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Cocari indica cuidados essenciais para as lavouras no verão

O verão, com seu clima quente e chuvoso, exige atenção redobrada dos produtores rurais. A combinação de calor e umidade favorece o surgimento de doenças fúngicas, tornando o monitoramento constante uma prioridade para proteger as lavouras.

“Devemos manter um monitoramento constante e utilizar um programa de fungicidas sistêmicos e protetores. É fundamental que essa prática comece antes do período de ‘fechamento de rua’ na lavoura, para proteger as folhas do baixeiro e garantir a melhor sanidade pelo maior tempo possível”, orienta Rodrigo Rombaldi, consultor do Departamento Técnico (Detec) da Cocari.

Tecnologia como aliada no manejo

Em áreas onde a umidade dificulta a entrada de máquinas agrícolas, o uso de drones para pulverização tem se mostrado uma solução eficiente e sustentável. “O uso de drones evita o pisoteio na lavoura, permitindo que a aplicação de defensivos seja feita de forma precisa e sem danificar o solo”, explica Rombaldi.

Essa alternativa tecnológica não apenas garante agilidade e precisão, mas também contribui para a preservação da estrutura do solo e para a saúde das plantas, mesmo em condições desafiadoras.

Fonte: Cultivar
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 08/01/2025

 

Venda de aço barato da China continua prejudicando a siderurgia da América Latina

O afluxo sem precedentes de aço barato proveniente da China ao longo de 2024 levou os países latino-americanos a enveredar ao protecionismo. Um após o outro, os países da região impuseram tarifas sobre as importações de aço chinês, em uma tentativa de proteger as suas indústrias siderúrgicas nacionais da concorrência barata. A estratégia de dumping da China em relação ao aço provocou uma crise na indústria siderúrgica latino-americana, levando ao encerramento de grandes empresas e pondo em risco centenas de milhares de postos de trabalho na região.

A situação está longe de estar resolvida. Segundo a Reuters, as siderúrgicas chinesas deverão continuar a aumentar os embarques em 2025, o que provavelmente agravará a situação já vulnerável da indústria siderúrgica latino-americana. México, Brasil, Chile e, mais recentemente Colômbia, reagiram, aumentando os impostos sobre os produtos siderúrgicos provenientes da China.

As tentativas de Pequim de aumentar sua influência na América Latina têm provocado cada vez mais revolta, informou a agência de notícias alemã DW. Entre as últimas vítimas, e talvez a mais emblemática da influência econômica da China, está a maior siderurgia do Chile, Huachipato, que encerrou 74 anos de operações, ao fechar o seu forno principal em setembro, marcando o fim de uma era para a indústria siderúrgica da região, devido à intensa e desleal concorrência da China.

Para a cidade portuária de Talcahuano e os seus 160.000 habitantes, que fazem parte da região chilena de Biobío, o fechamento da Huachipato significou a perda do seu motor económico. Cerca de 2.700 trabalhadores foram diretamente afetados, enquanto outras 20.000 pessoas indiretamente ligadas à empresa foram impactadas, indicou a organização não governamental Fundación Andrés Bello. O fechamento da Huachipato também tem repercussões a nível nacional, uma vez que os sindicatos locais estimaram que mais da metade dos trabalhadores que perderam os seus empregos têm mais de 50 anos, o que complica as suas possibilidades de reemprego.

O fechamento da siderúrgica também afetou mais de 1.000 pequenas e médias empresas locais, aumentando potencialmente o desemprego na região para 11 por cento, acrescentou a Fundación Andrés Bello. O fechamento da siderúrgica de Huachipato terá um impacto no Produto Interno Bruto (PIB) regional de 3 por cento, segundo estimativas da Universidade Católica da Santíssima Concepción, em uma área que contribui com quase 6 por cento para o PIB do Chile.

“Trabalhei na Huachipato; meu pai trabalhava na Huachipato, minha esposa também era operária da Huachipato, e tínhamos um bom padrão de vida”, disse à AFP, em 13 de setembro, Fernando Orellana, de 62 anos, que começou a trabalhar na limpeza da empresa aos 25 anos e foi promovido a chefe do setor.

Roberto Hernández, outro trabalhador siderúrgico que perdeu o emprego, descreveu a situação como ‘terrível’. “Onde vou encontrar trabalho nesta idade?”, pergunta à AFP o trabalhador de montagem, de 54 anos.

