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Vendas de máquinas para construção devem crescer 9% em 2024 em comparação a 2023

As vendas de máquinas para construção devem crescer 9% em 2024 em comparação a 2023, alcançando 58,2 mil unidades comercializadas neste ano contra 53,5 mil unidades no ano anterior. Na linha amarela, a alta estimada é 14%, alcançado 36,6 mil unidades vendidas neste ano contra quase 32,3 mil unidades comercializadas em 2023. Os dados são do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção.

Os setores mais relevantes para o mercado de máquinas neste ano são a locação, construção pesada e agronegócio. Em termos de vendas, os dois segmentos com maior Market Share – construção (42%) e a locação (23%) – somam 65%. A Sobratema destaca que os dois setores assumiram esse protagonismo em 2021 e que ainda há espaço para crescimento.

Além das vendas, o que espera o mercado de equipamentos

O mercado de equipamentos está otimista para os próximos dois anos, já que, para 57% construtoras, locadoras, empresas de serviços e dealers, o mercado deve continuar crescendo em 2025. O percentual é ainda maior para 2026, chegando a 66%.

Cerca de 90% das construtoras, locadoras e prestadores de serviços apontaram que o volume de negócios até setembro de 2024 está melhor ou igual a 2023. Quase três em cada quatro empresas entrevistadas atingiram as metas planejadas para o ano e 65% dos dealers dizem que o mercado apresentará estabilidade ou pode até crescer no final do ano.

Já entre as preocupações dos empresários para 2024, estão a dificuldade de obter financiamento e os juros altos. Se por um lado, a expectativa do mercado é de que o governo federal faça um ajuste fiscal para diminuir o ritmo da inflação e dar espaço para o Banco Central cortar juros, do outro, os empresários se mostram otimistas com mais obras públicas do Novo PAC.

Outro dado relevante do levantamento é o financiamento utilizado pelas empresas adquirirem suas máquinas: 33% dos entrevistados utilizaram capital próprio, seguido por Finame, com 23% e CDC, com 19%.

Fonte: Meio Filtrante
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 10/12/2024

 

Análise Setorial: Siderurgia e Mineração | Dezembro 2024

De maneira geral, as ações do setor tiveram performance negativa em novembro, refletindo a expectativa de um cenário menos favorável para o setor, bem como a entrega de resultados fracos no 3T24, como é o caso de CMIN3. O destaque positivo foram as ações da Gerdau, cujas perspectivas de curto e médio prazo seguem positivas. 

Mineração

Na China, o PMI Industrial permaneceu ligeiramente acima da linha de 50 pontos, que indica expectativa de expansão da atividade. A produção e do consumo de aço voltaram a se elevar, e as exportações continuaram avançando. Com relação ao minério, as importações ficaram estáveis, enquanto os estoques tiveram leve redução. Os preços de minério de ferro oscilaram em torno dos US$ 100/t durante a maior parte do mês de novembro e têm se sustentado acima deste patamar no início de dezembro.

No Brasil, as exportações de minério voltaram a se elevar, refletindo a recuperação dos preços médios, que compensou a redução no volume dos embarques.

Siderurgia

Em novembro, os preços internacionais de aço continuaram arrefecendo. No Brasil, os preços ao produtor do setor de metalurgia continuou avançando, acompanhando os preços dos metais, enquanto a confiança do empresário do setor perdeu força, pressionada pela piora nas expectativas sobre a economia.

Dados mais recentes da indústria siderúrgica mostram um movimento de recuperação da produção de aço bruto, das vendas internas, do consumo aparente e das exportações brasileiras na comparação mensal. Já as importações tiveram queda em relação ao patamar recorde do mês anterior, mas continuaram elevadas.

Fonte: InvesTalk; relatório BB 
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/12/2024 

Existe mineração sem impacto negativo no meio ambiente?

A mineração é essencial para extrair os recursos naturais não renováveis, como água e substâncias minerais, que precisamos para o desenvolvimento humano, para a vida e permanência no planeta, bem como para os insumos que são utilizados na construção civil, agricultura e indústria de manufatura em geral.

Os minerais estão presentes em todas as áreas da nossa vida, desde a casa onde moramos, nos produtos que consumimos (roupas, celulares, eletrodomésticos), nos alimentos que comemos, nos transportes que utilizamos. Ou seja, praticamente tudo com que temos contato no dia a dia tem origem ou depende direta ou indiretamente da mineração.

