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Minério de ferro segue firme com continuidade do otimismo sobre demanda na China

Por Enrico Dela Cruz

(Reuters) - Os contratos futuros de minério de ferro se mantiveram firmes nesta quarta-feira, com os dados de atividade da China em janeiro e fevereiro apontando para uma recuperação econômica, embora gradual, no maior produtor de aço do mundo.

O banco central da China aumentou as injeções de liquidez ao rolar o empréstimos com vencimento de médio prazo pelo quarto mês consecutivo, o que também deu suporte aos futuros de ferrosos.

O movimento do Banco Popular da China veio após os dados da semana passada que mostraram um crescimento de crédito inesperadamente forte para fevereiro, conforme Pequim procura apoiar a recuperação econômica.

O minério de ferro mais negociado em maio na Dalian Commodity Exchange da China terminou as negociações diurnas estável em 926,50 iuanes (134,48 dólares) a tonelada, perto do recorde do contrato de 936 iuanes.

Na Bolsa de Cingapura, o contrato de abril de referência do ingrediente siderúrgico subiu 0,4% para 132,20 dólares a tonelada.

A atividade econômica da China mostrou recuperação nos primeiros dois meses de 2023, à medida que o consumo e o investimento em infraestrutura impulsionaram a retomada após a interrupção da pandemia, apesar dos desafios da fraca demanda global e de uma desaceleração persistente no setor imobiliário.

A produção de aço bruto da China no bimestre aumentou 5,6%, à medida que as usinas elevaram a produção em antecipação a um novo impulso na demanda, com a atividade de construção doméstica prevista para aumentar no segundo trimestre.

"O consumo geral de produtos siderúrgicos mostrou um crescimento inesperado, o que melhorou muito a confiança do mercado", disseram analistas da Huatai Futures em nota.

(Por Enrico Dela Cruz em Manila)

Siderurgia faz a defesa do fim da cumulatividade

As duas versões de reforma tributária que estão em análise no grupo de trabalho da Câmara dos Deputados, as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) 45 e 110, atingem o principal objetivo das indústrias nessa discussão: acabar com a cumulatividade dos impostos. A dificuldade de eliminar o peso dos tributos embutidos em itens utilizados na produção é uma das principais causas da perda de competitividade da indústria brasileira, disse ao Valor o presidente executivo do Instituto Aço Brasil e coordenador da Coalizão Indústria, Marco Polo de Mello Lopes.

“A reforma tributária é vital para a indústria”, afirmou. Além de atacar o principal item do chamado Custo Brasil, a reforma ajudará a retomada do crescimento econômico.

Outro objetivo da indústria é buscar o equilíbrio das cargas tributárias entre os setores. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que a carga da indústria é de 46,2%, enquanto os serviços são tributados a 22,1% e o agronegócio, a 1,9%. Estimativas apontam que, com a reforma, a tributação sobre a indústria poderia recuar para algo como 25%.

É justamente nessa redistribuição de cargas que está a maior dificuldade da reforma tributária. À medida em que o debate avança, cresce a resistência movida por setores que podem passar a pagar mais impostos, como o setor de serviços.

O secretário especial de Reforma Tributária, Bernard Appy, tem respondido que a maior parte do setor de serviços está no Simples, que não será afetado pela reforma.

Além disso, são admitidos tratamentos especiais para áreas como saúde e educação. Isso, porém, será detalhado em lei complementar a ser enviada ao Congresso no início de 2024, num cálculo otimista.

Nesse cabo de guerra, a indústria tem procurado esclarecer a sociedade e os parlamentares sobre as vantagens comparativas da reforma tributária, explicou Mello Lopes. Ele esteve no Congresso Nacional na semana passada reforçando essa interlocução.

“Tudo o que poderia ser problema já foi discutido à exaustão”, afirmou o executivo. Por isso, acredita que há boas chances de a reforma ser aprovada. Na sua visão, o Congresso Nacional está alinhado para aprovar a reforma, assim como os Estados e a maior parte dos municípios. Por isso, há uma “janela histórica” de oportunidade para sua votação.

