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Faturamento da mineração tem alta de 12% em Minas

O faturamento da indústria de mineração em Minas Gerais cresceu 12% nos primeiros seis meses de 2023. O Estado saiu de um resultado de R$ 45,2 bilhões no primeiro semestre de 2022 para R$ 50,5 bilhões neste ano. O resultado acompanhou o movimento de alta apurado pelo setor mineral brasileiro, mesmo diante do menor volume exportado e da cotação cambial inferior ao mesmo período do exercício passado.

As receitas da atividade chegaram a R$ 120 bilhões em âmbito nacional. Assim, Minas Gerais respondeu por 42% do montante total, permanecendo à frente do Pará, que, com R$ 39,8 bilhões, respondeu por 33% do resultado. O faturamento naquele estado, inclusive, caiu 4% na comparação semestral.

A avaliação do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), no entanto, é que esse movimento não deve perdurar pelo restante de 2023. Isso porque, segundo o diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios da entidade, Julio Nery, o aumento da participação de Minas Gerais e a queda da fatia do Pará nos primeiros seis meses deste ano ocorreram em função, principalmente, das chuvas ocorridas no acumulado de janeiro a março.

“Ao longo dos próximos meses, o Pará deve retomar o percentual observado no ano passado”, disse em entrevista coletiva a jornalistas.

Cfem acompanha aumento

Com a liderança de Minas Gerais no faturamento, o recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) também foi impactado. Conforme o balanço da entidade, baseado nos dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), na primeira metade de 2023, Minas Gerais arrecadou R$ 1,56 bilhão. O montante é 10,5% maior que o apurado em igual época do ano passado, quando os royalties da mineração no Estado haviam chegado a R$ 1,41 bilhão.

Novamente, o Estado ocupou a primeira posição entre as Unidades Federativas (UF) com recolhimentos. O Pará, por sua vez, arrecadou R$ 1,2 bilhão frente aos R$ 1,29 bilhão do acumulado de janeiro a junho do exercício anterior. Neste caso, houve baixa de 3,6%. Já o resultado nacional foi de R$ 3,4 bilhões – mesmo patamar de igual época de 2022.

Balança da mineração tem impacto do preço do insumo siderúrgico

A balança comercial do setor indicou que as exportações minerais em toneladas aumentaram 10,2%, mas caíram 5,77% em valores, devido aos preços das commodities bem mais baixos que o apurado no primeiro semestre de 2022. Ao todo, os embarques somaram 169,6 milhões de toneladas e US$ 13,7 bilhões neste exercício, contra 154,4 milhões de toneladas e US$ 15 bilhões no ano passado.

Já as importações caíram 34,2% em valor e 6% em toneladas. Foram 20,91 milhões de toneladas e US$ 6,2 bilhões, contra 22,25 milhões de toneladas e US$ 9,4 bilhões. Com isso, o saldo da balança comercial foi de US$ 13,66 bilhões, ou seja, 30% do saldo da balança comercial brasileira no período.

Na avaliação do diretor-presidente do Instituto, Raul Jungmann, o desempenho da mineração ao longo do primeiro semestre foi positivo, especialmente, em que pese a queda do valor do preço do minério em termos globais. Para se ter uma ideia, o preço do minério de ferro ficou cerca de 15% menor que nos primeiros seis meses de 2022.

“O preço do minério foi o grande impacto do período. Aumentamos a produção e tivemos crescimento discreto no faturamento. Entre os minerais, apenas o ouro teve variação positiva (3,7%). Já o efeito do dólar foi muito pequeno”, afirmou.

Preço deve permanecer acima de US$ 100 a tonelada

Para os próximos meses, Julio Nery adiantou que o Instituto estima um preço acima de US$ 100 – mas nada muito acima deste patamar.

Além disso, o setor manteve a previsão de investimentos para os anos seguintes. Entre 2023 e 2027 estão previstos US$ 50 bilhões. Minas Gerais, que já foi o principal destino das cifras no passado, segue na segunda posição, com US$ 11,4 bilhões estimados. O Pará deve receber, neste período, US$ 13,9 bilhões, conforme o Ibram.

Indústria da mineração questiona artigo 20 da reforma tributária

Por fim, os dirigentes também falaram sobre as preocupações acerca do texto aprovado na Câmara dos Deputados para a reforma tributária. No geral, os representantes do setor aprovam a proposta, porém, repudiam a inclusão do artigo 20. Eles já falam em “revisão pelo Senado Federal”. Conforme a entidade, o ponto é desastroso para o setor produtivo e as exportações.

