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Governo avalia efeitos de pedido do setor de siderurgia para elevar taxação

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, reforçou, nesta sexta-feira (2), que o governo está debruçado sobre a demanda da indústria siderúrgica, que cobra uma elevação a 25% nas taxas de importação do aço.

Elias Rosa observou que o governo é sensível à preocupação do setor, mas ponderou também que o pedido pode gerar um efeito para outros segmentos, que temem impacto inflacionário em caso de sobretaxação. As variáveis estão sendo analisadas e ainda não há um prazo para a decisão, disse o número 2 do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin.

“Isso ainda está sendo avaliado, analisado. O governo precisa e vai lançar mão de algum instrumento, seja para atender, seja para negar. Enfim, é essa decisão que precisa ser tomada. Alguns setores são estratégicos e provocam um efeito em cascata. Pode ter impacto inflacionário, é o transbordamento, um efeito de transbordamento. E qual é esse efeito? É um efeito positivo ou é um efeito negativo sobre o preço? Isso precisa ser avaliado. Agora, essa não é uma avaliação simples de ser feita”, disse em entrevista à revista Exame, transmitida ao vivo.

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o impacto inflacionário de uma eventual sobretaxa no aço é um dos principais pontos observados pelos técnicos do governo. A indústria siderúrgica nacional é prejudicada pelo excesso de capacidade produtiva de outros países, especialmente a China. E, antes mesmo da guerra na Ucrânia, países têm adotado políticas protecionistas à siderurgia, como os Estados Unidos fizeram em 2018. México, Chile e nações europeias também elevaram as taxações recentemente – e são citados como exemplos pelas empresas brasileiras.

Apesar do perfil mais protecionista, o governo se vê numa encruzilhada porque não pode ignorar os impactos inflacionários de um eventual aumento do imposto de importação. O receio de que a sobretaxa sobre o aço provoque impactos inflacionários e danos à economia não é exclusivo do governo.

Como mostrou também o Broadcast, uma coalizão de 16 entidades alertou para o risco de desindustrialização caso o Brasil venha a aumentar a taxação das importações de aço de aproximadamente 12% para 25%.

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 05/02/2024

Projeto social une investidor milionário e Gerdau no RS

Um projeto social de reforma de casas une a Gerdau e o empresário João Paulo Pacífico no Rio Grande do Sul e em mais cinco Estados. Pacífico é o executivo do mercado financeiro que, recentemente, ficou conhecido por ser o único multimilionário brasileiro a assinar um documento defendendo que os ricos pagassem mais impostos. 

É com a ajuda da empresa do investidor, a Gaia Investimentos, que a Gerdau financia uma parte do projeto Reforma que Transforma. Lançado em 2022, o programa doa a reforma de imóveis a famílias carentes ou financia essas obras a juros subsidiados. 

No Rio Grande do Sul, o projeto acontece em Sapucaia do Sul e Charqueadas, municípios onde a Gerdau possui fábricas. Ao todo, no país, são 12 cidades em seis Estados. 

— Quando a Gerdau completou 120 anos, em 2021, pensamos em qual o legado que a empresa poderia deixar para a sociedade — explica Paulo Boneff, líder de responsabilidade social da Gerdau, sobre a motivação para o projeto. 

Conforme balanço da siderúrgica, neste dois anos, 68 casas foram reformadas em Charqueadas e 27 em Sapucaia do Sul. No país, foram 1.264 obras doadas. É possível arrumar uma parte da casa. As áreas mais demandadas são banheiro, cozinha e teto.

Caso a pessoa interessada não se enquadre nos quesitos para ganhar de graça a obra, ela ainda pode pleitear o financiamento com juros subsidiados. O pagamento deve ser feito em até 24 vezes. É aí que entra a parceria entre a Gerdau e a Gaia Investimentos.

Paulo Boneff conheceu João Paulo Pacífico através de um parceiro de negócios em comum. Em 2022, a empresa de investimentos lançou uma debênture — um título de dívida — formado pela doação de R$ 10 milhões da Gerdau. É esse dinheiro que as famílias tomam emprestado para as reformas. 

— O beneficiário paga as 24 parcelas e o dinheiro volta para ajudar outra família, gerando um efeito de alavancagem — explica o executivo da Gerdau. 

Ao todo, a Gerdau doará R$ 40 milhões ao longo de 10 anos do Reforma que transforma, sendo R$ 10 milhões da debênture. O programa também se destaca por priorizar fornecedores de materiais e mão-de-obra locais. A empresa estuda ampliar para outras cidades dentro de um ou dois anos. 

