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Produção de aço bruto cresce 11% de dezembro de 2022 para janeiro desse ano

A produção de aço bruto cresceu 11,1% em janeiro de 2023, frente a dezembro de 2022, tendo atingido 2,8 milhões de toneladas, de acordo com o Instituto Aço Brasil. O consumo aparente de produtos siderúrgicos variou positivamente 15,6% no mesmo período, para 2,0 milhões de toneladas. As vendas internas chegaram a 1,6 milhão toneladas, alta de 16,1%.

As exportações fecharam em 972 mil toneladas, variação positiva de 3,1% frente a dezembro, e as importações chegaram a 377 mil toneladas, alta de 11,5% no período.

Porém, comparando janeiro de 2023, com janeiro de 2022, a situação é diversa. Em janeiro de 2023 a produção brasileira de aço bruto foi de 2,8 milhões de toneladas, uma queda de 4,9% frente ao apurado no mesmo mês de 2022. Já a produção de laminados foi de 1,9 milhão de toneladas, 7,9% inferior à registrada em janeiro de 2022. A produção de semiacabados para vendas foi de 860 mil toneladas, um aumento de 7,9% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2022.

As vendas internas avançaram 9,2% frente ao apurado em janeiro de 2022 e atingiram 1,6 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,0 milhões de toneladas, 10,1% superior ao apurado no mesmo período de 2022.

EXPORTAÇÕES – As exportações de janeiro foram de 972 mil toneladas, ou US$ 823 milhões, o que resultou em queda de 17,5% e de 18,4%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2022.

IMPORTAÇÕES – As importações de janeiro de 2023 foram de 377 mil toneladas e de US$ 491 milhões, um aumento de 27,6% em quantum e de 20,5% em valor na comparação com o registrado em janeiro de 2022.

 
Fonte: IPESI
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/02/2023

Produção de aço recua 4,9% em janeiro, na comparação anual, diz Aço Brasil

O Instituto Aço Brasil, que reúne as usinas siderúrgicas instaladas no país, informa que a produção de aço bruto do país recuou 4,9% em janeiro na comparação anual com 2022. Somou 2,78 milhões de toneladas, ante 2,93 milhões de um ano atrás.

Em relação a dezembro passado, um mês atípico e bastante fraco, houve crescimento de 11,1% na produção de janeiro de 2023.

O consumo aparente de produtos siderúrgicos, um termômetro importante - soma vendas internas com as importações —, atingiu 2 milhões de toneladas, 10,1% superior ao apurado no mesmo mês de 2022, indicou a entidade. Contra dezembro, houve alta de 15,6%.

Conforme o Aço Brasil, as vendas internas avançaram 9,2% frente ao apurado em janeiro de 2022, com 1,6 milhão de toneladas. Na comparação com o último mês do ano passado, foi registrada expansão de 16,1%.

Em janeiro, o Brasil exportou 972 mil toneladas, o que representou queda de 17,5% na comparação com janeiro de 2022. Ante o mês de dezembro, a variação foi positiva em 3,1%,

As importações cresceram 27,6% no primeiro mês de 2023, alcançando 377 mil toneladas. Frente a dezembro, registraram alta de 11,5%.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/02/2023

Exportações de sucata ferrosa iniciam 2023 em alta

As exportações de sucata ferrosa, insumo usado na fabricação de aço, ficaram praticamente estáveis em janeiro de 2023 em relação ao mesmo mês de 2022, com variação negativa de apenas 0,8%.

As vendas externas somaram no mês passado 37.891 toneladas, ante 38.203 toneladas em janeiro de 2022.

Quando comparadas a dezembro do ano passado, com 21.553 toneladas, as exportações de sucata tiveram expressivo salto de 75,8%, conforme dados do Ministério da Economia, Secex.

Mas o devastador terremoto na Turquia, um dos maiores importadores mundiais de sucata, deve afetar o mercado de aço em geral e trazer incerteza para os próximos meses.

Segundo Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), órgão de classe que representa mais de 5,6 mil recicladores que reinserem insumos recicláveis na cadeia produtiva, as exportações, com certeza, serão afetadas em função dos problemas econômicos da Turquia decorrentes do terremoto.

