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Taxação da UE retira aço brasileiro da lista de mais sustentáveis do mundo

O Brasil exporta para a União Europa o aço não europeu mais sustentável do mundo, de acordo com um estudo do Banco Mundial entregue à Folha.

Mas o país não terá vantagens na exportação do produto quando os europeus colocarem em efetivação o Cbam, a taxação de produtos importados com base nas emissões de CO2.

De acordo com o estudo, que considera dados de 18 países, o aço brasileiro exportado para a União Europeia emite 0,14 quilo de CO2 equivalente por dólar. O cálculo considera a matriz elétrica utilizada pela indústria, o chamado escopo 2 de emissões. O país só está atrás da Áustria, país da UE que emite 0,12 kg CO2/US$.

O Cbam, porém, considera apenas as emissões de CO2 oriundas de operações de dentro da fábrica, eliminando, portanto, a origem da eletricidade usada na indústria.

Nesse caso, o aço brasileiro, segundo o Banco Mundial, emite 0,37 kg CO2/US$, atrás de dez países, o que impacta a exposição do produto brasileiro à taxação europeia.

A base de dados utilizada para a comparação é de 2019.

"A maior parte das emissões [da produção de aço] vem do escopo 1. A a UE diz que até 50% das emissões seriam cobertas com as regulações atuais. Além disso, pouquíssimas empresas são hoje capazes de prover essa informação, até mesmo na UE, então ir para o escopo 2 seria ainda mais complicado, porque você teria que descobrir de onde vem a eletricidade que está sendo usada", diz Maryla Maliszewska, uma das autoras do estudo do Banco Mundial, ao tentar explicar a decisão dos europeus.

O Cbam visa cobrar do aço estrangeiro o mesmo que é exigido do aço europeu no mercado de carbono da UE. A medida, porém, é carimbada como medida protecionista por parte da comunidade global.

"Tem algumas incertezas em relação à regra, mas o fato é que qualquer empresa que exporta para a Europa produtos de aço vai ser impactada", diz Bruna Dias, gerente da Strategy&, do grupo PwC.

Na plataforma criada pelo Banco Mundial para apresentar o nível de exposição de produtos ao Cbam, o Brasil aparece pintado de uma mistura de vermelho com verde, enquanto Canadá, Estados Unidos, México, Colômbia e Argentina estão pintados de verde.

O Brasil só não será mais prejudicado porque a quantidade de aço brasileiro que entra em solo europeu é pequena, apesar de significativa. De acordo com o Instituto Aço Brasil, 48,7% dos produtos siderúrgicos exportados pelo país em 2022 foram para os Estados Unidos, enquanto cerca de 9,5% foram para países da União Europeia e 9,4% para a Argentina.

Entre as grandes siderúrgicas brasileiras, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) é a que mais deve ser atingida. No ano passado, a empresa vendeu R$ 4,4 bilhões de produtos do setor de siderurgia para a Europa —o principal destino de exportação, segundo seu balanço de resultados.

A empresa considera o Cbam um "risco latente e de alta relevância" e o tamanho de uma eventual perda ainda está em estudo.

"As medidas do Cbam irão impactar todo o aço que a companhia exporta para a Europa, em particular o volume enviado para uma das nossas unidades em Portugal. Adicionalmente, existem impactos indiretos relacionados à entrada de um volume adicional de aço no Brasil produzido por países como China e Índia, por exemplo, e que teria como destino originariamente a Europa", diz Helena Brennand Guerra, diretora de sustentabilidade e meio ambiente da CSN.

Guerra analisa que o que torna o Cbam prejudicial para o aço brasileiro não é apenas o descarte do escopo 2, mas o financiamento público de siderúrgicas europeias em paralelo à taxação do produto feito em economias emergentes.

"A União Europeia tem disponibilizado recursos bilionários para que empresas de aço façam a sua transição para rotas de descarbonização. Muitos desses projetos entrarão em operação em 2026, justamente no ano em que o Cbam passará a taxar os produtos importados", afirma Guerra.

"Ou seja, taxam o aço produzido nos países em desenvolvimento, que historicamente menos contribuíram para a emissão de gases de efeito estufa, para financiar não apenas a transição energética mas principalmente a modernização do parque industrial europeu."

O estudo do Banco Mundial mede as emissões por quilo de gás carbônico por dólares de aço vendido, mas, quando a métrica é tonelada de CO2 por tonelada de aço vendido, a referência padrão, o Brasil também aparece como um dos produtores mais sustentáveis de aço.

