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Por que a reforma tributária pode prejudicar empresas do setor automotivo e o consumidor?

Faz alguns meses que a indústria automotiva aguarda pelas mudanças que vão acontecer com a reforma tributária.

Isso acontece porque toda a cadeia automotiva deve ser impactada com as possíveis modificações. A maior novidade está na inclusão do Imposto Seletivo, também conhecido como “Imposto do Pecado” – o qual vamos destrinchar mais adiante.

Automotive Business conversou com Veridiana Selmi, gerente de inteligência tributária da Synchro, que classifica as iminentes mudanças como “extremamente significativas” para todas as empresas do setor.

“Será preciso pensar em estratégias com base nessa nova matriz tributária, e isso vai da parte logística à operacional. Então as empresas precisam estar atentas desde já”, acredita.

‘Imposto do Pecado’ é maior polêmica da reforma tributária

De acordo com uma projeção do próprio governo, a reforma tributária deve estabelecer uma alíquota básica de 26,5% para produtos industriais. Entretanto, automóveis e motos terão o acréscimo do Imposto Seletivo.

A tarifa extra foi apelidada de “Imposto do Pecado” porque visa desestimular o consumo de artigos nocivos à saúde — como cigarros e bebidas alcoólicas — ou que agridam o meio ambiente, como os veículos.

O texto aprovado pela Câmara dos Deputados aponta que as alíquotas do Imposto Seletivo aplicáveis aos veículos serão reduzidas ou aumentadas conforme enquadramento nos seguintes critérios:

potência do veículo;
eficiência energética;
desempenho estrutural e tecnologias assistivas à direção;
reciclabilidade de materiais;
pegada de carbono;
densidade tecnológica.

Havia a expectativa de que a alíquota incidisse apenas nos veículos com motor de combustão. Entretanto, carros híbridos e elétricos também devem ser inseridos.

“A discussão está um pouco incongruente pensando pelo lado ambiental porque eles (governo) excluíram os caminhões, que teoricamente são mais poluentes, mas, por outro lado, também são importantes dentro da logística industrial por transportar cargas e insumos. Mas os carros elétricos, por exemplo, não foram excluídos da cobrança do Imposto Seletivo”, afirma Veridiana.

Novas regras de carro PCD podem prejudicar consumidor

A especialista em tributação aponta outros pontos controversos da reforma tributária. Um exemplo está nas regras para compra de carros para pessoa com deficiência (PCD).

A ideia é restringir as isenções do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e à Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que não existem atualmente para as isenções de IPI e IOF.

“Hoje existe uma isenção (de impostos) no teto de R$ 150 mil sem considerar os benefícios. No entanto, a ideia é restringir os benefícios da operação a até R$ 70 mil, o que é um valor muito baixo considerando os preços praticados atualmente no mercado (de carros). Então o ideal seria fazer uma atualização anual com base nos valores do mercado”.

A gerente de tributação da Synchro diz que a proposta aprovada pela Câmara restringe quais grupos de PCD poderão ter acesso a esses benefícios.

Hoje qualquer pessoa portadora de deficiência que necessite de um veículo com câmbio automático tem direito às isenções. Só que a nova regra estabelece que os carros precisam ser necessariamente adaptados para o uso.

“Isso abre margem para algumas questões curiosas. Por exemplo, uma pessoa que tem amputação de membro terá direito ao benefício, mas desde que a perna amputada seja a direita porque aí seria necessária uma adaptação para conduzir o veículo. Se a perna amputada for a esquerda, aí a pessoa não terá direito ao benefício”, diz.

“É uma questão estranha e injusta porque, dependendo da condição física da pessoa, isso vai impactar no bolso de forma bastante relevante. É claro que isso ainda está sendo discutido no Senado e o texto (da reforma tributária) pode ser alterado, mas, da forma que está atualmente, entendo que pode ser prejudicial para o consumidor”, completa Veridiana.