“Contraria a própria reforma, aumenta a carga tributária e põe sob risco severo a competitividade internacional da mineração do Brasil, justamente em um momento em que o País precisa expandir essa atividade. É um contrassenso, portanto”, reforçou Jungmann.

Na prática, o artigo 20 permite instituir contribuição sobre produtos primários e semielaborados, produzidos nos respectivos territórios, para investimento em obras de infraestrutura e habitação, em substituição à contribuição a fundos estaduais.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/07/2023

Empresas brasileiras de mineração e metais estão investindo para reduzir pegadas ambientais

As empresas brasileiras de mineração e metais têm anunciado várias iniciativas recentemente para reduzir seus impactos ambientais e continuar a transição para energia limpa à medida que aumenta a pressão para tornar suas operações mais sustentáveis.

Empresas como CSN, Alcoa e Vale informaram que farão novos investimentos para realizar as mudanças necessárias em suas instalações.

A siderúrgica brasileira CSN informou que investirá R$ 700 milhões (US$ 145 milhões) em esforços para melhorar a qualidade do ar no município de Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro.

As obras incluem a substituição de precipitadores eletrostáticos (filtros) na área de sinterização da Usina Presidente Vargas e a instalação de canhões de névoa no interior da usina, considerada uma das áreas mais críticas para a dispersão de poluentes da produção.

O anúncio foi feito após os executivos da empresa realizarem uma reunião com representantes da prefeitura de Volta Redonda e do governo do estado do Rio de Janeiro para discutir medidas para reduzir a quantidade de poeira na cidade em meio a crescentes reclamações dos moradores.

A CSN também está utilizando um polímero em estoques de insumos como carvão, coque e minério de ferro para reduzir a emissão de material particulado, bem como em áreas onde a dispersão de poeira está concentrada.

ALCOA

A unidade brasileira da gigante americana de alumínio Alcoa anunciou recentemente a aceleração de sua transição para energia limpa na mina de bauxita de Juruti, no estado do Pará.

A empresa mudará suas operações para trabalhar com fornecimento de energia conectado à rede, em vez de geração de energia local a partir de combustível fóssil.

“O projeto de três anos tem um custo estimado de US$ 23 milhões e deve ser concluído em 2026. A redução de gases de efeito estufa está prevista para ser de aproximadamente 35%, enquanto a redução do custo de energia da usina será de cerca de 40% no futuro”, disse o empresa em um comunicado.

A energia do porto e da lavanderia da Alcoa em Juruti vem de geradores movidos a óleo diesel. As instalações não estão atualmente conectadas à rede.

A Alcoa disse que assinou um contrato com uma parte não identificada para a construção de uma linha de transmissão e subestação de 51 km. Uma vez concluído, o projeto será abastecido com eletricidade gerada a partir de fontes hidrelétricas.

VALE

A gigante da mineração brasileira Vale anunciou na terça-feira (18) que atingiu a capacidade máxima em seu complexo de energia solar Sol do Cerrado, no estado de Minas Gerais, um dos maiores parques solares da América Latina.

“A empresa recebeu autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a operação comercial da última usina fotovoltaica de um total de 17 do projeto. É um dos maiores parques de energia solar da América Latina, com capacidade instalada de 766 megawatts de pico, o equivalente ao consumo de uma cidade de 800 mil habitantes. Operando a plena capacidade, o complexo solar fornecerá 16% de toda a energia consumida pela Vale no Brasil”, disse a empresa em comunicado.

“O Sol do Cerrado, cujos investimentos totalizaram cerca de 3 bilhões de reais, é um passo importante para ajudar a Vale a atingir suas metas climáticas de reduzir as emissões líquidas de carbono (escopos 1 e 2) em 33% até 2030 e reduzi-las a zero até 2050”, acrescentou a empresa.

A Vale iniciou as operações no Sol do Cerrado em novembro de 2022, com a energização de quatro das 17 usinas ou subparques fotovoltaicos do complexo.

O projeto também inclui uma linha de transmissão de 15 km que liga as subestações coletoras Sol do Cerrado e Jaíba, de onde a energia é injetada na rede elétrica nacional.

 
Fonte: BN Americas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/07/2023

Minério de ferro sobe com maiores esperanças de estímulos após dados fracos da China

Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura subiram nesta terça-feira, impulsionados por maiores expectativas de medidas de apoio mais favoráveis ??na China após a divulgação de dados econômicos mais fracos do que o esperado.

