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Hidrogênio verde pode responder às demandas da produção de alimentos

A crise dos fertilizantes, intensificada a partir da invasão da Ucrânia pela Rússia, expôs, mais uma vez, a dependência externa do Brasil para ter o insumo à mão. O país importa cerca de 85% dos fertilizantes que utiliza. No ano passado, 39,2 milhões de toneladas vieram de fora. O atual aperto não foi o primeiro que os produtores rurais atravessaram, pode não ser o último, mas há tecnologias no radar. O hidrogênio verde está na linha de frente. Sua molécula pode ser usada como matéria-prima para a produção dos insumos agrícolas, os fertilizantes nitrogenados.

Mas, no agronegócio, o hidrogênio verde não é visto apenas como uma saída para os fertilizantes. Seu uso vai além, como o transporte, por exemplo. “O que foi para o mundo a energia nuclear nos últimos 100 anos, é o mesmo que se verá para o hidrogênio verde”, diz Alberto Iván Zakidalski, fundador e sócio do Grupo Aiz, que desenvolve implementos agrícolas e rodoviários, manipuladores, guindastes, máquinas anfíbias, customização de máquinas e operações remotas não tripuladas.

Para ele, em uma década, o hidrogênio verde já vai poder ser comparado ao diesel. A chinesa Higer Bus, que anunciou a produção de ônibus elétrico no Ceará, afirmou, também, que há intenção de investir em caminhões a hidrogênio. “O grafeno poderia ser o futuro da energia elétrica, mas depende de diamante. Ou seja, é caro para achar e caro para produzir”, diz Zakidalski. “O nióbio é mais escasso que o lítio, hoje o material dos carros elétricos. Então resta o hidrogênio, que vai ser o caminho. O Brasil tem 3,5 milhões de caminhões em circulação, com estimativa de 40% transportando produtos do agronegócio. Para o futuro, mesmo se houver uma diminuição por conta de ferrovias e hidrovias, os caminhões não tendem a perder o protagonismo no setor. O que deve acontecer é a diminuição das distâncias percorridas por viagem.

Mas o que é o hidrogênio verde?

A denominação hidrogênio verde ocorre quando a eletricidade usada na eletrólise da água vem de fontes de energia renováveis como eólica, fotovoltaica e hidrelétrica. De acordo com o superintendente executivo da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Gabriel Lassery, o hidrogênio verde (ou renovável) pode também ser obtido por hidroeletricidade e biomassa de rejeito. “Dada a potência agrícola que é o país, há muita disponibilidade de biomassa de rejeito para produção de hidrogênio”, afirmou à Agência Brasil nesta semana. O Brasil também tem locais onde é possível encontrar hidrogênio natural esperando para ser extraído.”

Mas ele lembra também, que o Brasil já utiliza o hidrogênio no refino do petróleo e na produção de fertilizantes, atualmente por meio da extração de combustíveis fósseis, ou seja, fontes não renováveis. É essa realidade que o hidrogênio verde deve mudar. As pesquisas de hidrogênio verde a partir do etanol estão avançadas, segundo estudos da Universidade de São Paulo.

“O Brasil tem imenso potencial para produção de hidrogênio renovável. Em diversas partes do território, seu potencial para produção de energia solar e eólica está entre os maiores do mundo e, frequentemente, são anunciados novos projetos e memorandos de entendimento para produção de energia eólica e solar, tanto offshore [eólicas instaladas no mar] quanto onshore [no continente] com o objetivo de produção de hidrogênio”, afirma Lassery.

Em setembro, a Unigel, segunda maior petroquímica do país, informou que está investindo US$ 120 milhões para começar a produzir 10 mil toneladas de hidrogênio verde por ano, em Camaçari (BA), a partir do ano que vem. Para ser transportada, esse volume será transformado em 60 mil toneladas de amônia verde, destinado aos fertilizantes ou combustível para navegação. A partir de 2025, a meta são 40 mil toneladas de hidrogênio verde, que serão convertidos em 240 mil toneladas de amônia verde.

Fonte: Forbes
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 19/10/2022

Perspectiva de preço de commodities depende da estratégia de covid-zero da China

O discurso de domingo do presidente chinês Xi Jinping na abertura do congresso do Partido Comunista abalou as esperanças de que os formuladores de políticas relaxem sua abordagem de zero covid em breve, mas seus comentários sobre o desenvolvimento econômico como prioridade máxima sugerem que a política pode ser facilitada se a economia continuar enfraquecendo, o que seria positivo para commodities, disse o analista do Commonwealth Bank of Australia, Vivek Dhar, em nota.

