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Antidumping contra folha metálica da China opõe CSN e fabricantes de latas de aço e de alimentos

Em processo que tem sido acompanhado de perto por pesos-pesados da indústria siderúrgica, de embalagens e de alimentos, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex) decide amanhã (17) sobre a aplicação de direito antidumping provisório sobre as importações chinesas de folhas metálicas, usadas na confecção de latas para produtos alimentícios e leite em pó e em tampas para garrafas de bebidas.

O pedido foi feito pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), única produtora desse tipo de folha (de flandres) no país. Hoje, a companhia opera com ociosidade de até 75% nessa linha, que fica na usina de Volta Redonda (RJ), e atribui o recuo na produção, em boa parte, ao crescimento contínuo das importações, notadamente da China nos dois últimos anos. A constatação inicial foi que há dumping —prática de preços inferiores ao custo de produção ou aos aplicados no mercado de origem.

O pleito, contudo, encontra forte oposição de gigantes como JBS — dona da Zempack, maior produtora de latas de aço do país — e Ambev, que usa aço nas tampas de garrafas de vidro, entre outras empresas representadas pela Associação Brasileira de Embalagens de Aço (Abeaço). A indústria de alimentos também se opõe à medida. Os dois setores apontam que, se aplicada, a tarifa terá impacto no bolso do consumidor final.

Embora o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) tenha rejeitado a inclusão das folhas metálicas no pacote de produtos de aço cujas importações estão temporariamente sujeitas a cotas e alíquota de 25% sobre o excedente, desde junho, a CSN teve uma vitória parcial.

A investigação das importações chinesas por dumping foi iniciada em março pelo Departamento de Defesa Comercial (Decom). A recomendação de aplicação de direito provisório, com tarifas de US$ 250 a US$ 345 por tonelada — adicionalmente à tarifa de importação de 10,8% já vigente —, será levada amanhã ao Gecex.

“É uma medida extremamente técnica e segue o regramento da OMC (Organização Mundial de Comércio)”, disse ao Valor o diretor-executivo comercial da CSN, Luis Fernando Martinez. Em cinco anos, conforme o executivo, as importações de folhas metálicas saíram de 106 mil toneladas (em 2019) para 200 mil toneladas por ano atualmente.

Com o desaquecimento da economia na China, a produção local excedente passou a ser direcionada a países que não adotaram medidas de defesa comercial, caso do Brasil, disse Martinez. “Não é protecionismo, é isonomia competitiva”, defendeu. Com capacidade instalada de até 1 milhão de toneladas por ano de folhas, a CSN produz cerca de 300 mil toneladas anuais atualmente.

Segundo a Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), por se tratar de direito provisório, a recomendação de aplicação da tarifa antidumping não considerou o interesse público. “Empresas que optaram por importar folhas metálicas o fizeram porque a CSN não conseguiu homologar seu material. É uma questão de qualidade”, afirmou a presidente-executiva da entidade, Thais Fagury.

A maior dificuldade, segundo Thais, seria atender às exigências dos clientes internacionais das empresas que usam embalagens de aço com folhas da CSN. A siderúrgica, por sua vez, afirma que o argumento não é válido, uma vez que ela mesma é exportadora e não encontra obstáculos no mercado internacional.

Segundo a executiva, o setor de embalagens de aço tentou sensibilizar o governo quanto ao impacto da adoção da tarifa, tanto para a indústria nacional quanto para o consumidor final. No caso das latas, afirmou, o impacto no custo de produção vai variar de 4,7% a 7,4%, com reflexo direto no consumidor final da ordem de 3,1% a 5,1%, por encarecer embalagens de atomatados, sardinha, leite em pó, entre outros produtos.

“A qualidade e o preço da CSN não são competitivos em relação ao mercado internacional. Os preços são superiores aos cobrados por fornecedores da Alemanha, do Japão e da Holanda. O ponto é que o custo de produção da CSN é mais elevado porque seu parque fabril está aquém dos de lá de fora”, disse Thais.

Além da Zempack, da JBS, a Ambev também importa atualmente 100% das folhas metálicas que usa na produção de tampinhas de garrafas. Procuradas, JBS e Ambev não comentaram o assunto.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 17/10/2024

 

Eduardo Vasco: Aço, onde está a livre concorrência?

No começo de setembro, as grandes companhias siderúrgicas dos Estados Unidos exigiram de seu governo o retorno de tarifas antidumping sobre a importação de aço laminado plano resistente à corrosão do Brasil.