Por ter sido debatida por mais tempo, a PEC 110 tem a preferência da indústria.

A proposta tem outra vantagem. Evita eventual resistência dos Estados, que tantas vezes foi um obstáculo intransponível à reforma. Isso porque o relatório propõe um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) dual: um federal e outro, de Estados e municípios. A PEC 45 propõe um só IVA para as três esferas de governo.

A indústria listou pontos que considera fundamental estar na reforma. O primeiro é a mudança do conceito de crédito físico para financeiro. Hoje, para ter direito a crédito do PIS/Cofins, por exemplo, a empresa precisa comprovar que um item foi adquirido para ser usado na produção, e não em sua área administrativa (porque nesse caso não há crédito). Essa é causa de muitos contenciosos na Receita Federal e gera muita complexidade no sistema. A reforma permite que tudo gere crédito.

Outro item é a desoneração das exportações. Produtos industriais brasileiros vão ao exterior carregando em seus preços algo como 6,5% em impostos, quando o padrão mundial é zero. Isso afeta a competitividade dos produtos brasileiros. No ano passado, a balança comercial de manufaturados registrou déficit de US$ 128 bilhões.

Em 2011, foi criado um programa chamado Reintegra, que dá crédito tributário sobre as exportações, de forma a compensar esse resíduo. O programa não foi extinto, mas hoje retorna apenas 0,1% do valor exportado, quando a alíquota máxima pode ser de 3%. Mello Lopes defende que a alíquota seja aumentada e assim permaneça durante o período de transição que se seguirá à aprovação da reforma tributária.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 13/03/2023

CSN vê espaço para elevar preços de aços planos a partir de abril

A CSN está vendo um cenário favorável para um aumento de preços de aços planos no Brasil da ordem de 7,5% a 10% a partir do próximo mês, afirmou nesta quinta-feira o diretor comercial da companhia, Luis Barbosa Martinez.

“Se a demanda melhorar um pouco e o crescimento que estamos vendo agora em março se estabilizar…acho que conseguiremos emplacar entre 7,5% e 10% em planos”, disse o executivo durante conferência com analistas, após divulgação de resultados do quarto trimestre na noite da véspera.

“Em longos, é mais complicado por causa da equação de uma oferta e demanda mais apertada”, acrescentou o executivo. Martinez citou que o chamado “prêmio”, a diferença de preço entre o aço importado e o produzido no Brasil, no segmento de longos está negativo em 14%, enquanto em planos está “levemente negativo”.

Segundo ele, a CSN tem um plano de redução de custos de produção ao longo do primeiro semestre deste ano, que inclui avaliação de novas compras de placas de terceiros para laminação.

No quarto trimestre, o custo de placa foi de 3.923 reais por tonelada ante 4.133 no terceiro trimestre e 3.673 nos três últimos meses de 2021. O executivo avalia que a CSN está mirando margem de 20% para o segmento de siderurgia, após 13,6% no final do ano passado.

A companhia estima investimento de 4,4 bilhões de reais em 2023, após desembolsos de 3,4 bilhões de reais realizados em 2022, afirmou o diretor de finanças, Marcelo Cunha Ribeiro, em teleconferência com analistas nesta quinta-feira.

“Esperamos aceleração importante na geração de caixa, com evolução positiva do Ebitda que vai compensar o investimento maior”, disse o executivo. “O fluxo de caixa positivo vai nos permitir reduzir endividamento”, acrescentou.

Ribeiro afirmou ainda que a alavancagem da CSN em janeiro foi de 2 vezes, abaixo do nível de 2,21 vezes do fim do final do ano passado. A companhia segue tendo como alvo manter liquidez da ordem de 15 bilhões de reais e uma alavancagem entre 1 e 2 vezes.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/03/2023

Mineradoras querem fazer do Brasil uma potência global para a transição energética

Os stakeholders da mineração brasileira buscam tornar o país uma potência global na produção de minerais estratégicos para a transição energética e segurança alimentar.