Alvarenga estima forte queda na produção de vergalhão e baixa nos preços com a maior oferta de sucata.

Os reflexos devem ser negativos também no mercado interno, que se retraiu em quase todo o ano passado e começava uma lenta recuperação, conforme o Inesfa.

Isenção 

Conforme Alvarenga, os recicladores estão confiantes na ampla assinaturas de parlamentares no requerimento de recriação da Frente Parlamentar dos Recicladores do Brasil (FFRB) para 57ª legislatura e na votação pelo Congresso do PL 4035/2021, que isenta a cobrança de PIS/Cofins na venda de insumos recicláveis.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/02/2023

União Europeia abrirá relevantes oportunidades para as exportações brasileiras, aponta estudo da ApexBrasil

Estudo inédito da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) aponta que a eliminação tarifária gerada pela eventual entrada em vigor do acordo entre Mercosul e União Europeia poderá abrir oportunidades para empresas brasileiras. Após 20 anos de longas negociações, a possível implementação desse acordo constituirá uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, com população conjunta de cerca de 720 milhões de habitantes e PIB de US$ 19,2 trilhões em 2021, o que representa um quarto do PIB mundial.

Ao se cruzar o Mapa de Oportunidades Globais da ApexBrasil com as listas de produtos com desgravação imediata ou em até 4 anos do acordo, as importações da União Europeia identificadas como oportunidades chegam a 100 bilhões de dólares, das quais o Brasil contribui com 3,5 bilhões. As exportações brasileiras desses produtos enfrentam atualmente tarifas de 4,5%, em média. A eliminação dessas tarifas aumentará a competitividade do Brasil em relação a outros parceiros comerciais do bloco. Além disso, beneficiará a exportação de produtos de setores que vão além das commodities, gerando diversificação da pauta exportadora.

Este caminho vai ao encontro da estratégia traçada pelo governo federal de reindustrialização do país, considerada essencial para a retomada do desenvolvimento sustentável, conforme afirmou o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, também vê como missão da Agência apoiar a diversificação e ampliação da pauta exportadora.

Desde 2012, tem ocorrido uma primarização da pauta exportadora brasileira para o bloco. Segundo o estudo da ApexBrasil, com base em dados do TradeMap, entre 2012 e 2021, a participação das exportações de produtos primários para o bloco passou de 35,8% para 53,7% do total exportado. Os principais produtos exportados atualmente são commodities como “óleos bruto de petróleo”, “soja”, “farelos de soja e outros alimentos para animais”, “minério de ferro e seus concentrados” e “café não torrado”, segundo a classificação CUCI. No total, esses principais produtos representam 47,2% das exportações brasileiras para a União Europeia em 2021.

Outra expectativa em relação ao acordo é a recuperação do espaço do Brasil no mercado europeu. As exportações brasileiras para a União Europeia apresentaram oscilações nas últimas décadas. Nos períodos analisados, entre 2001 e 2011, houve aumento médio anual no valor de exportações de 14,3%. Já entre 2012 e 2021, houve diminuição média anual de 2,8% no valor exportado, o que fez com que a participação do Brasil no total importado pela União Europeia caísse aproximadamente de 2% para 1,5%. Em 2022, o Brasil exportou US$ 50,8 bilhões para a União Europeia, um aumento de 39,1% em relação a 2021, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

O estudo da ApexBrasil faz uma análise do impacto da eliminação, de imediato e em até 4 anos após a ratificação do acordo, de diversas tarifas de importação. Segundo o Gerente de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, Igor Celeste, a redução das tarifas traz uma maior viabilidade para as exportações brasileiras. “O imposto de importação sempre constitui um desafio para quem exporta. Quando as tarifas são eliminadas, o preço final do produto torna-se mais acessível e, portanto, mais atraente para o comprador.”

