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Anfavea diz que vendas de carros voltaram ao patamar pré pandemia

A Anfavea realizou nesta segunda-feira, 7, em Brasília, o seu balanço do terceiro trimestre – e ele foi considerado muito positivo. Segundo Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a média diária de vendas de Setembro (11,2 mil unidades) foi a melhor dos últimos cinco anos.

A Anfavea considera que o mercado se normalizou e as vendas de carros voltaram ao período pré pandemia, ou seja, aos patamares de 2019. Lima Leite destacou também que a produção de veículos teve em Julho, Agosto e Setembro “o melhor trimestre desde 2019” com 736 mil unidades.

Esses dados positivos, bem como “os desafios e as oportunidades para o país” serão apresentados nesta terça-feira, 8, ao presidente Lula, que vai receber no Palácio do Planalto o presidente da Anfavea e os CEOs das montadoras que fazem parte da associação dos fabricantes. O encontro da Anfavea com Lula ocorre para o lançamento do programa “Combustível do Futuro”.

Durante a apresentação e entrevista coletiva, Lima Leite disse que as vendas de autoveículos este ano podem chegar a 2,650 milhões de unidades “se o quarto trimestre repetir o desempenho de Setembro”. E completou: “Se isso acontecer, é porque erramos em nossas previsões” (que são conservadoras).

O presidente da Anfavea afirmou ainda que não considera a hipótese de um acordo de troca de tecnologia com a China, mas que isso seria ruim para o setor porque “colocaria o processo de desenvolvimento em risco, bem como os investimentos”. 

Números de Setembro 2024

Apesar do tom otimista da apresentação, em Setembro houve uma oscilação negativa nas vendas em relação a Agosto (-0,4%). O setor fechou o mês com 236.334 licenciamentos, contra 237.382 do mês anterior. O maior recuo foi no setor de comerciais leves, com 51.189 vendas (-2,4%).

Porém, comparando com Set/2013 e com o acumulado Jan-Set/2023, as altas foram grandes. Na comparação do mês, as vendas cresceram 19,5%, saindo de um patamar de 197,7 mil para os atuais 236,3 mil.

No acumulado do ano, o crescimento foi de 14,1%, com um total de 1.859.025 veículos emplacados este ano. Os segmentos que mais cresceram foram os de caminhões pesados (+22,2%), comerciais leves (+17,6%), caminhões semipesados (+16,9%) e automóveis de passageiros (+13,2%).

Fonte: Guia do Carro
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 08/10/2024

 

Brasil se mantém entre as 50 economias mais inovadoras do mundo

O Brasil é a 50ª entre 133 economias mais inovadoras do mundo, segundo o Índice Global de Inovação (IGI) 2024. O resultado foi apresentado a lideranças empresariais nesta sexta-feira (4), em São Paulo, pelo coordenador da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), Pedro Wongtschowski. A reunião do Comitê de Líderes também marcou a passagem de bastão da coordenação do movimento para o vice-presidente sênior da Siemens Energy para América Latina, André Clark. 

Divulgada anualmente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), a lista revela que os 10 países mais inovadores continuam os mesmos do ano passado, com a Suíça, Suécia e Estados Unidos no top 3, e algumas alternâncias nas posições seguintes. O Brasil caiu uma posição de um ano para o outro, ficando em 50ª lugar.  

Para Wongtschowski, a estabilidade no quadro geral mostra que o Brasil precisa de mais empenho para melhorar nos aspectos levados em consideração para estruturar o ranking. “Continuamos andando de lado nesse assunto. Avançamos, mas outros países avançaram mais. Pelo tamanho e as ambições do Brasil, ainda temos muito o que fazer”, avalia.  

O país lidera na América Latina e no Caribe; e, no quadro geral, chama atenção o salto da Coreia do Sul, que foi de 10º para 6º em um ano, e da China, que subiu de 14º em 2020 para 11º em 2024. Entre os critérios de avaliação do IGI, o Brasil apresentou os melhores resultados em: 

Sofisticação empresarial (39º): avalia os insumos para as empresas inovarem, como empregos intensivos em conhecimento, investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), cooperação com universidades, patentes etc.; 

Produtos criativos (42º): avalia os resultados da inovação, como registros de marcas, desenho industrial, uso de tecnologias de informação e comunicação e produção de filmes de longa-metragem; 

Sofisticação de mercado (47º): avalia os insumos para inovação, como disponibilidade de crédito, se o ambiente é amigável ao investimento, acesso ao mercado internacional, concorrência e tamanho do mercado; 

Produtos de conhecimento e tecnologia (50º): sob a ótica de resultados da inovação, busca avaliar patentes, artigos publicados, produtividade do trabalho, certificações ISO, gastos com softwares etc. 