O governo americano revogou o direito antidumping (de sobretaxa das importações), no início do ano, sobre tubos soldados de aço do Brasil, que vigorava desde 1992.

Uma nova sobretaxa afetaria todos os exportadores brasileiros de aço galvanizado, uma vez que essa é uma das categorias primordiais de aço que nós exportamos e que os EUA são o nosso principal importador desse aço. O produto é usado no setor automotivo, da construção civil e de eletrodomésticos.

Os principais empresários do setor nos EUA citam, no documento entregue ao governo americano, as companhias brasileiras CSN, Usiminas, ArcelorMittal, Aço Cearense, Tuper Indústria Metalúrgica e Armco do Brasil (esta, subsidiária da matriz americana), além da Vale, que não fabrica aço desde 2022. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a CSN seria a maior afetada, sendo a principal exportadora brasileira de aço galvanizado para os EUA.

No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou 135,6 mil toneladas desse tipo de aço para os EUA, um aumento de 17,7% em comparação ao mesmo período de 2023.

Além do Brasil, os conglomerados do aço estadunidense exigem medidas governamentais contra as importações provenientes do México, Canadá, Holanda, Turquia, África do Sul, Emirados Árabes, Vietnã, Taiwan e Austrália.

Mas os Estados Unidos já impõem sérias ações antidumping contra os produtos brasileiros, independentemente do resultado do pedido das siderúrgicas locais. De acordo com o Valor Econômico, em 2023 os EUA importaram cerca de US$ 233 milhões em produtos brasileiros sujeitos a essas medidas, sendo o país com mais medidas protecionistas contra o Brasil.

Do valor total de importações sujeitas a medidas antidumping e compensatórias, 71% são de produtos da indústria de transformação e 29% da agropecuária. A Fiesp avalia que 83% das exportações afetadas por essa política em 2023 estão concentradas nos produtos de fio máquina carbono e cercas ligadas de aço, mel natural e folhas de alumínio. O setor mais afetado é precisamente a siderurgia, seguida pelo de alumínio.

O caso das medidas antidumping contra o Brasil é apenas um exemplo da política cada vez mais protecionista adotada pelo governo Biden. A China tem sido, de longe, o país mais afetado, mas isso revela a pressão interna dos gigantescos conglomerados industriais dos Estados Unidos por uma mudança de política econômica diante do desastre neoliberal de proporções bíblicas que acometeu a maior parte da indústria americana nas últimas décadas. Donald Trump, que pode ser o próximo presidente, é conhecido justamente por defender uma prática comercial extremamente protecionista.

Aliás, Trump já havia imposto uma tarifa de 25% à importação do aço brasileiro, em 2018, acusando os nossos exportadores de serem uma “ameaça à segurança nacional dos EUA”. Na verdade, parece que a própria existência de alguns países ou empresas é uma “ameaça à segurança nacional”, na visão dos pobres americanos. Barack Obama utilizou essa mesma fraseologia como desculpa para impor as criminosas sanções econômicas contra a Venezuela, em 2015 – causa principal da crise que se abateu em seguida sobre o país caribenho. Na mesma época, os EUA roubaram (essa é a expressão mais exata para a ação dos EUA) a CITGO, subsidiária da PDVSA venezuelana na América do Norte.

Claro que os EUA sempre estão sendo ameaçados, coitadinhos. Eles, por outro lado, são santos que nunca ameaçam ninguém. Invadem países e fazem guerras para se protegerem, ainda que a “ameaça” seja um pequeno país do outro lado do mundo, como a Coreia, o Vietnã, a Palestina ou o Irã.

Os EUA organizaram e patrocinaram o golpe de Estado em 2016, que destruiu as maiores empresas nacionais em áreas chave como petróleo, gás, construção civil e alimentação e abriu o mercado brasileiro para o saque das empresas americanas, concorrentes das brasileiras. Talvez ele também tenha sido descrito em algum documento secreto a ser revelado algum dia como uma defesa contra a “ameaça à segurança nacional dos EUA”.

A destruição da indústria nacional, que hoje representa menos de 10% do nosso PIB (o índice mais baixo em quase 80 anos) proporcionada pela Operação Lava Jato, que tirou mais de R$ 172 bilhões em investimentos do nosso país, foi apenas um episódio corriqueiro, não é? Natural. Afinal, os Estados Unidos nos fazem de colônia há cem anos.

