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Ceará terá fábrica de ônibus elétricos

O Brasil ganhará mais uma fábrica de ônibus elétricos. A TEVX Higer assinou, nesta quinta-feira, 14,  memorando de intenções com o governo do Estado do Ceará para instalação de uma unidade da empresa. A linha será erguida no polo de Pecém, na região metropolitana de Fortaleza, com início da produção previsto para 2024.

O documento foi assinado no Palácio da Abolição, sede do governo cearense, pela governadora Izolda Cela, o diretor da TEVX Higer, Alexandre Colonese, e o diretor da Higer Bus para América Latina, Marcelo Barella. 

Ônibus elétricos feitos no Ceará específicos para o Brasil

Na fábrica do Ceará serão feitos dois modelos de ônibus elétricos: o urbano Azurea 12BR e o de fretamento FE10BR. Segundo a TEVX Higer, ambos foram desenvolvidos exclusivamente para o mercado brasileiro.

“A meta é ter a fábrica produzindo já em 2024. Antes disso, já começamos a importação dos veículos e geração de empregos, com o treinamento e formação de profissionais especializados em veículos elétricos para atuar junto aos clientes”, disse Colonese.

A produção de outros veículos elétricos na unidade cearense não está descartada. No comunicado, a empresa diz que a fábrica será responsável pela produção de ônibus zero combustão em “um primeiro momento”.

Fusão de duas empresas

A fábrica do Ceará será a primeira linha de montagem da marca chinesa na América Latina. Fruto de uma parceria entre a TEVX Motors e a Higer Bus, a fabricante atua em mais de 100 cidades pelo mundo, com ônibus elétricos e veículos a hidrogênio.

“Queremos acelerar a eletromobilidade no Brasil e utilizaremos nossos parceiros globais, já instalados no país, gerando empregos e tornando o país um hub de inovação nesse mercado”, prometeu Barella.

Fonte: Automotive Business
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 18/07/2022

 

Empresas Randon anunciam investimentos em projetos de energias renováveis

De acordo com a companhia, o objetivo é abastecer suas unidades industriais no Brasil e no exterior. Ao todo, são projetados investimentos de cerca de R$ 100 milhões até 2030.

A primeira entrega no Brasil, de uma série de projetos em todo o mundo, é uma usina fotovoltaica com cerca de 2,3 mil painéis solares, que ficará instalada no Centro Tecnológico Randon (CTR), em Farroupilha (RS).

A planta em estruturação, que deve ser concluída até dezembro deste ano, está recebendo aportes de cerca de R$ 7,2 milhões e atenderá 100% da demanda de energia do próprio CTR para os próximos 25 anos.

A iniciativa ainda busca garantir a capacidade instalada no local para o desenvolvimento de projetos voltados para mobilidade elétrica, possibilitando que todos os veículos desenvolvidos e testados no Centro Tecnológico utilizem energia limpa.

Cerca de 30% da energia gerada também atenderá à área de Expedição da Randon Implementos, localizada no complexo industrial do grupo, em Caxias do Sul (RS).

A iniciativa está conectada aos compromissos ESG das Empresas Randon, visando a reduzir em 40% a emissão de gases de efeito estufa gerados no processo de produção até 2030.

A RTS Industry, unidade da companhia focada na estruturação de projetos de robotização e automação industrial, será responsável pela entrega e desenvolvimento do modelo em outras unidades das Empresas Randon no Brasil e em outros países.

Na China, já está em execução um projeto de usina fotovoltaica, que deve ficar pronto até o fim deste mês. A usina está sendo instalada na unidade da Fras-le, em parceria com o governo chinês. Os painéis vão abastecer 20% da energia da unidade.

Daniel Randon, presidente das Empresas Randon, responsável por liderar o Comitê de ESG da companhia, destaca que “movimentos como esses que estamos anunciando reforçam nosso propósito e compromisso pela sustentabilidade e pelo desenvolvimento das comunidades onde estamos inseridos, colocando em prática os princípios e estratégias construídos pelas nossas equipes ao redor do mundo”.