Como toda e qualquer atividade extrativa, a mineração interfere no meio ambiente, uma vez que os recursos naturais se encontram no solo e subsolo (litosfera) e a extração é feita através da remoção de camadas de solo e rochas. Os impactos causados podem incluir erosões, poluição de águas, emissões de poeiras, ruídos, vibrações e geração de resíduos.

"Todos esses impactos negativos são conhecidos e dimensionados, é possível minimizá-los com os devidos controles implantados durante e pós as operações da mineração industrial responsável e sustentável, com medidas de mitigação e adoção de soluções avançadas e inovadoras", afirma Julio Nery, diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).

Quais são os atuais desafios?

A mineração enfrenta desafios ambientais significativos relacionados às emissões de gases de efeito estufa (como o CO2), emissão de material particulado (como a poeira), o uso de água, de energia, o controle de biodiversidade, controle do desmatamento, controle da contaminação do solo e gerenciamento da estabilidade física e química do terreno. Atualmente, a gestão de resíduos da mineração, como rejeitos e material estéril, é apontada como a questão mais crítica no setor.

Na avaliação do engenheiro de minas Nery, os atuais desafios da mineração se referem à resiliência da própria atividade relacionada aos eventos climáticos extremos. Segundo ele, o setor tem sido mais do que conservador nas previsões climáticas para possibilitar maior segurança e reduzir riscos à vida e à saúde dos trabalhadores e às estruturas. No entanto, a mineração pode sofrer impactos envolvendo o bloqueio de vias, interrompendo a oferta de insumos e causando danos a infraestrutura de plantas, por exemplo.

"Outro grande desafio é o nosso arcabouço de licenciamento ambiental, que é lento, burocrático e complexo, e nem sempre essa complexidade se reflete em ganhos ambientais", afirma o diretor de sustentabilidade do Ibram.

Dados os desafios, é necessário que a indústria mineral mantenha seus esforços para implantar práticas sustentáveis, como a adoção de tecnologias verdes, o reforço da reciclagem de resíduos, e a inserção da mineração na economia circular para controlar a sua pegada ecológica e apoiar o suprimento global de recursos minerais.

É possível reduzir os impactos da mineração no meio ambiente?

Sim, todos os projetos de mineração precisam da aprovação da Agência Nacional de Mineração e dos órgãos ambientais antes de serem implantados. As ações de redução e mitigação dos impactos ambientais estão especificadas em leis e normas do setor, e as empresas de mineração devem operar dentro das exigências apresentadas em suas licenças ambientais.

"Há vários casos de sucesso na redução de impactos ambientais da mineração. Um exemplo são as operações de bauxita na região norte do país que têm sido bem-sucedidas na restauração ambiental após o término das atividades de lavra, com ações de replantio de espécies nativas, gestão de recursos hídricos e de restauração da biodiversidade local", comenta Giorgio de Tomi, professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e dirigente do NAP.Mineração/USP (Núcleo de Pesquisa para a Pequena Mineração Responsável da USP).

A mineração industrial também pode atuar na proteção e conservação de áreas, possibilitando a preservação de espécies de fauna e flora, ecossistemas, comunidades e culturas.

Um outro exemplo são as criações de parques e outros empreendimentos a partir de áreas que antes eram usadas para mineração. Em São Paulo, o lago do Parque do Ibirapuera e a raia olímpica da USP eram áreas de extração de areia; em Curitiba, a atual Ópera de Arame foi uma pedreira durante décadas; em Minas Gerais, a Mina do Morro Velho que funcionou como mina de ouro durante 170 anos, está sendo preparada pela AngloGold Ashanti para uso futuro, conjugando preservação histórica, ambiental e desenvolvimento econômico.

Qual é o papel da água na mineração?

Em 2020, o total do uso de água por todos os setores no Brasil foi de 1.947,55 m?3;/s, sendo 2% correspondente ao setor da mineração, de acordo com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Na mineração, a água é utilizada no beneficiamento de minérios (processo de separar e purificar minerais de interesse tornando-os adequados para uso industrial, agrícolas e construção civil), em obras de disposição de rejeitos e tratamento dos efluentes gerados, no controle de poeira em vias de circulação, na lavagem de equipamentos e, em alguns casos, no transporte de minérios, entre outros.

