Notícias

Distribuidores de aços planos elevam estoques em fevereiro

O setor de distribuição de aços planos elevou estoques no Brasil em fevereiro na comparação com janeiro e em relação a um ano antes, em meio a um mercado interno com vendas fortes, afirmou a associação Inda nesta quinta-feira.

Os estoques dos distribuidores reunidos na entidade somavam 1,06 milhão de toneladas ao final de fevereiro, um crescimento de 16,7% sobre um ano antes e expansão de 2,3% ante janeiro. O volume é suficiente para 3,3 meses de vendas, nível considerado “acima do ideal”, disse o presidente da entidade, Carlos Loureiro, a jornalistas.

“Estamos orientando nossos associados a terem cuidado com os estoques. Em momentos de incertezas como este é um risco especular com estoques”, afirmou o executivo.

As vendas do setor em fevereiro por dia útil foram as maiores dos últimos 10 anos, somando quase 18 mil toneladas, disse Loureiro.

As vendas do mês passado somaram 321,8 mil toneladas, crescimentos de 4,7% sobre um ano antes e de 0,5% ante janeiro. No primeiro bimestre do ano, as vendas dos distribuidores acumularam alta de 0,8%, para 642,1 mil toneladas.

Para março, a expectativa do Inda é de crescimento de 3,8% nas vendas ante fevereiro, para 334,1 mil toneladas.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 21/03/2025

 

Brasil quer entrar na produção de aço verde da Alemanha

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, tenta convencer siderúrgicas e governo alemães a incluir o Brasil na produção de aço feito com hidrogênio verde. O movimento faz parte da estratégia do governo brasileiro de desenvolver a cadeia de valor do combustível do futuro e não exportar apenas o insumo energético para os europeus.

O hidrogênio verde é tido pelos europeus como a principal alternativa a combustíveis fósseis em setores ultraintensivos em energia, como a fabricação de aço, vidro e fertilizantes. Ele é feito a partir da separação das moléculas de água em um processo movido por energia limpa.

[A imagem mostra um grupo de operários em uma siderúrgica, vestidos com roupas de proteção prateadas e capacetes brancos. Eles estão em um ambiente industrial, com um grande forno ao fundo, de onde emana uma intensa luz laranja e fumaça. O ambiente é escuro, com estruturas metálicas visíveis ao redor.]
Fábrica de aço da Thyssenkrupp em Duisburg, na Alemanha - Ina Fassbender/AFP

Há, porém, ainda pouca produção do insumo no mundo devido a seu custo elevado. No Brasil, a maior parte dos projetos visa exportação para a Europa, que deve abrigar o primeiro grande mercado do combustível.

Mas o governo brasileiro quer que os europeus importem mais do que o hidrogênio verde. Uma das soluções levantadas pelo Mdic seria a possibilidade de siderúrgicas alemãs importarem de fornecedores brasileiros o insumo intermediário em uma das rotas de produção de aço, conhecido como HBI (sigla para Hot Briquetted Iron).

Esse insumo é feito a partir da redução do minério de ferro com hidrogênio e sua produção antecede a fabricação de aço nos fornos elétricos –rota conhecida como redução direta. Hoje em dia, esse processo é feito com gás natural, o que acaba liberando carbono na atmosfera (gás responsável pelo aquecimento global). Já a rota mais tradicional na produção de aço usa carvão como redutor do minério, liberando ainda mais carbono na atmosfera.

Na primeira leva desse mercado, é provável que os europeus importem o hidrogênio verde do Brasil e que toda a produção de aço ocorra em solo europeu. Mas o governo brasileiro argumenta que essa logística traria custos superiores às indústrias do continente.

Isso acontece porque não há hoje formas acessíveis de transportar o hidrogênio para a Europa. Assim, o combustível precisaria ser convertido em amônia no Brasil e reconvertido em hidrogênio nos portos europeus –causando desperdício de energia.

Nessa lógica, o governo brasileiro tenta convencer os europeus de que é mais vantajoso importar produtos com maior valor agregado do que o próprio hidrogênio verde. Essa ideia foi discutida durante um evento na Embaixada do Brasil em Berlim nesta quinta-feira (20) organizado junto com o Instituto E+ –a Alemanha é a maior produtora de aço da Europa.