Pedro Wongtschowski lembra que o país não conseguiu recuperar a posição obtida em 2011, de 47º.

“Permanecem as recomendações de expandir os investimentos nacionais em P&D, incentivar a formação de pessoal em STEM [ciência, tecnologia, engenharia e matemática], acelerar a regulamentações para um ambiente mais amigável aos negócios e melhorar as condições de infraestrutura em TICs [tecnologias de informação e comunicação] e outras mais gerais”, alerta.

Ainda segundo o Índice Global de Inovação, na relação entre os resultados de inovação e os investimentos realizados, os pontos fortes do Brasil são o mercado interno (8º), as marcas registradas (9º) e a participação eletrônica (11º); enquanto os pontos fracos giram em torno da estabilidade política para fazer negócios (115º), formação bruta de capital (108º) e fluxo de alunos estrangeiros (107º). 

Wongtschowski encerrou a apresentação para as outras lideranças empresariais, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, e representantes do governo, com uma ponderação. 

Ele lembrou do descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e dos recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a inovação, cujos resultados devem aparecer nos índices dos próximos anos. 

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/10/2024

 

O Brasil virou peça-chave para as montadoras chinesas. E uma nova onda de carros vem aí

Não tem mais volta: na nova ordem do mercado automobilístico global, é a China quem dá as cartas. Enquanto as montadoras chinesas prosperam lá dentro e expandem suas atuações para outros países, players americanos, europeus e japoneses fazem o que podem para proteger seus mercados – inclusive apelando para o velho protecionismo.

Nessa nova ordem, o Brasil se tornou um campo de batalha incontornável. Agora, está em marcha no país uma nova onda chinesa, com mais e mais montadoras da Terra do Meio traçando estratégias para fincar os pés no nosso mercado, o sexto maior do mundo.

Esta é a terceira onda de carros chineses no Brasil. A primeira acabou em trauma, em 2011, quando o lobby da indústria automobolística nacional – isto é, montadoras estrangeiras que produzem por aqui já há décadas – levou a então presidente Dilma Rousseff (PT) a aumentar em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros importados de fora do Mercosul. Isso frustrou os planos de empresas como Jac Motors e Chery – esta última acabou se aliando à Caoa para permanecer relevante no Brasil, um casamento que agora está à beira do divórcio.

A segunda onda ocorreu nos últimos dois anos, protagonizada por BYD e GWM. Ambas aprenderam com os erros de suas antecessoras e desembarcaram no Brasil com estratégias comerciais mais robustas. Chegaram com planos – que estão de fato saindo do papel – para produzir localmente, um sinal de foco no longo prazo e de interlocução com os governos federal e estaduais.

E mais importante: elas praticamente inventaram o mercado de elétricos por aqui – da noite para o dia. Em 2024, até agosto, foram vendidos 40,5 mil modelos 100% elétricos. Trata-se de um aumento de 617% em relação ao mesmo período de 2023. BYD e GWM respondem por 84% das vendas nesse mercado. Um domínio absoluto – com a BYD bem na frente, diga-se; o market share dela nesse filão é de 77%; GWM vem em segundo, com 11%.

Entre os modelos híbridos – segmento em que mesmo as montadoras tradicionais têm seus representantes no Brasil –, 43% das vendas são de montadoras chinesas.

 

A nova onda, agora, é composta por novos projetos das chinesas já instaladas por aqui e também por estreantes, caso de Zeekr, Neta e GAC. A maior parte delas foca nos carros para a classe média alta, com SUVs e sedãs parrudos.

“Primeiro eu importo e testo mercado. Começo a fazer as primeiras vendas,
defino os parceiros e estruturo a rede concessionária. Depois, venho com a produção nacional”.
RICARDO BASTOS

O resumo feito pelo executivo Ricardo Bastos ao InvestNews é a respeito da estratégia da GWM, da qual ele é diretor de relações institucionais, mas vale também para outras montadoras chinesas que chegam ao Brasil. Neta e GAC, por exemplo, também devem testar as águas do mercado por meio de modelos importados.

