Notícias

Tendência é de queda de preços do aço no 2º semestre

A oferta interna elevada e o aumento das importações deverão impactar os preços do aço no mercado brasileiro. A tendência é que, ao longo do segundo semestre, haja uma queda nos preços. O crescimento chinês menor que o esperado também é um dos fatores que podem provocar redução na cotação.

De acordo com o especialista da Valor Investimentos, Gabriel Meira, por agora o preço do aço gira em torno de US$ 3,7 mil a US$ 3,8 mil a tonelada e a previsão em relação aos valores é que os mesmos se mantenham para baixo.

“A gente tem visto que a exportação de forma geral, apesar de o Brasil ser um dos maiores exportadores para o mundo, ainda tem sido bem abaixo de 2022. Temos ainda uma demanda muito mais devagar, principalmente, por conta da retomada da China, que não tem voltado ao mesmo patamar que o mercado esperava”.

Diante dos fatores, Meira acredita que os preços possam cair. “Possivelmente, o preço do aço deve cair um pouco mais para o ano. Não sei falar um patamar, porque vai depender muito da volta da China”.

Em relação às siderúrgicas, de forma geral, Meira ressalta que a recomendação é de compra aqui no Brasil.

“ A própria XP está com indicação de compra para siderúrgicas, principalmente, porque elas podem se valer também não só da questão do preço do aço, que vai ser global, mas principalmente por diversificação de receita e ainda ter um patamar de venda interno, que vai facilitar bastante. O portfólio da CSN, da Gerdau, por exemplo, consegue facilitar que a empresa continue gerando linha de receita mesmo com o preço do aço lá fora em baixa”.

Segundo Meira, avaliando as commodities em geral, que são bastante ligadas à China, se não houver uma retomada do crescimento do país asisático, os preços tendem a cair.

“Se a China não voltar a crescer tão rápido quanto se pensava ou no mesmo patamar, o mercado deve penalizar e vamos ver o preço das commodities lá embaixo, não só do aço, mas do minério de ferro e outras”.

O CEO e fundador da Belo Investment Research, Paulino Oliveira, explica que no cenário doméstico, o preço do produto siderúrgico, no ponto de vista de paridade com o preço internacional, está em um patamar bastante alto.

“A depender do tipo de aço, a diferença do nacional para o importado pode superar em 30%. Algumas questões que podem justificar esse custo mais alto no curto prazo estão mais relacionadas ao aumento do crescimento econômico maior do que a expectativa e o aço é um metal cíclico. Também tem a questão específica do incentivo que foi feito para a compra de automóveis populares. Mas, esse desequilíbrio, não consegue se manter por um período muito extenso”.

Entre os pontos que podem interferir na cotação do aço está a pressão de queda de preço do produto na China. “A queda do preço na China reduz um pouco esse diferencial. Mas, ainda assim, a expectativa é que você tenha alguma queda no curto prazo no preço do aço no mercado doméstico”.

Ainda segundo Paulino, o período atual, que é de início de corte das taxas de juros, tanto no Brasil quanto, em breve, no mundo desenvolvido, pode gerar um estímulo à atividade econômica que, portanto, vai gerar alguma pressão para o aumento da demanda do aço.

No longo prazo, as questões demográficas, como o déficit habitacional na China e na Índia, em algum momento, vai coincidir com o aumento da renda.

“Isso acontecendo, a demanda efetiva pelo aço vai aumentar, o que leva a uma tendência, de longo prazo, de alta do preço do aço. Mas, no curto prazo, tudo vai depender do ritmo de corte de juros e da resposta da economia a essas ações de política monetária, que na prática tem um prazo difícil de prever, algo em torno de seis meses é o normal, mas varia muito”.

O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, também acredita que haverá redução dos preços no mercado interno.

“Hoje, a tendência de preços do aço é mais para queda do que para estabilização dos valores. Mas, ainda não temos movimentos oficiais das usinas. Observamos negócios feitos com alguns descontos para materiais de estoque ou algum lote”.

Ainda segundo Loureiro, essa tendência de queda da cotação deve se manter porque o prêmio continua muito alto – no laminado a quente varia entre 28% a 30% em relação ao mercado interno.