De acordo com o docente Tomi, o grande risco da água utilizada pela mineração é que ela pode conter resíduos dos processos de lavra e de beneficiamento mineral, o que pode ser prejudicial ao meio ambiente e, por isso, necessita de tratamento físico e químico antes de ser retornada à natureza.

"É essencial que as operações de mineração sejam submetidas a processos sustentáveis de tratamento e recuperação da água utilizada, e que a sociedade e o poder público tenham iniciativas de fiscalização e um controle rigoroso", alerta o professor da USP.

Alguns exemplos de inovação na gestão da água na mineração:

- Em projetos de reuso da água durante o beneficiamento mineral, por meio da recirculação da água e de processos de saneamento da água utilizada. As taxas de recirculação de água nos empreendimentos de mineração podem ultrapassar 80%, reduzindo significativamente a captação de água nova;

- No beneficiamento de minérios em circuito fechado para minimizar a necessidade de captação de água nova;

- No saneamento e reuso de água recuperada a partir de barragens de rejeitos;

- Na reutilização de água tratada de efluentes sanitários para atividades simples, como molhar ruas;

- No uso planejado de água retirada do subsolo para devolver à superfície, ajudando a economizá-la e evitando a necessidade de buscar novas fontes;

- Novos processos de beneficiamento de minérios a seco estão sendo desenvolvidos pela indústria mineral para minimizar o uso de água na mineração.

O que é mineração sustentável?

A mineração sustentável é também chamada de mineração do futuro, mas já está sendo colocada em prática. Essa atividade se define por ações que visam mitigar os riscos e dar maior segurança, responsabilidade e sustentabilidade antes, durante e pós-operação.

Com a crescente demanda por minerais críticos e estratégicos para a transição energética, a mineração tem um papel fundamental para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. Ela é tecnológica, integrada às pessoas, ao meio ambiente, e compromissada com as comunidades onde atua, com o país e com o futuro do planeta.

Os principais pilares da mineração sustentável são:

- Relacionamento, comunicação e engajamento aprimorados com os públicos essenciais e com a sociedade;

- Operações cada vez mais seguras, com foco nas pessoas e no meio ambiente;

- Ações fortalecidas em prol da diversidade e equidade na mineração;

- Combate e intolerância à ilegalidade;

- Pleno aproveitamento de minerais para garantir a segurança energética, alimentar e climática;

- Economia circular, com a transformação de resíduos sólidos em matérias-primas para outras cadeias produtivas;

- Modelos mais seguros e sustentáveis de gerenciamento de rejeitos e estéreis.

Fonte: Julio Nery, diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), uma organização nacional privada e sem fins lucrativos que representa as empresas e instituições que atuam no setor mineral; Giorgio de Tomi, professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e dirigente do NAP.Mineração/USP (Núcleo de Pesquisa para a Pequena Mineração Responsável da USP)

Fonte: UOL
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/12/2024

Brasil bate recorde de importação de máquinas. Foco é aumentar investimento

A importação de bens de capital, como máquinas, equipamentos, caminhões e ônibus, bateu recorde nos 11 primeiros meses do ano, com US$ 32,5 bilhões (R$ 198 bilhões), salto de 21% ante o mesmo período de 2023, mostram os dados mais recentes da balança comercial brasileira. Reflete o crescimento dos investimentos no país apontado pelo IBGE no PIB do terceiro trimestre, na semana passada, mas também dá sinais de substituição de maquinário nacional por importado, com avanço de fabricantes da China.

O fluxo se mantém forte, mesmo com o dólar acima dos R$ 6. A compra de maquinário no exterior é puxada tanto pela retomada de obras de infraestrutura, de rodovias a saneamento, quanto por ciclos de algumas atividades, como comércio eletrônico, mineração, energia solar e eólica, apontam executivos e especialistas.

 

Levantamento da empresa de comércio exterior Comexport, obtido pelo GLOBO, aponta quais máquinas vêm aparecendo mais nessa pauta.

É o caso de empilhadeiras e plataformas usadas na movimentação de mercadorias, na esteira do boom do e-commerce. Em 2024, até outubro, a importação desses itens somou US$ 699 milhões, mais que o dobro de todo 2021.