Um estudo feito por um pesquisador alemão e apresentado durante o evento apontou que as siderúrgicas alemãs podem economizar entre 8,7% e 31,5% se realocarem suas etapas de produção para países ricos em energia renovável, como o Brasil. A pesquisa leva em conta o consumo e o preço de energia nesses países e na Alemanha.

O cálculo considera a produção de aço semiacabado fora da Alemanha, um produto posterior ao HBI na cadeia do aço. No cenário de apenas produção do HBI nesses países, o ganho seria de 12,9%.

O estudo, publicado na revista Nature Energy, ainda fez análises para o setor de ureia e etileno. No caso do aço, ele observa que Brasil e Suécia seriam os principais potenciais países exportadores.

"Se a indústria alemã produzir um aço sustentável mais barato no Brasil, o custo de produção de BMW e Mercedes, por exemplo, será muito mais baixo. O Brasil tem a produção de minério de ferro e tem potencial de produzir hidrogênio verde, então qual é o sentido de exportar esses dois para depois importar?", questiona Francisco Paiva Avelino, diretor de descarbonização do MDIC.

"A Alemanha não consegue produzir energia renovável o suficiente para dar conta da sua indústria. Então, se o objetivo deles é transacionar para uma economia verde e renovável, eles vão ter que procurar outros lugares onde essa energia é mais barata para produzir", acrescenta.

Na Alemanha, porém, essa migração poderia trazer consequências políticas, inclusive já mensuradas pelo governo alemão e pelas siderúrgicas do país. É provável que o deslocamento de parte da produção alemã para outro país cause descontentamento de parte dos trabalhadores alemães, já bastante afetados com movimentações industriais causadas pela transição energética –principalmente no setor automotivo.

Quem participa de fóruns especializados diz que o governo alemão considera o tema estratégico para o país e que ao menos parte da produção de HBI precisa ser feita na Alemanha. O próximo primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, aliás, é cético quanto à transição da indústria alemã para o hidrogênio verde e já defendeu a captura de carbono como alternativa.

Philipp Verpoort, o autor do estudo apresentado pelo governo brasileiro em Berlim, pontua que o governo alemão se preocupa com a possibilidade de os demais países desenvolverem suas cadeias de valor e se tornarem concorrentes das indústrias alemãs.

"A Alemanha é muito boa em engenharia, inovação, pesquisa e know-how, e o Brasil é ótimo em acesso à energia renovável, então há uma oportunidade de focar o que somos bons e terceirizarmos aquelas em que não somos. Mas então há uma preocupação da indústria e de políticos da Alemanha de que o Brasil, por exemplo, aprenda a avançar na cadeia de valor", diz. "Portanto, o risco de uma reação política é bastante grande, mas é importante ter uma colaboração justa e estabelecer padrões justos e acordos comerciais justos".

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 21/03/2025

Aumento da Selic deve impactar o desempenho da construção civil

O Banco Central acaba de anunciar o terceiro aumento consecutivo da taxa Selic, que chega a 14,25% e atinge o maior patamar desde 2016. Esta alta é uma tentativa de controlar o aumento de preços que vem afetando o poder de compra dos brasileiros.

Apesar do objetivo, especialistas apontam os impactos negativos desse aumento para a construção civil, um dos principais setores da economia no país.

Para Rubens Campos, o cenário para o setor deve ficar ainda mais complexo até o final deste ano.

“Desde o fim de 2024 temos enfrentado desafios com a falta de mão de obra e o alto custo dos materiais construtivos, mas a tendência é que, com esta alta, a compra de imóveis e a demanda por novas construções também diminuam.

Quando a Selic aumenta, os juros de empréstimos, financiamentos e compras a prazo ficam mais caros, tornando o acesso ao crédito mais restrito e diminuindo a procura por imóveis e/ou construções.

Além disso, com insumos mais caros devido a alta taxação, o preço dos imóveis aumenta, o que pode frear as vendas. É uma grande bola de neve para a construção", explica o CEO da Espaço Smart - construtech líder em Steel Frame na América Latina.

Ainda de acordo com o executivo, encontrar soluções para minimizar os impactos dessa alta de juros, seja por meio de novas formas de financiamento ou pela reestruturação de modelos de negócio, será fundamental para sobreviver a essa fase desafiadora.

