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Mercado brasileiro de veículos tem o melhor primeiro trimestre em cinco anos

As vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus somaram 195,5 mil unidades em março, de acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData. O resultado representou crescimento de 4,2% sobre o mesmo mês do ano passado, 187,7 mil unidades, e de 5,4% sobre o volume de fevereiro, 185 mil.

O primeiro trimestre foi encerrado com 551,7 mil veículos licenciados, crescimento de 7,2% sobre o período de janeiro a março do ano passado. É o melhor início de ano em vendas de veículos desde 2020, quando os emplacamentos, já com leve efeito da pandemia que, em março daquele ano, provocou fechamento de concessionárias e fábricas, somaram 558 mil unidades.

A média diária de março chegou a 9,8 mil unidades, considerando vinte dias úteis – apenas o feriado da terça-feira de carnaval foi subtraído – e manteve a trajetória de crescimento. Em janeiro foram 7,8 mil unidades/dia e em fevereiro 9,2 mil unidades/dia.

Segundo fonte ligada ao varejo as locadoras voltaram às compras no fim do mês: só nos dois últimos dias úteis foram emplacados mais de 30 mil veículos, a sua maioria para empresas de locação.

As vendas de veículos leves somaram 183,5 mil unidades, avanço de 4,4% na comparação com as 175,7 mil de março e de 6,4% sobre fevereiro, quando foram emplacados 172,4 mil veículos. Deste volume, de acordo com a Bright Consulting, 47,6% foram vendas diretas, o maior porcentual para o ano. No primeiro trimestre as vendas diretas responderam por 42,6% dos emplacamentos de leves.

Fonte: Autodata
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 02/04/2025

Construção civil sustenta demanda por aço nacional, enquanto indústria recua

Com a demanda enfraquecida em diversos setores industriais, é a construção civil que tem sustentado o consumo de aço no Brasil. Impulsionadas por obras de habitação e infraestrutura, construtoras seguem comprando, enquanto outros segmentos recuam ou aumentam as importações para reduzir custos.

O mercado brasileiro enfrenta uma inundação de aço chinês, o que pressiona os resultados das siderúrgicas nacionais. Em momentos de 2024, as importações chegaram a quase 25% do total consumido. Contudo, a penetração das importações na construção civil é menor, já que os chamados aços longos - como vergalhões, barras e perfis usados em estruturas metálicas - são menos suscetíveis à concorrência asiática.

“Se não fosse a demanda interna da construção civil, teríamos um ano de 2024 muito difícil, talvez até com prejuízo”, diz a presidente da Aço Verde Brasil, Silvia Nascimento, que destaca que 2025 será parecido com o ano passado, e a construção civil continuará segurando a demanda.

O setor da construção tem ampliado a compra de aço porque a produção imobiliária cresceu desde a pandemia e segue elevada, mesmo diante do aumento dos juros, puxada pelo programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), 60% do consumo atual de aço vem do setor imobiliário e 40% da infraestrutura, embora as obras de infraestrutura utilizem, proporcionalmente, mais aço.

Em 2024, o número de residências lançadas no país subiu 18,6%, de acordo com a entidade. Foram 383,5 mil novas unidades colocadas à venda, metade das quais pertencem ao MCMV - o número de unidades lançadas no programa subiu 44% em um ano.

Empresas como a Gerdau se beneficiam desse cenário, porque concentram sua produção em aços longos. Em entrevista ao Valor em fevereiro, o diretor financeiro e de relações com investidores, Rafael Japur, disse que as perspectivas são positivas para o primeiro semestre de 2025, mas ainda incertas para o segundo.

“Há uma incerteza em alguns setores importantes, como o de construção civil, a respeito dos efeitos de uma escalada mais forte da taxa de juros e de financiamentos imobiliários”, explicou.

As importações de vergalhões somaram 156 mil toneladas no acumulado dos nove meses até setembro, ante uma venda interna de 2,75 milhões de toneladas. A participação ainda é baixa, mas cresceu desde a pandemia, lembra Dionyzio Klavdianos, presidente da comissão de materiais, tecnologia, qualidade e produtividade da Cbic. Em 2020, por exemplo, a proporção era de 15,2 mil toneladas importadas para 3,28 milhões de toneladas vendidas internamente.