Entre 2020 e 2022, o setor siderúrgico brasileiro reduziu suas emissões de 1,9 t CO2/t de aço bruto para 1,7, ante a média global de 1,89, de acordo com o Instituto Aço Brasil.

Segundo a Global Efficiency Intelligence, consultoria americana de energia, o Brasil está em sexto no quesito sustentabilidade na lista de 16 países produtores de aço. Quando o carvão vegetal utilizado pelas siderúrgicas brasileiras não é considerado neutro devido a origens ligadas ao desmatamento, o Brasil vai para 12º lugar.

Em 2022, 84% do aço brasileiro foi feito via rota integrada, quando se utiliza altos fornos a carvão —maior fonte de CO2 nessa indústria. Desses, em 11% foram usados carvão vegetal em alguma medida, o que reduz as emissões.

Os outros 16% foram produzidos por meio de forno elétrico e sucata, hoje a forma mais sustentável mundialmente de produzir aço. Em comparação, no mundo a média é de 70% e 30%, respectivamente.

A Gerdau, uma das siderúrgicas com maior grau de sustentabilidade do país, tem a produção inversa ao mundo: 70% via forno elétrico e sucata e 30% via carvão mineral. Esse número, porém, deve trazer pouca vantagem à empresa em um contexto de Cbam concentrado em escopo 1.

"O que nos traz as oportunidades no aço brasileiro é a energia elétrica renovável. Se eu comparar a produção da Gerdau, à base de sucata, considerando o escopo 1 e 2, na unidade no Brasil, com uma unidade nos Estados Unidos, a primeira emite metade da outra. Mas, se eu olhar só o escopo 1, é praticamente igual", diz Cenira Nunes, gerente-geral de meio ambiente da Gerdau.

O setor teme ainda que, com o mercado europeu concentrando o aço mais sustentável, aqueles países que não tenham regulações semelhantes, como o Brasil, sejam inundados de aço com maior pegada de carbono.

"Nós deveríamos ter um Cbam brasileiro. A China é 60% do mercado mundial; o mês de produção da China é a produção anual do Brasil. Ela está melhorando seu parque industrial, reduzindo a pegada de carbono daquela quantidade de aço que ela põe na Europa, para que não seja sujeita ao Cbam, em detrimento de colocar os demais no resto do planeta", diz Guilherme Abreu, gerente-geral de sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil.

Recentemente a empresa vendeu seu primeiro aço zero carbono para a Águia Sistemas, empresa de intralogística.

Stefania Relva, consultora sênior do Instituto E +, pensa de maneira semelhante: "[Com o Cbam], a gente vai ter que competir com muitos produtos não certificados no mercado internacional, então a gente perde o mercado do Cbam, perde espaço na competição internacional e provavelmente perde o mercado nacional. Porque esses produtos não certificados que flutuam no mercado internacional vão acabar no mercado doméstico também."

Sob o mesmo receio, o Reino Unido, por exemplo, está se articulando para criar sua própria taxação. Já o Brasil discute a introdução de um mercado de carbono para a indústria local.

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/05/2024

 

Agroindústria cresceu 1,6% no 1º trimestre, aponta pesquisa do FGVAgro

A pesquisa sobre agroindústria, do FGVAgro, revela que no primeiro trimestre de 2024, a produção agroindustrial registrou um crescimento de 1,6% frente ao mesmo período do ano passado. O resultado foi puxado, exclusivamente, pelo segmento de Produtos Alimentícios e Bebidas, que acumulou uma alta de 3,9%.

Em contrapartida, Produtos Não-Alimentícios acumulou uma contração de 1,7%, impactado, sobretudo, pelos setores de Insumos Agropecuários e Biocombustíveis.

Atualmente, o FGV Agro projeta um crescimento anual de 2%, em 2024, para a produção agroindustrial, no cenário base. Assim como em 2023, a expansão da agroindústria deverá vir, exclusivamente, por conta do segmento de Produtos Alimentícios e Bebidas, cuja estimativa de crescimento é de 4,2% no ano. Por outro lado, o segmento de Produtos Não-Alimentícios deverá registrar uma leve contração de 0,2% em 2024.

Vale destacar, contudo, que as projeções atuais foram realizadas com dados que ainda não contam com as consequências da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, o qual tem importante relevância na agroindústria nacional.

Dessa forma, explica o FGVAgro, as estimativas certamente serão revistas nas próximas edições do estudo.

Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 27/05/2024

 

Risco de gargalo e alta de preços são desafios na reconstrução no RS

A reconstrução do Rio Grande do Sul demandará investimentos bilionários nos próximos anos, mas a necessidade de recursos não é o único desafio. Uma das preocupações que já começa a surgir é o risco de gargalos na execução das centenas de obras que serão necessárias em todo o Estado nos próximos anos e que deverão mobilizar construtoras, fornecedores de diversos tipos de insumos, fabricantes de equipamentos, além de mão de obra de forma intensiva. Há um temor tanto de escassez quanto de disparada de preços desses serviços e produtos, segundo pessoas envolvidas no processo e especialistas em infraestrutura.

O tema já está no radar da Secretaria de Reconstrução Gaúcha. “Teremos de tratar de possíveis gargalos na execução do plano. Haverá muitas obras ao mesmo tempo, tem que ter atenção grande à questão de máquinas, matéria-prima, mão de obra, tudo isso vai ser mobilizado em uma intensidade que nunca se viu”, diz o secretário, Pedro Capeluppi.

Na visão de uma fonte que acompanha o processo, que pediu anonimato, o próprio plano de reconstrução terá de considerar esses gargalos na priorização das ações. Porém, a percepção é que será difícil controlar a pressão inflacionária sobre os custos da reconstrução, já que, além da demanda do poder público, a própria população e empresas locais têm obras a fazer.

Claudio Frischtak, sócio da consultoria Inter.B, aponta que a falta de empreiteiros já é uma realidade no país, por exemplo, no setor de linhas de transmissão de energia.

No caso do Sul, diz ele, há um agravante devido à concentração das obras em território e em um curto espaço de tempo. “Se fosse em dez, 15 anos é uma coisa, mas o Rio Grande do Sul não pode correr o risco de estender a reconstrução. Há o risco econômico de o Estado entrar em depressão e o risco demográfico de a população jovem sair do Estado. Então o processo não pode se arrastar, o que traz esse desafio”, afirma.

Para Renato Correia, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), se houver planejamento não haverá escassez, mas o aumento de preço dos insumos e da mão de obra é algo inevitável e que deverá ser considerado na hora da contratação e da fiscalização das obras.

“É óbvio que o aluguel de máquinas estará mais caro, o custo dos materiais vai subir porque o acesso é difícil, muita coisa terá que vir de fora”, afirma. Ele defende que os órgãos de fiscalização, que são rigorosos em relação ao tema, precisam compreender a situação. “O custo precisa ser olhado com o entendimento da calamidade, porque vai ser acima das tabelas do poder público. Os materiais, o cimento, vão chegar, mas o preço não será o padrão. E vamos precisar contratar assim mesmo, pela emergência”, diz.

Para a construtora Tenda, outro gargalo pode ser a liberação de alvarás para obras de habitação, processo que costuma levar até dois anos na região. Segundo Welinton Costa, diretor regional Sul da empresa, é esperada uma “força-tarefa” nas prefeituras para encurtar o prazo para um ano.

Para ele, um encarecimento de materiais ainda não está no “top 5” de preocupações no momento. A lista é liderada pela disponibilidade de mão de obra, de insumos e de complementação de renda para as famílias atingidas.

Costa prevê aumento na demanda por novas habitações no Sul. No segmento econômico, onde a Tenda atua, isso deve ser potencializado por programas municipais, estaduais e federais, que devem elevar a capacidade de compra dos afetados pela enchente.

"Haverá muitas obras ao mesmo tempo, uma mobilização em intensidade que nunca se viu”
— Pedro Capeluppi

Já os fornecedores nacionais negam o risco de gargalos. O presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), Paulo Camillo Penna, diz não acreditar em uma futura “explosão de consumo” de cimento e afirma que, mesmo se houver alta de demanda, o país tem condição de fornecer o material, que poderia sair de outros Estados. Uma importação da Argentina ou do Uruguai não será necessária, segundo ele, destacando que as cimenteiras brasileiras trabalham com 35% de ociosidade.

A InterCement, que tem duas fábricas no Rio Grande do Sul, diz que as unidades estavam operando com 94% e 95% da capacidade antes da enchente, segundo Livio Kuze, CEO da empresa no Brasil. Ele também não acredita em uma explosão de consumo. “Todo aumento agressivo de demanda gera escassez e inflação. O que sentimos é que está sendo bem planejado, para não ter aumento desenfreado de demanda”, afirmou.

Uma das unidades do grupo no Estado fica em Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre, em um bairro atingido pela enchente. Kuze diz que não houve dano material à planta, que foi usada como abrigo no início das inundações. Depois de duas semanas com operações reduzidas, a empresa já conseguiu retomar 80% das vendas de antes do desastre. Enquanto a produção não voltava, clientes foram buscar cimento na fábrica do grupo em Candiota, 400 km ao sul de Porto Alegre.