“Com um prêmio tão alto como esse, a importação está subindo de forma bem significativa em relação ao ano passado e essa compra externa vem persistindo. A informação que temos é do fechamento de novos lotes, que vão chegar daqui a cinco meses. Então, esse segundo semestre será, com certeza, de volumes mais altos”.

Ainda segundo Loureiro, nos últimos dias, houve um aumento pequeno nos preços internacionais de 2% a 3% frente um mês antes, porém, mesmo com o movimento, a tendência é de desvalorização interna devido a oferta elevada.

“O prêmio continua muito alto porque o dólar continua muito fraco, o que estimula as importações. Por isso, a gente não vê, a curto prazo, a possibilidade de haver um grande movimento de alta nos preços lá fora. Há expectativa de fortalecimento do dólar a curto prazo. Essa situação deve persistir”.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 08/08/2023

Minério de ferro fecha em queda com dados fracos da China

Os contratos futuros de minério de ferro caíram nesta terça-feira, eliminando os ganhos registrados no início da sessão, uma vez que dados comerciais fracos da China aumentaram a pressão sobre as autoridades para lançar mais medidas concretas de estímulo, enquanto cortes na produção de aço continuaram pesando sobre o mercado.

O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange da China DCIOcv1 encerrou as negociações do dia com queda marginal de 0,3%, para 716,0 iuanes (99,26 dólares) por tonelada, registrando baixa pela quarta sessão consecutiva.

Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência para setembro SZZFU3 recuou 0,4% para 100,6 dólares a tonelada.

As importações de minério de ferro da China em julho caíram 2% em relação ao mês anterior, mostraram dados alfandegários, já que as restrições de sinterização no principal centro de produção de aço Tangshan diminuíram a demanda pelo principal ingrediente siderúrgico.

No geral, as exportações do país caíram 14,5% em julho em relação ao ano anterior, enquanto as importações contraíram 12,4%, mostraram dados, no maior declínio nos embarques da segunda maior economia do mundo desde fevereiro de 2020.

A economia da China cresceu a um ritmo lento no segundo trimestre, com a demanda enfraquecida no país e no exterior, levando os principais líderes a prometer mais medidas de apoio na reunião do Politburo do mês passado.

As preocupações com novos cortes na produção de aço na China também ressurgiram, com a Rio Tinto alertando na semana passada que a produção de aço do país estava atingindo o ponto de saturação, disseram analistas da ANZ em nota.

As siderúrgicas da província de Yunnan, no sudoeste da China, foram solicitadas a se preparar para reduzir a produção para atender a uma determinação do governo de limitar a produção de 2023 ao nível da do ano passado, disseram duas consultorias chinesas em 28 de julho.

Fonte: ADVFN
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 08/08/2023

Prioridade da CSN é estancar expansão da dívida financeira

Há uma meta bem clara a todos na Companhia Siderúrgica Nacional(CSN): reduzir até o final do ano o nível de alavancagem financeira da companhia, que atingiu no fim de junho 2,78 vezes na relação de geração operacional (Ebitda) e dívida líquida. O objetivo é baixar esse nível para 1,95 vez, informou nesta quinta-feira (03) o presidente da empresa, e também acionista, Benjamin Steinbruch.

A afirmação foi feita durante reunião virtual com analistas de bancos, após a divulgação do balanço financeiro e operacional do segundo trimestre, que trouxe resultados não tão alvissareiros como os vistos em 2021 e até parte de 2022. A dívida líquida atingiu R$ 31,45 bilhões, 50% acima do mesmo trimestre do ano passado.

Um dos problemas no negócio de aço, desde o início do ano, ocorreu na usina em Volta Redonda (RJ), impactando a produção e obrigando a empresa a comprar placas de aço de terceiros. elevando custos, além de gastos para correções dos equipamentos. Segundo Steinbruch, a empresa conseguiu estancar o problema, retomando a normalização desde o início de julho.

“Começamos o ano bastante atrapalhados e tivemos de trabalhar muito para corrigir o problema”, disse Steinbruch. “Agora estamos retomando o crescimento da produção de aço, levando a uma redução de custos, que se somará com a queda dos preços de matérias-primas. A empresa consome, entre outros insumos, minério de ferro, carvão, zinco e estanho.