Reconhecido mundialmente pela produção de minério de ferro de alta qualidade, o Brasil também possui grande potencial para cobre, grafite, lítio, níquel, fosfato, potássio, urânio e elementos de terras raras.

“O Brasil já está no radar dos fundos de investimento globais interessados em explorar o potencial do país em minerais associados à transição energética”, disse à BNamericas Miguel Nery, diretor de exploração mineral da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM).

“Também é importante mencionar que, além do potencial, vemos sinais do governo de reforço na regulamentação do setor para atrair mais investimentos”.

Como parte desses esforços, funcionários do governo e líderes empresariais apresentaram o potencial do país na maior convenção de exploração e mineração do mundo, a Prospectors & Developers Association of Canada (PDAC 2023), realizada nesta semana em Toronto.

“O Brasil tem um potencial imenso e, se concretizado, pode nos tornar players globais em todas essas commodities”, declarou em comunicado Marcelo Esteves Almeida, chefe do Departamento de Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

O SGB elaborou um guia contendo mapas com a localização de jazidas minerais críticas para a transição energética e segurança alimentar, vinculadas à produção de fertilizantes.

“É a primeira vez que preparamos um material dessa natureza, sobre o potencial desses minerais no Brasil, para a PDAC. Mostramos a localização, contexto geológico e tipos de jazidas”, explicou Guilherme Ferreira, responsável pela área de geologia econômica do SGB.

O guia pode ser acessado aqui.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de minério de ferro, sendo a maior parte exportada para a China.

Agora, o país busca diversificar sua indústria de mineração e atrair investimentos.

“A escala e a composição da demanda por minerais e metais já estão mudando como resultado dessa tendência [a transição energética]. Para que o Brasil seja compatível com seu potencial, é fundamentalmente necessário estabelecer parcerias de capital público e privado para investimentos em mineração, inclusive envolvendo a bolsa de valores”, disse Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em declaração durante sua participação na PDAC.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Brasil possui hoje a sétima maior reserva de urânio do mundo e está entre os seis maiores países na extração mundial de lítio, além de possuir 22% das reservas mundiais de grafite. O país também é o terceiro maior em termos de reservas de níquel.

 
Fonte: BN Americas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/03/2023

Lucro da CSN cai 81% no 4º trimestre, para R$ 197 milhões

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) registrou lucro líquido de R$ 197 milhões no quarto trimestre de 2022, em queda de 81% em relação ao lucro líquido de R$ 1,06 bilhão do quarto trimestre de 2021. No ano passado, o lucro líquido da companhia foi de R$ 2,2 bilhões, queda de 84% em relação ao ano anterior, quando a CSN alcançou recorde de rentabilidade e fez a oferta pública inicial (IPOm a sigla em inglês) da CSNMineração.

De acordo com as demonstrações de resultados divulgadas na noite da quarta-feira (8), a receita líquida no quarto trimestre de 2022 foi de R$ 11,1 bilhões, em alta de 7% sobre a receita de R$ 10,3 bilhões de um ano antes.

O Ebitda (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da empresa no quarto trimestre de 2022 ficou em R$ 3,12 bilhões, , em queda de 16% ante o resultado de R$ 3,72 bilhões no mesmo período do ano anterior.

No material de demonstração financeira, a companhia alega que, mesmo com um custo de produção menor, "o resultado da siderurgia no trimestre foi impactado por um ritmo comercial e por uma dinâmica de preços arrefecidos no final do ano."