Máquinas e equipamentos

Segundo o estudo, os setores que tendem a se beneficiar mais da eliminação tarifária prevista no acordo são aqueles que demonstram possuir competitividade e espaço para crescimento no mercado europeu. Os ramos de máquinas e equipamentos, produtos químicos e outros artigos manufaturados são alguns deles. Para os fabricantes de maquinário, por exemplo, a implementação do acordo pode trazer novas perspectivas de expansão, dado que, em 2022, houve queda de 5,9% em sua receita líquida, conforme dados da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Nesse contexto, as máquinas e equipamentos com oportunidades identificadas possuem, na União Europeia, um mercado importador de 60 bilhões de dólares ao ano, das quais o Brasil contribuiu com cerca de 1,5 bilhão.

O setor de máquinas e equipamentos atualmente tem déficit na balança comercial com os europeus, afirma a Diretora de Comércio Exterior da Abimaq, Patrícia Gomes. “De maneira geral, o acordo Mercosul-UE pode trazer oportunidades para alguns setores e nichos. E o trabalho na agenda da sustentabilidade, principalmente, diante da crise energética europeia, fortalece essas oportunidades. Mas também é importante que sejam implementadas medidas e reformas internas para que o setor ganhe em competitividade e possa, de fato, reverter essas oportunidades em resultados”, explica.

Dentre os produtos do setor com oportunidades, pode-se exemplificar o caso das máquinas em geral, equipamentos industriais e peças de máquinas – divisão CUCI que inclui bombas de ar ou de vácuo, veios de transmissão e manivelas e torneiras e válvulas:

Importações anuais da União Europeia (com oportunidades): US$ 12,7 bilhões;
Exportações anuais do Brasil para o bloco (com oportunidades): US$ 205 milhões;
Tarifas ad valorem entre 1,7% e 4%, a serem eliminadas imediatamente ou em 4 anos;
Principais mercados para o Brasil: Alemanha, Itália e França.
Produtos Químicos

Plástico em formas primárias

Importações anuais da União Europeia (com oportunidades): US$ 15,5 bilhões;
Exportações anuais do Brasil para o bloco (com oportunidades): US$ 341 milhões;
Tarifas ad valorem de 6,5%, a serem eliminadas em 4 anos;
Principais mercados para o Brasil: Bélgica, Itália e Espanha.
Artigos Manufaturados

Couros e peles finas revestidas

Importações anuais da União Europeia (com oportunidades): US$ 1,5 bilhão;
Exportações anuais do Brasil para o bloco (com oportunidades): US$ 230 milhões;
Tarifas ad valorem entre 2% e 6,5%, a serem eliminadas imediatamente ou em 4 anos;
Principais mercados para o Brasil: Itália, Alemanha e Hungria.
Obras Diversas

Calçados e partes para calçados

Importações anuais da União Europeia (com oportunidades): US$ 1,9 bilhão;
Exportações anuais do Brasil para o bloco (com oportunidades): US$ 107 milhões;
Tarifas ad valorem entre 3% e 7%, a serem eliminadas imediatamente ou em 4 anos;
Principais mercados para o Brasil: Alemanha, França e Países Baixos (Holanda).
Produtos alimentícios

Carnes e preparações de carne

Importações anuais da União Europeia (com oportunidades): US$ 373 milhões;
Exportações anuais do Brasil para o bloco (com oportunidades): US$ 93 milhões;
Tarifas ad valorem entre 6,4% e 16,6%, a serem eliminadas em 4 anos;
Principais mercados para o Brasil: Itália, Bélgica e Alemanha.
Deve-se considerar que existem outras oportunidades que poderão advir da entrada em vigor do acordo entre Mercosul e União Europeia, além daquelas relacionadas à eliminação imediata em até 4 anos de tarifas. Há oportunidades de longo prazo, bem como aquelas relacionadas a concessões obtidas em cotas (tarifárias ou não), independente de prazo ou cronograma de desgravação. Essas outras oportunidades não foram objeto do estudo. Da mesma forma, o estudo não abordou análises de outros fatores relacionados à implementação do acordo que possam impactar a economia doméstica brasileira.

Fonte: Notícias Agrícolas
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 15/02/2023

Tribunais analisam PIS/Cofins de receitas financeiras

Os Tribunais Regionais Federais (TRFs) já começaram a analisar os pedidos de liminares de contribuintes para recolher o PIS e a Cofins sobre receitas financeiras com alíquotas reduzidas - de 2,33% no total - por 90 dias. Já são ao menos 414 ações que discutem o tema no país, segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, a tendência das decisões judiciais tem sido favorável ao Fisco, já em São Paulo, o cenário está dividido.