Washington também promoveu o golpe de 2016 para, além de eliminar a concorrência das empresas e produtos brasileiros, minar os seus rivais chineses, que vinham firmando importantíssimas parcerias comerciais com o Brasil, de benefício mútuo. Quem se lembra das pressões sufocantes e desleais para que o Brasil trocasse o 5G da Huawei pelas companhias dos EUA, pouco depois do golpe?

As grandes potências imperialistas sempre foram adeptas da mais profunda hipocrisia. O seu próprio crescimento industrial, que as fez grandes nações imperialistas, só foi possível por meio de intensa política protecionista, ao mesmo tempo em que abriam mercados pela força dos canhões, como na Guerra do Ópio contra a China, para escoar sua produção.

Tais medidas que estão sendo tomadas pelos EUA são extremamente prejudiciais ao Brasil. A guerra na Ucrânia havia feito com que a União Europeia aumentasse em 830% a importação do aço brasileiro. Em 2021, o Brasil representava apenas 2% das importações de aço da UE e em 2022 esse índice subiu para 15%. Agora, ainda segundo a Fiesp, a sobretaxa nas tarifas executada pelos EUA pode forçar a redução dos preços das exportações brasileiras.

Essa é a velha política imperialista, aproveitando-se de seu predomínio sobre o Brasil – graças à imposição a nós do “livre mercado”!

Mas o que fazer, já que os Estados Unidos são o principal importador de aço galvanizado do Brasil? Pois é, a situação de exploração é tal que a semicolônia não tem muito para onde fugir. Uma alternativa seria aprofundar as parcerias com outros países importadores.

Isso teria um importante peso geopolítico. Sete dos 10 países que mais importam esse tipo de aço do Brasil estão na América Latina e no Caribe e um outro (os Emirados Árabes) agora é membro dos BRICS.

Diante de mais uma expressão do jugo ao qual o Brasil está submetido pelos EUA, cabe ao país que pretende se libertar minimamente adotar uma postura soberana e procurar quem tenha interesse em fazer negócios conosco ao invés de nos subjugar. Ou seja, cabe buscar verdadeiros parceiros comerciais, cuja parceria contribua para o desenvolvimento da indústria nacional em vez de significar uma subordinação que causa mais danos do que benefícios.


*Eduardo Vasco – Jornalista especializado em política internacional, foi correspondente na guerra da Ucrânia e escreveu os livros-reportagem “O povo esquecido: uma história de genocídio e resistência no Donbass” e “Bloqueio: a guerra silenciosa contra Cuba”.

Fonte: Jornal GGN
Seção: Opinião
Publicação: 16/10/2024

 

Demanda mundial terá nova fase de crescimento a partir de 2025

A worldsteel divulgou atualização do Short Range Outlook (SRO) para 2024 e 2025, quando prevê que, em 2024, a demanda global por aço cairá 0,9% para 1.751 milhões de toneladas. Após três anos de declínio, é esperada uma recuperação ampla no mundo, excluindo a China, em 2025. A demanda global por aço deve finalmente se recuperar em 1,2% em 2025, para atingir 1.772 milhões de toneladas. "2024 foi um ano difícil para a demanda global por aço, pois o setor de manufatura global continuou a lidar com ventos contrários persistentes, como declínio do poder de compra das famílias, aperto monetário agressivo e crescentes incertezas geopolíticas. A fraqueza contínua na construção de moradias, que é impulsionada por condições de financiamento restritas e altos custos, contribuiu ainda mais para a demanda lenta por aço”, disse Martin Theuringer, Diretor Executivo da German Steel Association e Presidente do Comitê de Economia da worldsteel. 

Segundo Theuringer, as revisões significativas realizadas pela worldsteel sobre as perspectivas da demanda por aço para 2024 para a maioria das principais economias, incluindo a China, refletem a fraqueza persistente na manufatura, juntamente com ventos contrários econômicos globais persistentes. Agora, a worldsteel antecipou uma queda notável na demanda por aço na China e na maioria das principais economias desenvolvidas em 2024. “Em forte contraste, espera-se que a Índia mantenha seu forte impulso, com crescimento robusto na demanda por aço projetado para 2024 e 2025. Espera-se que a maioria das outras principais economias em desenvolvimento testemunhe uma recuperação na demanda por aço em 2024, recuperando-se da desaceleração experimentada em 2022-2023”.