Bastos, que também é presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, explicou que a GWM quer estrear a produção local na fábrica de Iracemápolis (SP) ainda no primeiro semestre de 2025. A unidade já pertenceu à alemã Mercedes-Benz e agora vai fabricar o Haval H6, campeão de vendas da chinesa.

Por aqui, a estratégia comercial da GWM difere da adotada na China e em outros mercados. O que costumam ser marcas separadas no exterior, no Brasil são linhas de produtos sob uma só GWM. Lá fora, Haval e Ora são quase como se fossem montadoras diferentes. Aqui, não: é “GWM Ora”; GWM Haval”.

E nos próximos meses devem aportar por aqui duas novas linhas: a Wey, de SUVs urbanos à la VW T-Cross, e a Tank, de SUVs com carinha mais off-road, como o Ford Bronco.

 

A Chery também tem novos planos para o Brasil, mas antes precisa resolver seu imbróglio com a Caoa. A montadora foi a primeira entre as chinesas a realizar o sonho da fábrica própria no Brasil, tendo inaugurado em 2014 sua planta em Jacareí (SP). As vendas, porém, iam mal. E em 2017 a Chery aceitou, por US$ 60 milhões, se tornar parte de uma joint venture com a Caoa.

Nasceu ali uma nova montadora, a Caoa Chery – cujo futuro segue indefinido. A Chery mudou a estratégia global e decidiu restringir sua marca ao mercado chinês. Internacionalmente, quer atuar com as marcas Omoda e Jaecoo – e quer fazer isso sozinha, sem sócias como a Caoa. O problema é que metade da fábrica no interior de São Paulo – onde quer produzir os Omodas e Jaecoos – pertence à Caoa, que reluta em vender o ativo. A planta está fechada desde 2022.

A Chery quer estrear as novas marcas no Brasil também nos primeiros seis meses do ano que vem, mas é difícil que isso aconteça sem que o casamento com a Caoa seja devidamente encerrado.

Quem não está nem aí pra fábrica própria é a Zeekr. A marca pertence à gigante chinesa Geely – também dona da Volvo e da Lotus – e sabe que não vai inundar as ruas do Brasil com seus carros elétricos de luxo. Apelidada por especialistas do setor como a “Porsche elétrica”, a marca foca nos endinheirados e vai importar da China carros que deverão custar a partir de R$ 300 mil – caro para o mercado “normal”, barato pra quem costuma comprar BMW e Mercedes.

“É uma tremenda experiência por um custo bem menor do que este consumidor está acostumado a pagar”, explica Ronaldo Znidarsis, CEO da Zeekr Brasil, que fala em trazer ao país um “carro de luxo mundial”. E 100% elétrico.

Sem o objetivo de atingir as massas, a Zeekr não é adepta da estratégia da verticalização – quando a própria montadora produz o máximo possível de componentes do carro. O que ela faz é priorizar fornecedores de renome, como Yamaha, Bosch, Qualcomm e Continental. Seus carros são desenhados pelo estúdio de Stefan Sielaff, designer que fez carreira na Audi.

Como a China chegou lá

A China aprendeu a fazer carros bons. E, no caso dos elétricos, tornou-se rapidamente a maior fabricante do mundo. Em termos de tecnologia automobilística, os últimos 40 anos foram revolucionários para o país comandado por Xi Jinping.

Nos anos 1980, marcas ocidentais como a Volkswagen viram na China seu Eldorado e toparam fazer parcerias com fabricantes locais – vários deles estatais –, o que significava transferência de tecnologia. Conforme a China se tornou a grande fábrica do mundo, o país desenvolveu tecnologia própria na produção de baterias, tudo regado a muito incentivo fiscal.

Quando a eletrificação dos carros finalmente virou realidade, por volta de uma década atrás, a China estava com a faca e o queijo na mão para virar uma potência automotiva.

No ano passado, superou a marca de 30 milhões de carros fabricados – os EUA vêm num distante segundo lugar, com apenas 10 milhões. No mesmo ano, tornou-se também a maior exportadora de veículos do mundo, deixando para trás referências como o Japão e a Alemanha.