Ganho de eficiência

Quando iniciou sua operação no Brasil, em 2019, a Amazon tinha um centro de distribuição, em Cajamar (SP). Hoje, tem dez. O de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, conta com 30 empilhadeiras para cobrir seus 30 mil metros quadrados. Para a unidade do Recife, inaugurada este ano, a multinacional comprou cem máquinas para 70 mil metros quadrados.

O maquinário é todo importado, da marca alemã Jungheinrich. A tecnologia dos modelos oferece ganhos em segurança e eficiência à operação com baterias de lítio de rápido carregamento e transmissão de informações sobre localização, tempo de uso e eventuais falhas por telemetria para um sistema centralizado. Essas empilhadeiras são capazes de depositar paletes inteiros carregados de produtos grandes e pesados, de ventiladores a ração de animais, em prateleiras que chegam a dez metros de altura. Depois, levam os operadores até elas para retirar mercadorias pedidas pelos clientes, sem precisar descer todo o conjunto.

Tiago Lopes, líder regional de Segurança do Trabalho na Amazon do Brasil, conta que empilhadeiras ainda mais modernas no centro pernambucano são dotadas de um sistema de VNA (sigla para “corredor muito estreito”, em inglês): elas se locomovem guiadas por um fio magnético no chão, que funciona como um “trilho”. Isso permite reduzir o espaço entre as prateleiras de 3,3 para 2,2 metros e aumentar a capacidade de estoque.

— Essa máquina entra na “rua” justinha e não tem risco de bater em nada, porque só anda guiada. Isso aumenta a produtividade. Aqui (em Meriti), temos 16 “ruas” (entre as prateleiras) e teríamos 24 com essa tecnologia — diz Lopes.

Também se destacam nas importações os chamados caminhões fora de estrada, usados na mineração. As compras no exterior desses veículos gigantes, que podem carregar 240 toneladas de material e cujas rodas chegam a 3 metros, por empresas brasileiras somam US$ 4,1 bilhões até outubro, mais que em todo 2023.

A demanda vem de projetos de expansão de minas, como o P15, da CSN Mineração, que receberá R$ 15,3 bilhões de 2023 a 2028, em Congonhas (MG). Do aporte total, R$ 750 milhões vão para máquinas e equipamentos, informou a mineradora ao GLOBO. Apenas esse projeto acrescentará sete caminhões fora de estrada à frota da empresa, hoje com 64. Até 2034, serão mais 25.

Na construção civil são os caminhões guindaste que estão vindo de fora. Eles são usados na indústria de petróleo e gás e para a manutenção em parques eólicos, permitindo alçar e alcançar peças a mais de cem metros de altura.

Demanda de concessões

A expansão de geração eólica no Brasil nos últimos anos ampliou a demanda por manutenção dos aerogeradores, atraindo empresas especializadas nesse serviço, conta Francisco Silva, diretor técnico regulatório da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Os guindastes são comprados por essas prestadoras — como New Wind e Iqony Solutions — ou por locadoras de maquinário.

— Projetos que entraram em operação em 2014 ou 2015, em torno de dez anos, começam agora um processo de retrofit (renovação) — diz Silva.

Também está em alta a importação de perfuratrizes e pavimentadoras de asfalto, usadas em obras de rodovias, e de tratores e escavadeiras, empregados em projetos como os de concessões de saneamento, demandas da iniciativa privada, observa Breno Oliveira, diretor comercial da Comexport, que atende diferentes tipos de importadores.

Nesses setores, chama a atenção o avanço dos fabricantes chineses, como as gigantes XCMG e Sany. A primeira também fabrica caminhões fora da estrada e, em 2021, firmou um memorando com a Vale para o “potencial fornecimento de equipamentos”, segundo nota da mineradora na época. Nesse mercado, ainda prevalecem fabricantes tradicionais, como a americana Caterpillar e as japonesas Komatsu e Hitachi, mas os chinesas avançam rápido com preços e financiamento competitivos.

— Em guindastes, em 2021, tínhamos 40% de europeus ou americanos. Hoje, estão só com 20%. O resto é chinês. O mercado compra mais da China porque eles estão com mais tecnologia — diz Oliveira.

Um executivo de uma construtora nacional que comprou uma perfuratriz da China para obras de saneamento, que pediu para não ser identificado, conta que o equipamento tinha qualidade técnica comparável a outras marcas, mas custou a metade do preço.