A indústria do aço na América Latina gera 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos e é fundamental em diferentes setores econômicos estratégicos, de acordo com um comunicado da Associação Siderúrgica Latino-Americana (Alacero), em 1º de novembro.

O Brasil, que é o nono produtor mundial e o maior da América Latina, com 10 usinas de grande porte, já dá sinais de ser afetado pelo aço chinês. Em 2023, as importações da China aumentaram em 50 por cento e a produção caiu em 6,5 por cento, de acordo com o Instituto Aço Brasil. No final de 2023, a Usiminas desligou um forno, devido ao volume de importação da China. A Gerdau, uma das maiores siderúrgicas do país, demitiu, até abril de 2024, 700 trabalhadores, devido ao “cenário desafiador enfrentado pelo mercado brasileiro, diante das condições predatórias das importações chinesas de aço”, informou a empresa em um comunicado à AFP, em 18 de abril.

Os países da América Latina estão tentando reagir. Em outubro, o Brasil impôs novas tarifas sobre as importações da China de até 25 por cento, em uma tentativa de combater o dumping e “proteger a indústria nacional dos danos causados por essa prática”, disseram as autoridades, que foram as mesmas impostas pelo México sobre 205 tipos de produtos siderúrgicos. No México, o aço é responsável por 1,4 por cento do PIB e gera 700.000 empregos.

“A queda da produção, em um contexto de diminuição do consumo e de aumento das importações, reflete a necessidade de a região procurar estratégias que fortaleçam a sua indústria local e reduzam a vulnerabilidade ao mercado internacional”, destacou em um comunicado à Diálogo Ezequiel Tavernelli, diretor executivo da Alacero.

Alacero explicou que o aumento das importações de aço chinês na América Latina continua a ameaçar a indústria regional, dado que os produtos chegam à região a preços abaixo dos do mercado, vindo de um país que fornece apoio financeiro à sua indústria siderúrgica fora das regulamentações da Organização Mundial do Comércio (OMC), e muitos desses subsídios violam os acordos da OMC.

“Nossa região apresenta uma das melhores performances ambientais na produção de aço, com emissões de 1,55 toneladas de CO? por tonelada de aço bruto”, destacou José Fonrouge, diretor global sênior de Sustentabilidade da siderúrgica brasileira Ternium e presidente do Comitê de Políticas Ambientais da Alacero, em um comunicado à Diálogo. Esse índice está bem abaixo da média mundial – de 1,91 toneladas de CO? por tonelada de aço bruto –, e é cerca de 25 por cento menor do que as emissões geradas na China, acrescentou.

Em novembro de 2024, a Alacero havia registrado 373 denúncias de dumping na OMC contra a China.

Fonte: Diálogo Américas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/01/2025

 

Setor de máquinas vê sinais de recuperação

Os anos de 2024 e de 2023 foram de perdas para as empresas de máquinas – reflexo da queda dos preços das commodities agrícolas e das taxas de juros elevadas – depois do auge de 2022.

Naquele ano de euforia, as commodities nas alturas fizeram o faturamento com as vendas de máquinas alcançar o recorde de R$ 95 bilhões.

Ainda que os juros possam ser novo entrave, por ora, a indústria de máquinas avalia que 2025 será um ano de “normalização” das vendas, com a volta do faturamento ao patamar dos R$ 60 bilhões.

Neste ano, deve fechar em R$ 56 bilhões, segundo a Câmara Setorial de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileia da Indústria de Máquinas (Abimaq).

Em 2023, a receita havia alcançado R$ 74 bilhões. A indústria pondera que, além do cenário desfavorável, a retração foi grande nos dois últimos anos porque a base de comparação era alta.

EUA

Afora o comportamento dos juros, a “normalização” em 2025 vai depender também de outros fatores, como os primeiros movimentos do futuro presidente dos EUA, Donald Trump. Na campanha eleitoral, ele prometeu taxar as importações, sobretudo da China, o que pode afetar fluxos comerciais, elevando os preços das commodities.

Analistas já fazem cálculos caso esse cenário se confirme. Segundo o consultor Carlos Cogo, os preços da soja e milho podem subir na bolsa de Chicago e aumentar a rentabilidade do produtor, e, por consequência, o apetite para investir.

Se isso se concretizar, as vendas de tratores devem crescer entre 4,5% e 9% no Brasil. Sem o “efeito Trump”, entre 2% e 4%.