Como quase toda a indústria chinesa, a automobilística também passou a produzir para a exportação, o que tem rendido reclamação de montadoras como Tesla, Volkswagen e Stellantis, que acusam o regime comunista de financiar indevidamente a produção local para suplantar a concorrência mundo afora.

 

Por que o Brasil?

Com o lobby das montadoras tradicionais, Estados Unidos e União Europeia começaram a subir barreiras para evitar que seus mercados sejam inundados por carros chineses. A UE abriu investigação para apurar os subsídios dados por Pequim às montadoras locais. Nos EUA, o presidente Joe Biden impôs uma tarifa de 100% aos elétricos chineses.

Com os grandes mercados ocidentais se fechando aos chineses, fabricantes de lá focaram em outros países. E o Brasil, sexto mercado do mundo, virou prioridade para muitas delas. Cada um joga com as cartas que tem.

Fonte: Investnews
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 07/10/2024

 

Medidas de estímulo chinesas devem ter impacto moderado sobre siderúrgicas brasileiras

As medidas de estímulo à economia anunciadas na semana passada pelo Banco do Povo da China (banco central chinês, PBoC, na sigla em inglês) se refletiram nas ações das siderúrgicas brasileiras imediatamente, mas os efeitos sobre o setor no Brasil deverão ser limitados. As expectativas nesse sentido podem mudar caso o governo do país asiático lance mão de novas ferramentas para fomentar o crescimento econômico.

O PBoC decidiu reduzir a taxa de compulsório — percentual dos recursos que os bancos devem manter como reserva —, o que deve liberar mais de US$ 140 bilhões em novos empréstimos. Além disso, indicou que essa taxa podem cair ainda mais no futuro, reduziu o equivalente à taxa básica de juros, derrubou os custos das hipotecas e adotou medidas de apoio ao mercado de capitais.

As expectativas de possível reaquecimento do mercado imobiliário chinês tiveram impacto imediato nas ações das siderúrgicas brasileiras. O desaquecimento do mercado imobiliário chinês nos últimos anos levou a uma “invasão” do aço produzido nas siderúrgicas do país asiático em todo o mundo.

Sediadas em um país com economia centralizada e forte poder estatal, a siderúrgicas chinesas operam com margens baixíssimas — por vezes com perdas — e colocam sua produção em outros países com preços mais baratos que os do aço local.

Com a possibilidade de que o mercado imobiliário chinês voltasse a aquecer, a resposta imediata foi a alta das ações das siderúrgicas brasileiras. Afinal, com mercado interno mais demandante, haveria menos aço chinês para concorrer em outros países.

No dia 24, quando houve o anúncio, as ações da CSN subiram 9,39%, enquanto as da Usiminas avançaram 7,68% e as da Gerdau, 4,17%. Desde então, o que se viu foi a continuidade de um processo de alta nos papéis. Entre o fechamento do dia 24, quando as ações das três empresas já tinham registrado avanços relevantes, e ontem, CSN subiu mais 7,67%; Usiminas avançou 3,48%; e Gerdau, 3,51%.

A mudança de rumo é clara quando se compara esse curto período de tempo de uma semana com a trajetória acumulada ao longo do ano. Quando comparados os valores de fechamento do último pregão de 2023 com o encerramento de ontem, a CSN acumula perda de 30,01%; a Usiminas, de 30,51%; e a Gerdau, de 0,88%.

Mas a visão de economistas e analistas sobre o pacote chinês e a influência em prazos mais longos sobre as siderúrgicas é de que esse efeito será limitado. A expansão dessa influência positiva depende do aprofundamento das medidas de estímulo chinesas. Apesar da flexibilização fiscal para estimular o consumo, a conclusão geral é de que o PBoC precisará ir além para realmente aquecer a economia local.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, acredita que poderemos ver novas medidas de flexibilização fiscal por parte da China. Mas ele pondera que, com o que há de anunciado até o momento, ainda haverá excesso de aço chinês no mundo.

“Ainda tem uma oferta de aço que chega de forma muito competitiva em todo o globo e no Brasil isso não é diferente”, afirma, lembrando os números de importação de aço no país.