"Pode ser que, com a questão nos EUA, comece a ter vergalhão chinês na construção civil”
— Dionyzio Klavdianos

Como faltou aço naquele período, a importação foi incentivada, o que fez o setor da construção “conhecer mais” os produtores estrangeiros, afirma Klavdianos. O maior país exportador de vergalhão para o Brasil é a Turquia, mas ele também pode vir do Egito e de nações da América Latina. Produtores chineses não possuem a certificação necessária para atender o mercado brasileiro, mas o diretor ressalta que essa não é uma barreira incontornável - é possível consegui-la, se houver interesse.

“Pode ser que, com essa questão de ter ficado mais caro [vender para] os EUA, a indústria chinesa passe a se interessar pelo mercado nacional, resolva essa questão da barreira técnica e comece a ter vergalhão chinês na construção civil”, diz.

Os produtores nacionais ainda são os preferidos dos construtores porque oferecem material de boa qualidade e até serviços extras, como suporte na obra, afirma Klavdianos. Há também uma dificuldade para pequenas construtoras arcarem com o custo do aço importado, pago à vista, e um receio de confrontar a indústria siderúrgica, que poderia impor um preço maior aos construtores brasileiros caso o volume importado subisse demais. “E você vai precisar comprar deles”, afirma o diretor da Cbic.

Por enquanto, o aço não é o material que mais tem pesado nas obras. Segundo o indicador setorial de inflação, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), o vergalhão apresentou alta de 5,84% nos últimos 12 meses, ante 7,32% do indicador geral, até março. Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos de construção civil do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV) faz a ressalva de que, apesar de outros materiais terem altas maiores, como tubos de PVC (17,6%) e blocos de concreto (8,12%), o aço é muito usado na construção, então qualquer aumento é sentido pelo setor.

Além dos vergalhões, usados na fundação e na estrutura de prédios e obras de infraestrutura, outro item que tem ganhado espaço são as telas de aço, que vão dentro das paredes de moradia popular, justamente o setor que mais tem crescido no país. Como explica Klavdianos, ela é essencial para o sistema construtivo de parede de concreto armado, que é o mais usado no MCMV, porque reduz o tempo de obra - quanto mais rápido entregam o projeto, mais rápido as construtoras recebem o repasse da Caixa Econômica Federal.

 

O setor de siderurgia já se movimentou para pedir ao governo um aumento do imposto de importação para o fio máquina, tipo de aço que dá origem às telas - em outras especificações, ele também é usado para fazer pregos e arames. O tema está em estudo. Segundo a Cbic, foram importadas, até setembro, 172 mil toneladas de fio máquina, dos mesmos países que produzem vergalhão, enquanto a indústria nacional vendeu 1,2 milhão de toneladas do fio no período.

Para o diretor da entidade, apesar de o governo defender a siderurgia nacional, ele está ciente de que onerar a importação levaria a um aumento geral dos preços do material, o que bateria diretamente no custo da obra e na atratividade do MCMV, um dos seus principais programas.

Enquanto isso, outros setores importantes para o consumo de aço, como máquinas e equipamentos, apontam redução no crescimento. O segmento alega que a alta nos custos de insumos, especialmente o aço nacional, é um dos fatores que comprometem sua competitividade.

"Tivemos cotas de importação em 2024 que não frearam a entrada”
— Rodrigo Scolaro

Ao Valor, o presidente-executivo da Abimaq, José Velloso, afirma que o setor de máquinas e equipamentos vem reduzindo seu faturamento e, portanto, a demanda por aço ao longo da última década, reflexo do encolhimento do segmento no país. Segundo ele, a maioria das empresas não tem porte para comprar diretamente das usinas por conta de volume nas aquisições. Mais de 90% dos fabricantes se abastecem nos distribuidores - onde os preços são mais elevados.

“A maioria das companhias do setor não importa aço, é de porte médio, com ticket em torno de R$ 100 milhões. Não tem volume mínimo”, explica. Segundo o dirigente, o fator que mais tira competitividade é o preço do insumo no Brasil em relação ao internacional. “O preço do aço laminado subiu de 12% a 17% de maio de 2024 até janeiro de 2025”, acrescenta.

Outras entidades representativas, como a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), também defendem que os produtores locais reduzam seus preços, argumentando que o custo do aço nacional encarece os produtos finais e compromete a competitividade frente aos concorrentes internacionais. Procurada, a Anfavea não quis se manifestar. Nesse cenário, a diferença de preço entre o aço brasileiro e o internacional tem ganhado destaque.

Do outro lado, o Instituto Aço Brasil - que representa as principais siderúrgicas do país - tem dito que os custos de produção são mais altos devido a fatores como carga tributária, energia elétrica e logística. Além disso, o aço chinês é subsidiado pelo governo de Pequim. A entidade não quis comentar o assunto.