As vendas de colheitadeiras podem crescer ainda mais, entre 10% e 20%, porque a base de comparação é ruim e pela expectativa de uma nova safra recorde em 2024/25.

“Depois da colheita de soja, é provável que também tenhamos uma safra enorme de milho, e os produtores precisarão de colheitadeiras mais potentes”, diz Cogo.

Entre janeiro e outubro, as vendas de tratores e colheitadeiras totalizaram 60.125 unidades (queda de 26,9%), sendo 53.245 para o mercado interno (-26,4%).

“Neste ano houve uma seca muito severa que diminuiu a rentabilidade do produtor desses dois principais produtos [milho e soja] do agronegócio nacional. Estamos contando que a próxima safra, colhida a partir de fevereiro, apresente uma produtividade e uma rentabilidade melhor para o produtor, que deve voltar às compras de equipamentos”, diz Pedro Estevão, presidente da Câmara da Abimaq.

Segundo ele, equipamentos para soja e milho representam entre 60% e 70% do faturamento do setor e, por isso, apesar dos preços recordes do café e cacau, por exemplo, o resultado de 2024 não foi bom.

Ainda que acredite em normalização, Estevão reconhece que “os juros podem atrapalhar os planos para 2025”. “Como acabaram os recursos do Moderfrota e do Pronaf [do Plano Safra], temos que lidar com taxas de 16% ao ano, que são muito proibitivas”, acrescenta.

Fonte: Revista M&T
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 07/01/2025

 

Produção de aço bruto no Brasil cresce 5,6% em um ano

De janeiro a novembro deste ano, o volume da produção de aço bruto no país foi de 31,1 milhões de toneladas (t). O resultado supera em 5,6% o registrado entre janeiro e novembro de 2023.

Na comparação dos dois períodos, as importações, o consumo aparente e as vendas internas cresceram 24,4%, 9,6% e 8,7%, respectivamente, conforme aponta o Instituto Aço Brasil, em balanço divulgado nesta segunda-feira (16).

A previsão é de que, ao se computar os resultados de dezembro, o ano de 2024 termine com produção de 33,7 milhões de t. No acumulado deste ano, o pior índice foi o referente a exportações, que somaram 8,8 milhões de t até o momento, 18,5% a menos do que o mesmo período do ano passado.

Em coletiva de imprensa, a organização sublinhou como os três principais setores que dependem do aço contribuíram para o desempenho apresentado: o de automotores teve alta de 12,1%, enquanto o de máquinas e equipamentos e o da construção civil registraram variação positiva de 1% e 4,1% respectivamente.

China

O presidente executivo do instituto, Marco Polo de Mello, aludiu a um quadro que compila dados sobre o histórico de alguns países quanto ao consumo da liga metálica, ao longo de 43 anos. No Brasil de 1980, a proporção média era de 100,6 quilos por habitante, passando para 110,8 em 2023. A variação do país foi de 10,1%, ao passo que a da China, por exemplo, foi de 1.863%.

O país asiático foi mencionado como um fator de preocupação, por estar, na avaliação de Mello, praticando uma atividade “predatória”, dominando as exportações.

Mello afirmou que um dos temas que predominaram foi a transição energética, sobretudo pela Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças do Clima (COP29), realizada no mês passado em Baku, no Azerbaijão, e que a indústria de aço e a de ferro são responsáveis somente por 4% do volume de gases de efeito estufa emitidos pelo Brasil. Em âmbito global, a porcentagem é de 7%, frisou ele.

Ao citar os números, o representante do instituto pediu que outros ramos econômicos sejam cobrados de modo proporcional pelos danos que geram. O agronegócio, por exemplo, responde por 32% das emissões, e o setor de energia, por 24%.

Mello enfatizou, ainda, a importância de se delimitar o que é meta estabelecida pelo governo brasileiro e o que está ao alcance do setor. “Só vamos assumir metas factíveis”, declarou.

O executivo do instituto usou como exemplo os Estados Unidos que, segundo ele, após ter passado por um boom na produção de automóveis, aproveitou as unidades como sucata, que entende como uma das soluções para a transição energética.

A segunda delas, complementar, seria a utilização do hidrogênio como substituto, no processo de descarbonização do aço, o que, criticou Mello, exigiria da Petrobras uma posição “menos monopolista”. Para fechar um conjunto de ferramentas, a indústria de aço necessitaria de R$ 180 bilhões para tornar viável a transição para energia limpa.