“Uma recuperação econômica na China surge como uma salvação potencial para os preços das commodities de mineração e energia no próximo ano se os formuladores de políticas relaxarem sua posição sobre a política de covid-zero da China”, diz Dhar.

Ele destaca metais industriais e minério de ferro como as commodities com maior probabilidade de se beneficiar de uma reversão significativa na estratégia de zero covid, uma vez que a China responde por uma proporção tão substancial da demanda nesses mercados.

Fonte: Inteligência Financeira
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 18/10/2022

Mercado financeiro reduz projeção da inflação de 5,71% para 5,62%

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, caiu de 5,71% para 5,62% para este ano. É a 16ª redução consecutiva da projeção.

A estimativa consta do Boletim Focus de hoje (17), pesquisa divulgada semanalmente, em Brasília, pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2023, a projeção da inflação ficou em 4,97%. Para 2024 e 2025, as previsões são de inflação em 3,43% e 3%, respectivamente.

A previsão para 2022 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,5% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior 5%.

Em setembro, houve deflação de 0,29%, o terceiro mês seguido de queda no indicador. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,09% no ano e 7,17% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Taxa de juros

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre o ano nos mesmos 13,75%. Para o fim de 2023, a estimativa é de que a taxa básica caia para 11,25% ao ano. Já para 2024 e 2025, a previsão é de Selic em 8% ao ano e 7,75% ao ano, respectivamente.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano variou de 2,7% para 2,71%. Para 2023, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - é de crescimento de 0,59%. Para 2024 e 2025, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,7% e 2%, respectivamente.

A expectativa para a cotação do dólar manteve-se em R$ 5,20 para o final deste ano. Para o fim de 2023, a previsão é de que a moeda americana se mantenha nesse mesmo patamar.

Fonte: Agência Brasil
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 18/10/2022

 

Termômetro da economia e base da indústria, fundições voltam a crescer no Paraná

O setor de fundição de metais vive, enfim, um momento de retomada robusta no Paraná. Após uma década com marcada pela queda na produção, no faturamento, no número de empresas e de trabalhadores, esse segmento experimentou nos últimos anos um momento de crescimento robusto e consistente, numa recuperação que teve início ainda em meio à pandemia do novo coronavírus. E isso é uma boa notícia para a economia como um todo, uma vez que as fundições servem como uma espécie de termômetro por serem a base de muitas outras indústrias importantes, como a automobilística e a metalúrgica, fornecendo matéria-prima para o mercado.

Em nível nacional, a Associação Brasileira de Fundição (Abifa) estima um crescimento de 14% para a indústria de fundição em 2022. Segundo a instituição, as fundições estão trabalhando com as linhas de produção lotadas, contratando cada vez mais colaboradores e investindo para atender à crescente demanda e o crescimento só não será ainda mais expressivo por conta da ausência de “uma Política Industrial digna de um país com as riquezas e potencial do Brasil”, o que significa também dizer que há capacidade para o setor crescer ainda mais.

Década perdida
No Paraná, o auge das indústrias de fundições foi registrado entre o final da primeira década do século XXI e o início da década passada.

Segundo dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE, em 2009 o setor chegou a ter uma receita líquida superior a R$ 530 milhões, empregando mais de 2,8 mil trabalhadores em 56 empresas. Nos anos seguintes, o número de indústrias de fundição no estado cresceu e chegou a 116 em 2011, um recorde.

O faturamento, contudo, logo começou a cair e o número de empresas foi minguando, ao ponto de, em 2019 (último ano antes da pandemia do novo coronavírus) haver 48 fundições formalmente registradas no estado (menor número desde 2003).

Em meio à crise de Covid, no entanto, o setor já começou a esboçar uma reação. Prova disso é que em 2020 (último ano com dados disponíveis) a PIA já registrava 59 indústrias no estado (alta de 22,9% na comparação com o ano anterior), com o número de pessoas trabalhando em fundições tendo subido de 1.145 para 1.252 (+9,3%). Um movimento que parece não só ter se mantido, mas acelerado ainda mais nos últimos tempos.


ABIFA obtém vitória em processo sobre exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS

A ABIFA – Associação Brasileira de Fundição comunica suas empresas Associadas/Filiadas uma importante conquista em seu favor. Trata-se da ação judicial promovida em desfavor da União Federal, relativa à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS (Processo 1012781-27.2018.4.01.3400).