Apesar dos desafios contínuos impostos por fatores como efeitos persistentes do aperto monetário, custos elevados, acessibilidade limitada e incertezas geopolíticas, a worldsteel está mais otimista de que a demanda global por aço entrará em uma fase de crescimento moderado e amplo em 2025. Os principais determinantes da perspectiva da demanda global por aço para 2025-2026 serão o progresso feito na estabilização do setor imobiliário da China, a eficácia dos ajustes de taxas de juros no estímulo ao consumo privado e ao investimento empresarial, e a trajetória dos gastos em infraestrutura dedicados à descarbonização e à transformação digital nas principais economias globais. “Espera-se que a desaceleração contínua no setor imobiliário chinês domine a demanda por aço na China, resultando em um declínio de 3,0% em 2024 e mais 1,0% em 2025. Reconhecemos um risco de alta para nossa previsão para 2025. Há uma possibilidade crescente de intervenção governamental mais substancial e suporte para a economia real, o que pode impulsionar a demanda por aço chinesa em 2025”. 

Crescimento fora da China 

A demanda por aço no mundo em desenvolvimento, excluindo a China, deve crescer 3,5% em 2024 e 4,2% em 2025, impulsionada pelo crescimento robusto da Índia e pela recuperação de outras grandes economias emergentes. A Índia surgiu como o maior impulsionador do crescimento da demanda por aço desde 2021, e essa tendência deve continuar. Estamos mantendo nossas projeções de crescimento robustas para a Índia, antecipando um aumento de 8,0% na demanda por aço em 2024 e 2025. Essa expansão é alimentada pelo crescimento em todos os setores consumidores de aço, especialmente pelo forte crescimento contínuo em investimentos em infraestrutura.

A demanda por aço em outras economias emergentes do mundo, como as regiões MENA e ASEAN , deve se recuperar em 2024, após uma desaceleração significativa em 2022-2023. O mundo desenvolvido deve experimentar uma queda de 2% na demanda por aço em 2024, já que as principais economias que usam aço, como EUA, Japão, Coréia e Alemanha, enfrentam declínios significativos. No entanto, há otimismo para 2025, com um crescimento projetado de 1,9% na demanda por aço no mundo desenvolvido. Essa recuperação antecipada é impulsionada pela tão esperada retomada da demanda por aço na UE e por recuperações modestas nos EUA e no Japão. “Nossa projeção anterior de uma recuperação contínua na atividade industrial global em 2024 não se materializou. Em vez disso, o setor sofreu uma desaceleração no terceiro trimestre, divergindo do crescimento inicial observado nos primeiros meses do ano e dos sinais positivos dos principais indicadores. Observamos que um contribuinte significativo para a desaceleração da indústria é a relutância contínua de famílias e empresas em investir em bens duráveis. Altos custos, incerteza econômica e condições de financiamento mais restritas criaram uma atitude de "esperar para ver", atrasando decisões de gastos. Os efeitos persistentes dos últimos três anos de inflação minaram o poder de compra de muitas famílias de renda média e baixa, reduzindo ainda mais a demanda por bens manufaturados.

A atividade de construção de moradias permaneceu moderada na maioria dos principais mercados ao longo de 2024, continuando a pesar na demanda por aço, especialmente em regiões-chave como China, EUA, UE, Japão e Coreia. Após um período de crescimento robusto alimentado por taxas de juros historicamente baixas, a atividade de moradias experimentou um declínio acentuado em 2023 em muitas das principais economias, à medida que os bancos centrais aumentaram agressivamente os custos de empréstimos para combater a inflação crescente. Essa desaceleração persistiu em 2024, impactando o setor de construção e, consequentemente, a demanda por aço. Espera-se que uma recuperação significativa na construção residencial (na UE, EUA e Coréia) comece a partir de 2025, com a esperada flexibilização das condições de financiamento.

Desaceleração do setor automotivo 

Após um ano excepcional de crescimento de dois dígitos nas principais nações produtoras de automóveis em 2023, o setor automotivo está se preparando para uma desaceleração significativa em 2024. As previsões de produção de veículos leves estão sendo revisadas para baixo em todos os setores devido às crescentes preocupações com o aumento dos estoques e uma desaceleração nas vendas de veículos elétricos a bateria (BEV) em mercados-chave. Essa mudança marca um forte contraste com o desempenho robusto do ano anterior, destacando a vulnerabilidade da indústria à dinâmica de mercado em evolução e aos potenciais desafios futuros. Esperamos que a produção global de veículos leves mostre um crescimento modesto em 2025.

