegaria a 3% se adotasse uma trajetória de corte da Selic menos otimista do que o Focus.

Na situação atual, aparentemente, o Copom considera que 3,2% não são muito diferentes de 3%. Se pensasse de outra maneira, provavelmente a alta de juro já deveria ter começado agora.

De fato, o colegiado está fazendo algum esforço, desde a reunião de junho, para sinalizar que as projeções de inflação não indicam ainda necessidade de alta de juros.

Em junho, é bom lembrar, o Copom divulgou uma projeção alternativa que usava uma hipótese diferente no seu modelo sobre como o mercado antecipa o aperto. Alguns, no mercado, questionaram a metodologia. Mas o que importa, na verdade, é o que o Copom queria comunicar com a projeção: não precisava subir os juros. Agora, com a projeção de 3,2%, parece querer indicar a mesma coisa.

Outro ponto que criou grande expectativa ante da reunião era se o Banco Central iria adotar um balanço de risco assimétrico, com os riscos negativos superando os positivos. O BC divulgou no seu comunicado três riscos negativos, em vez dos dois de junho, e apenas dois riscos positivos.

Essa diferença entre os riscos altistas e baixistas quer dizer que o balanço de riscos se tornou assimétrico? Será preciso aguardar a ata do Copom para saber com certeza, mas há pelo menos três sinais que apoiam a visão de que segue simétrico.

Primeiro: se o balanço de riscos já estivesse assimétrico, o Copom teria que ter partido para ação. A combinação de uma projeção de inflação de 3,2%, acima da meta, com uma desconfiança mais forte de que a inflação vai superar o projetado demandaria uma elevação de juros já na reunião realizada nesta quarta-feira.

Outro sinal de que o balanço de riscos ainda é simétrico é que o comunicado não diz o contrário. Essa é uma informação crucial que costuma entrar no comunicado. Foi o que o Copom fez, por exemplo, em 2021, quando o balanço de riscos era assimétrico, e isso era dito com todas as letras no comunicado.

O terceiro sinal é que, no passado, o Copom divulgou balanços de riscos para a inflação com mais fatores para um lado do que para o outro sem que isso representasse, necessariamente, uma assimetria. Em setembro de 2019, por exemplo, o Copom citou dois riscos altistas e um baixista, mas sem indicar assimetria (naquele período, a assimetria perdurou até junho de 2019).

Apesar de a projeção e o balanço de riscos não indicarem claramente que o Copom já fechou de antemão com a decisão de alta de juros, o tom mais duro do comunicado dá indicações de que o colegiado vê chances maiores de que isso de fato ocorra em setembro, a depender da evolução do cenário.

Chama a atenção que, até junho, o Copom dizia que, “como usual”, eventuais ajustes futuros na taxa de juros seriam ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta. Desta vez, o comitê excluiu a expressão “como usual”, o que dá mais força para a ameaça de levar a Selic para acima de 10,5% ao ano.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 01/08/2024

 

Falta de mão de obra e tributação mais alta travam industrialização da construção civil

 

A industrialização na construção civil avançou, mas a falta de mão de obra especializada e a tributação mais alta em relação ao sistema convencional estão entre os principais empecilhos para modernizar a produtividade.

Apenas 24% das empresas da construção civil utilizam sistemas industrializados em mais de 75% de seus projetos. É o que mostra a Sondagem da Construção em Sistemas Industrializados, primeira radiografia do setor da construção industrializada no Brasil, elaborada pela FGV Ibre e encomendada pelo Modern Construction Show.

Segundo Ana Maria Castelo, responsável pelo estudo, os processos industrializados são realidade na construção civil, mas ainda não têm grande disseminação.

"É um copo meio cheio, meio vazio. Por um lado, tem um percentual elevando utilizando. Por outro, metade das empresas que afirmaram não utilizar nenhum tipo de sistema industrializado disseram que não o fazem por não ter o perfil de uma empresa que deveria investir em modernização. Mas entendo que elas não consideraram como podem usar os sistemas", afirma.

A construção industrializada está associada à produção dos componentes em ambiente industrial e, posteriormente, montados nos canteiros de obras, o que permite acelerar as obras e controlar os custos da produção.

De acordo com o estudo, cuja prévia será apresentada às 8h desta quarta-feira (31) na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), região central da capital paulista, 64,5% das empresas fazem uso de sistemas industrializados no Brasil. O principal segmento que utiliza essa solução é o residencial, com 50,8% das obras.

A maioria das empresas (58,4%) respondeu que os sistemas são utilizados em no máximo 50% de suas obras. Os mais empregados são os kits elétricos (82,1%), seguidos pelas estruturas pré-fabricadas de concreto (70,5%), pelo drywall (64,4%), pelas estruturas em aço (60,2%) e pelos kits hidráulicos (53,5%).

 

Entre os motivos apontados pelos entrevistados para adotar a construção industrializada, aparece em primeiro lugar o menor prazo de conclusão da obra, com 81,5% das respostas. Na sequência, vem a diminuição do uso de mão de obra no canteiro (71,6%), seguida do maior controle de custos (66%), menor geração de resíduos (63,9%), melhoria do desempenho (61,1%) e redução de impactos ambientais (59,3%).

No entanto, a principal dificuldade mencionada para não ampliar o uso da industrialização é uma dor também no sistema convencional de construção: a falta de mão de obra. A capacitação de projetistas e dos próprios gestores completa um quadro que aponta a necessidade de formação de pessoas. Quem investe o faz para melhorar sua produtividade, mas sente a dificuldade em encontrar profissionais qualificados. Os que não investem mencionam a falta de capacitação para iniciar o processo, aponta a sondagem.