O minério de ferro mais negociado para setembro na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou as negociações diurnas com alta de 0,66%, a 845 iuanes (117,83 dólares) a tonelada, após perdas na segunda-feira.

O minério de ferro de referência em agosto na Bolsa de Cingapura ganhou 0,98%, para 113,60 dólares a tonelada.

O Produto Interno Bruto (PIB) da segunda maior economia do mundo cresceu 6,3% no segundo trimestre em base anual, bem abaixo da previsão de crescimento de 7,3%, mostraram dados do Escritório Nacional de Estatísticas na segunda-feira.

O setor imobiliário, o maior consumidor de aço na China, permaneceu firmemente em tendência de baixa durante o trimestre.

'A última divulgação de dados está estimulando pedidos de mais estímulo para a economia chinesa', disseram analistas do National Australia Bank em nota.

Aumentaram as expectativas de que medidas de estímulo mais fortes serão anunciadas na reunião do politburo até o final deste mês para sustentar a recuperação econômica pós-pandemia, disseram analistas.

Isso ocorreu depois que o principal planejador econômico da China prometeu na terça-feira que implementaria políticas para 'restaurar e expandir' o consumo sem demora, já que o poder de compra dos consumidores continua fraco, sugerindo uma urgência em reanimar a demanda doméstica.

O ânimo também melhorou com algumas siderúrgicas de Tianjin e Xingtai, no norte da China, aceitando a segunda rodada de aumento de preço do coque de 50 iuanes por tonelada métrica, que deve se expandir em mais regiões, disse a consultoria Mysteel em nota na segunda-feira.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/07/2023

 

Com demanda reprimida, Aço Brasil revisa projeções para 2023

Os resultados apurados pelo setor siderúrgico no decorrer do primeiro semestre levaram o Instituto Aço Brasil a revisar para baixo as projeções de produção, vendas internas e consumo aparente para 2023. Mesmo assim, a entidade estima que o Brasil possa alcançar a 8ª posição entre os principais países produtores de aço no mundo ainda neste exercício. A capacidade de oferta do País está em 54 milhões de toneladas ao ano, mas atualmente a produção anual está no patamar de 34 milhões de toneladas, ou seja, 60% da capacidade instalada.

De acordo com o Instituto, as novas projeções indicam que a produção de aço bruto neste ano deverá fechar em 32,388 milhões de toneladas, queda de 5% sobre 2022. Já as vendas internas devem atingir 19,116 milhões de toneladas, redução de 6% ante o ano anterior.

O consumo aparente, que compreende as vendas internas e as importações, deve chegar a 22,912 milhões de toneladas, recuo de 2,6% na mesma comparação.

As exportações devem cair 0,3%, para 11,903 milhões de toneladas, enquanto as importações devem crescer 25,6%, para 4,209 milhões de toneladas.

“O Brasil precisa crescer de forma consistente. Se o PIB (Produto Interno Bruto) cresce de forma sustentável, o consumo de aço acompanha, afinal, há aço em todos os lugares, em todos os setores. Mas o consumo per capita do insumo no País estagnou na casa dos 108 quilos nos últimos 42 anos. A China saltou de 32 kg para 645 kg; a Coreia do Sul de 164 kg para 988 kg; o Chile de 52 kg para 114 kg”, alertou o presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson De Paula.

Neste sentido, o Aço Brasil também prevê queda no consumo per capita de produtos siderúrgicos no Brasil este ano, de 108,6 kg para 105,9 kg por habitante.

Em abril, o Aço Brasil já havia divulgado, para 2023, a previsão de alta de 2% na produção de aço bruto; queda de 0,7% nas vendas internas; alta de 7,6% nas exportações e de 2,5% nas importações; e queda de 1% no consumo aparente.

Instituto aposta no MCMV para elevar demanda por aço

A recente projeção de piora, conforme De Paula, se justifica pelo fraco desempenho dos principais setores consumidores do aço – automobilístico, bens de capital e construção civil, que respondem por 82,5% da demanda da siderurgia. Mas o Aço Brasil espera melhora da construção civil no segundo semestre com o relançamento do programa Minha Casa, Minha Vida pelo governo federal e com os lançamentos para o mercado imobiliário de alta renda.

”Os principais setores consumidores de aço não performaram bem no primeiro semestre e devem ter melhora, mas não muito significativa, no segundo”, resumiu o presidente executivo do Instituto, Marco Polo de Mello Lopes.