Essa movimentação no Judiciário fez até mesmo com que o próprio governo federal entrasse, no dia 3, com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF). Pede que sejam suspensas, com urgência, as decisões judiciais de todo o país que permitem o recolhimento das alíquotas reduzidas. Requer também que seja declarado válido o Decreto nº 11.374, de 2023, que restabeleceu as alíquotas das contribuições em 4,65% (ADC nº 84).

A redução das alíquotas tinha sido instituída pelo Decreto nº 11.322, assinado pelo então presidente em exercício da República, Hamilton Mourão. O texto foi publicado no dia 30 de dezembro e passava a vigorar no dia 1º de janeiro. O impacto da medida foi calculado em R$ 5,8 bilhões. Porém, a norma foi revogada pelo Decreto 11.374, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo dia 1º de janeiro, mas publicado no dia 2.

Com isso, contribuintes começaram a recorrer à Justiça. Alegam que a elevação das alíquotas das contribuições sociais só poderia entrar em vigor após 90 dias da publicação do decreto do governo Lula - ou seja, do cumprimento da chamada “noventena”.

A PGFN reconhece existir jurisprudência a favor da noventena, mas alega que ela não poderia ser aplicada nesse caso, por ser “atípico”. Para o órgão, como as mudanças foram rápidas, não teriam chegado a gerar efeitos práticos aos contribuintes.

O TRF da 4ª Região (TRF-4) tem negado os pedidos. Das 15 decisões existentes, 14 negam pedido de liminar ou anulam liminares concedidas na primeira instância do Judiciário. Apenas uma mantém liminar obtida, segundo balanço da PGFN realizado a pedido do Valor. Já no TRF da 3ª Região (TRF-3) há 108 processos com posicionamentos que são controversos - a PGFN não especificou quantas liminares foram concedidas e quantas negadas.

Recentemente, o TRF-4 deu sua, até então, única decisão favorável aos contribuintes para uma grande empresa do agronegócio. A juíza convocada Adriane Battisti entendeu que seria o caso de manter a liminar concedida na primeira instância.

Segundo a decisão, “o adiamento de uma decisão precária, que restará superada em sentença iminente, seja ela contrária ou no mesmo sentido, acaba por atuar contra a segurança jurídica”, diz. Além disso, ela ressaltou que se houver reversão da decisão liminar na análise de mérito, o Fisco poderá fazer o lançamento e exigência dos tributos recolhidos a menor (processo nº 5002747-77.2023.4.04.0000).

Segundo os advogados que representam a empresa no processo, Vinícius Krupp e Marcelo Rohenkohl, do Pimentel e Rohenkohl Advogados Associados, a decisão é relevante porque o TRF-4 tem negado o pedido quando o contribuinte recorreu de decisão negativa em primeira instância.

Segundo Rohenkohl, “ainda que tenha existido um intervalo pequeno entre as normas, houve um efeito surpresa ao contribuinte, que desde o primeiro momento já contou com as alíquotas reduzidas”, diz.

Além disso, os advogados ressaltam que a norma e a jurisprudência do STF são claras em dar o prazo de 90 dias (noventena) para adaptação quando há majoração de contribuições sociais (ADI nº 52770 e RE 568503). “Infelizmente, deveria ser óbvio, mas os tribunais têm sido mais conservadores, via de regra, aceitando a argumentação fiscal do governo, deixando de lado a discussão jurídica”, diz Rohenkohl.

De acordo com a PGFN, as demais decisões do TRF-4 determinam a suspensão das liminares. Isso porque não estaria evidenciada a probabilidade do direito invocado ou porque “não bastam alegações genéricas de risco para autorizar a ordem judicial liminar” (AIs 5003517-70.2023.4.04.0000, 5003241-39.2023.4.04.0000, 5003249-16.2023.4.04.0000).