'Invasão chinesa'

O aumento dos investimentos é um sinal positivo para a economia, mas os sinais de que máquinas e equipamentos importados estão substituindo os brasileiros deixam um gosto amargo para a indústria nacional de bens de capital. Para José Velloso, presidente da Abimaq, que reúne fabricantes nacionais de equipamentos, há uma “invasão chinesa”, com o país asiático ocupando mais que o espaço de exportadores tradicionais como EUA e Alemanha. A importação de máquinas na China também é recorde no ano: US$ 9,7 bilhões até novembro.

 

Nos indicadores mensais da Abimaq, o “consumo aparente” (a produção nacional mais as importações, menos as exportações) do país registrava queda de 5,3% no acumulado em 12 meses até outubro.

— O Brasil não está investindo mais. A importação cresce só com a China — diz Velloso.

Impacto limitado

Segundo Leonardo Carvalho, pesquisador do Ipea, dados do IBGE apontam que o crescimento da produção doméstica de bens de capital (sem descontar as exportações) tem se concentrado em caminhões e ônibus. A de máquinas e equipamentos está em queda no país. Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), observa que, além do impacto positivo do aumento do investimento, as importações de máquinas trazem novas tecnologias de ponta, que aumentam a produtividade. Mas o círculo virtuoso deveria também passar pela indústria local dessas máquinas, o que geraria mais investimentos e empregos também nesta parte da cadeia.

Além de mais competitivas que as máquinas nacionais, as da China refletem a política industrial de Pequim nos últimos anos, focada na evolução tecnológica, que tem afetado todos os países. Isso é evidente nos painéis solares. Em maio, os EUA elevaram a tarifa de importação de kits chineses.

Segundo Wladimir Janousek, da consultoria JCS, o resultado é fruto de um desenvolvimento de quase 30 anos, com investimentos robustos em tecnologia, estruturada num modelo verticalizado. É algo que o Brasil não conseguiu fazer, apesar de muitos incentivos públicos ao setor.

Fonte: O Globo
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 09/12/2024

 

País tem potencial para mais R$ 100 bi em obras de saneamento

Mais de 90 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à coleta de esgoto e 32 milhões não dispõem de água potável em suas residências.

A informação é de Flávio Unes, diretor titular do Departamento Jurídico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Na semana passada, a entidade reuniu especialistas e lideranças para discutir avanços, gargalos e oportunidades gerados pelo novo Marco Legal do Saneamento Básico.

Segundo Unes, desde a aprovação do Marco Legal, foram realizados 45 leilões de concessões de serviços de água e esgoto, mobilizando quase R$ 70 bilhões em novos investimentos.

Há, ainda, potencial para mais R$ 100 bilhões em obras voltadas à universalização do saneamento.

Na avaliação do diretor do Dejur, André Rosilho, o grande objetivo do Marco Legal foi dar novo estímulo para a universalização do serviço de saneamento. Embora tenha havido avanços nesse sentido, ainda existe um grande caminho a ser percorrido.

“Estados e municípios precisam se unir para compartilhar a titularidade do serviço e superar os gargalos existentes. É necessário criar escala e condições técnicas para atendimento da demanda, o que pode ser obtido por meio da articulação entre os entes federativos”, disse Rosilho.

Na avaliação de Eduardo Capobianco, presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp, a elevada taxa de juros é um entrave significativo para atrair novos investimentos, impactando diretamente os projetos privados.

Presente ao evento, Luciene Ferreira Monteiro Machado, chefe do departamento de Saneamento do BNDES, elencou a ampliação de investimentos e melhorias no serviço como pontos cruciais para que o Marco Legal atinja seus objetivos.

“Hoje, o investimento realizado é apenas metade do necessário para atingir a universalização dos serviços de saneamento”, alertou.

Ela detalhou que o BNDES já realizou 13 leilões com projetos regionalizados e trabalha em outros 15, que podem gerar investimentos estimados em R$ 130 bilhões e beneficiar cerca de 55 milhões de pessoas.

Para o professor Fernando Marcato, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a regionalização dos serviços em municípios operados por autarquias locais ainda representa um dos maiores gargalos. Ele sugeriu maior indução por parte do governo federal e estadual para que prefeitos encontrem soluções que atendam às metas de universalização.