“Entendemos que esse movimento tem potencial para esfriar o mercado e dificultar a realização de novos projetos, especialmente para as classes que mais dependem do financiamento, mas é o momento de pensarmos em ações inovadoras que podem transformar um problema em oportunidade”, destaca Campos.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 21/03/2025

 

UE propõe reduzir importações de aço em 15% diante de tarifas dos EUA

A União Europeia reforçará cotas de importação de aço para reduzir entrada de material no bloco em mais 15% a partir de abril, disse uma autoridade sênior da UE nesta quarta-feira, em uma medida destinada a evitar que produtos siderúrgicos importados avancem sobre o mercado europeu depois que Washington impôs novas tarifas comerciais.

Os produtores de aço europeus, que já estão enfrentando altos preços de energia e concorrência da Ásia e outras regiões, alertam que a UE corre o risco de se tornar um local de dumping de aço desviado do mercado dos EUA, o que pode acabar com as siderúrgicas da Europa.

"Durante um período em que ninguém está respeitando as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) e todos se referem à segurança nacional... a UE não pode ser o único continente a deixar sua indústria desmoronar", disse à Reuters o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Stephane Sejourne.

Considerando que o mercado dos EUA está fazendo menos sentido comercial com a tarifa de 25% imposta pelo governo de Donald Trump, Sejourne previu que produtores do Canadá, Índia e China procurarão vender volumes cada vez maiores de aço na Europa.

A Comissão Europeia vai propor nesta quarta-feira uma série de medidas relacionadas ao comércio para impulsionar sua indústria metalúrgica, parte de um novo Plano de Ação Europeu para Aço e Metais. Um rascunho do plano visto pela Reuters no início desta semana mostrou que a UE estava estudando restrições às importações.

Sejourne, que é responsável pela definição da estratégia industrial do bloco, disse que a primeira medida será reduzir as cotas de importação, conhecidas como salvaguardas, para vários tipos de aço a partir de 1º de abril, o que reduzirá os fluxos de entrada de material em aproximadamente 15%.

Os volumes importados dentro das cotas refletem os fluxos comerciais estabelecidos e não estão sujeitos a tarifas. Qualquer importação de aço fora da cota será atingida por uma tarifa de 25%. Desde julho de 2019, os volumes das cotas aumentaram em mais de 25%, pois o bloco está em conformidade com as regras da OMC.

Em 2024, a UE importou cerca de 60 milhões de toneladas de aço, das quais 30 milhões dentro da cota livre de tarifas.

A Comissão também estabelecerá novas medidas no terceiro trimestre para substituir as salvaguardas reforçadas, que, de acordo com as regras da OMC, não podem ser estendidas além de 30 de junho de 2026.

Sejourne disse que o novo mecanismo será muito mais rigoroso após os apelos do setor. Os detalhes ainda não foram definidos.

PRODUÇÃO EUROPÉIA

"Também temos o desafio de prever futuras tensões, guerras e pandemias, e vimos o que aconteceu no passado com o gás russo... Vamos evitar que o aço de amanhã se torne o gás de ontem", disse Sejourne.

O vice-presidente executivo da Comissão Europeia disse que o bloco não quer depender de importações de aço em um momento em que inicia a reconstrução do complexo industrial militar da UE após a guerra na Ucrânia.

Para impulsionar ainda mais as medidas de defesa comercial existentes, espera-se que as regras de compras públicas sejam revisadas em 2026 para favorecer o aço europeu. A Comissão também introduzirá uma regra de "derretimento", de acordo com o projeto do Plano de Ação para Aço e Metais. A regra impedirá os importadores de alterar a origem do metal por meio de "transformações mínimas".

Entre as medidas não comerciais, um programa piloto com o Banco Europeu de Investimento para garantir contratos de energia de longo prazo dará prioridade aos produtores de aço e alumínio. Os detalhes serão anunciados no segundo trimestre de 2025.

"Queremos manter nosso aço na Europa e sermos capazes de reciclá-lo na Europa", disse Sejourne. "É uma questão estratégica. Não existe indústria de defesa sem aço, não existe automóvel sem aço e queremos manter nossas indústrias."