Em breve, contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá uniformizar o tema, ao analisar a ADC nº 84, proposta pelo próprio governo, e que deverá gerar efeitos sobre todos os pedidos de liminares do país.

Além disso, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) entrou com a ação direta de inconstitucionalidade, na qual pede o prazo de 90 dias para a alteração das alíquotas (Adin nº 7342). As duas ações foram distribuídas ao ministro do STF Ricardo Lewandowski.

De acordo com Edison Fernandes, do FF Advogados, com essas ações ajuizadas diretamente no Supremo, ou a Corte cassa todas as liminares em outras instâncias do Judiciário, ou todos os contribuintes estarão protegidos. “Para mim, foi uma certa surpresa essa ADC do governo porque o Haddad [ministro da Fazenda] deu a entender em algumas entrevistas que dariam a noventena, mas pelo jeito mudou de ideia”, diz. Tanto era assim, diz ele, que se aguardava um ato declaratório da Receita Federal confirmando esse posicionamento.

Como o recolhimento do PIS e da Cofins sobre as receitas financeiras de janeiro só ocorre no dia 25 de fevereiro, muitos contribuintes, segundo Fernandes, ainda não entraram com ação na Justiça. Aguardam para ver se algo se define até lá.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/02/2023

Reabertura da China pode adicionar 0,5 ponto ao PIB brasileiro este ano

A Nortec, instalada no município de Duque de Caxias, no Estado do Rio, fatura R$ 230 milhões por ano produzindo insumos farmacêuticos para medicamentos como anestésicos locais e antirretrovirais. Exporta de 10% a 15% de sua produção de 300 toneladas para América Latina, Europa e EUA. Com a reabertura da economia da China, após três anos de isolamento do país por causa da Covid, abriu-se uma nova janela de exportação. A Nortec já começou negociações para vender seus insumos ao mercado chinês, que considera estratégico. Espera ter a aprovação da “Anvisa da China” este ano e já em 2024 iniciar as vendas, que devem ficar inicialmente entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões, subindo para R$ 50 milhões nos anos seguintes.

Se a reabertura da segunda maior economia do mundo já traz novos negócios para a Nortec, também está sendo comemorada globalmente, por empresas e governos. Economistas avaliam que uma retomada consistente do crescimento chinês nos próximos anos terá impacto positivo no Produto Interno Bruto (PIB) mundial. E países emergentes como o Brasil, que têm na China seu principal parceiro comercial, devem se beneficiar.

— Este mês, vamos mandar nossa primeira missão para a China desde 2019. Era complicado negociar com o país fechado. Agora estamos bem otimistas — diz Marcelo Mansur, diretor-presidente da Nortec.

Mudança de modelo

O banco Goldman Sachs só esperava a reabertura chinesa no segundo trimestre. Com a antecipação, revisou sua projeção para o crescimento da China de 4,5% para 5,5%. O banco estima ainda um aumento de 10% no preço das commodities, especialmente minério de ferro e soja, pode acrescentar 0,5 ponto percentual no crescimento do PIB brasileiro. Já um aumento de 10% nas exportações (em volume) tem impacto de 0,3 ponto no PIB do país, segundo estudo feito por Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs.

 

Analistas de bancos estrangeiros já preveem alta de até 5% no preço do petróleo. Já a tonelada do minério de ferro pode atingir US$ 130 (em 2022, encerrou a US$ 111), com a demanda mais forte estimulada pela reabertura da China, estima o Citi.

Empresas que já fazem negócios com os chineses estão mais otimistas. Produtoras de frango e suínos, por exemplo, esperam crescimento global de 12% nas exportações de porcos e 3% a 4% nas de aves este ano, segundo estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Só no ano passado, foram quase US$ 2,5 bilhões.

— A China é nosso principal comprador. Adquiriu 43% da carne de porco exportada ano passado e 12% da de aves — diz Luís Rua, diretor de Mercados da ABPA, que desde o fim de 2022 tem uma gerente em Pequim.

 

O governo Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma visita à China para o fim de março, e a ABPA vai pedir a habilitação de novas fábricas para exportação e o reconhecimento de Paraná e Rio Grande do Sul como estados livres da febre aftosa sem vacinação.