As principais economias ao redor do mundo têm sustentado o crescimento nessas áreas de investimento, aproveitando o impulso de 2023. Esses investimentos estratégicos visam aumentar a produtividade, estimular a criação de empregos, acelerar os esforços de mitigação das mudanças climáticas e garantir uma posição de liderança nas indústrias do futuro. Os crescentes custos de construção, a escassez de mão de obra e a crescente dívida fiscal podem representar desafios significativos para muitas das principais economias, potencialmente limitando o crescimento adicional nessas áreas de investimento no curto prazo. A transição verde da economia mundial é um dos principais fatores por trás da força nos investimentos em infraestrutura pública, pois necessita de uma transformação econômica de imensa escala e complexidade. A demanda por aço para expansão das redes elétricas globais deve dobrar até o final da década, atingindo aproximadamente 20 milhões de toneladas por ano, um aumento substancial do ritmo atual de 10 milhões de toneladas por ano. Estimamos que expandir a capacidade global de geração de energia renovável e conectá-la aos centros de demanda exigirá um aumento na demanda por aço de aproximadamente 40 milhões de toneladas até o final da década. Isso provavelmente dará um suporte bastante perceptível à demanda geral por aço nas principais economias em desenvolvimento, como China e Índia, e nas economias desenvolvidas, especialmente Europa e América do Norte.

Fonte: Brasil Mineral
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 15/10/2024

 

Setor de Construção e Imóveis terá alta de quase 9% em 2024

Os setores imobiliário e de construção civil devem movimentar, juntos, cerca de R$ 370,6 bilhões até o final deste ano no Brasil. É o que aponta a Pesquisa IPC Maps, especializada em potencial de consumo dos brasileiros há 30 anos, com base em dados oficiais.

Segundo o levantamento, essa alta é puxada principalmente pela compra de imóveis, já que, de 2023 para 2024, estima-se um incremento de 10,3%, totalizando R$ 114,6 bilhões. Já, a categoria de materiais de construção deve movimentar cerca de R$ 256 bilhões, o que representa um acréscimo de 8,3% em relação ao ano passado.

Nos cálculos acima, são levadas em conta as despesas realizadas somente por pessoas físicas, com aquisição de imóveis, materiais e mão-de-obra para reforma.

Na liderança do ranking nacional, o estado de São Paulo responderá por quase R$ 105,2 bilhões dos gastos, porém é o Distrito Federal que, na comparação com o ano passado, contabilizará a maior alta — de 24,6% — nas despesas do setor, resultando em mais de R$ 5,7 bilhões desembolsados pelas famílias. Já, perdendo participação nesse consumo, estão os estados de Amapá (-13,9%), Roraima (-11,6%) e Rondônia (-6,6%).   

Também em alta, está a quantidade de indústrias e comércios varejistas no segmento. Segundo o IPC Maps, de 2023 para cá, 168.760 novas unidades foram abertas — um acréscimo de 8,3% —, totalizando atualmente 2,2 milhões de estabelecimentos existentes no País.

Fonte: Sala da Notícia
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 15/10/2024

 

Mercosul e UE negociam em Brasília; agro europeu protesta

O Mercosul e a União Europeia (UE) fizeram nova rodada de negociação nesta semana em Brasília, na tentativa de fechar o acordo até dezembro. Isso foi suficiente para agitar imediatamente agricultores europeus que nesta sexta-feira ameaçam com novos protestos contra o entendimento com o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Negociadores dos dois blocos, reunidos de segunda a quarta-feira em Brasília, procuraram aproximar posições num ambiente considerado positivo. A avaliação é de que existem boas perspectivas de um anúncio, ‘enfim verdadeiro’, de conclusão das negociações até o fim do ano, depois quase 25 anos de discussões.

Do ponto de vista econômico e geopolítico, considera-se que o acordo com o Mercosul tornou-se hoje ainda mais importante para a Europa do que em qualquer outro momento. Um dos elementos novos do futuro acordo, se realmente fechado, incluirá por exemplo cooperação sobre minérios estratégicos, que são centrais para a transição energética e digital e para a segurança nacional.