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/03/2025

 

Agronegócio: importância para o Brasil e para o mundo

Agronegócio envolve as atividades “antes da porteira” (insumos e máquinas agrícolas), “dentro da porteira” (produção vegetal e animal) e “depois da porteira” (agroindústria e agroserviços). Assim, é muito mais amplo que a produção agropecuária, normalmente entendida como a principal atividade do agro. No Brasil, o “antes da porteira” representa 6% do PIB, “dentro da porteira” 28% do PIB e o “depois da porteira” 66% do PIB do agro.

O agronegócio vem se consolidando, nos últimos 50 anos, como o “motor” da economia brasileira. É responsável por 24% do PIB do Brasil, 27% dos empregos e 49% das nossas exportações. Tem apresentado uma balança comercial positiva, ou seja, exportamos muito mais do que importamos. E exportamos o excedente. O agro tem garantido a redução no valor da cesta básica do brasileiro em mais de 43% nos últimos 50 anos.

Atualmente, somos destaque na produção e exportação de produtos como soja, milho, café, açúcar, etanol, suco de laranja, algodão, carne bovina, frango e suína, produtos florestais e fumo. Os principais destinos das exportações brasileiras do agro são China, outros países asiáticos, União Europeia, Oriente Médio e norte da África, América Latina, EUA/Canadá e África subsaariana. Exportamos para quase todos os países do mundo, mas precisamos ampliar nossos mercados.

O Brasil importa muito pouco produtos do agro. Ainda dependemos dos fertilizantes, produtos de saúde animal, pesticidas, óleos vegetais, trigo e pescados. Em 2024 exportamos cerca de US$ 160 bilhões e importamos US$ 40 bilhões; um saldo positivo na nossa balança comercial de US$ 120 bilhões aproximadamente.

O Agro brasileiro apresenta diversos pontos fortes: disponibilidade de terras cultiváveis, clima favorável, tecnologia tropical, recursos humanos, capacidade gerencial/empreendedorismo, agrocombustíveis, etc., apresentando custo de produção competitivo quando comparado com outras nações importantes do agronegócio mundial, como a China, Índia, União Europeia, EUA, Indonésia, etc. Somos o 3º maior exportador mundial no agronegócio, superado apenas pela União Europeia e EUA. Como importamos pouco, somos o pais com maior balança comercial do agronegócio no mundo e com perspectivas de ampliar esta liderança nos próximos anos.

Entretanto, temos diversos desafios que exigem investimentos e busca por soluções, como infraestrutura e logística, desenvolvimento de biotecnologia, tributação, crédito, seguro rural, marcos regulatórios, questão fundiária e comunicação mais eficiente.

O Brasil deve continuar trabalhando para se consolidar como a grande potência agroambiental no mundo. Isto implica em políticas públicas e investimentos adequados.

 J. O MENTEN - Professor Sênior da ESALQ/USP, Presidente do CCAS (Conselho Científico Agro Sustentável) e Membro da ABCA (Academia Brasileira de Ciência Agronômica).

Fonte: Mídia Sudoeste
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 18/03/2025

Ano começa bem para o aço, mas importações e EUA preocupam

O ano de 2025 começou com um cenário mais favorável para a indústria brasileira do aço, beneficiada principalmente pelo aumento do consumo interno, uma tendência recorrente nesse período. No entanto, há novas incertezas no horizonte: além do avanço das importações, que já representam 25% da demanda nacional de produtos siderúrgicos, a guerra tarifária intensificada pelo governo de Donald Trump compromete as perspectivas de exportação e pode levar a um redirecionamento ainda maior do excedente asiático para o Brasil.

O sistema híbrido de cotas e tarifa implementado em junho pelo governo para conter a “invasão” do aço importado, que chega sobretudo da China, e proteger as siderúrgicas locais não surtiu o efeito esperado. E valerá apenas até maio, o que impõe um clima de cautela e apreensão para o segundo semestre - quando, segundo as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), deve haver desaceleração da economia doméstica.