Empresas devem se preparar para não serem pegas de surpresa

A especialista afirma que ainda é possível cravar de quanto será o aumento da carga tributária “porque as alíquotas não foram definidas”.

“A expectativa é que haja um aumento de 5% a 10% na tributação se tudo permanecer como está, mas essa alíquota vai variar de acordo com o tipo de veículo. De toda maneira, as empresas precisam ficar atentas às alterações porque haverá impacto nos custos, na logística e nas vendas”.

Veridiana aconselha que as empresas invistam em processos de análise e revisão na forma como realizam as tributações. Só assim elas podem se livrar de qualquer dor de cabeça, sobretudo no começo do novo regime tributário.

“Haverá um período conturbado de transição no qual os dois regimes vão atuar simultaneamente, começando já a partir de 2026. Portanto, é preciso investir em bons sistemas para realizarem um controle fiscal e garantir que tudo está dentro da lei. Assim, elas estarão prontas para quando as mudanças acontecerem e não serão pegas de surpresa com fiscalizações e eventuais penalizações por não estarem em conformidade com as novas regras”, conclui.
Fonte: Automotive Business
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 30/01/2025

Faz alguns meses que a indústria automotiva aguarda pelas mudanças que vão acontecer com a reforma tributária.

Isso acontece porque toda a cadeia automotiva deve ser impactada com as possíveis modificações. A maior novidade está na inclusão do Imposto Seletivo, também conhecido como “Imposto do Pecado” – o qual vamos destrinchar mais adiante.

Automotive Business conversou com Veridiana Selmi, gerente de inteligência tributária da Synchro, que classifica as iminentes mudanças como “extremamente significativas” para todas as empresas do setor.

“Será preciso pensar em estratégias com base nessa nova matriz tributária, e isso vai da parte logística à operacional. Então as empresas precisam estar atentas desde já”, acredita.

‘Imposto do Pecado’ é maior polêmica da reforma tributária

De acordo com uma projeção do próprio governo, a reforma tributária deve estabelecer uma alíquota básica de 26,5% para produtos industriais. Entretanto, automóveis e motos terão o acréscimo do Imposto Seletivo.

A tarifa extra foi apelidada de “Imposto do Pecado” porque visa desestimular o consumo de artigos nocivos à saúde — como cigarros e bebidas alcoólicas — ou que agridam o meio ambiente, como os veículos.

O texto aprovado pela Câmara dos Deputados aponta que as alíquotas do Imposto Seletivo aplicáveis aos veículos serão reduzidas ou aumentadas conforme enquadramento nos seguintes critérios:

potência do veículo;
eficiência energética;
desempenho estrutural e tecnologias assistivas à direção;
reciclabilidade de materiais;
pegada de carbono;
densidade tecnológica.

Havia a expectativa de que a alíquota incidisse apenas nos veículos com motor de combustão. Entretanto, carros híbridos e elétricos também devem ser inseridos.

“A discussão está um pouco incongruente pensando pelo lado ambiental porque eles (governo) excluíram os caminhões, que teoricamente são mais poluentes, mas, por outro lado, também são importantes dentro da logística industrial por transportar cargas e insumos. Mas os carros elétricos, por exemplo, não foram excluídos da cobrança do Imposto Seletivo”, afirma Veridiana.

Novas regras de carro PCD podem prejudicar consumidor

A especialista em tributação aponta outros pontos controversos da reforma tributária. Um exemplo está nas regras para compra de carros para pessoa com deficiência (PCD).

A ideia é restringir as isenções do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e à Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que não existem atualmente para as isenções de IPI e IOF.

“Hoje existe uma isenção (de impostos) no teto de R$ 150 mil sem considerar os benefícios. No entanto, a ideia é restringir os benefícios da operação a até R$ 70 mil, o que é um valor muito baixo considerando os preços praticados atualmente no mercado (de carros). Então o ideal seria fazer uma atualização anual com base nos valores do mercado”.

A gerente de tributação da Synchro diz que a proposta aprovada pela Câmara restringe quais grupos de PCD poderão ter acesso a esses benefícios.