Histórico

Em 09/12/2021, transitou em julgado o acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, reconhecendo o direito das empresas associadas/filiadas à ABIFA em:

Excluir o ICMS destacado nas notas fiscais da base de cálculo para recolhimento do Pis-Cofins
Declarar o direito à recuperação dos valores indevidamente recolhidos a partir de 16/03/2017, corrigidos pela taxa Selic, mediante a compensação com tributos vincendos

Desta forma, as empresas Associadas/Filiadas à ABIFA estão juridicamente amparadas por uma decisão judicial transitada em julgado, que as permitem excluir o ICMS da base de cálculo das contribuições PIS-COFINS relativo a operações futuras, assim como realizar a recuperação dos valores pagos (a maior) desde 16/03/2017, devidamente corrigidos pela taxa Selic, através da compensação com tributos vincendos.

É estimada a recuperação de valores da ordem de 1,5% do faturamento das empresas no período de 16/03/2017 e a presente data.

Para a condução deste processo, a ABIFA contratou o escritório de advocacia Bartolomeu, Sette Advogados, que está à disposição para informações adicionais relativas aos pontos relacionados à decisão, bem como prestar assessoria visando à recuperação dos valores pagos a maior.

Contatos

Dr. Renato Bartolomeu: Tel. (31) 98485-3450
Dra. Renata Sternick: Tel. (11) 94808-8712

As empresas interessadas devem solicitar à ABIFA o Termo de Adesão, assinando em três vias ou de forma eletrônica.
 

Reencontrando o caminho do crescimento e planejando expansão

Em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), está localizada a Minatti Fundição. Assim como a maioria das fundições no Brasil (cerca de 85%), a empresa é de constituição familiar, tendo sido fundada há 33 anos, em 1989.

Segundo seu fundador e diretor, Luiz Jair Minatti, a empresa enfrentou muita dificuldade ainda no começo da pandemia, especialmente no trimestre entre março e abril de 2020. “Foram meses pesados, sofremos muito”, diz ele.

Em junho de 2020, contudo, as atividades já começaram a ser retomadas e a demanda também voltou a crescer. “De lá para cá não teve mais dificuldade. Em julho de 2020 já estávamos trabalhando em capacidade máxima”, afirma o empresário, comentando ainda que grande parte das indústrias de fundição – inclusive a dele próprio – pensam em novos investimentos, inclusive na construção de novas plantas, para expandir a capacidade produtiva.

“Isso não acontece de uma hora para outra, mas nos próximos cinco anos é algo que tem de acontecer”, explica Minatti, comemorando ainda que neste a sua indústria vai crescer mais que 100% ou, na pior das hipóteses, algo próximo disso, numa demonstração do potencial que existe no setor industrial como um todo.

“Nós temos o minério [de ferro], temos uma mão de obra (que boa parte nem precisa ter uma qualificação) e temos a energia (que a indústria usa muita energia). O que falta para a gente fazer isso [fortalecer as indústrias nacionais]? O que o Brasil faz hoje é exportar o minério de ferro, é um grande exportador de minério de ferro. E isso dá para inverter. Tem muito para fazer, o Brasil tem muito que crescer. Se tiver um pouco de incentivo, se o governo der condições, oportunidade de formar mão de obra, vai dar certo”
Luiz Jair Minatti, fundador e diretor da Minatti Fundição

‘A fundição é o começo da linha de todos os processos’
Há cinco décadas trabalhando no setor – sendo que há 33 anos é dono de sua própria fundição-, Minatti se diz um apaixonado pelas indústrias. Em especial, é claro, pela indústria de fundição. É, portanto, mais um dos ‘filhos do fogo’ (nome de um projeto lançado pela Abifa para celebrar os 50 anos da entidade).

“A fundição é um dos segmentos mais antigos que tem, só que é pouco divulgado, pouco falado nas escolas, nas faculdades… Só que nós, que estamos dentro do segmento, sabemos da importância dele. Hoje, se não tiver a fundição, ninguém anda com carro, caminhão, máquina agrícola… A fundição faz parte desde a formação de uma top model até uma aeronave. ‘Mas por que a top model?’, alguém pode perguntar. É que ela faz ginástica, usa o peso [risos]. Tem um campo muito grande”, diz o industrialista, ressaltando a importância de seu segmento para a economia. “A fundição é o começo da linha de todos os processos. Uma indústria de base.”

Mas e como funciona uma dessas ‘indústrias de base’, cujo trabalho é feito rente ao fogo (com seu calor infernal e a sua beleza descomunal)?