“A fim de mudar os números que temos, deve haver uma indução por parte do governo federal ou estadual, para que os prefeitos encontrem soluções para suas questões de saneamento”, disse.

Fonte: Metrópoles
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 05/12/2024

 

Exportações brasileiras: Projeções põem petróleo como produto líder nas exportações

O petróleo deve se tornar, em 2024, o produto líder da exportação brasileira, desempenho inédito na série histórica da balança comercial brasileira desde 1997. Até a última divulgação com dados parciais de novembro, no dia 25, a exportação de soja somou neste ano US$ 41,923 bilhões, menos de US$ 60 milhões à frente dos US$ 41,867 bilhões em embarques de petróleo. Por esses dados, a fatia da soja no total da exportação foi de 14,62% contra 14,61% do petróleo. Até novembro do ano passado as participações foram de 16,5% e 12,6%, respectivamente.

A expectativa é que o petróleo ultrapasse o grão que, por questões sazonais de safra, tem historicamente embarques mais intensos até setembro. Segundo os dados parciais até o último dia 25, o embarque médio diário da soja em novembro foi de US$ 68,34 milhões, contra US$ 255,76 milhões do petróleo.

O petróleo deve terminar 2024 com nível recorde de exportação. A commodity já tem marca histórica de janeiro até outubro, último dado mensal consolidado divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A exportação de petróleo nesses meses somou US$ 38,29 bilhões, 10,6% a mais que em igual período de 2023. O avanço da participação da commodity energética na pauta de exportação brasileira, porém, também acontece porque houve queda do valor embarcado em soja neste ano. Até outubro, o grão somou US$ 40,97 bilhões em embarques, 15,6% a menos que em 2023, na mesma comparação.

 

O menor valor exportado do grão se deve à safra menor. Segundo os últimos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume total de soja colhido na safra 2023/2024 foi estimado em 147,38 milhões de toneladas, redução de 7,23 milhões de toneladas em relação ao período anterior. A queda foi causada principalmente por fatores climáticos, como atraso de chuvas e altas temperaturas. Com safra recorde em 2023, a soja brilhou no ano passado como o produto mais exportado pelo Brasil.

O volume da produção brasileira de petróleo também foi recorde em 2023, e no acumulado até outubro de 2024, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Petróleo (ANP), está 0,3% maior que no mesmo período do ano passado.

Apesar da alta das exportações, Bruno Cordeiro, analista de mercado da StoneX, explica que a produção de petróleo no Brasil este ano está aquém do esperado e a expectativa é de que encerre 2024 próximo da estabilidade em relação a 2023, com leve queda.

“Ao longo do segundo semestre do ano passado observamos uma produção em ascensão que refletiu novos investimentos, abertura de poços e elevação de produtividade de poços já em operação. Já no primeiro semestre de 2024, porém, houve uma desaceleração de produção”, diz. Além de uma quantidade importante de poços já maduros, que contribuem para uma tendência de declínio natural da oferta, explica, houve atrasos na esperada abertura de novos poços.

O nível de exportação de petróleo chegou a desacelerar no decorrer do ano, observa Bruno, mas nos últimos três meses houve um excedente exportável maior de petróleo bruto. “Isso aconteceu porque houve redução do processamento de petróleo pelas refinarias brasileiras, que vêm buscando a produção de derivados de maior valor agregado. Isso permitiu uma exportação em volume ainda maior do que no ano passado.”

Segundo dados da Secex, desde 2017 o petróleo está, ao lado da soja e do minério de ferro, no trio dos itens mais embarcados pelo Brasil. “Mas o petróleo como líder nas exportações é algo inédito. A rivalidade pelo topo do ranking ficava historicamente entre minério de ferro e soja”, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

O Brasil aumentou sua produção de petróleo nos últimos anos, mas em 2024 a evolução de preços também fez diferença, lembra Castro. “Tanto soja quanto petróleo tiveram queda de preço, mas a cotação da soja caiu mais.” Segundo a Secex, de janeiro a outubro o preço médio de exportação da soja caiu 16,8% contra iguais meses do ano passado enquanto o de petróleo recuou 2,9%.