Fonte: GaúchaZH
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 05/02/2024

Setor de mineração deve investir US$ 64,5 bi no Brasil até 2028

As empresas de mineração devem investir US$ 64,5 bilhões (cerca de R$ 319 bilhões) no Brasil até 2028. A projeção para os próximos 5 anos é 28,8% superior à do ano passado, de US$ 50 bilhões. A estimativa foi divulgada nesta 4ª feira (31.jan.2024) pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).

Segundo o diretor-executivo do Ibram, Raul Jungmann, a alta é motivada por novos investimentos socioambientais das mineradoras, além de projetos de logística e no segmento de minerais críticos, como lítio. Empreendimentos de minério de ferro ainda lideram, respondendo por US$ 17,3 bilhões (27%).

Minas Gerais e Pará, maiores produtores de minério de ferro do país, são os Estados que mais receberão investimentos, com 30,6% e 28% do total respectivamente.

Na sequência aparece a Bahia (16,1%), onde está em execução a maior obra do setor atualmente: a construção de um trecho da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que vai ligar minas da Bamin (Bahia Mineração) até portos baianos.

De acordo com o Ibram, o setor de mineração teve faturamento de R$ 248,2 bilhões no Brasil em 2023, número considerado estável diante do resultado de 2022, que foi de R$ 250 bilhões.

Foram cerca de 392 milhões de toneladas de produtos do setor mineral exportados (aumento de 9,5% em relação a 2022). O minério de ferro foi responsável por 71% das exportações.

Na avaliação do instituto, os números sinalizam perspectiva positiva para o setor em 2024 e nos anos seguintes. Segundo Jungmann, a nova política industrial, anunciada pelo governo em 22 de janeiro, coloca a mineração como setor estratégico para a transição energética, a descarbonização e o desenvolvimento tecnológico da indústria nacional.

“São iniciativas que demandam oferta crescente e perene de minérios. Mas o país precisa investir mais em conhecimento geológico, em instrumentos de crédito para o setor mineral, além de estabelecer maior nível de segurança jurídica para atrair mais investimentos externos”, disse.

O diretor-executivo do Ibram afirmou ainda que há riscos no caminho, como o aumento da carga tributária. Jungmann criticou o fato de alguns Estados e municípios criarem taxas sobre a atividade mineral e disse estar preocupado com o teor da Reforma Tributária promulgada, que inclui a incidência de imposto seletivo sobre a mineração.

“O Ibram e as mineradoras estão mobilizados junto às autoridades para evitar essa escalada da carga tributária e estabelecer uma decisão racional que irá proporcionar a multiplicação dos investimentos”, afirmou.

 
Fonte: Poder 360
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/02/2024

Lei do Aço já está em vigor no Estado do Rio

Entrou em vigor no mês de janeiro a Lei 8.960/20, após uma longa batalha judicial. A Lei do Aço, como é chamada, é de autoria do deputado estadual Gustavo Tutuca, que atualmente está licenciado pois é secretário de Estado de Turismo. Ele comemora sua implementação e lembra que a medida concede regime diferenciado na tributação do ICMS a indústrias do setor metalmecânico instaladas no Rio, beneficiando todos os 92 municípios do Estado, mas fortemente o Sul Fluminense por conta da Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN.

A expectativa era de que a Lei do Aço criasse cinco mil novos empregos apenas na região. Uma estimativa feita há pouco mais de um ano. Porém, como anunciado pela CSN na edição de ontem do A VOZ DA CIDADE, somente ela, prevê contratar cinco mil pessoas até 2026. “Já falei algumas vezes e não canso de repetir que essa é a lei mais importante dos meus quatro mandatos, pois traz benefícios diretos à sociedade. A Lei do Aço equilibra a disputa fiscal do Rio com outros estados e terá um papel fundamental para geração de emprego e renda, uma vez que ela prevê o benefício para a cadeia produtiva do setor nos 92 municípios fluminenses”, disse Tutuca.

Com a lei em vigor, o Rio de Janeiro fica em condições iguais a outros estados que já contam com esse benefício fiscal, como Minas Gerais e São Paulo. Terão direito ao novo regime tributário as empresas que já operam no Estado do Rio e também àquelas que vierem a se instalar.