Fonte: Abifa
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 18/07/2022

Valtra vai ampliar fábrica de Mogi e investir em trator de alta tecnologia

 Agfe questiona a formação de pessoal especializado para atender ao novo mercado de trabalho, cobra mais condições de mobilidade na cidade e segurança na rodovia Mogi-Dutra A fábrica de tratores da Valtra, em Mogi das Cruzes, deverá ser ampliada para se transformar em uma das unidades mais tecnológicas do grupo em todo o mundo. A promessa foi feita durante esta semana, em Brasília, por diretores da empresa no Brasil e pelo alto comando do grupo Agco, um dos maiores fabricantes e distribuidores de máquinas agrícolas e tecnologia de agricultura de precisão, ao anunciar investimentos de R$ 340 milhões em suas unidades no Brasil, boa parte deles na fábrica localizada no distrito de Braz Cubas, que já iniciou a busca de espaço em locais com melhores condições de mobilidade no município para colocar em prática o ambicioso projeto de ampliar a capacidade de montagem de tratores da linha pesada na unidade de Mogi.

No plano anunciado pelo gerente geral AGCO e vice-presidente da Massey Ferguson América do Sul, Rodrigo Junqueira, a meta é “transformar a fábrica de Mogi em uma das unidades mais tecnológicas do grupo em todo mundo”, conforme disse ele, devidamente avalizado pelo chairman, presidente e CEO da Agco, Eric Hansotia, que esteve no Brasil especialmente para o anúncio dos investimentos.

Junqueira foi encarregado de informar aos jornalistas o projeto de ampliação da área da unidade de Mogi dos atuais 42 mil m?2; para 57 mil m?2;, o que explica a preocupação da empresa em buscar  um terreno fora dos limites já totalmente ocupados da empresa, em Braz Cubas, para receber o futuro centro logístico inteligente para armazenamento de peças dotado de veículos guiados automaticamente, os conhecidos AVGs, além de robôs colaborativos.

A esperada descentralização da fábrica poderá ser o passo decisivo para que a Valtra venha a produzir as versões nacionais dos Fendt Vario 900 e MF 8700 S Dyna –VT, tratores modernos e dotados de condições tecnológicas de ponta, destinados a facilitar cada vez mais a vida dos produtores rurais e, mais que isso, garantir segurança, qualidade e velocidade para o agronegócio.

“Nosso objetivo é transformar a fábrica de Mogi em uma das mais tecnológicas do grupo no mundo”, afiançou Junqueira aos jornalistas, durante a entrevista coletiva para a imprensa especializada.

“Os agricultores enfrentam hoje uma pressão significativa para produzir mais alimentos usando menos insumos. Estamos comprometidos em fornecer as tecnologias inovadoras de agricultura de precisão que eles precisam para aumentar a renda agrícola, minimizando os insumos e o impacto”, conforme afirmou o presidente Hansotia, da companhia que detém as marcas Fendt, Massey Ferguson, Precision Planting e Valtra.

O grupo Agco informou ainda investimentos a serem feitos na fábrica de Ibirubá, que também será ampliada para produzir a plantadeira Momentum.
A empresa demonstrou ainda grande preocupação com o meio ambiente ao anunciar que a partir deste ano, suas operações no Brasil utilizarão somente energia de fontes renováveis. Tal medida deverá ser aplicada em nove unidades da empresa no país, entre fábricas, centros de distribuição e escritórios, que consomem 42 mil MWh por ano. 

As alterações deverão contribuir, de maneira positiva, para as metas de redução da intensidade das emissões de gases do efeito estufa em 20%, buscando alcançar 60% de energia renovável nas operações globais.

Interrogações

Para o diretor executivo da Agência de Fomento Empresarial (Agfe), economista Claudio Costa, a “excelente notícia para a nossa cidade” é algo que Mogi não recebe há 25 anos, desde a instalação da unidade da General Motors, no bairro do Taboão.

Costa também acredita que este é o momento ideal para uma reflexão mais aprofundada em relação à cidade que está prestes a receber um investimento desse porte. O economista enumera uma série de questões a serem avaliadas por autoridades e pela comunidade em relação ao assunto:

“A cidade está preparada para esse investimento?”, indaga Costa, que questiona ainda se “nós estamos formando mão de obra para absorver mais de 1.500 empregos que podem ser gerados a partir dos anunciados planos de investimentos da Valtra na cidade?”.