A Petrobras também está animada. A reabertura e a recuperação econômica da China trazem impactos muito positivos para o mercado em geral e “também para a companhia, que tem no país asiático um importante mercado consumidor de petróleo”, diz a empresa em nota.

No ano passado, a China cresceu 3%, um número pífio se comparado à expansão de dois dígitos registrada no início dos anos 2000. Entre 1978 e 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês passou de US$ 150 bilhões para US$ 12,2 trilhões. Este ano, as estimativas indicam crescimento entre 5% e 5,5%. O governo chinês anunciou recentemente uma série de reformas no sentido de mudar a estratégia de crescimento, com uma substituição gradual do modelo de exportações pelo consumo interno, de olho em uma expansão sustentável a longo prazo.

Essa guinada traz desafios, como aumentar salários sem cutucar a inflação. E a crise de liquidez no setor imobiliário, com queda nas vendas e prédios inacabados, também preocupa. O governo barateou o financiamento a fim de estimular o setor, mas analistas lembram que, na pandemia, muitos empregadores de pequeno e médio porte faliram, e os padrões de consumo podem ter mudado bastante.

— A reabertura da China deverá reverberar no mundo todo. Mas será preciso observar se o efeito será mais interno ou externo, com essa mudança de modelo econômico. De qualquer forma, a força da economia chinesa, a segunda maior, é um amortecedor para o mundo e um vetor de crescimento para países emergentes — diz Matheus Spiess, analisa da Empiricus Research.

Spiess observa que os preços das commodities já estão elevados. Se isso se mantiver, puxado por um crescimento sustentável da China, há chance de um novo ciclo de commodities, e o governo Lula se beneficiaria desse movimento já a partir de 2024. Para este ano, Spiess projeta que a China cresça 5%.

O estrategista-chefe do banco Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno, concorda que a reabertura chinesa é uma notícia boa, mas lembra que outras grandes economias tiveram recuperação forte no pós-Covid para em seguida perder força. Por isso, diz, será preciso observar os fundamentos da economia chinesa e seus ganhos de produtividade.

De olho no baixo carbono

Segundo Rostagno, a reabertura chinesa abre o apetite de investidores estrangeiros por mercados emergentes, mas haverá mais seletividade, e países com a macroeconomia estável levam vantagens.

— O Brasil tem muitos desafios neste início de governo e, para se beneficiar, precisa fazer a lição de casa, apresentando seu novo arcabouço fiscal e medidas que melhorem o ambiente de negócios, como segurança jurídica, reforma tributária. É isso que vai definir o fluxo de investimentos para cá, e não apenas a recuperação da economia chinesa — diz Rostagno.

Ele lembra que tanto o ambiente interno como o externo eram diferentes no primeiro governo Lula. Hoje, a economia global está desacelerando, e o avanço da inflação é global. Os juros internacionais estão mais altos, e o risco de problemas com dívidas é maior.

— O ambiente econômico atual é muito mais desafiador do que naquela época — avalia Rostagno.

Larissa Wachholz, sócia da assessoria Vallya, pesquisadora do Cebri e especialista em China, observa que o país asiático está cada vez mais preocupado com questões ambientais, e o Brasil tem potencial em agricultura de baixo carbono, energia renovável e produtos estratégicos, como lítio e biofertilizantes.

— A reabertura da China é importante porque chinês gosta de negociar olho no olho. O governo brasileiro pode ajudar tirando barreiras, mas o setor produtivo precisa se movimentar para aproveitar as novas oportunidades — diz Larissa.

A Vale, que exporta minério de ferro para a China, já vê oportunidades também em produtos de baixo carbono. A companhia desenvolveu o briquete verde, espécie de combustível que pode ser usado na siderurgia, reduzindo emissões em mais de 10%.

“Como um dos maiores produtores mundiais de níquel, matéria-prima chave para baterias de veículos elétricos, também vemos oportunidades do rápido crescimento do setor de veículos de energia nova da China, que aumentou sua produção em 97% e suas vendas em 93% em 2022”, afirmou a Vale em nota.

Fonte: O Globo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 13/02/2023