A divisão siderúrgica, devido a esse impacto, viu sua margem do Ebitda recuar para 9,3% no trimestre e o montante a R$ 553 milhões. A empresa disse que conseguiu manter os preços do aço, mesmo com a pressão de baixa, local e mundialmente, forte.

No negócio de minério de ferro, o empresário disse que espera melhora nos preços com o plano previsto de reaquecimento da economia chinesa. “Batemos recordes de produção e vendas no segundo trimestre. Fomos afetados pela queda de preço. Agora, vamos tirar proveito dessa melhora que deverá vir [planos na China]”, disse.

Steinbruch comentou que a segunda parte do ano (julho a dezembro), historicamente, é de maior geração de caixa nos negócios da empresa e que isso vai contribuir para a desalavancagem. Ele justifica que a CSNdesembolsou R$ 13 bilhões com as aquisições da cimenteira Lafarge-Holcim no país, os ativos de energia da CEEE e pagamento de R$ 2,7 bilhões em dividendos - tudo entre setembro passado e maio deste ano.

“Nosso objetivo é manter um caixa na empresa na casa de R$ 15 bilhões, como uma forma de seguro para o momento [mais difícil] das finanças mundiais. Vamos retornar aos nossos objetivos traçados, trabalhando para ter neste trimestre as margens históricas”.

Perguntado quando e como a companhia vai dar partida a novo plano estratégico de crescimento, Steinbruch afirmou: “Nada mudou”. O empresário ressalvou, no entanto, que no meio do caminho foram feitas as aquisições em cimento e energia, além de uma remuneração mais robusta aos acionistas. “Essas aquisições e esforços foram válidos. Agora, até o final do ano é fazer a desalavancagem [financeira] e recuperação de caixa”.

Segundo o empresário, a estratégia está mantida, inclusive com compra de ativos no exterior, mas esse caminho passa antes por algumas premissas e pilares. Ele cita atenção da CSN para ESG e inovação, foco na desalavancagem, estrutura de capital sólida e operação ajustada da siderúrgica em Volta Redonda. Garantidas essas prioridades, afirmou, abre-se espaço para oportunidades de crescimento, porém nos próprios negócios, aproveitando sinergias.

Steinbruch disse que várias iniciativas estão sendo tocadas na empresa. E não descartou buscar novamente a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da CSN Cimentos (agora robusta, vice-líder do mercado, e operando ao nível de 13 milhões a 14 milhões de toneladas ao ano) e um sócio para a empresa energia adquirida no Sul. O desenho inicial previa ir ao leilão da CEEE meio a meio com a EDP.

Sobre ter ativos no exterior, vê como prioridade, mas observa: “Sem sacrificar a geração de Ebitda e o endividamento da CSN”.

Provocado por um analista sobre a saída da Nippon Steel do capital da Usiminas - principal concorrente da CSN -, tornando controlador da siderúrgica o grupo Ternium, Steinbruch disse que só confirmou o que a CSN sempre disse internamente, e agora é público: que o grupo ítalo-argentino sempre esteve à frente da gestão, desde que entrou na Usiminas, em 2012. A CSN é detentora de ações da rival mineira e foi à Justiça, sem sucesso, contra a Ternium, pedindo uma oferta pública de ações.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/08/2023

Siderúrgicas reclamam da “falta de proteção” ao aço brasileiro após invasão de importados

As siderúrgicas brasileiras não tiveram um segundo trimestre positivo e – ainda por cima – enxergam um fator adicional jogando contra: as importações de aço. Com a demanda caindo no mundo e a economia chinesa vacilante, fabricantes globais do produto vêm elevando suas vendas ao Brasil, diante da “falta de proteção” da indústria local.

O segmento de aço no Brasil está pouco aquecido, bem como o da China, o principal comprador deste produto no mundo, com a reabertura frustrando, destacaram os analistas do JP Morgan. Além do impacto no faturamento, este cenário leva à uma pressão adicional nos custos, gerando menor diluição das despesas e reduzindo as margens das siderúrgicas brasileiras.

“Há uma demanda enfraquecida. Estamos vendo com preocupação alguns fatores, como elevada taxa de juros e a importação de produtos acabados, que se incrementou sensivelmente”, disse Marcelo Chara, diretor executivo (CEO) da Usiminas, na teleconferência da companhia, realizada há uma semana.