Ao lembrar que o anúncio da empresa prevê a instalação em solo mogianode um centro tecnológico de desenvolvimento de produtos, à base de engenharia e tecnologia de ponta, Costa questiona o que as universidades estão fazendo para formar mão de obra especializada para trabalhar nestas áreas que exigem pessoal de alto nível. Ele  conta que ainda nesta sexta-feira esteve conversando com um dos dirigentes da UMC, Luis Carlos Tati, buscando incentivar a instituição a vir a público para dizer o que é oferecido para a formação desse pessoal especializado.

O economista diz que é preciso pensar no impacto que ocorrerá na sociedade. “O jovem que está hoje querendo escolher uma carreira, será que não vale a pena ele fazer um curso de Engenharia Mecânica  e se preparar para essa oportunidade que vai chegar junto com os investimentos da Valtra?” – diz Costa, lembrando ainda que  junto com os novos empreendimentos da fábrica de tratores  chegarão também  os fornecedores que também exigirão mão de obra especializada.

Para o diretor da Agfe, “o  trator Fendt Vario 900 é o melhor do mundo e possui muita tecnologia em sua estrutura. “Nós estamos preparando mão de obra  para produção com esse tipo de conhecimento?” – volta a questionar.

Claudio Costa dá um exemplo para justificar suas indagações. Segundo ele, na última grande contratação do grupo Agco na cidade, durante o ano passado, não havia mão de obra disponível na cidade e a empresa foi buscar gente qualificada que estava  trabalhando como motorista de Uber na Capital.

Depois de propor a mobilização da comunidade em torno de universidades e escolas técnicas, citando nominalmente a Etec Presidente Vargas, e universidades, o diretor da Agfe  volta seu questionamento para o setor público: “Que obras estamos realizando na cidade para melhorar a logística de acesso e tudo mais? Que ambiente acolhedor estamos gerando?”. Ele  lembra que no momento em que se anuncia um investimento como esse, “a Mogi-Dutra virou uma base de assalto  caminhões de carga, uma questão de segurança.” 

E conclui: “Então, nós temos de sentar e tentar entender tudo e buscar resolver todos esses gargalos da cidade. Esta é uma grande oportunidade, a qual precisa ser aproveitada da melhor forma”.

Fonte: O Diario de Mogi
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 18/07/2022

 

AGCO vai investir R$ 340 milhões em suas fábricas no Brasil

A AGCO, fabricante e distribuidora mundial de máquinas agrícolas e tecnologia de agricultura de precisão, reforçou durante evento em Brasília (DF) nesta quinta-feira (14) seu compromisso com o agronegócio brasileiro, a partir de investimentos de R$ 340 milhões em novas tecnologias e linhas de montagens em suas fábricas no País.

O anúncio foi feito pelo Chairman, presidente e CEO da AGCO, Eric Hansotia; e pelo gerente-geral AGCO e vice-presidente Massey Ferguson América do Sul, Rodrigo Junqueira. “Os agricultores enfrentam hoje uma pressão significativa para produzir mais alimentos usando menos insumos. Estamos comprometidos em fornecer as tecnologias inovadoras de agricultura de precisão que eles precisam para aumentar a renda agrícola, minimizando os insumos e o impacto”, afirma Hansotia.

A companhia, que detém as marcas Fendt, Massey Ferguson, Precision Planting e Valtra, vai aumentar a capacidade de montagem de tratores de linha pesada na unidade Mogi das Cruzes (SP), ampliando sua área de 42.000m?2; para 57.000m?2; e criando um centro logístico inteligente para armazenamento de peças, com AGVs (sigla em inglês para Veículo Guiado Automaticamente) e robôs colaborativos.

“É o primeiro passo para ter no futuro a fabricação nacional dos tratores Fendt Vario 900 e MF 8700 S Dyna-VT. Nosso objetivo é transformar a fábrica de Mogi das Cruzes em uma das mais tecnológicas do grupo no mundo”, explica Junqueira.