Fonte: O Cafezinho
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/12/2024

Após tom incisivo de Galípolo, mercado vê Selic em 15% em 2025

Os economistas de mercado chegam ao fim deste ano já com o script pronto sobre o que deve acontecer com a taxa de juros até os primeiros três meses de 2026. Com uma comunicação bastante incisiva do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e uma indicação de que o sarrafo é alto para não se cumprir a prescrição já dada para os rumos da política monetária, o mercado trabalha com 14,25% como piso para a Selic, mas projeta elevações adicionais na taxa em um ambiente que contém riscos inflacionários elevados.

Entre 95 instituições financeiras e consultorias que participaram do último levantamento do ano feito pelo Valor, a mediana das projeções aponta para uma Selic de 15% no fim do ciclo de aperto monetário e, também, no fim de 2025, com reduções na taxa básica de juros que só devem ter início em 2026. Caso, de fato, esse cenário se concretize, a Selic chegará ao maior nível desde julho de 2006. As projeções foram coletadas após a divulgação do Relatório de Inflação (RI) do quarto trimestre e a entrevista à imprensa de Gabriel Galípolo e Roberto Campos Neto.

O nível bastante restritivo dos juros com o qual o mercado trabalha mostra uma mudança relevante do cenário econômico nos últimos meses. No fim do ano passado, as previsões dos economistas não contemplavam uma retomada do processo de aperto monetário. Entre as estimativas mais conservadoras de casas consultadas pelo Valor em 2023, a Selic era projetada era de 10,5% no fim deste ano, ou seja, bem distante dos atuais 12,25%.

Já para agora, a expectativa dos agentes aponta para um ciclo bem agressivo de aperto à frente, induzido pela própria comunicação da autoridade monetária. As indicações de Galípolo de que o BC fará o necessário para que haja uma convergência da inflação rumo à meta de 3% no horizonte relevante (18 meses à frente) provocaram alteração nos cenários de economistas de mercado. Antes da decisão de dezembro, o ponto médio das estimativas para os juros indicava uma taxa de 13,75% no fim do ciclo de aperto monetário e de 13,5% em dezembro de 2025.

Após o RI e a coletiva de Galípolo e Campos Neto, instituições financeiras importantes alteraram seus cenários e passaram a contemplar um caminho ainda mais restritivo na condução dos juros. Na sexta-feira, o Santander elevou sua estimativa para a Selic no fim do ciclo de 13% para 15,5%, enquanto o Banco do Brasil passou a trabalhar com uma taxa de 15,25%, contra 13,75% na estimativa anterior. Já no caso do BTG Pactual, a previsão para o juro básico tanto no fim do ciclo quanto em dezembro de 2025 passou de 14,75% para 15,25%.

“Galípolo foi muito enfático em relação ao ‘guidance’ [prescrição futura] e aos rumores sobre a realização de uma reunião extraordinária”, afirma o economista-chefe da XP Asset Management, Fernando Genta. Assim, após as elevações já esperadas de 1 ponto nos juros em janeiro e em março, o economista acredita que o BC deve desacelerar o ritmo e entregar um aumento de 0,75 ponto em maio e outro de 0,5 ponto em junho.

No entanto, mesmo com uma Selic em 15,5%, Genta espera uma inflação ao redor de 6% no próximo ano. “É um contexto em que todos os fatores apontam para uma inflação mais alta. Espero alguma desaceleração da economia, mas não um cenário em que ocorra uma alta expressiva do desemprego ou da capacidade instalada da economia. Portanto, devemos ter um hiato do produto [medida de ociosidade da economia] mais inflacionário do que tivemos neste ano, sem o benefício de uma bandeira verde da energia elétrica. Será um período inflacionário ainda mais extenso.”

O cenário traçado pela XP Asset guarda semelhança com o da Novus Capital, que vê a inflação ainda mais pressionada e não projeta um retorno à meta no horizonte relevante. “Só vamos ter uma convergência se a postura da política fiscal for alterada. Pelos modelos do BC, acreditamos que uma Selic em 15,25% poderia mostrar uma convergência da inflação para a meta, mas, no nosso cenário, vemos um ano de 2025 bem complicado na seara fiscal”, afirma o economista-chefe da Novus, Tomás Goulart.