Nesta quinta-feira (3) foi a vez da CSN (CSNA3) mencionar excessos de facilidades à importação de aço.

“A pressão de importados dificultou muito nossa vida. Não foi fácil segurar os preços, mas estamos vendo melhora no segundo semestre”, comentou Benjamin Steinbruch, diretor presidente da Companhia Siderúrgica Nacional.

Logo após, o executivo defendeu que a defesa comercial não é algo ilegal. “É uma proteção inexistente no Brasil. É algo que precisa melhorar muito. Todo país tem isso”, disse Steinbruch.

Os produtores siderúrgicos estrangeiros aproveitaram o real mais fraco e o baixo preço do aço no mercado externo, fruto de uma baixa demanda, para ganhar espaço no Brasil.

Siderúrgicas enxergam invasão de importados

De acordo com dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, de janeiro a abril o volume de aços planos importados pelo Brasil aumentou 18,5% no ano, para 659,5 mil toneladas.

Em abril esse número saltou 46,7%, chegando a 161 mil toneladas. A China foi o maior vendedor para o mercado brasileiro, com 55% das vendas.

Segundo os executivos das duas companhias, a metalúrgicas chinesas estão operando com margens negativas – e impossíveis de serem batidas.

As duas concorrentes nacionais esperam que no segundo semestre, porém, que a situação melhore.

“Apesar de a produção no primeiro semestre por lá ter sido bastante alta, eles vão, no segundo semestre, restringir a produção para voltar a combater a poluição. Além disso, a margem da indústria chinesa opera negativa, praticamente insustentável”, comentou o CEO da CSN, mencionando também a esperança de estímulos na China minguarem a vinda de aço de fora para o Brasil.

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/08/2023

 

CSN tenta manter preços de aço estáveis no Brasil, avaliará aumento em setembro

A CSN está produzindo aço em ritmo maior desde julho, após um primeiro semestre em que enfrentou problemas operacionais em sua usina no Rio de Janeiro, e espera conseguir manter os preços da liga no mercado interno no curto prazo, apesar do forte aumento das importações no Brasil.

Porém, como a empresa está vendo uma tendência de alta nos preços do aço na China nos próximos meses, a companhia vai avaliar um eventual aumento no Brasil em setembro, disse nesta quinta-feira o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, em conferência com analistas.

“Vamos lutar muito para ter estabilidade de preços e, dependendo do que acontecer na China, poderemos pensar em realinhamento de preços no Brasil para setembro”, disse Martinez. “Chegamos a ter margem de 500 dólares por tonelada e hoje caiu muito. Vamos ter que puxar (o crescimento de margem) de alguma maneira com redução de custos e tentar recuperar um pouco com o preço”, acrescentou.

Segundo o executivo, a tendência de alta nos preços de aço da China decorre de uma previsão de produção menor no segundo semestre por preocupações ambientais, siderúrgicas locais com margens negativas diante dos preços baixos da liga e pacote de estímulo econômico do governo.

A companhia divulgou na noite da véspera queda de 23% no lucro líquido sobre um ano antes, pressionada por preços baixos de aço e minério de ferro e produção menor de aço, enquanto o segmento de cimento viu queda de margem também por preços internos “em recuperação”.

IPO em cimentos?

A operação de cimento da CSN viu a margem desabar de 34,2% no segundo trimestre do ano passado para 19,6% no mesmo período deste ano. Mas diante de fatores que incluem captura de sinergias derivadas da aquisição dos ativos da LafargeHolcim a empresa espera chegar a entre 25% e 30% nos próximos trimestres.

A área de cimentos está há anos nos planos da CSN para um IPO, e uma eventual operação do tipo poderia ajudar a frear o momento de elevação da alavancagem do grupo, que alcançou 2,78 vezes ao final de junho ante 1,31 vez um ano antes. A meta da companhia em 2023 é ter relação dívida líquida sobre Ebitda de 1,75 a 1,95 vez.