"O setor sofreu um apagão de mão de obra em 2007 e 2013. Cada vez que se depara com um período de crescimento, se depara com falta de mão de obra e surge a preocupação em ampliar a discussão de industrializar a construção. Agora, traz especialmente a questão da sustentabilidade, porque gera menos resíduos", afirma Ana Maria.

"De 2014 a 2018, o setor enfrentou taxas de crescimento muito baixas, mas a discussão [de industrialização] avançou de qualquer forma", diz a economista.

 

O outro entrave pode ser resolvido com a reforma tributária, se o texto sancionado seguir o caminho atual. "O setor sempre bateu muito na questão de desestímulo à industrialização por causa da cobrança de ICMS. A princípio, como está sendo desenhado, a reforma será positiva nesse sentido porque irá unificar tributos e deixará de haver distinção", afirma Ana Maria.

Hoje, há uma relevante discrepância na incidência de impostos entre obras com diferentes sistemas construtivos. Os projetos tradicionais, construídos no canteiro de obras, recolhem ISS (Imposto sobre Serviços) com alíquota reduzida. Para um imóvel construído na fábrica, a construção precisa arcar ainda com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), de carga mais alta.

Ana Maria diz que a falta de linhas de crédito para a adoção de inovações também foi citada pelos entrevistados como empecilho relevante. "A fase até a entrega das chaves é importante para o comprador ir pagando o financiamento com a construtora. Com a industrialização, o prazo de entrega diminui, e esse financiamento fica mais caro para o cliente. É questão importante pensar no financiamento de produção."

Para a economista, a construção civil brasileira precisa de ações institucionais efetivas para melhorar seus indicadores de produtividade e industrialização.

 

Ela afirma, porém, que o saldo da sondagem é positivo. Em todos os grupos —de empresa de menor a maior porte— as respostas sugerem uma melhora na disseminação da industrialização no setor da construção civil nos próximos 12 meses. A maioria (74%) irá aumentar os seus processos industrializados na parte de estrutura dos projetos.

Renato Cordeiro, head de Produtos da Francal, organizadora do Modern Construction Show, afirma que há anos o setor pede um mapeamento de mercado da construção industrializada. "O método tem importantes vantagens, como a agilidade, a eficiência e a sustentabilidade, e essas questões aparecem entre os principais motivos relatados pelos entrevistados", diz.

A pesquisa nacional foi realizada entre 15 de maio e 14 de junho com 510 empresas, dos setores de edificações (residenciais e não residenciais), infraestrutura e serviços especializados. O estudo completo será apresentado entre os dias 1º e 3 de outubro, no Modern Construction Show, no Novo Anhembi, em São Paulo.

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 01/08/2024

 

Negócios em leilões de máquinas agrícolas devem crescer 13%

Com a definição do Plano Safra 24/25, o setor de máquinas agrícolas deve começar um movimento tradicional: o comércio de equipamentos usados em leilões virtuais. Para este ano, a expectativa é que esses leilões movimentem 13% mais que em 2023, com uma média de 12 mil máquinas ao mês neste segundo semestre.

“A chegada do Plano Safra neste ano gerou de maneira mais rápida a prospecção de vários clientes interessados em se desfazer de suas máquinas antigas para comprarem novas”, disse à reportagem Marcelo Bartolomei Pinheiro, diretor de operações da Superbid Exchange, plataforma de intermediação de ativos usados.

No Plano Safra, os juros da linha do Moderfrota ficaram em 10,5% para os médios produtores e em 11,5% para os grandes, o que foi considerado satisfatório pela Câmara de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Segundo o presidente da câmara, Pedro Estevão Bastos de Oliveira, o setor havia solicitado que ficassem entre 9% e 9,5%. “Não é um juro bom, mas também não é ruim. Se você for para o mercado, não vai encontrar um juro mais barato, vai achar de 16%, 17% nos bancos”, disse.

Os setores de grãos e de açúcar e etanol são os que mais devem renovar a frota. Dentre os vendedores na Superbid, há empresas como a Tereos, Atvos, BP, SLC e a cooperativa Coamo.

“Eles monetizam equipamentos usados, geram caixa e ao mesmo tempo mantêm a eficiência operacional com máquinas modernas”, afirmou Bartolomei. Esses equipamentos usados operaram por três a cinco anos e são substituídos pela necessidade de repor peças.

Para os compradores, os leilões são uma oportunidade de acesso a equipamentos mais modernos e maiores do que os equipamentos novos que comprariam em concessionárias. “São máquinas em bom estado, que foram usadas por trabalhadores qualificados e que tiveram a manutenção realizada por mecânicos treinados. Mas não são baratas. Estamos falando de tratores de R$ 200 mil a R$ 400 mil e colheitadeiras de até R$ 500 mil. Ocorre que elas, novas, custam alguns milhões, então é uma grande oportunidade”, disse.

Os compradores nos leilões são geralmente produtores de médio porte, principalmente de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Goiás. E que estão em regiões próximas aos vendedores, já que são responsáveis por transportar o equipamento após o negócio.

A Superbid prevê um crescimento na comercialização de equipamentos do agronegócio entre 19% e 22% neste ano.

Fonte: Globo Rural
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 31/07/2024