Hoje qualquer pessoa portadora de deficiência que necessite de um veículo com câmbio automático tem direito às isenções. Só que a nova regra estabelece que os carros precisam ser necessariamente adaptados para o uso.

“Isso abre margem para algumas questões curiosas. Por exemplo, uma pessoa que tem amputação de membro terá direito ao benefício, mas desde que a perna amputada seja a direita porque aí seria necessária uma adaptação para conduzir o veículo. Se a perna amputada for a esquerda, aí a pessoa não terá direito ao benefício”, diz.

“É uma questão estranha e injusta porque, dependendo da condição física da pessoa, isso vai impactar no bolso de forma bastante relevante. É claro que isso ainda está sendo discutido no Senado e o texto (da reforma tributária) pode ser alterado, mas, da forma que está atualmente, entendo que pode ser prejudicial para o consumidor”, completa Veridiana.

Empresas devem se preparar para não serem pegas de surpresa

A especialista afirma que ainda é possível cravar de quanto será o aumento da carga tributária “porque as alíquotas não foram definidas”.

“A expectativa é que haja um aumento de 5% a 10% na tributação se tudo permanecer como está, mas essa alíquota vai variar de acordo com o tipo de veículo. De toda maneira, as empresas precisam ficar atentas às alterações porque haverá impacto nos custos, na logística e nas vendas”.

Veridiana aconselha que as empresas invistam em processos de análise e revisão na forma como realizam as tributações. Só assim elas podem se livrar de qualquer dor de cabeça, sobretudo no começo do novo regime tributário.

“Haverá um período conturbado de transição no qual os dois regimes vão atuar simultaneamente, começando já a partir de 2026. Portanto, é preciso investir em bons sistemas para realizarem um controle fiscal e garantir que tudo está dentro da lei. Assim, elas estarão prontas para quando as mudanças acontecerem e não serão pegas de surpresa com fiscalizações e eventuais penalizações por não estarem em conformidade com as novas regras”, conclui.

Fonte: Automotive Business
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 30/01/2025

 

Preços e câmbio devem impulsionar balanços de mineração, siderurgia e celulose, diz BofA

A temporada de balanços do quarto trimestre para siderúrgicas, mineradoras e empresas de papel e celulose deve ser marcada pelos efeitos do câmbio e pelos preços e volumes mais fortes no período, avalia o Bank of America (BofA).

As siderúrgicas expostas ao minério de ferro devem apresentar números mais fortes no trimestre, pois os resultados da mineração devem melhorar com a combinação do real mais depreciado, preços de referência mais altos e ajustes positivos do mecanismo de preço provisório, avalia o banco.

No caso das mineradoras de cobre, os preços estáveis, em conjunto com volumes mais altos, tendem a melhorar os resultados das companhias, assim como o real depreciado e os preços mais altos devem favorecer as empresas ligadas ao alumínio.

Por outro lado, o BofA acredita que as siderúrgicas mais expostas à América do Norte terão resultados mais fracos, dados os preços de referência mais baixos no trimestre para aços planos e longos, bem como volumes mais baixos devido à sazonalidade. Enquanto isso, no Brasil, os preços se recuperaram no trimestre, o que deve ajudar os resultados do aço, compensando parcialmente os volumes mais fracos.

Sobre as empresas de celulose, o BofA acredita que os resultados devem ser pressionados por preços mais baixos, parcialmente compensados pela depreciação cambial no trimestre.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/01/2025

 

Taxação do aço preocupa, mas setor de construção deve crescer 10%, diz Coopercon

A ameaça dos Estados Unidos de impor sobretaxa para o aço que venham de outros países pode causar um rearranjo no mercado, mas a expectativa é de que não impacte a indústria da construção no Ceará e o Valor Geral de Vendas (VGV) das construtoras suba 10% em 2025.

A avaliação é do presidente da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon Ceará), Emanuel Capistrano, que destaca que o aço é um dos principais insumos do setor.