Fonte: A Voz da Cidade
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/02/2024

Sigma anuncia aumento de reservas de lítio em meio a negociações de venda do controle

A companhia de mineração e industrialização de lítio grau bateria Sigma Lithium anunciou nesta quarta-feira (31) novo aumento de suas reservas de minério de lítio no projeto Grota do Cirilo, situado no Vale do Jequitinhonha, noroeste de Minas Gerais. As estimativas foram elevadas para 109 milhões de toneladas, sendo 94,3 milhões de toneladas de recursos medidos e indicados, o que de fato define o potencial de extração de uma empresa.

A Sigma, com base no Canadá e listada na bolsa local de Toronto e na americana Nasdaq, iniciou operações em abril do ano passado. Toda a produção, que ficou em torno de 102 mil toneladas de concentrado de lítio, foi exportada, por meio de contratos com a trading Glencore. O principal mercado de destino é a China. Essa  primeira fase do projeto em Grota do Cirilo dispõe de capacidade para produzir 270 mil toneladas ao ano de concentrado de lítio.

No comunicado, a empresa informa que o novo volume de reservas estimadas apresenta teor médio de 1,4% de óxido de lítio (Li2O). E destaca que a tonelagem equivalente de carbonato de lítio contido  no concentrado subiu para 27%. Com essa nova avaliação, diz a Sigma, Grota do Cirilo torna-se o quarto maior empreendimento de lítio pré-químico industrial em operação no mundo. 

Segundo a companhia, isso “demonstra que o Brasil pode ser um fornecedor âncora de recursos em escala” de materiais de lítio industrializados para a indústria global de veículos elétricos. “Espera-se que os recursos expandidos agreguem valor tangível para acionistas e potenciais investidores estratégicos”, destacou o comunicado. 

A Sigma, que tem como maior acionista o fundo A 10 Investimentos, liderado pela empresário Ana Cristina Cabral, e sócios como o BlackRock, encontra-se em fase de avaliação de propostas para venda da empresa, ou de parte dela ou somente do projeto Grota do Cirilo. Entre os principais interessados estão fabricantes de baterias e refinadores de lítio chineses, montadoras de carros elétricos, caso da chinesa BYD, entre outros fabricantes de veículos. Para facilitar as negociações, em dezembro a companhia informou que estava abrindo processo de listagem de sua controlada brasileira Sigma Brazil na Nasdaq e na Bolsa de Cingapura. 

Ana Cabral, copresidente do conselho de administração e CEO da companhia, destacou em comunicado o fato de a Sigma ter se tornado o “quarto maior beneficiador industrial pré-químico de lítio em operação no mundo”. Acrescenta que a operação de mineração Grota do Cirilo, agora ampliada para 109 milhões de toneladas de recursos, tem potencial de crescimento significativo. Cabral informa ainda  que essa nova escala de recursos minerais dá à Sigma flexibilidade estratégica para considerar uma quarta linha de beneficiamento pré-químico industrial Greentech de lítio verde, quíntuplo-zero, bem como integração potencial em produtos químicos de sulfato de lítio de baixo custo. 

A companhia já tinha desenhado, em 2022, uma expansão de suas operações – fases 2&3 -, que elevaria sua capacidade a 876 mil toneladas de concentrado por ano (ou 104 mil toneladas de carbonato de lítio equivalente contido em concentrado). Mas esse plano, que deveria ter começado as novas instalações de beneficiamento no ano passado, ainda continua em fase de avaliação final, ou de revalidação, dentro da empresa. É que, desde setembro, a Sigma intensificou negociações com potenciais compradores do controle da companhia, o que colocou o plano em compasso d espera. 

A Sigma diz ainda no comunicado que está concentrando sua campanha de perfuração para construir um “corredor de lítio, em forma de J”, interligando todos os recursos minerais existentes na Grota do Cirilo, dentro de uma expectativa de atingir reservas de 150 milhões de toneladas de minério de lítio (medidas, indicadas e inferidas). As áreas de propriedade da empresa ficam nos municípios mineiros de Araçuaí e Itinga.  

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/02/2024

 

Entenda como “invasão” do aço chinês afeta a indústria brasileira

Na última quarta-feira (24), sob os olhares do governador de Minas, Romeu Zema, a Usiminas reiniciou as atividades do alto-forno 3, seu mais moderno equipamento. A reforma do espaço custou quase R$ 3 bilhões à empresa e promete aumentar, significativamente, o seu potencial de produção.

Porém, o momento que deveria ser apenas de alegria, também teve tons de preocupação. Nomes importantes da Usiminas, como o CEO Marcelo Chara, discursaram sobre a atual crise vivida pelo setor siderúrgico do Brasil, causada pela forte importação do aço chinês.