A indústria de máquinas também nega que haja risco de escassez ou inflação. “A fabricação dos produtos de linha amarela [de equipamentos usados na construção] está normal, não foi interrompida. As máquinas são vendidas por distribuidores que têm estoque, não vejo problema no fornecimento, diz José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Ele também diz que o setor tem grande capacidade ociosa na produção. No caso de máquinas rodoviárias, dados da Abimaq apontam que, em 2014, a produção mensal chegou a 5.200 equipamentos por mês e hoje o patamar está em torno de 3.300 mensais. Velloso também afirma que não há espaço para alta de preços porque o mercado tem muita concorrência, em especial de importações da Ásia.

A velocidade necessária para a construção de moradias pode incentivar a entrada da construção industrializada no Estado. Não seria a primeira vez que tragédias do tipo são remediadas dessa maneira. O governo paulista contratou a construção de prédios e casas de “wood-frame”, técnica de construção industrializada em madeira, para receber famílias atingidas pelas chuvas e desmoronamentos em São Sebastião (SP) no início de 2023.

A empresa Tecverde foi a responsável pela obra, que entregou 518 moradias em 9 meses. A Tenda tem uma marca de moradia em wood-frame, a Alea, e tem conversado com o poder público gaúcho. A SteelCorp, companhia que constrói em steel-frame, usando aço, está fechando um contrato privado para erguer 600 casas no bairro de Santa Cecília, em Porto Alegre. O custo será de R$ 92,4 mil por moradia, de 42 m2, abaixo do que é praticado normalmente pela empresa.

Fonte: Valor
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 27/05/2024

 

Produção industrial apresenta avanço atípico em abril, segundo CNI

A Sondagem Industrial de abril deste ano mostra movimentos pouco comuns para o período, como o aumento da produção industrial. Na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice de evolução da produção, que costuma refletir queda no quarto mês do ano, atingiu 51,2 pontos em abril, permanecendo acima da linha divisória de 50 pontos pelo segundo mês consecutivo. Valores acima de 50 indicam aumento na produção frente ao mês anterior. Valores abaixo de 50 pontos indicam queda da produção frente ao mês anterior.

O cenário atípico é resultado do crescimento do índice de evolução da produção das grandes empresas, que ficou em 53,5 pontos, e da estabilidade do indicador das médias, com 50,1 pontos. Por outro lado, o índice para as pequenas empresas mostrou queda na produção, ao ficar em 47,6 pontos.

“Esse avanço está ligado à estabilidade do ajuste dos estoques conforme o planejado pelos industriais, que já acontece há cinco meses. Agora que as indústrias conseguiram se desfazer do excesso de estoques do ano anterior, podem voltar a produzir de olho na demanda do mercado”, explica o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

Confira o comentário completo do economista:

 

O índice de evolução do número de empregados também apresentou comportamento diferente ao ficar estável no mês de abril, com 50,1 pontos. É o terceiro mês seguido em que o índice fica acima, ainda que próximo, da linha divisória dos 50 pontos. O usual é que haja queda no número de empregados no setor em abril.

Ao olhar por porte, os indicadores para médias e grandes indústrias sinalizam que houve expansão no número de empregados em abril. Entretanto, assim como na produção, o número de empregados recuou nas pequenas indústrias.

Estoques estão estáveis há cinco meses

Coincidentemente, em abril o indicador de evolução do nível de estoques e o índice de estoque efetivo em relação ao planejado atingiram a marca de 50 pontos, indicando estabilidade e adequação aos planos dos empresários industriais. Esse é o quinto período consecutivo em que não há excesso de estoques.

Expectativas da indústria em maio

Em maio de 2024, os indicadores de expectativas de demanda, de compras de matérias-primas e de número de empregados na indústria recuaram. Apenas o indicador de expectativa de quantidade exportada avançou. Apesar das variações, todos os índices seguem acima de 50 pontos, revelando expectativas positivas.

Além disso, o indicador de intenção de investimento ficou em 56,9 pontos em maio, indicando que há pretensão de investir. O índice permanece 5 pontos acima da média histórica da série, que é 51,9 pontos.

Sobre a Sondagem Industrial

A pesquisa da CNI é uma sondagem de opinião empresarial mensal, com o objetivo de conhecer a tendência da atividade industrial e as expectativas dos empresários. Elaborada em parceria com 25 Federações de Indústria, a Sondagem Industrial apresenta resultados por porte de empresa, regiões geográficas e setores de atividades das indústrias extrativa e de transformação.