O diretor financeiro da CSN, Marcelo Cunha Ribeiro, afirmou que o IPO, se realizado, tem potencial para reduzir o endividamento em 3 bilhões de reais e que a entrada de eventual sócio nas operações de energia elétrica do grupo poderá reduzir a alavancagem em outros 3 bilhões.

“Temos tido conversas bastante interessantes (sobre parceria em energia), mas não temos pressa”, afirmou Ribeiro, citando, porém, que uma decisão sobre um sócio para o negócio pode ocorrer “até o final do ano”.

Enquanto isso não acontece, a CSN vai reduzir para 1 bilhão de reais o pagamento de dividendos no segundo semestre em relação aos valores “extraordinários” pagos nos últimos trimestres, disse Ribeiro.

“O plano é retornar a este nível anterior. Vai melhorar o fluxo de caixa, o que vai ajudar na redução da alavancagem, junto com potencial parceria em energia e IPO em cimentos”, afirmou sem dar detalhes sobre prazos.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/08/2023

Corte da Selic é bem-vindo, mas indústria só sentirá efeito em 2024, diz Fiesp

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de cortar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 13,25%, é bem-vinda, mas não altera por ora a situação da indústria brasileira, disse nesta quarta (2) o economista-chefe da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Igor Rocha.

"Não esperamos efeitos grandes. Só em seis meses, ou seja, no próximo ano", afirmou Rocha à Folha logo após a publicação da decisão dos diretores do Banco Central.

O economista destaca que o patamar da Selic no país ainda é muito alto e, ao contrário de outros setores, a indústria de transformação não é beneficiada por créditos subsidiados, como o agronegócio, por exemplo.

Por isso, Rocha explica que a indústria é a mais sensível aos juros altos, sendo 50% mais afetada ao aperto monetário em comparação com os outros setores da economia.

O economista vê como positiva, contudo, a indicação dada pelos membros do comitê, no comunicado divulgado junto da decisão, de mais cortes na mesma proporção da Selic nas próximas reuniões do Copom.

O economista estima que a taxa básica de juros deve chegar ao fim do ano um pouco abaixo de 12%, se não houver nenhuma surpresa negativa até lá.

Segundo Rocha, caso o real se valorize ainda mais ante o dólar e a inflação mantenha trajetória de queda, pode haver espaço ainda neste ano para um corte mais intenso dos juros, de 0,75 ponto percentual.

O economista-chefe da Fiesp diz que não se surpreendeu com a decisão do Copom, já que a maioria dos operadores de mercado já apostavam nesse resultado.

SETOR PRODUTIVO DIZ QUE DECISÃO É 'ACERTADA'

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, considera acertada a decisão do BC desta quarta-feira. "Não compromete o processo de combate à inflação e evita um desaquecimento maior da indústria e da economia."

Andrade também diz acreditar que, se o cenário de descompressão da inflação se mantiver nos próximos meses, há espaço para cortes mais intensos da Selic.

"As expectativas de inflação têm passado por sucessivas revisões para baixo e a apreciação da taxa de câmbio, nos últimos meses, também representa mais um elemento positivo para esse cenário de controle da inflação", diz Andrade.

Em nota, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) também usou a palavra "acertada" para se referir à deliberação do Banco Central sobre os juros.

"A inflação no Brasil é hoje umas das mais baixas do mundo", diz a entidade. "O início do ciclo de queda da taxa de juros é um primeiro passo para um novo momento do varejo brasileiro."

A entidade indicou que, para o setor varejista, o movimento de ciclo de baixa dos juros já poderá ser sentido em breve.

"Mesmo que gradual, esse movimento vai aliviar o orçamento das famílias e das empresas que se endividaram muito na pandemia, abrindo espaço para o aumento do consumo e para a melhoria das condições de crédito", afirma a CNC.

Setor também fortemente afetado pela alta da taxa básica de juros, a construção civil comemorou o corte da Selic.

A Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) diz, em nota, que considera positiva a redução dos juros em 0,5 ponto percentual, e que espera um movimento contínuo para que a Selic se estabilize em patamar baixo no longo prazo.

Segundo o presidente da entidade, Luiz França, o corte na taxa básica de juros é essencial para a incorporação imobiliária e a construção civil, uma vez que os financiamentos habitacionais de imóveis de médio e alto padrão são impactados pela contração da política monetária.

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 03/08/2023