A postura de Galípolo adotada na entrevista na semana passada foi vista como positiva por Goulart. Para ele, o atual diretor de política monetária assumiu de vez a posição de banqueiro central e adotou um tom “necessário” para o momento. “E isso só mostra como a independência do BC faz bem ao país. Ela conseguiu fazer com que o instrumento monetário tivesse credibilidade na condução da política econômica no momento em que a política fiscal perdeu.”

Na avaliação de Goulart, o BC tentou retomar credibilidade ao contratar uma Selic de pelo menos 14,25% e com os discursos vistos na semana passada. “E podemos dizer que, nisso, o mercado estava aguardando para saber quando haveria a entrada do Galípolo como presidente. Ele deixou clara a preferência pelo ‘guidance’ e tentou retomar a confiança de que o BC fará o que for necessário”, afirma o economista.

Os primeiros efeitos já foram sentidos nos preços dos ativos financeiros ainda na quinta-feira, quando os juros de curto prazo passaram a cair. No auge do estresse, a curva de juros chegou a precificar uma Selic de 17,5% no próximo ano. Após declarações de Galípolo, a aprovação das medidas de revisão de gastos no Congresso Nacional e o vídeo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acena para novas medidas, caso necessário, houve um alívio relevante nas taxas de curto prazo.

Já no mercado de opções digitais, houve uma consolidação das apostas em torno de um aumento de 1 ponto na Selic em janeiro, com 70% de chance no fechamento dos negócios de sexta-feira. Antes, o aumento dos prêmios de risco levou a curva de juros a embutir nos preços a chance de uma alta de até 2 pontos na taxa básica.

O economista Leonardo França Costa, do ASA, também defende um juro básico em 15,25% no fim do ciclo, ao avaliar que ainda há um viés de mais inflação, dado que a depreciação do câmbio foi significativa e que não há perspectiva de solução definitiva para os problemas fiscais brasileiros. “O viés é de mais inflação e Selic.”

Além disso, um processo de flexibilização parece bastante distante e deve ocorrer somente em 2026 na visão do ASA. Costa entende que será necessária alguma estabilização ou perspectiva de desaceleração da atividade e da inflação para que o BC pare de elevar os juros e comece a cortar, o que não deve ser observado na maior parte do próximo ano. “Não parece que vamos ter um cenário para cortes. Esperamos que, no fim do ano que vem, seja possível ver algum tipo de estabilização”, diz o economista, ao ponderar que, até lá, o cenário indica um crescimento menor e uma inflação mais pressionada.

O contexto externo também entra na conta, já que as chances de uma política monetária seguir em níveis restritivos nos Estados Unidos são maiores do que se imaginava um tempo atrás. Em meio a uma economia resiliente, inflação acima da meta e ameaças tarifárias do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, contra economias importantes, as preocupações com a inflação nos EUA têm aumentado. “Sabemos qual o receituário e parece que não vai escapar disso. A dúvida é entender se eles irão colocar tarifas no ‘modo turbo’ e a um patamar muito mais elevado”, afirma.

Os desenvolvimentos externos também levaram o Rabobank a esperar um cenário mais conservador na condução dos juros pelo BC. “É um cenário global mais adverso, onde vimos um fortalecimento generalizado do dólar, com as perspectivas do futuro governo Trump”, nota o chefe de estratégia macro para América do Sul do banco, Mauricio Une. “E, além disso, as discussões do pacote fiscal se somam ao fator externo que trouxe momentos de tensão e estresse para o câmbio, mas, talvez, não vejamos necessariamente outros picos de alta até a próxima reunião.”

Mesmo assim, o cenário será de juros bastante elevados, com alta até 15% no cenário do Rabobank. “Tenho a sensação de que, só com duas altas de 1 ponto na taxa de juros nas duas próximas reuniões, talvez o fluxo de dados que possamos ver até março ainda não seja necessariamente suficiente para o BC ficar tranquilo de que estaremos com projeções, expectativas de inflação e hiato do produto ajudando para o BC parar de subir os juros”, avalia Une.