Na fábrica de Ibirubá (RS), os recursos serão utilizados para a fabricação dos novos modelos da plantadeira Momentum. Projeto 100% nacional, o implemento foi lançado em 2019 e revolucionou mercado de plantadeiras no Brasil, abrindo um novo segmento de máquinas transportáveis, de alto rendimento e que entregam um resultado altíssimo para o produtor.

Além da ampliação da área de 7.000m?2; para 20.000m?2;, a unidade gaúcha receberá modificações para tornar o processo de fabricação mais sustentável. A iniciativa é pautada na estratégia de sustentabilidade AGCO, que busca oferecer soluções focadas no agricultor para alimentar nosso mundo de forma sustentável. Serão implantados sistema de reaproveitamento de água, painéis solares e novo processo de pintura, com menor emissão de voláteis orgânicos, melhor ergonomia para o colaborador, mais automação e ganho de 40% na capacidade de peças pintadas.

Zero Emissões

Durante o evento, a AGCO também informou que, a partir deste ano, suas operações no Brasil vão utilizar apenas energia de fontes renováveis. A iniciativa inclui as nove unidades da empresa no país, entre fábricas, centros de distribuição e escritórios, que consomem 42 mil MWh por ano.

Essa mudança contribuirá positivamente para as metas declaradas da AGCO de reduzir a intensidade das emissões de gases do efeito estufa em 20% e atingir 60% de energia renovável nas operações globais.

Potencial agrícola brasileiro

A agronegócio brasileiro alimenta cerca de 800 milhões de pessoas no mundo. Os agricultores brasileiros adotaram os avanços tecnológicos no campo para aumentar de forma sustentável a produção de alimentos, fibras e gado.

Atenta a esse potencial de crescimento agrícola brasileiro e modernização de frota, as marcas da AGCO renovaram, nos últimos cinco anos, o portfólio com lançamento de mais de 300 produtos para oferecer ao agricultor opções que se adequem às necessidades de suas propriedades. “Hoje, temos um extenso portfólio, desde produtos para agricultura familiar até propriedades de larga escala, com tecnologia de fácil operação para atender as necessidades de nossos agricultores”, destaca Junqueira.

A Fendt passou por ampliação da rede de concessionárias, hoje sediadas em Sorriso (MT); Balsas (MA); Campo Novo do Parecis (MT); Sidrolândia e Maracaju (MS); Rio Verde (GO) e Luis Eduardo Magalhães (BA); e com próximas inaugurações em Imperatriz (MA); Primavera do Leste, Querência e Nova Mutum (MT).

O anúncio de expansão da rede contempla ainda as regiões Norte, com Tocantins e Pará, e projeção de avanço para o Sul, no Paraná e Rio Grande do Sul. Em 2023, a marca passará a atender a região Sudeste, em São Paulo e estenderá a atuação para a América do Sul, iniciando pelo Paraguai, Chile e Argentina.

A Massey Ferguson segue investindo na expansão da oferta de máquinas para atender aos diversos perfis de clientes e diferentes cultivos, contemplando combos perfeitos de trator com plantadeira, colheitadeiras, pulverizadores, linha completa de equipamentos para feno e forragem, bem como pacotes de tecnologia de precisão, para contribuir com o crescimento da agricultura brasileira de maneira competitiva e sustentável. Em 2022, a marca, confiável e sustentável, que é “Born to Farm”, comemora 175 anos de história.

A Valtra entregou mais de 22 mil produtos nos últimos três anos e cresceu 33% em todo o portfólio. A marca tem a característica ao longo dos 62 anos de Brasil de sempre estar próxima ao agricultor, desenvolvendo produtos inteligentes e soluções robustas, que geram cada vez mais resultados. Especialistas tratores, pulverizadores e plantadeiras, a marca avança na oferta de soluções em conectividade e busca triplicar as vendas até 2026, por meio do fortalecimento do portfólio e expansão para outros países da América do Sul.

Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 18/07/2022

 

Fertilizantes: Yara vai comprar amônia verde produzida em Omã

A Yara, fabricante norueguesa de fertilizantes, assinou um compromisso com o Grupo ACME, do setor de tecnologia renovável, e com a Scatec, produtora de energia renovável, para comercializar 100 mil toneladas anuais de amônia verde produzidas na primeira fase de um projeto das empresas em Omã, na Península Arábica. Na segunda fase, a previsão é que 1,1 milhão de toneladas de amônia verde sejam produzidas anualmente no local e, em função disso, pode haver um novo acordo adicional.

Omã tem excelentes condições de energia renovável e uma localização estratégica para produzir amoníaco verde para exportação tanto para a Europa como para a Ásia, que são líderes na redução das emissões de CO2. A joint venture entre a ACME e Scatec visa a construção de uma unidade de última geração no país.

Para a Yara, o fornecimento de amônia verde contribuirá para a produção de fertilizantes sustentáveis e para a descarbonização de outras indústrias, como transporte, energia e siderurgia.

“A amônia verde de Omã entrará em nosso sistema de distribuição escalável e contribuirá para o combustível livre de emissões para transporte marítimo, produção de energia e fertilizantes globalmente”, afirmou Magnus Krogh Ankarstrand, presidente da Yara Clean Ammonia.

Fonte: Canal Rural
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 18/07/2022

Alta de até 80% em materiais de construção pode atrasar obras de estradas, ferrovias e aeroportos

A alta de até 80%, desde o início do ano passado, no preço de insumos fundamentais para projetos de infraestrutura virou um problema para concessionárias de rodovias, ferrovias e aeroportos e uma dor de cabeça para o governo a menos de três meses da eleição.

Asfalto, aço e diesel, entre outros itens ligados à construção civil, dispararam em meio ao processo inflacionário global agravado pela guerra na Ucrânia. A alta nos custos ameaça frear obras das concessionárias, que falam em revisão de contratos num momento em que o governo está mais interessado em mostrar máquinas trabalhando. Construtoras que tocam obras públicas têm as mesmas dificuldades.

As concessionárias têm alertado o governo de que os custos mais altos podem atrasar obras e até prejudicar serviços de manutenção, com consequências para usuários. Esperam algum tipo de compensação para cumprirem metas assumidas nos leilões.

A lista de aumentos com forte peso no caixa das empresas é encabeçada pelo cimento asfáltico de petróleo, um dos materiais mais usados em qualquer projeto de rodovias. O insumo subiu 80% nos últimos 18 meses. Mas a alta de preços da construção civil se espalhou para itens como aço, tubos de PVC, ligantes betuminosos, madeira, cobre e óleo diesel.

As empresas de construção também reclamam dos preços dos insumos, como vergalhões, arames de aço ao carbono e cimento. Este último, somente no primeiro semestre, teve reajuste médio de 16,84%.

Em geral, as empresas tentam convencer o governo sobre a necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Isso pode significar, na prática, aumento de tarifas e de prazos estabelecidos nos contratos, entre outras medidas. Há problemas em concessões antigas e também nas celebradas no governo de Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição em outubro.

— Existem, sim, problemas detectados no fluxo de caixa das concessionárias. O importante é que haja a construção da solução — diz Marco Aurélio Barcelos, diretor-presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR).

Ele reforça que obras podem atrasar:

— Sem dúvida, sem mudanças, é possível falar em atraso, porque não tem conta que se pague. O risco que corre é o cronograma ficar comprometido.

Juro complica situação

Uma onda de revisão de contratos pode atingir em cheio uma das possíveis vitrines de Bolsonaro no ano eleitoral: a área de infraestrutura, que alçou o ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) à condição de candidato bolsonarista ao governo do Estado de São Paulo.

Em 2021, por exemplo, o governo federal assinou três concessões de rodovias: BR-116/101, entre São Paulo e Rio de Janeiro; BR-153/080/414, que abrange regiões de Goiás e Tocantins; e BR-163/230, cuja área contempla Mato Grosso e Pará.

O remédio aplicado pelo Banco Central para combater a inflação, a alta dos juros, dificulta ainda mais a situação com o aumento do custo dos financiamentos.