Ao analisar os dados de comércio exterior sobre a importação de aço, Rodrigo Scolaro, economista da GEP Costdrivers, destaca o aumento da entrada de aço chinês, especialmente em aços planos voltados a processos industriais, como a fabricação de máquinas e automóveis.

“Quando falamos de outras indústrias que estão importando [aço], estamos falando também da indústria de peças. Tivemos no ano passado cotas de importação no Brasil que não tiveram o resultado esperado para frear a importação”, diz.

Segundo Scolaro, enquanto as siderúrgicas pressionam o governo por medidas de defesa comercial, indústrias de autopeças e montadoras atuam na direção oposta, pedindo que o aço importado não seja sobretaxado.

Procurado, o Sindipeças, que representa a indústria de autopeças, não quis se manifestar.

O governo acompanha o movimento com atenção. Há discussões no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) sobre eventuais salvaguardas ou tarifas antidumping para conter o avanço do aço importado, mas nenhuma decisão foi tomada até agora.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/04/2025

 

Flutuação dos preços dos aços longos no mercado spot: tendências e análise

Nos últimos meses, os índices dos aços longos no mercado spot brasileiro, como arame, barra chata, perfil I (viga), tubo industrial redondo e vergalhão, apresentaram variações que refletem tanto a estabilidade quanto a volatilidade do mercado. Fatores como a demanda de setores-chave (construção civil, infraestrutura e indústria automobilística) e os impactos externos da economia global, além de políticas fiscais e taxas de câmbio, foram determinantes na flutuação desses preços.

1. Aço Arame: estabilidade com recuperação ocasional

O índice do aço arame iniciou 2023 com o valor de 238,25 em março, mantendo-se estável até julho do mesmo ano. No entanto, a partir de agosto de 2023, o índice sofreu uma queda acentuada, atingindo 229,50, o que representou uma variação de -3,8%. A partir de agosto de 2024, o mercado passou a experimentar uma recuperação significativa, com o índice apresentando um aumento de 12%, alcançando 228,30. Já em março de 2025, o índice se estabilizou em 228,50, com uma leve variação positiva de 2% no mês.

Após a análise do aço arame, vamos examinar a evolução do aço barra chata, que, apesar de também ter experimentado flutuações, seguiu uma trajetória distinta de variação.

2. Aço Barra Chata: flutuações acentuadas e recuperação gradual

O índice da barra chata apresentou grandes oscilações ao longo de 2023, com uma variação expressiva de 10,1% entre março e abril de 2023, subindo para 407,50, mas depois enfrentando uma queda de -6% em maio de 2023. Essa instabilidade continuou até o final de 2023, quando o índice subiu novamente para 370,75 em dezembro. Durante o início de 2024, o índice teve uma recuperação gradual, com variações positivas de 6% em fevereiro de 2025, alcançando 404,50. No entanto, em março de 2025, o índice sofreu uma leve queda de 0,1%, ficando em 404,25.

3. Aço Perfil I (Viga): tendências de estabilidade com pequenas oscilações

O índice do aço perfil I (viga) mostrou uma evolução constante ao longo do ano, com um pico significativo de 10% em abril de 2023, subindo para 381,50. Após esse aumento inicial, o índice foi experimentando uma série de pequenas oscilações. Em janeiro de 2024, o índice caiu para 325,80, com uma variação negativa de -4,2%. Contudo, a partir de julho de 2024, o índice começou a subir novamente, com um aumento de 8,1% em agosto, atingindo 340. Em março de 2025, o índice estava em 357,75, com uma leve variação negativa de -0,1%.

4. Aço Tubo Industrial Redondo: estabilidade com recuperações intermitentes

O índice do aço tubo industrial redondo iniciou 2023 com uma estabilidade de 335,75. Contudo, no segundo semestre de 2023, o índice apresentou uma leve queda, atingindo 306 em dezembro de 2023. Em fevereiro de 2024, o índice teve uma recuperação de 5%, chegando a 321,00, seguido por uma estabilidade no valor até abril de 2024. Durante o segundo semestre de 2024, o índice novamente aumentou, com um crescimento de 5,3% em agosto. O índice de março de 2025 se estabilizou em 351,00, com uma leve variação negativa de -0,1%.

5. Aço Vergalhão: oscilações e recuperações ao longo do ano

O índice do aço vergalhão teve variações consideráveis, com uma alta de 10% em abril de 2023, alcançando 387,50. Após essa alta, o índice sofreu uma queda de -4,0% em junho de 2023, caindo para 372,00. A partir de agosto de 2024, o índice se recuperou, atingindo 370,65, com uma variação positiva de 6,5%. Em março de 2025, o índice estava em 358,50, com uma queda de -2,0%, refletindo uma desaceleração após um ano de crescimento.