Vale lembrar que no ano passado a Coopercon realizou uma importação em grande quantidade para o setor de construção civil, reunindo os pedidos de diversas construtoras para conseguir melhor preço do que o praticado no mercado nacional.

"O preço do aço estava muito elevado. Contudo, no ano passado, com a importação realizada pela Copercon, conseguimos estabilizar e reduzir o valor em cerca de 40%. Hoje, o aço está girando em torno de R$ 6 o quilo para nós, da construção civil. Para você ter uma ideia, esse preço chegou a estar próximo de R$ 10 por quilo", explica.

O temor surge após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometer impor tarifas sobre chips de computador, produtos farmacêuticos e aço importados pelo país.

"Minha mensagem para todos os negócios do mundo é bem simples: venha produzir na América e vamos dar as menores taxas de qualquer nação. Mas se a decisão de vocês for de não produzir na América, simplesmente terão de pagar uma tarifa que deve direcionar até trilhões de dólares para o nosso Tesouro", disse nessa segunda-feira, 28.

Sobre a ameaça de Trump, Emanuel acredita que o mercado local conseguirá atravessar esse momento sem grandes impactos.

"Acreditamos que essa possível mudança poderá impactar, mas não de forma significativa para o setor", pontua.

Sobre a perspectiva de desempenho para as 134 construtoras cooperadas à Coopercon, lembra que 2024 foi "muito positivo", principalmente do ponto de vista de negociações, já que o grande propósito da entidade é unir grandes volumes de compras para obter preços mais competitivos, abaixo do mercado.

Atualmente, são 78 parceiros fornecedores e, segundo o presidente da Coopercon, 2025 deve ser ano de anúncios de projetos e início de construções.

"Estamos vendo um movimento forte de novas construções. Só aqui no Ceará, o programa Minha Casa Minha Vida está contratando 10 mil unidades. Em 10 a 12 meses, esses imóveis estarão prontos, o que deverá aumentar ainda mais as vendas e movimentar o mercado", afirma.

A grande questão do momento é o quadro macroeconômico de juros altos e preços em elevação.

A perspectiva da taxa Selic alcançar patamar próximo dos 15% até o fim do semestre é considerado preocupante, assim como o aumento dos níveis inflacionários em 2025 após ter estourado a meta em 2024.

Esse cenário gera aumento de preços aos construtores. "Normalmente, no início do ano, sempre há um acréscimo nos valores de insumos, mas nem sempre isso significa um impacto significativo. Alguns itens que preocupam são o cimento, o porcelanato e os elevadores. No caso dos elevadores, grande parte é importada, então depende muito do dólar e do aço, o que acaba impactando os custos. Esses são os insumos que mais exigem nossa atenção".

Fonte: O Povo
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 29/01/2025

 

5 expectativas para o setor de construção civil em 2025

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) prevê um crescimento mais moderado para o setor da construção civil em 2025, com uma expectativa de expansão de apenas 2,3%. Essa projeção representa uma desaceleração significativa em comparação ao crescimento de 4,1% registrado em 2024. A análise da CBIC destaca que os principais desafios enfrentados pelo setor incluem a elevada carga tributária e o alto custo da construção, que impactam diretamente a margem de lucro das empresas. Além disso, a alta nas taxas de juros dificulta o acesso ao crédito, enquanto a escassez de mão de obra qualificada continua a ser um obstáculo relevante.

Os fatores que influenciam essa expectativa incluem um cenário econômico nacional menos dinâmico, com projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em torno de 2% para 2025. A pesquisa Focus do Banco Central indica uma desaceleração na expansão econômica, passando de 3,39% em 2024 para 2% no ano seguinte. As taxas de juros elevadas não afetam diretamente as obras já contratadas, mas podem adiar investimentos privados e concessões, resultando em uma desaceleração mais acentuada na atividade da construção a partir do terceiro trimestre de 2025.