Neste momento, a demanda interna mostra reação, puxada pelos setores de construção civil e automotivo, que voltaram a apresentar sinais de retomada após um período de estagnação. Isso pode trazer algum alívio às siderúrgicas, já que o quarto trimestre, sazonalmente mais fraco para as vendas de aço, foi marcado por margens pressionadas, com exceção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

 

Analista do Itaú BBA, Daniel Sasson nota uma dinâmica um pouco melhor para aços planos, já que os produtores foram capazes de implementar aumentos de preço no começo do ano e a renegociação de contratos com o setor automotivo foi concluída com reajustes na casa de 2% a 3%, o que deve trazer melhora de margem no primeiro trimestre e, potencialmente, no segundo trimestre.

“No segundo semestre, vale dizer que o nível de visibilidade está menor, porque há expectativa de PIB mais fraco, com desaceleração econômica, comparado ao começo do ano”, diz. “Cautela é a melhor palavra para pensar em termos de volumes, de possibilidade de aumento de preço [na segunda metade do ano”.

A decisão dos Estados Unidos de sobretaxar em 25% o aço importado pode levar a uma queda de 11,27% nas exportações brasileiras de metais ferrosos e perda equivalente a US$ 1,5 bilhão em 2025, segundo projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O setor siderúrgico americano, apesar de ser o 4º maior do mundo, é deficitário na oferta de placas às laminadoras independentes. O Instituto Aço Brasil avalia que o desafio do país, agora, é mostrar que o aço brasileiro desempenha um papel complementar na indústria americana, fornecendo as placas que faltam no mercado local.

Com desvalorização de 40,76% acumulada em 2024 na B3, segundo informações do Valor Data, a CSN surpreendeu com um balanço robusto no quarto trimestre, e o mercado reconheceu que os resultados superaram as expectativas devido ao desempenho operacional mais forte em todas as unidades de negócio. Em 2025, até 14 de março, suas ações exibem alta de 10,53%. Por outro lado, a empresa continua pressionada pelo endividamento elevado, com queima de caixa em decorrência de despesas financeiras e desembolsos feitos para diversificar seus negócios.

Os papéis da Gerdau, por sua vez, tiveram recuo de 4,58% em 2024 e seguem em tendência de baixa em 2025. Mas a companhia já observa sinais de melhora em suas operações nos Estados Unidos após o decreto do presidente Donald Trump, impondo tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio importados pelo país. Com 30% de capacidade ociosa nos EUA, a siderúrgica brasileira vê espaço para ampliar a produção sem necessidade de novos investimentos.

Por outro lado, a Gerdau pode ser surpreendida com a taxação do governo Trump aos produtos do Canadá e México, onde tem operações. A analistas e investidores, o diretor-presidente Gustavo Werneck disse que a companhia, que havia iniciado estudos para instalar uma nova fábrica no México, está reavaliando os planos. A decisão final deve ser tomada até julho. Nessa mesma linha, Werneck disse que se o governo brasileiro não implementar novas medidas de proteção, a empresa pode reavaliar futuros investimentos no país.

O impacto do “tarifaço” americano será mais sentido na ArcelorMittal, que produz e exporta placas de aço do Brasil para os EUA. A empresa informou, em comunicado, que considera ser cedo para avaliar os impactos da decisão, já que medida semelhante foi anunciada em 2018 e ajustada para o regime de ‘hard quota’ após negociação com o governo brasileiro.

Na Usiminas, a queda das ações chegou a 50,09% em 2024, principalmente por causa da pressão sobre os preços do aço, avanço das importações e desvalorização do real, que reduziram margens de lucro.

Para analistas ouvidos pelo Valor, a importação de aço chinês assusta mais do que as tarifas americanas. Com a falta de medidas antidumping e o fim do sistema de cotas em maio, o setor teme uma entrada maior do produto asiático. Sem economizar no português, o diretor executivo da CSN, Luis Fernando Martinez, disse que o Brasil funciona como “quintal do mundo” para a siderurgia da China mandar seus produtos, prejudicando a competitividade do setor.

O governo brasileiro reconhece o impacto das importações sobre a indústria nacional, mas ainda não indicou se vai endurecer as regras ou adotar tarifas antidumping, em processos de investigação já solicitados pelas usinas locais. O sócio-diretor da A&M Infra, Filipe Bonaldo, alerta para a urgência de medidas que protejam o setor siderúrgico. Ele se diz preocupado com os próximos dois anos, já que as empresas tendem a reduzir custos e adiar investimentos enquanto avaliam os efeitos das novas barreiras comerciais em formação.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 17/03/2025