O interesse europeu pode ser ilustrado com pelo menos seis idas ao Brasil de delegações europeias para a negociação, nos últimos tempos. Em todo o caso, vários temas vão acabar sendo negociados até à véspera de um eventual anúncio, como ocorre sempre nesse tipo de acordo.

Isso inclui qual tipo de compatibilidade das preferências fornecidas pela UE ao Mercosul com sua lei antidematamento que vai na outra ponta e ameaça justamente a entrada de commodities brasileiras como soja, café, madeiras.

O Mercosul desde o ano passado sinalizou que o acordo deveria ser equipado com um mecanismo para reequilibrar as concessões comerciais negociadas no âmbito do Acordo, caso essas concessões sejam suspensas ou anuladas como resultado da legislação interna da UE.

Além disso, o Mercosul no ano passado pediu à UE que forneça um total de 12,5 bilhões de euros (R$ 66,5 bilhões) em forma de empréstimos a fundo perdido e diferentes instrumentos europeus, para programas de cooperação. Nas recentes discussões, não se falou em cifras, e sim em pacote geral, mas o tema é inevitável.

A facilitação para integração de cadeias produtivas dos dois lados continua nas discussões, buscando dar impulso a produtos verdes, incluindo aço verde e outros.

Negociadores do Mercosul e da UE, já escaldados pelos repetitivos fiascos, mostram-se agora especialmente prudentes. Mas nem isso impediu nesta sexta-feira a reação do agronegócio europeu às negociações.

A Copa-Cogeca (voz dos agricultores e suas cooperativas na UE), a Associação de Processadores de Aves e Comércio de Aves nos países da UE, a Associação Europeia de Fabricantes de Açúcar, a Confederação Europeia de Produção de Milho, a Confederação Internacional dos Produtores de Beterraba da Europa, e a União Europeia de Atacado de Ovos, Produtos de Ovos, Aves e Caça manifestaram juntas ‘sérias preocupações com a 'retomada das negociações de 7 a 9 deste mês em Brasília’.

Essas associações, reunindo milhões de produtores, reagiram pedindo autoridades europeias ‘ação urgente para proteger o agronegócio europeu’.

Reclamam que, mesmo com um instrumento adicional de sustentabilidade no acordo, ‘cujos detalhes continuam vagos, é claro que os países do Mercosul não estão em posição de adotar padrões similares impostos aos agricultores europeus’.

Dizem que não podem aceitar um acordo ‘que penaliza os produtores europeus que respeitam esses padrões, enquanto importações são autorizadas de países que não enfrentam as mesmas exigências’.

Repetem a mesma ladainha de queixas de que o acordo UE-Mercosul ‘ameaça promover comércio em produtos associados com degradação ambiental e perda de biodiversidade no Mercosul, particularmente no Brasil’. E insistem que ‘devemos considerar as implicações para o bem-estar animal'.

Enquanto a questão geopolítica se impõe cada vez mais a favor do acordo, os agricultores europeus reclamam que já sofreram com a guerra na Ucrânia que provocou uma alta enorme de importação de produtos ucranianos e maior custo de energia e de fertilizantes. E que um acordo UE-Mercosul exacerbaria as desvantagens competitivas europeias.

As associações de produtores avisam que um acordo com o Mercosul poderá reativar ‘protestos de agricultores através da Europa’, especialmente envolvendo produtos sensíveis (açúcar, frango, carne bovina e outros) que consideram vitais para a agricultura local.

Para as associações, o acordo enviaria uma ‘mensagem terrível’ ao setor agrícola justamente no começo do segundo mandato de Úrsula von der Leyen na presidência da Comissão Europeia, o braço executivo da UE.

Uma das questões é justamente se von der Leyen usará seu capital político para levar o acordo à frente. É verdade que o peso do presidente francês Emmanuel Macron na Europa caiu consideravelmente, depois da fragorosa derrota em recente eleição no país.

No entanto, Macron continua seu trabalho de complicar a negociação. Na semana passada, em Berlim, ele disse ser ‘a favor de qualquer acordo que seja justo’. Indagado se o acordo com o Mercosul era justo, ele respondeu: ‘Não’.

O novo e já combalido primeiro-ministro francês, Michel Barnier, também já excluiu a possibilidade de anúncio de conclusão das negociações em novembro, à margem do G20 no Rio de Janeiro. Aparentemente, os franceses buscam uma ‘minoria de bloqueio’ ao acordo, se a Comissão Europeia tentar ir adiante no fechamento do pacote.