Segundo Minatti, primeiro a empresa interessada em envolver uma determinada peça encaminha um desenho para a indústria de fundição. A partir desse desenho é feito um estudo obedecendo os materiais da peça e em quais processos de moldagem ela pode se adaptar dentro da área de fundição. “Depois disso é feito um modelo, um ferramental para isso. Aí fazemos a moldagem e o vazamento, onde usamos muita sucata – somos muito recicladores, usamos 85, 90% de sucata e 10% de ferro novo. Unindo isso tudo sai a peça no final”, explica.


Com agências de notícias (Bem Paraná e Abifa)

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/10/2022

Brasil tem boas condições para produção de hidrogênio verde

Considerado “o combustível do futuro”, o “hidrogênio verde” pode ter, no Brasil, um de seus grandes players (referência em determinado segmento). Ainda não dá para estimar o quanto esta commodity poderá agregar à economia do país. Segundo especialistas consultados pela Agência Brasil, já são dadas como certas as boas condições do Brasil para a produção dessa fonte energética que, cada vez mais, desperta o interesse de outros países.

O interesse por este combustível – que tem como principal característica um processo produtivo não danoso ao meio ambiente – aumentou por causa do risco de segurança energética pelo qual passa o continente europeu no atual cenário de guerra, uma vez que boa parte de seus países depende do gás exportado pela Rússia.

Para ter o selo “verde”, é fundamental que o hidrogênio seja produzido e transportado sem o uso de combustíveis fósseis ou de outros processos prejudiciais ao meio ambiente. Sua produção requer o uso de muita energia, em especial para retirar, por hidrólise, o hidrogênio que é encontrado na água.

Fontes renováveis

A denominação hidrogênio verde ocorre quando a eletricidade usada na eletrólise da água vem de fontes de energia renováveis como eólica, fotovoltaica e hidrelétrica, explica o diretor de Tecnologia em Hidrogênio da Associação Brasileira de Energia de Resíduos e Hidrogênios, Ricardo José Ferracin – que é também professor adjunto da Universidade Oeste do Paraná, além de ter sido um dos responsáveis pela implantação do Núcleo de Pesquisa em Hidrogênio da Usina de Itaipu.

De acordo com o superintendente executivo da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Gabriel Lassery, o hidrogênio verde (ou renovável) pode também ser obtido por hidroeletricidade e biomassa de rejeito.

“Dada a potência agrícola que é o país, há muita disponibilidade de biomassa de rejeito para produção de hidrogênio. O Brasil também tem locais onde é possível encontrar hidrogênio natural esperando para ser extraído”, afirma.

Mercado

Lassery lembra que o gás já é amplamente utilizado para fins industriais no Brasil, principalmente no refino do petróleo e na produção de fertilizantes.

“A expansão dessa economia desenvolverá outras possibilidades no mercado interno. Alguns exemplos são na mobilidade, para geração de energia embarcada em veículos eletrificados; na siderurgia, para redução de emissões na produção do aço; e na produção de energia, para atenuar as intermitências na área das energias renováveis”, diz à Agência Brasil.

No cenário internacional, acrescenta, o mercado do hidrogênio tem se estruturado “a passos largos”. “Países com menor disponibilidade de energia renovável visam importar hidrogênio renovável e de baixo carbono de países produtores, para descarbonizar suas matrizes. Novas iniciativas para estruturar esses negócios são frequentemente discutidas”.

Segundo Ricardo Ferracin, a capacidade de geração instalada no país está em torno de 180 GW apenas com os projetos em análise, mas essa capacidade pode ser duplicada, podendo dar ao Brasil protagonismo no setor.

“Obviamente existem gargalos tecnológicos e de investimentos que devem ser analisados criteriosamente, mas as expectativas positivas são grandes”, afirma ao citar, como exemplo de gargalo, o fato de o país não fabricar eletrolisadores e células a combustível. “A cadeia produtiva para os equipamentos necessita ser desenvolvida e há necessidade de formação de recursos humanos, principalmente técnicos”.

Lassery diz ainda que, atualmente, a maior parte do hidrogênio produzido no Brasil é feito de forma cativa (no próprio local onde vai ser consumido) e que suas fontes energéticas, em geral, não são renováveis.

“Porém, o Brasil tem imenso potencial para produção de hidrogênio renovável. Em diversas partes do território, seu potencial para produção de energia solar e eólica está entre os maiores do mundo e, frequentemente, são anunciados novos projetos e memorandos de entendimento para produção de energia eólica e solar, tanto offshore [eólicas instaladas no mar] quanto onshore [no continente] com o objetivo de produção de hidrogênio”, acrescenta.