No ano, o Ebitda ajustado da siderúrgica totalizou R$ 13,81 bilhões, queda de 37% sobre o mesmo indicador no ano de 2021 (R$ 22 bilhões). A alavancagem da empresa medida pela dívida líquida sobre o Ebitda ajustado encerrou o ano de 2022 em 2,21 vezes.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/03/2023

Com ociosidade alta, indústria do aço da América Latina projeta aumento marginal de demanda em 2023

As empresas produtoras de aço na América Latina esperavam que 2022 mantivesse o mesmo nível de demanda observado em 2021, considerado o melhor ano para a atividade na região. Mas as expectativas começaram a se frustrar logo nos primeiros meses, com a deflagração da guerra entre Rússia e Ucrânia. Depois, o movimento de aperto monetário nas principais economias globais trouxe um cenário recessivo que afastou de vez a projeção de um consumo maior, tendência que continua em 2023.

“A previsão era de aumento no consumo, mas ela foi ‘virando’ ao longo do ano por causa dos problemas externos. O ano que tinha a expectativa de ser bom ficou na média”, reconhece Alejandro Wagner, diretor-executivo da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), fórum que reúne mais de 60 empresas do setor na região, como Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5) e ArcelorMittal.

O consumo aparente de aço na América Latina, que considera a quantidade produzida combinada com números de exportação e importação, chegou ao pico de 74,9 milhões de toneladas em 2021, crescimento de 25,8% sobre 2020 por conta de uma demanda reprimida da pandemia. No ano passado, o índice chegou a 67,8 milhões de toneladas, representando um recuo anual de 9,5%, mas dentro das médias observadas entre 2018 e 2019, período pré-covid.

O desempenho reflete uma desaceleração da economia regional ao longo do ano, lembra Wagner. Vale destacar que há uma forte correlação entre o consumo de aço e o Produto Interno Bruto (PIB) dos países, uma vez que a demanda por aço e minério se traduz em uma nação que está investindo mais em obras e com a indústria em plena capacidade – cenário que não ocorreu no último ano.

Apesar de o PIB do Brasil ter crescido 2,9% em 2022 e o da América Latina com uma expectativa de alta de 3,6%, o que se observou foi uma tendência de queda ao longo do ano, com uma pressão recessiva para este ano. Outro ponto destacado por Alejandro Wagner foi a base de comparação distorcida em relação a 2021.

Apesar desses problemas, a Alacero projeta atualmente um crescimento de consumo aparente de 1% para este ano – com perspectiva de queda neste percentual.

Ociosidade alta

O dirigente destaca que o atual momento joga a indústria de aço na região para uma capacidade ociosa de 30%. “Não temos problema de oferta, mas um problema estrutural de demanda”, reforça Wagner.

Como exemplo, o diretor-executivo da Alacero utiliza dados do consumo per capta na região em comparação com outras economias. Enquanto na América Latina, o índice está em 105 kg per capta, nos Estados Unidos é de 250 kg por habitante. Europa (350 kg) e China (600 kg) mostram também que ainda há um longo caminho a ser percorrido.

“Há déficits habitacional e de infraestrutura na América Latina, o que por si só seria possível ampliar o consumo. Mas o cenário recessivo e a forte concorrência da China são desafios”, lembra Alejandro Wagner, ao citar uma vantagem de custos e de oferta que os chineses têm sobre a produção de aço latino-americana.

Para destravar a capacidade ociosa, a associação aposta em uma agenda de competitividade, desde a redução de burocracia e tributos, bem como a defesa de que o aço produzido na América Latina é um dos mais sustentáveis do planeta.

“Enquanto a China emite 2,17 toneladas de CO2 por tonelada de aço bruto, nós emitimos 1,66 tonelada. Nosso índice é menor até do que a média global, de 1,89 tonelada”, aponta Wagner.

Para garantir emissões ainda menores, o setor estima que serão necessários US$ 50 bilhões em investimentos até 2050. “As empresas já investem muito capital próprio na produção, mas não conseguirão chegar nestas cifras sozinhas, é necessária uma política pública dos países para isso”, conclui.

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 08/03/2023