— A situação é muito difícil, até porque o problema dessa inflação não se resolve com taxas de juros elevadas. O caso de rodovias é bastante significativo. Serviços de manutenção e conservação de estradas são afetados, assim como projetos em andamento — diz o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini.

Fernando Paes, diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), diz que a alta do diesel levou a entidade a pedir à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) uma revisão extraordinária dos tetos tarifários.

Ele afirma que o setor é muito impactado pelos “fortes e inesperados aumentos do preço do diesel”, que move as máquinas nos canteiros de obras, e cobra resposta rápida da agência:

— O impacto da alta dos principais insumos para investimentos em ferrovias, assim como rodovias, portos e aeroportos, certamente demandará revisão dos contratos com previsão de investimentos.

Ele explica que um dos argumentos usados pelas concessionárias é o de que os reajustes anuais dos tetos tarifários seguem o IPCA ou o IGP-DI. Esses índices, enfatiza, não refletem a real inflação de custos do setor, cujos insumos estão subindo bem acima da média.

— Temos a nossa inflação, que não é a inflação do dia a dia. O preço do aço subiu cerca de 70% em 2021 — exemplifica Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer).

Romaria em Brasília

Ao GLOBO, o Ministério de Infraestrutura e a ANTT confirmaram que têm tratado do tema com as concessionárias, mas informaram que, até o momento, não chegou nenhum pedido formal de revisão contratual. Porém, essa escalada de preços não cria um problema só para os contratos de concessões. Também encarecem as operações de construtoras que executam obras públicas. As empresas do setor tem feito romaria em Brasília em busca de reajustes nos contratos.

“O Ministério da Infraestrutura acompanha as eventuais variações de preços de insumos que possam afetar o setor. O sistema de orçamentação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é baseado no Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro), cuja atualização é periódica e é amplamente utilizado como referencial de custos para obras rodoviárias”, informou a pasta em nota.

A Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (Aneaa) informa que acompanha com apreensão a escalada dos preços dos insumos para a construção civil, com aumentos expressivos desde meados de 2020.

“As concessionárias do setor têm de cumprir metas contratuais de investimento em ampliação da infraestrutura e a alta, em alguns casos de mais de 50%, observada nos preços de materiais pesados impacta fortemente as previsões de custos estabelecidas nesses contratos de concessão”, afirma em nota.

Aeroporto foi devolvido

Parte dos aeroportos administrados pela iniciativa privada conseguiu reequilibrar contratos neste ano, após o forte impacto dos primeiros anos da pandemia. Uma das empresas que pediu revisão e não teve êxito, a Changi decidiu partir para uma medida mais drástica: devolver a concessão do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio.

A decisão acabou levando o governo a tirar o Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, do pacote de terminais a serem concedidos neste ano, atrasando ainda mais investimentos no setor. Os terminais cariocas só devem ir a leilão no ano que vem.

O advogado Frederico Favacho, sócio do escritório Santos Neto, acredita que o cenário pode gerar disputas na Justiça:

— Quando há inflação no custo das obras, normalmente, não há espaço para repasse automático nos contratos firmados com os poderes públicos, que estão amarrados nos termos dos editais que os precederam. Isso pode levar a uma onda de judicialização desses contratos em busca do reequilíbrio econômico.

Especialista em contratos de infraestrutura, Giuseppe Giamundo Neto defende revisão.

— Trata-se de uma problemática que atinge boa parte das concessões de infraestrutura com obras em desenvolvimento. Houve descolamentos inesperados dos padrões históricos de índices relacionados a materiais como asfalto, aço galvanizado, cimento Portland, dentre outros. É algo extraordinário e absolutamente imprevisível, que tem onerando demasiadamente o fluxo de caixa, daí a necessidade de imediata correção — argumenta o sócio do escritório Giamundo Neto Advogados.

Ernesto Tzirulnik, especialista em contratos de infraestrutura e doutor em Direito Econômico e Financeiro pela Faculdade de Direito da USP, avalia que a alta nos insumos se encaixa no critério de fator “imprevisível ou de consequências incalculáveis”, com entendimento, segundo ele, já consolidado do Tribunal de Contas da União (TCU).

Fonte: O Globo
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 18/07/2022