Segundo o Instituto Aço Brasil, a importação de produtos siderúrgicos no país em agosto somou 646 mil toneladas, 30,3% a mais que em igual mês do ano passado. No acumulado nos primeiros oito meses de 2024 foram 3,973 milhões de toneladas, 24,8% a mais que entre janeiro e agosto de 2023.

O nível de importação continua relevante mesmo depois que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) aumentou, a partir de 1º de junho, a tarifa externa de 11 Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs). A cota estabelece um teto de 1,6 milhão de toneladas nesses produtos, que pagariam a tarifa média de 10,8% para entrar no Brasil. Acima desse volume, a tarifa sobe para 25%.

“Meu ponto é que possivelmente continuaremos a ver capacidade ociosa por parte das siderúrgicas chinesas, veremos uma taxa de utilização dos altos-fornos forte, vamos continuar a ver a China tanto consumindo quanto exportando aço”, diz Arbetman.

Além disso, ele ressalta que as medidas chinesas também tiveram impactos no minério de ferro. Caso o preço da “commodity” suba de forma mais relevante, pressionará os custos das siderúrgicas brasileiras. “O assunto custo, que já foi muito sério no balanço das companhias no segundo trimestre, pode continuar sendo um problema ao longo do segundo semestre também [caso o minério de ferro suba]”, pondera o analista.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/10/2024

 

Governo institui tributação mínima de 15% sobre lucro de multinacionais estrangeiras

O governo instituiu a taxação mínima de 15% sobre multinacionais estrangeiras por meio da Medida Provisória (MP) 1.262. Será feita na forma de um adicional da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025. Valerá para companhias que tiverem receita anual a partir de 750 milhões de euros.

A mudança é parte do projeto de instituir uma taxação mínima global sobre grandes empresas e integra o chamado Pilar 2 de um projeto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) chamado Base Erosion and Profit Shifting (BEPS), que combate o planejamento tributário.

A tributação mínima será aplicada a “entidades constituintes de um grupo de empresas multinacional que tiver auferido receitas anuais de 750 milhões de euros ou mais nas demonstrações financeiras consolidadas da entidade investidora final em pelo menos dois dos quatro anos fiscais imediatamente anteriores ao analisado”, estabelece a MP. O foco está nas grandes empresas.

A MP foi publicada depois das 22 horas, em edição extra do “Diário Oficial da União” de quinta-feira (3). A regulamentação, através de uma instrução normativa da Receita Federal, também foi publicada em edição extra, com mais de 74 páginas.

“O BEPS surgiu como uma resposta à crescente preocupação com práticas de planejamento tributário de grandes multinacionais que deslocavam lucros para jurisdições com tributação reduzida ou inexistente”, comentou o advogado tributarista Caio Malpighi, do VBSO Advogados. “O Pilar 2, em particular, visa garantir uma tributação mínima global de 15% para esses grupos multinacionais, independentemente da jurisdição onde suas operações estejam baseadas.”

O objetivo, explicou, é evitar que empresas transfiram seus lucros para locais onde a carga tributária é quase nula, prejudicando a arrecadação nos países onde essas corporações realmente geram valor.

Ele explica que o adicional da CSLL instituído pela MP incide sobre o lucro líquido ajustado das múltis. “Isso significa que, independentemente dos incentivos ou isenções fiscais que possam estar disponíveis em diferentes jurisdições, essas empresas precisarão pagar, no mínimo, essa alíquota”, explicou.

A MP estabelece regras para calcular o adicional da CSLL a partir de uma série de ajustes no lucro líquido contábil e nos tributos pagos. Com isso, procura-se calcular o "Lucro GloBE" (Global Anti-Base Erosion), que serve de base para a tributação mínima.

São contemplados mecanismos de conversão de moedas, alocação de lucros entre jurisdições e exclusões de determinados lucros baseados em substância, como custos com folha de pagamento e ativos tangíveis. O objetivo, disse Malpighi, é assegurar que as operações substanciais da empresa, como geração de empregos e investimentos em ativos físicos, sejam levadas em consideração na apuração dos tributos.

A MP, ressaltou o advogado, procura estabelecer uma tributação que não penalize excessivamente empresas que investem e geram valor no Brasil. Assim, prevê exclusões baseadas em substância, de forma que parte do lucro da empresa, relacionado a atividades substanciais, como a folha de pagamento de empregados e investimentos em ativos tangíveis, poderá ser excluído do cálculo do adicional da CSLL.