A evolução das cotações internacionais está no radar para o desempenho da commodity no cruto prazo. “Estamos observando uma pressão para baixo no preço do petróleo, principalmente desde agosto. No início do ano o petróleo operava em torno de US$ 90 o barril. Hoje opera entre US$ 70 a US$ 75. O principal fator para isso está relacionado à demanda global nos próximos anos para a commodity”, diz Cordeiro. Entre os principais fatores que contribuem para isso, diz o analista da StoneX, está o possível acirramento do conflito comercial entre Estados Unidos e China, resultando em tendência de desaceleração da economia global, com redução de demanda por petróleo e derivados.

Para o analista, a política protecionista prometida pelo presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, pode fazer com que a exportação de petróleo fique ainda mais concentrada na China. Hoje, diz, 57% do petróleo brasileira embarcado vai para a Ásia, sendo cerca de 45% para a China.

"Transição energética pode mudar a rota dos investimentos"
— Bruno Cordeiro

Para o economista Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), há outras questões que podem influenciar a destinação do petróleo brasileiro. “Trump já disse que quer aumentar a produção doméstica americana de petróleo. E aí você começa a criar alguma confusão, com canais diretos e indiretos. Há também uma questão entre blocos. Será que a China pode comprar menos petróleo brasileiro, porque estamos mais ligado aos Estados Unidos, e comprar mais petróleo russo? Essa também é uma possibilidade, ainda que seja muito indireta. O canal primordial deveria ser um ajuste de preço, por causa das políticas americanas. Isso pode levar a uma redução da rentabilidade, mas não do volume da produção brasileira de petróleo.”

Segundo dados da Secex, a China é hoje o maior destino da exportação brasileira de petróleo, com fatia de 45,8%. Os Estados Unidos vêm em segundo, com 12,6%, seguido da Espanha, com 10,4%. Na soja, o país asiático é mais representativo. Os chineses absorvem 73,1% de toda a soja embarcada pelo Brasil, seguida pela Espanha, com 4,4%.

Segundo os dados do governo chinês, o Brasil é fornecedor importante das commodities. Entre os desembarques chineses, o Brasil é a principal origem de soja, a segunda de minério de ferro e a sexta em petróleo. A compra dos chineses de petróleo, porém, tem origem mais pulverizada. A fatia brasileira na importação chinesa de soja é de 73,8% enquanto na de petróleo é de 6,8%.

Para Castro, da AEB, há muita incerteza em relação ao comércio global a partir de 2025. Além disso, diz, as cotações de petróleo estão muito sujeitas a oscilações que podem acontecer com eventuais novos conflitos ou com as decisões de produção dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

No curto prazo, diz Cordeiro, o Brasil deve manter excedentes para exportação, caso a produção cresça, conforme os planos estratégicos da Petrobras e considerando também a baixa capacidade ociosa de refino no Brasil.

A longo prazo, diz ele, há outro fator que deve ser considerado: a entrada de biocombustíveis de forma mais intensa no mercado. “A pauta de exploração de petróleo começa a disputar espaço com outras, principalmente as relacionadas à transição energética. Há, por exemplo, a provável entrada da Petrobras no mercado de etanol. E observamos empresas do mercado de petróleo, olhando mais para o gás natural e soluções de baixo carbono em geral”, aponta Cordeiro. “Enquanto as expectativas de curto prazo estão ligadas a questões econômicas e geopolíticas, no horizonte mais longo, de cerca de cinco anos, deve vir um efeito maior da transição energética, que pode aumentar o nível de produção brasileira e mudar a rota dos investimentos.”

Atualmente, destaca Cordeiro, o Brasil está entre os dez maiores produtores de petróleo do mundo, com condição de oferta importante no mercado global. Mesmo fechando este ano com leve queda de produção em relação a 2023, a produção de petróleo de 2024 deverá ser a segunda maior na série histórica.

O aumento da produção, diz Welber Barral, sócio da BMJ e ex-secretário de Comércio Exterior, foi possibilitada pela exploração do petróleo do pré-sal, que hoje representa quase 80% da produção brasileira. “Apesar dos altos custos relativos nessa exploração, o Brasil aumentou muito a eficiência no pré-sal, o que propiciou aumento de produção.” “Mas o desafio é a agregação de valor, mesmo com aumento de produção do petróleo. Hoje o Brasil exporta muito petróleo cru e importa derivados.”

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 05/12/2024