Siderurgia aposta no hidrogênio verde para descarbonização

Siderurgia aposta no hidrogênio verde para descarbonização

O setor de siderurgia responde por cerca de 7% das emissões globais de dióxido de carbono. A produção de aço sustentável é um dos grandes desafios da indústria, que espera que o hidrogênio verde possa substituir o carvão nos processos integrados para redução do minério de ferro.

“No processo tradicional de fabricação do aço, o carbono ‘rouba’ o oxigênio, vira CO2 e deixa só o ferro. Substituiremos o carbono por hidrogênio, que ‘rouba’ o oxigênio e vira H2O”, resumiu Guilherme Abreu, gerente geral de sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil, em entrevista ao NetZero.

Para que isso seja possível, é preciso que o hidrogênio seja produzido com custos competitivos e a indústria instale reatores que permitam o seu uso. Segundo Abreu, a expectativa é de que esse processo comece em Pecém, no Ceará, onde está sendo construído um polo de hidrogênio verde com a participação da ENGIE. 

O objetivo do polo de produção de hidrogênio verde em grande escala no porto cearense é atender a demanda local e também favorecer as exportações do produto. No caso do uso local, as aplicações do produto serão destinadas à mobilidade pesada, indústria do aço, produção de químicos e mistura para as redes de transporte de gases. A meta é de que a produção local alcance, em 2030, 4 GW de capacidade.

Gás natural na transição energética da siderurgia

O gás natural vem sendo considerado um combustível de transição para as energias renováveis. Isso vale, inclusive, para a indústria siderúrgica. De acordo com o gerente de sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil, isto porque o gás emite menos carbono do que o carvão mineral. 

“É um caminho de transição, com a vantagem de que os fornos que usam gás natural – chamados fornos de redução direta – podem ser convertidos a hidrogênio com mais facilidade do que um alto forno tradicional”, afirmou. 

Hoje, o mercado busca minimizar as emissões utilizando sucata como matéria-prima para a fabricação de aço e carvão vegetal, produzido a partir de florestas plantadas. A sustentabilidade, no caso, está no fato de ser uma fonte renovável, já que as árvores capturam CO2 e podem ser replantadas.

Estudo recente coordenado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Centro de Economia Energética e Ambiental (Cenergia), da Coppe/UFRJ, demonstrou que o setor industrial será o que mais se beneficiará do uso do gás natural como vetor de mitigação de emissões para transição energética (veja detalhes aqui).

Fonte: Além da Energia
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/06/2023