Vivendo um momento de desaceleração econômica há alguns anos, a China decidiu subsidiar as produtoras de aço locais (vitais para sua economia trilionária), que passaram a exportar o produto por preços muito baixos. O Brasil, por exemplo, se posiciona atualmente como o sétimo principal destino das exportações chinesas.

Executivos brasileiros classificam a prática como “predatória” e citam uma “concorrência desleal” do país asiático, que abriga seis das dez maiores produtoras de aço do planeta.

“Não vamos criar postos de trabalho e digo mais: estou preocupado com a possibilidade de que possamos perder outros postos de trabalho. Com essa concorrência você não consegue”, chegou a afirmar Marcelo Chara, na última quarta-feira.

Empresas como Usiminas, Aperam e Gerdau exigem do governo ações que combatam a invasão do aço chinês. E para entender esse impasse, conversamos com o especialista em contabilidade e ex-secretário da Fazenda em Itabira, Marcos Alvarenga. Ele também alerta sobre a necessidade de intervenção do Executivo Federal no cenário, que pode se tornar “perverso”, diz.

“A atividade brasileira é muito concentrada nos produtos básicos, e um deles é o aço. E à medida que esse aço chega aqui no mercado brasileiro inferior ao custo de produção, não há sustentabilidade para as usinas brasileiras. Então esse é um alerta que tem sido dado por várias empresas. Se não houver uma interferência do governo no controle desses preços dos produtos que estão chegando ao Brasil, isso vai afetar de forma significativa, até comprometendo a continuidade dessas atividades. Mas acredito que o governo federal vai agir nesse sentido, para não deixar matar mais uma indústria brasileira. O efeito disso é muito perverso”, detalha.

“Há muita concorrência, muita gritaria externa, principalmente na área do agro. Você vê a França barrando esse acordo da União Europeia com o Mercosul, dizendo que as condições brasileiras de fornecimento do agronegócio são muito mais favoráveis, o Brasil tem muito mais poder neste sentido. E aqui é o contrário. O Brasil é uma potência no agro, mas nas usinas do aço a China tem um poder muito grande. Então se o país não protege, realmente a indústria acaba”.

Aumento do imposto

Uma das demandas exigidas pelo setor brasileiro é o aumento da alíquota de importação no país, hoje em 9,6%. Em nações como Estados Unidos e México, os percentuais chegam a 25%. Segundo Marcos Alvarenga, a medida daria sustentação à indústria nacional.

“Um mecanismo do governo certamente será esse, taxar os produtos que estão chegando ao Brasil com preço inferior ao custo de produção. Se a indústria nacional está investindo, melhorando sua condição de produção e reduzindo seu custo, mas não consegue chegar ao custo subsidiado, é necessário taxar para equilibrar esses preços, dando sustentação à indústria nacional”, completa.

E às usinas? O que cabe fazer? Para o ex-secretário da Fazenda, o investimento da Usiminas em seu alto-forno 3 é um exemplo. Porém, ele volta a enfatizar a necessidade da intervenção estatal.

“A gente tem visto, por exemplo, o caso recente da Usiminas. O que fizeram lá foi um investimento muito alto na atualização das tecnologias dos alto-fornos, visando a redução de custos da produção e também a redução dos efeitos ambientais dessa indústria. São ações pontuais, mas não dá para concorrer com o poderio da China. Precisa do governo federal para controlar a entrada desses produtos no mercado brasileiro, elas (empresas) vão ficar limitadas a essas ações de modernização do parque industrial”.

Por fim, Marcos Alvarenga deixa um alerta. Embora o baixo preço do aço chinês traga alguns benefícios, é possível surgirem prejuízos, especialmente a longo prazo. Um deles a desindustrialização do país, o que seria uma ótima notícia para quem possui hegemonia no mercado, como a própria China.

“Quando você recebe o produto no preço menor, outros segmentos nacionais se beneficiam disso. Quem utiliza essa matéria prima, principalmente a indústria da construção, é beneficiado. Mas esse é um procedimento temporário. A China pode praticar o subsídio para esse produto chegar aqui, e depois que eliminar a indústria nacional, volta com o preço nas condições antigas… o objetivo muitas vezes é exatamente esse, eliminar a indústria e depois impor o preço conveniente ao país que tenha a supremacia nessa área”, finaliza.

Fonte: Defato
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 30/01/2024