Assim, para ele, a autoridade monetária entrará no segundo trimestre de 2025 ainda com medidas de aperto a ser tomadas. “Em maio, o BC terá em mãos os dados de atividade do primeiro trimestre e, talvez, as expectativas inflacionárias possam começar a ajudar o Copom a ter um pouco mais de calma. Acredito que, então, o hiato do produto deixará de ser um fator de pressão positiva para a inflação prospectiva, que pode começar a ficar mais tranquila”, afirma o profissional do Rabobank. “Mas o cenário todo é muito dinâmico”, ressalta.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 23/12/2024

 

Preço do aço deve subir 7,5% em janeiro no Brasil; veja os motivos

O preço do aço plano deve subir de 7% a 7,5% em janeiro no Brasil, conforme perspectivas do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Apesar de não ter sido oficializado pelas indústrias siderúrgicas, o incremento esperado pela instituição se dá em função da valorização do dólar e do aumento da taxa de juros praticados no Brasil.

De acordo com o presidente do Inda, Carlos Jorge Loureiro, os 7,5% de aumento esperados não cobrem, entretanto, a variação do dólar no mês de dezembro, e os dois principais insumos das usinas de produção do aço são o minério de ferro e o carvão.

“São produtos dolarizados, então, realmente, as usinas não possuem muita alternativa a não ser o reajuste”, afirmou.

Com relação ao desempenho da indústria para compras e vendas, o Instituto informou que no 11º mês do ano os resultados foram negativos e aquém do que eles esperavam. As vendas de aços planos em novembro contabilizaram queda de 15% quando comparada a outubro, atingindo o montante de 296,8 mil toneladas contra 349,7 mil toneladas. Sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 328,2 mil toneladas, a queda foi de 9,6%.

Já as compras em novembro registraram redução de 17% na comparação com outubro, com volume total de 295,6 mil toneladas contra 356,5 mil toneladas. Frente a novembro do ano passado (341,6 mil toneladas), houve queda de 13,5%.

A retração acabou por interferir no desempenho anual. De janeiro a novembro, as vendas cresceram apenas 1,6%, quando o esperado era em torno de 3%. Já as compras no mesmo período tiveram um crescimento de 2,9%, se comparado com o mesmo intervalo de tempo do ano passado.

A retração nas vendas, segundo o presidente do Inda, foi resultado do menor número de dias úteis do mês de novembro (19 no total), consequência do excesso de feriados no mês. Além do fator sazonal, a competição com os importados é outro fator considerado o “grande problema da siderurgia nacional”.

Importações não caem como esperado

Apesar das importações terem encerrado o mês de novembro com queda de 25,4% em relação ao mês anterior, com volume total de 206,1 mil toneladas contra 276,4 mil toneladas, o número não foi suficiente para alcançar os índices esperados pelo instituto, que eram de crescimento menor que 10%.

De janeiro a novembro, a alta acumulada das importações ainda foi de 15,7%. Com esses resultados, o Inda acabou reduzindo a expectativa de crescimento para o ano e, agora, projeta uma alta de apenas 0,8% para 2024. 

“Apesar de todos os esforços, todas as medidas que foram tomadas em termos de cotas, entre outras, nós estamos fechando novembro com um crescimento de quase 16% nas importações. Um crescimento em cima do ano que deixou todo mundo aflito e que acendeu as luzes vermelhas com relação à penetração da importação ano passado”, pontuou Loureiro.

Ele explica que, assim como novembro, o mês de dezembro também terá poucos dias úteis, já que a maioria dos clientes das usinas entram em férias coletivas a partir da próxima semana, e o setor não conseguirá melhorar o desempenho.

“O número de dias úteis caiu muito e isso está nos levando a esperar uma queda de 20% nas vendas em dezembro. Se confirmada, a expectativa do ano será bem abaixo dos índices que estávamos tentando atingir”, diz. 

Com as vendas menores, os estoques crescem. Se comparado com novembro do ano passado, o estoque apurado em novembro deste ano é 12,9% maior. Enquanto agora há 981,1 mil toneladas em estoque, em novembro de 2023, eram 869,1 mil toneladas. 

Perspectivas para 2025

Para o ano que vem, o Inda espera crescer 1,5% em relação a 2024. Apesar da indústria nacional já ter perdido muito mercado, o presidente do Inda espera não perder mais. Entretanto, a alta do dólar e o aumento da taxa de juros devem impactar, na visão do presidente, o consumo do aço no Brasil.

“Já se fala em juros a 14,25%. Então, haverá impactos, basta ver a indústria automobilística que é responsável pelo consumo de 35% de aço no Brasil, e espera crescer quase 16% este ano. Eles já estão prevendo queda para 5% de crescimento no ano que vem”, conclui Loureiro.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/12/2024