O mercado imobiliário deve continuar a apresentar resultados positivos devido ao programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida" (MCMV), que se mostra como um protagonista no setor. Contudo, há preocupações com a contração do crédito habitacional para as classes média e alta. A possibilidade de aumento nos custos com mão de obra e insumos também é um fator que pode pressionar o setor. A CBIC alerta que o teto de preços do MCMV deve ser monitorado em relação aos custos crescentes para garantir a continuidade dos investimentos.

Em termos de mercado de trabalho, espera-se que a atividade do setor formal da construção cresça em 2025, refletindo o ciclo de expansão observado em anos anteriores. O aquecimento do mercado imobiliário em 2024, com um volume significativo de vendas, deverá repercutir em novas obras e manter o mercado de trabalho ativo. No entanto, os adiamentos nos lançamentos podem afetar não apenas o ritmo da construção em 2025, mas também nos anos subsequentes.

Além disso, o cenário internacional traz incertezas que podem impactar os custos e preços das commodities utilizadas na construção civil. Questões como as políticas econômicas dos Estados Unidos e os conflitos geopolíticos têm potencial para influenciar negativamente os preços dos insumos.

Em resumo, as expectativas para a construção civil no Brasil em 2025 refletem um contexto desafiador, marcado por uma desaceleração no crescimento econômico e por dificuldades estruturais que precisam ser enfrentadas para garantir a sustentabilidade do setor.

Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a expectativa é de um crescimento mais moderado para a construção civil em 2025, com uma projeção inicial de expansão de 2,3%. Este número revela a projeção de uma desaceleração significativa no setor, uma vez que em 2024 foi registrado um crescimento de 4,1% nas atividades relacionadas à construção civil. 

Atualmente os principais desafios que o setor enfrenta estão relacionados a elevada carga tributária e o alto custo da construção, fatores que impactam diretamente a margem de lucro das empresas. Além disso, o aumento das taxas de juros restringe o acesso ao crédito, enquanto a escassez de mão de obra qualificada continua sendo um obstáculo. Por favor, escreva um artigo explicando quais são as principais expectativas do ramo da construção civil no Brasil em 2025. Prompt: use texto corrido, não use bullets.

Fonte: Terra
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 27/01/2025

 

Preço do aço sobe, mas cadeia de produção terá dificuldades em repassar alta

As siderúrgicas brasileiras conseguiram implementar aumentos nos preços de aços planos em janeiro no setor de distribuição, mas as usinas devem enfrentar dificuldade para repetir a dose em fevereiro, afirmou nesta quinta-feira (23) o presidente do Inda, que representa os distribuidores, Carlos Loureiro.

O executivo cita que os reajustes implantados em janeiro variaram em torno de 5% a 8% e pegaram carona na forte valorização do dólar contra o real no final do ano passado. Mas com o recuo da moeda norte-americana nos primeiros dias de 2025, a força de precificação das usinas fica sob pressão.

“Acho que com a queda do dólar neste começo de ano, vejo uma certa dificuldade das usinas em colocarem novo aumento em fevereiro”, disse Loureiro em entrevista a jornalistas ao ser questionado sobre rumores do mercado a respeito de eventuais novos reajustes no próximo mês. “Alguma coisa está sendo falada, mas sem muita força”, acrescentou.

Segundo ele, os reajustes no início de janeiro ocorreram diante de restrições na oferta das usinas, “que resistiram bem e implantaram o aumento”.

Em dezembro, as vendas de aços planos por distribuidores caíram 16% ante novembro e recuaram 5,4% sobre um ano antes, para 249,4 mil toneladas. Em 2024 como um todo, as vendas somaram 3,84 milhões de toneladas, alta de 1,1%.

Para janeiro, a expectativa do Inda é de alta de 15% ante dezembro de 2024. Na comparação com janeiro de 2024, a previsão é de queda de 13,1%.

Loureiro afirmou que a previsão do Inda para as vendas do setor este ano é de crescimento de 1,5% ante expectativa das usinas de expansão de 3% a 4%. A projeção do Inda pode ser revista em abril, segundo o presidente da entidade.