Para esta edição, a pesquisa consultou 1.668 empresas industriais entre os dias 1º e 16 de maio.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/05/2024

 

Venda de aços planos cresce 10,3% em abril, para 332,1 mil toneladas

As vendas de aços planos cresceram 10,3% em abril em relação ao mesmo mês de 2023, ficando em 332,1 mil toneladas, segundo dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Na comparação mensal, houve alta de 7,2%, superando as 309,8 mil toneladas vendidas em março deste ano.

Em abril, as compras de aços planos cresceram 8,7%, em base de comparação anual, para 345,7 mil toneladas. Com relação a março de 2024, em que foram compradas 304,9 mil toneladas, as aquisições cresceram 13,4%.

Em número absoluto, o estoque de março obteve alta de 1,5% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 916,7 mil toneladas contra 903 mil. O giro de estoque fechou em 2,8 meses.

As importações totais de aços planos avançaram 50,5% em março em relação ao mesmo período do ano anterior, com volume de 242,3 mil toneladas. Ante o mês anterior, houve queda de 2,7% nos embarques.

Para maio de 2024, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma alta de 3,5 em relação a março.

COTAS

O presidente executivo do Instituto, Carlos Jorge Loureiro, disse que a possível estabilidade de preços nas usinas brasileiras é reflexo da criação do imposto de importação de até 25% sobre as compras além do limite. No fim de abril, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu que 11 produtos de aço importados passarão a ser submetidos a cotas de importações. Caso o volume máximo seja superado, eles pagarão 25% de Imposto de Importação para entrarem no país. O imposto atualmente é de 10,8%.

“As usinas estão aguardando para ver qual será o impacto desta medida no volume de aço importado para o país e como isso afetará o preço. Diante disso, não há uma tendência de recuo nos preços do aço no mercado interno no momento”, explicou Loureiro, que destacou ainda que é preciso regulamentar a cota de importação para que a medida entre em vigor efetivamente. A expectativa é que o governo publique a regulamentação no início de junho.

Válida por 12 meses a partir da publicação, a medida tem como objetivo evitar a concorrência desleal com o aço nacional. Em 2023, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o volume de importações dos 11 produtos de aço superou em 30% a média das importações entre 2020 e 2022. Nos últimos meses, as siderúrgicas brasileiras têm afirmado haver uma invasão do aço chinês, que chega ao Brasil mais barato que os produtos nacionais.

Fonte: Agência CMA
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/05/2024

 

Governo sobretaxa misturas no aço usadas para burlar punições

Em mais uma medida para barrar a concorrência desleal de aço importado a preços baixos, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex), da Câmara de Comércio Exterior (Camex), estendeu medidas antidumping para dois tipos de aços laminados a frio vindos da China. O governo identificou que siderúrgicas chinesas estavam reduzindo teores de cobre e de zinco às misturas para burlar a maior tarifa de importação.

De 2013 a 2019, a Camex tinha aplicado sobretaxa de US$ 629,44 por tonelada para esses produtos. A Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex-Mdic), no entanto, constatou o uso de artifícios para burlar a medida.

Quase inexistentes antes da aplicação da tarifa antidumping, as importações das variedades com pequenas reduções no teor de cobre e de zinco aumentaram 500% nos últimos anos.

A investigação da Secex durou seis meses e constatou que as importações dos aços modificados ocorreram somente com o objetivo de frustrar a eficácia da medida antidumping que estava em vigor. Segundo o Mdic, o governo recorreu à legislação de combate à chamada circunvenção – importações de produtos com barreiras comerciais que passam por terceiros países – para estender a esse “novo aço” o antidumping existente.

Tarifa antidumping

Prática autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), a tarifa antidumping consiste na sobretaxação de produtos produzidos abaixo do nível de custo. Esse tipo de medida tem como objetivo proteger a indústria nacional de concorrência desleal com produtos importados.

Nos últimos meses, o governo tem tomado diversas medidas para diminuir a ociosidade nas siderúrgicas nacionais. Em fevereiro, a Camex restaurou as tarifas de importação para cinco itens. Em abril, o órgão anunciou cotas de importação por um ano para 11 tipos de produtos de aço e taxação de 25% sobre o que exceder os limites.

Após os anúncios, as siderúrgicas brasileiras divulgaram a intenção de investir R$ 100,2 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos.

Segundo o Instituto Aço Brasil, de janeiro a março, o Brasil importou cerca de 1,3 milhão de toneladas de aço, alta de 25,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos últimos anos, o segmento criticava a concorrência desleal do aço estrangeiro, que impedia o aumento da produção brasileira.

Fonte: Agência Brasil
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/05/2024