Fatores que influenciam a flutuação dos Índices dos Aços Longos

A flutuação dos índices dos aços longos, assim como os aços planos, é influenciada por uma série de fatores, incluindo a variação da demanda de setores-chave como construção civil, infraestrutura e indústria automobilística. As políticas fiscais e a taxa de câmbio também desempenham um papel importante, já que esses elementos impactam diretamente os custos de produção, especialmente em relação aos insumos importados.

Além disso, a demanda por aços longos tende a ser mais sensível a flutuações econômicas, dado o uso em construções e obras de grande porte, que são diretamente afetadas por investimentos em infraestrutura.

Conclusão:

A expectativa para os próximos meses indica que o mercado continuará a apresentar oscilações, com possíveis aumentos ou quedas dependendo do cenário macroeconômico. Setores como a construção civil e a indústria automobilística devem seguir desempenhando papéis cruciais, sendo que mudanças nesses setores podem acelerar as flutuações. Além disso, a necessidade de adaptação às condições econômicas externas, como políticas de comércio internacional, pode reforçar as incertezas, tornando o mercado ainda mais dinâmico.

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/04/2025

 

Diplomatas brasileiros negociam nos EUA saída para tarifaço

Uma comitiva do Ministério das Relações Exteriores viajou aos Estados Unidos na tentativa de negociar a flexibilização das tarifas impostas pelo governo do presidente Donald Trump. O grupo foi chefiado pelo embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty.

A visita, que ocorreu entre a última quarta-feira (26/3) e sexta-feira (28/3), faz parte dos esforços do governo brasileiro em dialogar com as autoridades norte-americanas para reverter os efeitos do tarifaço de Trump. Desde o último dia 12, está em vigor a tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio aos EUA, medida que afeta diretamente a indústria brasileira.

Impacto do tarifaço de Trump no Brasil

Desde que assumiu o mandato, o presidente Donald Trump tem anunciado uma série de medidas para proteger o mercado interno, que incluem a imposição de tarifas sobre a importação de produtos vindos de diversos países.
A taxação do aço afeta diretamente o Brasil, que é um dos principais exportadores do produto para os norte-americanos.
Em fevereiro, Trump também mencionou o etanol brasileiro ao decretar a política de reciprocidade de tarifas. “A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA”, disse Trump.
O governo brasileiro argumentou à administração de Trump que as medidas podem “comprometer gravemente” as relações comerciais entre os países.

Segundo fontes do Itamaraty, as conversas com as autoridades norte-americanas vão continuar nos próximos dias.

Na sexta, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que o governo vai esperar até esta quarta-feira (2/4) para decidir quais medidas tomar diante das tarifas impostas. Esta é a data-limite para entrarem em vigor as tarifas recíprocas.

Durante viagem ao Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a mencionar a possibilidade de o Brasil adotar o princípio da reciprocidade e acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) em resposta às medidas. No entanto, nos bastidores, os negociadores têm defendido a manutenção do diálogo.

Fonte: Metrópoles
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/04/2025

 

China, Japão e Coreia do Sul aceleram negociações para um acordo trilateral de livre comércio

China, Japão e Coreia do Sul vão acelerar as negociações para um acordo trilateral de livre comércio e fortalecer sua cooperação para criar "um ambiente previsível de negócios e investimentos", informaram as nações em comunicado divulgado neste domingo, 30, após a 13ª Reunião Trilateral de Ministros da Economia e Comércio ocorrida em Seul, capital sul-coreana.

A reunião é a primeira nesse nível entre os três países em cinco anos e acontece em meio à guerra tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afeta ampla gama de produtos, como veículos, caminhões e autopeças.

As três nações são atingidas pelas taxações americanas: a Coreia do Sul e o Japão enquanto grandes exportadoras automotivas e a China afetada pelas tarifas de Trump sobre produtos agrícolas, aço e alumínio.

A reunião contou com a presença do Ministro da Indústria da Coreia do Sul, Ahn Duk-geun, seu colega japonês, Yoji Muto, e do Ministro do Comércio da China, Wang Wentao. Os três ministros asiáticos pediram para que as negociações para um acordo trilateral abrangente de livre comércio entre os países seja acelerado.