Recessão mundial

Já quanto ao aumento das importações no País, a entidade atribuiu à recessão mundial e ao aumento dos juros pelos bancos centrais, o que tem gerado ainda mais excedente de capacidade mundial e busca de mercados por países produtores de aço.

“Com o menor consumo dos Estados Unidos e Europa, sobra aço no mundo. Outro ponto é o câmbio. Com o real valorizado, o Brasil perde competitividade para exportar e melhora para importar. O câmbio, no atual patamar entre R$ 4 e R$ 5, não é bom para a balança comercial”, explicou De Paula.

“O consumo de aço é um indicador antecedente. Olhando nossa siderurgia em relação ao contexto mundial, neste ano devemos passar para 8ª posição em termos de produção, ultrapassando a Turquia. Não falta oferta, falta demanda”, completou Lopes.

Produção de aço caiu 8,9% no semestre

Nos primeiros seis meses do ano, frente a igual período de 2022, a produção de aço bruto caiu 8,9%, para 15,972 milhões de toneladas; as vendas internas encolheram 5,7%, para 9,626 milhões de toneladas; as exportações recuaram 4,2%, para 6,315 milhões de toneladas, e as importações cresceram 43,2%, tendo atingido 2,208 milhões de toneladas. Ainda na mesma comparação, o consumo aparente recuou 1,6%, para 11,557 milhões de toneladas.

De toda maneira, o presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil reforçou que o setor mantém firme a previsão de investimentos, da ordem de US$ 2,5 bilhões por ano, e estimados em US$ 12 bilhões entre 2023 e 2027.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/07/2023

Produção industrial na China cresce 4,4% em junho ante 2022; vendas no varejo desaceleram para 3,1%

A China divulgou nesta segunda feira uma série de dados referentes à atividade econômica em junho de 2023. A produção industrial cresceu 4,4% ante o mesmo mês do ano passado e as vendas no varejo subiram 3,1% na mesma comparação. O consenso Refinitiv espera uma alta menor para a indústria, de 2,7%, e um resultado similar para as vendas varejistas, de 3,2%.

Em maio, a produção industrial havia crescido num ritmo mais lento, de 3,5%, mas o comportamento do varejo tinha sido muito melhor, com vendas 12,7% mais fortes que em abril.

Segundo dados oficiais do NBS, o escritório nacional de estatísticas do país, a produção industrial avançou 3,8% no primeiro semestre do ano e as vendas no varejo subiram 8,2%.

Segundo Fu Linghui, porta-voz do NBS, a produção da indústria da China registrou uma recuperação constante no primeiro semestre do ano, com o setor de fabricação de equipamentos tendo uma expansão relativamente rápida.

A produção do setor de fabricação de equipamentos aumentou 6,5% em relação ao ano anterior durante o período de janeiro a junho, 2,7 pontos percentuais acima do crescimento geral da produção industrial.

A produção de empresas estatais e sociedades de capital misto aumentou 4,4% ano a ano nos primeiros seis meses, enquanto a do setor privado cresceu 1,9%.

O setor de fabricação de máquinas e equipamentos elétricos se destacou com um crescimento de 15,7% na produção em relação ao ano anterior, seguido pelo setor de fabricação de automóveis, que cresceu 13,1% em relação ao ano anterior.

Varejo

As vendas no varejo online continuaram sendo um ponto positivo. Nos primeiros seis meses de 2023, as vendas no varejo online aumentaram 13,1% ano a ano, chegando a 7,16 trilhões de yuans. As vendas no varejo online de bens físicos aumentaram 10,8% ano a ano, respondendo por 26,6% do total de vendas no varejo de bens de consumo.

O consumo de viagens e serviços baseados em contato registrou rápida expansão no primeiro semestre do ano, com o aumento das atividades gastronômicas, comunicação e turismo, de acordo com Fu.

Com uma contribuição de 77,2% para o crescimento econômico chinês, o consumo tem desempenhado um papel cada vez mais importante na condução da economia do país na primeira metade do ano, disse Fu.

“À medida que a sociedade e a economia retomam totalmente as operações normais, a economia está se recuperando, os cenários de consumo estão se expandindo, as políticas para promover o consumo estão entrando em vigor, os gastos dos residentes estão crescendo constantemente e as vendas no varejo do mercado estão acelerando.”