Transporte

Os especialistas explicam que, para garantir o selo verde do hidrogênio, é também fundamental que ele não seja transportado em veículos que usem combustíveis fósseis. De acordo com Lassery, todas as etapas do processo de produção e transporte do hidrogênio precisam utilizar exclusivamente energias renováveis.

“Como o hidrogênio já é produzido e transportado atualmente, as formas de manejá-lo com segurança são conhecidas. Contudo, novas normas, códigos e padrões são criados e revisados, à medida que a tecnologia se desenvolve”, afirma.

De acordo com Ferracin, o hidrogênio verde pode ser transportado sob altas pressões, dentro de cilindros, e líquido, sob altas pressões e baixas temperaturas. Pode também ser transportado em “hidretos metálicos”. Nesse caso, ele é misturado a outros metais, podendo então ser transportado na forma sólida, o que garante maior segurança.

“A forma mais comumente usada é sob altas pressões, mas há evolução tecnológica principalmente na forma de hidretos metálicos. Nessa forma de armazenamento, o hidrogênio não explode. Também não é necessário um compressor, que tem preço alto”.

Ele diz que outras formas de armazenamento e transporte possíveis ocorrem por meio da produção de amônia, que pode inclusive ser usada como combustível, tanto para o navio de transporte quanto para outros motores. Essa substância pode, posteriormente e por meio de reações químicas, ser convertida em hidrogênio.

Meio ambiente

Em um mundo onde clima e meio ambiente têm sofrido cada vez mais os efeitos negativos do uso de combustíveis fósseis, o hidrogênio verde aparece como solução que carrega a possibilidade de agregar benefícios, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.

Para Lassery, esse combustível tem “potencial para descarbonizar diversas atividades que, atualmente, são grandes responsáveis pelas emissões de carbono”, como é o caso do segmento dos transportes e da produção de energia.

Pode também descarbonizar “setores de difícil abatimento”, como o transporte pesado por longas distância e as indústrias siderúrgica, cimentícia e mineradora.

Economicamente, acrescenta, a cadeia de valor do hidrogênio é de grande importância estratégica.

“Além do aumento da segurança energética e da diminuição da necessidade de insumos importados, o fomento do hidrogênio também traz desenvolvimentos científico e tecnológico nacionais, impulsiona a criação de novos empregos, qualifica mão de obra e insere o país nesse novo mercado internacional, servindo como fator de reindustrialização”, diz.


Fonte: Engenharia É:
Seção: Energia, Óleo & Gás
Publicação: 18/10/2022

 

Construção civil deve ter crescimento acima do PIB pelo segundo ano seguido

A construção civil tem impulsionado a atividade econômica brasileira e deve registrar crescimento acima do PIB (Produto Interno Bruto) nacional em 2022, pelo segundo ano consecutivo. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) e o SindusCon-SP (Sindicato da Construção) já projetam alta de 7% e 6,1% do setor neste ano, respectivamente, acima do percentual previsto para o crescimento do país, de 2,7%, segundo Pesquisa Focus.

Com isso, a indústria da construção deverá também superar o nível pré-pandemia, de 2019. No segundo trimestre de 2022, enquanto o PIB brasileiro, soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país, registrou alta de 1,2%, na comparação com os primeiros três meses deste ano, o setor cresceu 2,7%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa aceleração fez com que a variação do acumulado dos 12 meses atingisse 10,5%, superando a taxa registrada em 2021.

"A principal força desse crescimento é a recuperação do mercado de trabalho, formal e informal. No caso do mercado formal, a gente está em ano eleitoral, com investimento maior do estado, numa conjunção de finanças ainda mais favorável, junto com o ciclo imobiliário de lançamentos e de vendas dos últimos dois anos, que estão se traduzindo em obras", avalia Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção Civil do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

O desempenho econômico da construção

 
PROJEÇÃO FGV IBRE/IBGE

O impacto no mercado de trabalho resultou em 216 mil vagas no setor no acumulado de janeiro a julho deste ano, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), expansão de 9,38% na comparação com o registro de funcionários contratados no final do ano passado. Somente em julho, houve criação de 32.082 novas vagas, alta de 1,29% na comparação com junho.

Os números estão em linha com os da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, que registrou alta de 13,2%, ou mais 866 mil vagas na construção, em junho deste ano, em relação ao mesmo período de 2021. 