O ministro sul-coreano defendeu que os três países devem responder "conjuntamente" aos desafios globais compartilhados. "O ambiente econômico e comercial é marcado pela crescente fragmentação da economia global", pontuou Ahn.

Trump anunciou que aplicará tarifas personalizadas a cada parceiro comercial a partir da próxima quarta-feira, 2 de abril, para corrigir práticas que ele considera injustas. O presidente americano, no entanto, afirmou a repórteres na última semana que haveria "flexibilidade" nas tarifas.

Fonte: AFP
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 31/03/2025

 

Brasil e EUA terão mais um contato às vésperas do tarifaço de Trump

O principal negociador comercial de Donald Trump, Jamieson Greer, o chefe do USTR (US Trade Representative), planeja uma conversa telefônica com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, nesta segunda-feira, às vèsperas de novo choque tarifário prometido pela Casa Branca sobre produtos do mundo inteiro.

Fonte em Washington lembra que Greer vem conversando com alguns representantes de países que serão visados pela dita reciprocidade tarifária, como já aconteceu com o vice-primeiro ministro chinês He Lifeng, na semana passada.

Para o USTR, o governo Trump ‘está estabelecendo uma política comercial robusta e revigorada que promove o investimento e a produtividade nacionais, aprimora as vantagens industriais e tecnológicas dos EUA, defende nossa segurança econômica e nacional e beneficia os trabalhadores e as empresas americanas’.

Esta será a segunda conversa entre Vieira e Greer, e ocorre também no rastro de visita de missão brasileira a Washington, na semana passada, em contatos na Casa Branca, USTR, Departamento do Comércio, Departamento do Tesouro, Congresso americano e Camara do Comércio.

A conversa nesta segunda-feira tem seu peso, às vèsperas do novo tarifaço de Trump. Mas não se pode esperar nada decisivo, até porque só mesmo Trump vai decidir como será o dito ‘dia da liberação’ de exigência de reciprocidade tarifária.

Os brasileiros sabem como o jogo está funcionando em Washington, com ansiedade que é dos aliados mas também dos próprios assessores trumpianos.

No caso do Brasil, Trump implicou com a tarifa de importação de etanol pelo Brasil e ninguém na capital americana tem força para fazer ele mudar de ideia. A alíquota brasileira é de 18%, enquanto a americana sobre o etanol estrangeiro é de 2,5%.

Não só o Brasil, mas todos os países estão com a mesma dificuldade em relação ao que virá precisamente da Casa Branca na quarta-feira. A avaliação em geral é de que a reciprocidade pode se tornar uma carnificina na exportação de muitos países.

Nesse cenário, o Itamaraty assim como o MDIC continuam trabalhando sobre o tarifaço da reciprocidade, preparando o terreno porque o mundo não vai acabar na quarta-feira, 2 de abril. E continuará tentando restabelecer cotas para aço brasileiro nos EUA.

Sem surpresa, Donald Trump diz tudo e o contrário. Ele já afirmou que consideraria negociar as tarifas "apenas se as pessoas estiverem dispostas a dar algo de grande valor" aos EUA.

Depois, sugeriu que as tarifas recíprocas previstas para 2 de abril não irão tão longe quanto ele ameaçou originalmente. “Talvez eu dê vantagens a muitos países”, disse Trump. “Talvez sejamos ainda mais gentis do que isso.” Mais tarde, ele reiterou esse possível alívio, prevendo que as pessoas ficarão “agradavelmente surpresas” com as tarifas “um tanto conservadoras”, pelas quais ele visa substituição de importações.

O economista Peter Navarro, conhecido pelo anti-comércio e altamente favorável a tarifas, tem o ouvido de Trump. E defende os tarifaços, apesar do impacto economico no curto prazo. Para ele, trata-se de momento histórico envolvendo também instrumento fiscal.

Em entrevista à Tv Fox News, Navarro disse que o governo vai arrecadar mais de US$ 100 bilhões somente com as tarifas de 25% nas importações de automóveis e autopeças, anunciadas há alguns dias – e virá muito mais.

‘O que vamos esperar na próxima semana (será) para pagar o corte de impostos, que será o maior corte de impostos da história americana’, disse ele. ‘Serão milhares e milhares de dólares para as famílias de classe média. Ficaremos melhor porque teremos uma base forte de fabricantes para nos defender. Teremos salários mais altos, teremos milhões de empregos a mais e a vida será boa’.

A realidade poderá se bem diferente, como suspeita o mercado. O nacionalismo trumpiano pode causar nova recessão, retaliações, queda do crescimento global, em que todos pagarão.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 31/03/2025