Com base no lucro GloBE, será calculada a alíquota efetiva a ser paga pela empresa. “Se essa alíquota ficar abaixo de 15%, será aplicado o adicional da CSLL para atingir a tributação mínima”, explicou. Dessa forma, o governo tenta evitar que as empresas reduzam artificialmente sua carga tributária global, utilizando estratégias como deslocamento de lucros para jurisdições com baixa tributação.

Empresas que não cumprirem obrigações acessórias estarão sujeitas a penalidades “significativas”, comentou o advogado. “Se as informações não forem apresentadas dentro do prazo ou se forem apresentadas com erros, inexatidões ou omissões, a multa pode chegar a 0,2% da receita total da empresa por mês de atraso, limitada a 10% da receita total ou 10 milhões de reais”, informou. “Além disso, há uma multa de 5% do valor omitido ou incorreto, com um mínimo de 20 mil reais.”

A MP prevê reduções nas multas para as empresas que corrigirem suas informações dentro de prazos específicos.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 04/10/2024

 

Simplificação de importações resultará em economia de R$ 40 bilhões por ano

Iniciada em 1º de outubro, a simplificação de importações proporcionada pela migração das operações ao Portal Único de Comércio Exterior proporcionará economia de R$ 40 bilhões por ano às empresas. A informação foi divulgada pela secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Tatiana Prazeres.

A pasta calcula que o ganho de competitividade e a redução da burocracia deverá acrescentar US$ 130 bilhões à economia brasileira até 2040. O Portal Único substitui o Siscomex, sistema de registro de comércio exterior brasileiro em funcionamento desde 1993.

Inaugurada em 2014, a plataforma reduz a exigência de documentos, executa simultaneamente processos que eram executados em sequência e permite a emissão de licenças flex (em que várias operações comerciais são autorizadas por volume de cargas ou por períodos fixos). Com o portal, em vez de preencher vários documentos, a empresa preencherá a Declaração Única de Importação (Duimp).

No caso das exportações, a migração para o portal com declaração unificada começou em 2017 e terminou em 2018, reduzindo o tempo médio da liberação de mercadorias de 13 para 4,8 dias. Já para as importações, o projeto piloto da Duimp começou em 2018. De lá para cá, o tempo médio da liberação das mercadorias que chegam ao país caiu de 17 para nove dias.

Embora exista há seis anos, a Duimp era aplicada em fase de testes, até agora. Para a secretária do Mdic, a migração total das importações do Siscomex para o Portal Único de Comércio Exterior gerará uma redução adicional de tempo, de nove para cinco dias no prazo médio da compra de bens do exterior. O novo sistema beneficiará cerca de 50 mil importadoras existentes no país.

“O custo da carga parada por dia equivale a 0,8% do valor dela. Com base na importação de US$ 242 bilhões no ano passado e na redução das operações em quatro dias [de nove para cinco dias], calculamos um ganho em torno de R$ 40 bilhões para as empresas de comércio exterior [em torno de US$ 8 bilhões]”, explicou Tatiana Prazeres.

Para chegar ao cálculo de US$ 130 bilhões de ganho para o Produto Interno Bruto (PIB), a secretária de Comércio Exterior explicou que o Mdic calculou o ganho para outros setores da economia, com a desburocratização e a redução do custo Brasil (custos de produção).

Fases

A migração das importações para o Portal Único vai até o fim de 2025. De outubro a dezembro deste ano, a Duimp será obrigatória para as importações marítimas. De janeiro a julho de 2025, para as cargas que chegam por avião. De julho a dezembro do próximo ano, para as importações por fronteiras terrestres e via Zona Franca de Manaus.

Segundo o Mdic, o Portal Único de Comércio Exterior reduziu a quantidade de documentos emitida por ano de 871 mil para 135 mil. A declaração única exige o preenchimento de 38 campos, contra 98 campos na declaração anterior via Siscomex.

“O Siscomex teve sua importância nos anos 1990, quando substituiu os papéis por documentos digitais. O Portal Único é uma evolução, que diminui o número de documentos, digitaliza o serviço e permite a fiscalização conjunta [da carga] da Receita com outros órgãos”, disse o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas.

Fonte: CIMM
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 03/10/2024