Fonte: Infomoney
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 17/07/2023

CNI projeta crescimento de 2,1% do PIB em 2023

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que, neste ano, a economia brasileira vai crescer 2,1% em relação ao ano passado e o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria será de 0,6%, com queda de 0,9% na indústria de transformação.

Os dados são do Informe Conjuntural – 2º trimestre de 2023, divulgado nesta quinta-feira (13), e mostram uma desaceleração em relação a 2022, com um quadro particularmente desafiador para a indústria e para as atividades do varejo mais sensíveis ao crédito.

- Informe_conjuntural_2trim2023.pdf (4,0 MB)


 

De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, é preciso ter cautela ao analisar a crescimento do PIB do Brasil em 2,1%. Esse percentual reflete a expectativa de aumento de 13,2% do PIB da agropecuária neste ano, no entanto, a indústria e o serviços desaceleraram, o que mostra uma economia menos saudável do que a desejada.

“A expansão de 2,1% é relevante, mas se isolarmos o resultado da agropecuária, , o ritmo de crescimento do Brasil desacelerou. A indústria enfrenta os efeitos dos juros altos, com restrição no crédito bancário, o que vemos penalizar tanto empresários quanto consumidores. Além disso, o setor de serviços, que acumulou avanços expressivos desde 2020, também agora se encontra em movimento de desaceleração”, explica Marcelo Azevedo.

VEJA AS PRINCIPAIS PROJEÇÕES PARA 2023
Indústria da construção deve crescer 1,5%

O PIB da Construção cresceu 10%, em 2021, e 6,9%, em 2022. No entanto, o forte aumento dos custos da construção e o ambiente de juros altos contribuíram para a perda de dinamismo em 2023. As alterações feitas ao programa Minha Casa Minha Vida anunciadas em junho deste ano devem ter efeitos em 2024.

Consumo das famílias será 1,8% maior em 2023 ante 2022

O consumo das famílias deverá ser sustentado pelo aumento de 6,8% na massa de rendimento real em 2023, pois a concessão de crédito à pessoa física tem caído desde setembro de 2022, com avanço apenas em março de 2023. Estímulos fiscais, como as mudanças no Bolsa Família em janeiro de 2023, também deverão contribuir com o avanço do consumo em segmentos como mercados e farmácias.

Mercado de trabalho segue com baixa taxa de desemprego

O mercado de trabalho tende a manter baixa taxa de desemprego. A estimativa da CNI é de expansão de 2% do número de pessoas ocupadas no quarto trimestre de 2023 ante o quarto trimestre de 2022. O crescimento das ocupações deve contribuir para o recuo de 1 ponto percentual na taxa de desemprego média de 2023 ante 2022. A previsão é de taxa de desemprego de 8,3%.

Inflação desacelera, IPCA deve encerrar o ano em 4,9% e Selic em 12%.

Entre os grupos que compõem o IPCA, os preços dos grupos industriais e alimentos são os que mais têm contribuído para a desaceleração da inflação. Os alimentos estão em desaceleração desde dezembro de 2022, em função: da estabilização dos preços em reais das commodities agrícolas, embora ainda em patamares elevados; da menor pressão sobre os preços dos insumos agropecuários, por conta da redução dos impactos da guerra da Ucrânia; e da valorização da moeda nacional. Dos preços industriais, a desaceleração deve ser mantida ao longo de 2023 e o os preços desse grupo encerram este ano com alta de 2,4%.

Mercado de crédito terá retração de 3,6% em termos reais

A queda no crédito é explicada sobretudo: pelas elevadas taxas de juros; pelo aumento da inadimplência de empresas e consumidores; pelo elevado nível de endividamento e de comprometimento de renda das famílias; e pelo aumento das provisões bancárias (por conta de eventos adversos relacionados a grandes empresas varejistas no Brasil).

Contas do governo federal começam a dar primeiros sinais de piora em 2023

O setor público consolidado – que engloba governos federal e regionais (estados e municípios) e suas estatais – deve encerrar 2023 com déficit primário de 1,1% do PIB, contra superávit de 1,3% do PIB em 2022. Dívida pública volta a crescer em 2023, após dois anos de queda.

Setor externo aponta para resultados positivos

Este ano será favorável às vendas externas, especificamente de produtos agrícolas e agroindustriais brasileiros. A previsão das exportações é de US$ 330,8 bilhões no encerramento do ano. As importações atingirão US$ 268,4 bilhões. Confirmando-se essas projeções, a CNI espera um saldo na balança comercial no valor de US$ 62,4 bilhões para 2023.
 
Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/07/2023