Já o chefe de governo alemão, Olaf Scholz, defende a conclusão rápida da negociação com o Mercosul. Ele reiterou apoio da Alemanha ao ‘splitting’ da negociação - a parte comercial do acordo entraria em vigor provisoriamente sem necessidade de ser ratificado pelos mais de 30 parlamentos nacionais e regionais dos Estados membros.

Como já escrevemos nesta coluna, o uso do ‘splitting’ na prática sinaliza que todos os acordos comerciais que a UE negociar vão ser divididos, sem exceção, para poder entrar em vigor. Esse mecanismo é fundamental para que a parte comercial do negociado não seja bloqueado por alguns dos parlamentos nacionais e regionais. Os movimentos anti liberalização são cada vez mais fortes na Europa.

De todo o modo, um acordo UE-Mercosul precisaria ser submetido ao Conselho Europeu, a instituição da que define as orientações e prioridades políticas do bloco formado por 27 países.

Enquanto isso, a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), da qual faz parte juntamente com a Noruega, Islândia e Liechtenstein, até tentou junto ao Mercosul concluir seu próprio acordo com o Mercosul rapidamente, sem esperar a conclusão do entendimento UE-Mercosul.

No entanto, a avaliação no Mercosul foi de que a negociação com a UE consome tanto tempo que não dá para fazer muito ao mesmo tempo com outras negociações – ainda mais que há muita negociação dentro do próprio Mercosul. Assim, a conclusão foi de que o mais razoável seria concluir primeiro a negociação mais complexa, com a UE, e também porque inclui idênticas questões ambientais, por exemplo.

De toda maneira, anunciar conclusão de negociação em dezembro é apenas um passo. Depois será preciso um bom tempo para revisão e tradução dos complexos textos jurídicos, além de passar pelo Conselho Europeu, de forma que entraria em vigor mesmo só dentro de alguns anos para reduzir ou eliminar tarifas e proporcionar maior aproximação entre os dois blocos.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/10/2024

 

Relatório BB: Setorial Siderurgia e Mineração | Outubro 2024

Os papéis do setor ganharam impulso no final de setembro, acompanhando a alta nos preços de minério de ferro após o anúncio de um novo pacote de estímulos pelo governo chinês, refletindo o otimismo sobre os possíveis impactos das medidas na demanda de aço do país à frente, mas devolvem parte da valorização neste início de outubro.

Papéis do setor ganham impulso no final de setembro, acompanhando a forte alta nos preços de minério de ferro

 

Mineração

Na China, dados macroeconômicos mais recentes mostram desaceleração da atividade, embora o PMI Industrial tenha se aproximado da linha de 50 pontos, a partir da qual há indicação de expectativa de expansão da atividade. No entanto, os indicadores do setor de siderurgia indicam forte desaceleração da produção e do consumo de aço. Os preços de minério de ferro ganharam impulso após o anúncio de um novo pacote de estímulos pelo governo chinês no final de setembro, refletindo o otimismo com os possíveis impactos das medidas na demanda de aço do país à frente.

No Brasil, as exportações de minério voltaram a se elevar, em linha com a forte sazonalidade do período.

 
 

Siderurgia

Os preços internacionais de aço permaneceram estáveis ao longo do mês de setembro, mas mostraram recuperação após a alta do minério de ferro no final do mês.

No Brasil, , após ter acelerado nos meses anteriores, o IPP da Metalurgia, que representa a variação de preços da atividade, teve incremento de apenas 0,22% m/m em agosto e acumulou alta de 15,49% nos 8 primeiros meses de 2024, refletindo os elevados preços de alumínio e ouro no período, compensados pela queda do subgrupo de siderurgia em razão do recuo nos preços de minério de ferro. Além disso, a confiança do empresário da indústria do aço no Brasil saltou 4,5 pontos m/m em setembro e atingiu 62,2 pontos – o maior patamar desde agosto/2021.

Dados mais recentes da indústria siderúrgica mostram que, apesar da ligeira queda na produção de aço bruto, as vendas internas e o consumo aparente avançaram e atingiram o maior patamar desde os recordes observados em 2021. No comércio exterior, os volumes de exportações normalizaram, enquanto as importações registraram novos recordes, tanto em volumes como em representatividade.

 
- Acesse aqui o relatório completo

Fonte: InvesTalk
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 14/10/2024