Para a coordenadora do FGV Ibre, o desempenho da construção confirma um ciclo de retomada. "Na verdade, é um movimento iniciado ainda em 2019. Mas, como 2020 foi um ano completamente atípico, com reflexos muito fortes, principalmente no caso da construção no momento inicial da pandemia, porque as empresas tiveram que se reorganizar para dentro dos protocolos para voltar a operar. Embora afetada pela crise sanitária, a construção foi considerada atividade essencial. Então, a atividade formal do setor, representada pelas construtoras e incorporadoras, pode ser retomada", afirma Ana Maria.

Reformas com o home office

No período de isolamento durante a pandemia, com o home office, e o auxílio emergencial pago pelo governo à população de baixa renda para enfrentar a crise sanitária, as famílias perceberam a necessidade de realizar reformas nas suas casa. Segundo a economista do Ibre FGV, isso deu um impulso na demanda por materiais de construção, que também se refletiu dentro do setor da construção. 

Mesmo com a queda do PIB em 2020, principalmente por conta da contração no mercado de trabalho e na produção de material de construção, o ciclo de negócios do setor não parou, e até a redução da taxa de juros, até março de 2021, contribuiu para que o mercado ganhasse fôlego.

"Com o setor bastante aquecido, isso está se refletindo nos números do emprego e na taxa de crescimento de dois dígitos do setor no acumulado do ano, e os números do PIB refletindo esse cenário", analisa a economista. 

Na cidade de São Paulo, pesquisa do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis) apontou que, entre os meses de junho de 2021 e maio de 2022, foram vendidos 69.614 novos imóveis, um aumento de 14,9% em relação aos 60.602 comercializados um ano antes.

“A construção civil é um motor importantíssimo para o desenvolvimento econômico do país. Ele é um dos grandes vetores da geração de empregos diretos e indiretos, além de movimentar diversos setores que fazem parte deste mercado”, afirma Tatiana Fasolari, vice-presidente da Fast Engenharia.

Para a executiva, o setor da construção civil mostrou resiliência durante o período de restrições imposto pela pandemia de Covid-19. "Além disso, tem apresentado uma recuperação vigorosa desde o início da fase de reabertura”, acrescenta Tatiana.

Intenção de investimento na construção

 

Segundo dados da Sondagem Indústria da Construção, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção registrou a sexta alta consecutiva em setembro, e a intenção de investimentos atingiu o ponto mais alto desde julho de 2014. A mesma pesquisa aponta que em junho, julho e agosto o avanço dos níveis de atividade da indústria da construção ocorreu a taxas crescentes.

Em julho, o Programa Casa Verde e Amarela passou por uma atualização das faixas de renda familiar e por uma ampliação dos subsídios concedidos e do prazo de financiamento. Essas mudanças do programa elevaram a confiança do setor e expandiram a intenção de investimento. 

A Caixa Econômica Federal anunciou na última semana que atingiu a marca de R$ 48,3 bilhões em contratos de financiamento habitacional pelo Programa Casa Verde e Amarela em 2022. De acordo com o banco, que responde por 99% da execução do programa, 1 milhão de pessoas foi beneficiada.

Perspectivas

Para o próximo ano, a perspectiva do setor é de desafio. "Acho que todo esse otimismo será certamente desafiado. Primeiro, se a gente olhar na área de infraestrutura, nós vamos chegar a 2023 com questões fiscais tremendas, com o orçamento encaminhado pelo governo com dificuldades, com investimentos que estão no menor nível dos últimos 14 anos, com perspectiva de paralisação de obras. Isso traduz o desafio do governo federal nos investimentos públicos. As desonerações também vão impactar as finanças, que devem afetar os investimentos nos estados", estima Ana Maria Castelo, do FGV Ibre.

No âmbito privado, ainda prevalece o ciclo de obras em função dos leilões de concessões realizados neste ano. Além disso, apesar da desaceleração, o mercado imobiliário deve ter repercussão em 2023, em função das obras em andamento.

"Do ponto de vista da atividade, a gente vê 2023 ainda como um ano positivo para a construção, embora não na mesma magnitude de 2022. Pelas indicações que a gente tem, 2023 deverá ser um ano difícil, porque a taxa de juros ainda deve se manter elevada e a perspectiva de desaceleração afeta o orçamento familiar. Isso pode comprometer o ciclo de retomada, mas a atividade da construção vai contribuir para mitigar o impacto dessa desaceleração", conclui Ana Maria. 

Fonte: R7
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 18/10/2022