O setor de distribuição, responsável por cerca de um terço das vendas das usinas siderúrgicas brasileiras, estimou estoques ao final de dezembro de 1 milhão de toneladas de aços planos, 3,3% acima do apurado em novembro. O volume representa 4,1 meses de comercialização, nível elevado ante a média histórica de 2,5 a 2,8 meses, segundo os dados do Inda.

Apesar dos números de importação terem mostrado queda ano a ano em dezembro, de 55,4% para 123,5 mil toneladas, Loureiro afirmou que o volume de material importado estocado no Porto de São Francisco do Sul (SC) e ainda não internalizado é tão grande que os navios que chegam com as cargas estão tendo que esperar abertura de espaço no terminal para descarregarem.

O porto catarinense tem sido nos últimos anos a principal porta de entrada de importações de aços planos no Brasil. Em dezembro, a participação do terminal no total importado pelo país foi de 74,5%, segundo os dados do Inda, com cerca de 100 mil toneladas. No ano, a fatia do porto foi de 41,7%, ante 16,5% de Itaguaí, no Rio de Janeiro.

Fonte: Investnews
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/01/2025

 

Governo ainda busca solução para alta de preço de alimentos

A cúpula do governo busca soluções para atender ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por medidas urgentes para conter a alta do preço dos alimentos. Entretanto, sem espaço fiscal para aumentar gastos públicos e com a preocupação do mercado em relação a possíveis ações intervencionistas, há muitas dificuldades para encontrar soluções que possam surtir efeito no curto prazo. No Palácio do Planalto, há mais certeza sobre o que não fazer do que sobre o que pode ser feito.

Nessa quinta-feira (23), rumores de que o plano poderia envolver medidas com impacto fiscal para melhorar a popularidade do governo, como a concessão de subsídios, causaram estresse no mercado financeiro. Também houve uma reunião entre os ministros Rui Costa (Casa Civil), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Carlos Fávaro (Agricultura) para fechar um leque de propostas que serão levadas nesta sexta-feira (24) a Lula, que cobrou dos auxiliares em recente reunião ministerial rapidez na elaboração de um plano para baratear o preço da comida. O que Lula pretende é reduzir o custo de alimentos básicos para a população brasileira, como arroz, feijão e carnes, que vem contribuindo para aumentar a insatisfação popular com o governo.

A expectativa, porém, é que não haja anúncios nos próximos dias. Do encontro de hoje, sairá o esboço de um plano que será discutido com os setores privados envolvidos e dentro do próprio governo. Assim, a formalização das medidas pode ocorrer apenas na primeira semana de fevereiro.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou que o governo esteja estudando subsídios ou redução de tributos para baratear o preço da comida. E chamou de “boataria” as informações de que o governo prepara alguma política de subsídio para esse fim.

“É uma boataria que interessa a algumas pessoas. Não há espaço fiscal para isso e não há necessidade de espaço fiscal, porque o que vai resolver esse problema não é esse tipo de medida. É nós melhorarmos a concorrência, melhorarmos ambiente de negócio, melhorarmos as nossas compras externas. Continuarmos perseguindo esses objetivos”, frisou.

Nova reunião ocorre hoje, mas expectativa é que não haja anúncios nos próximos dias

Ele disse que uma opção estudada é melhorar a portabilidade do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A queda do dólar e a safra em 2025 também devem ajudar na redução dos preços.

“Acredito que nós temos um espaço para melhorar a qualidade do Programa de Alimentação do Trabalhador. Eu penso que tem um espaço ali regulatório que caberia ao Banco Central [regulamentar]”, disse Haddad, ao se referir à questão da portabilidade do programa. “A portabilidade está prevista em lei, mas não está funcionando adequadamente por falta de regulamentação por parte do Banco Central.”

Para ele, se essa questão for bem regulamentada, há espaço para uma “queda do preço da alimentação”, inclusive a feita fora de casa.

“Se você barateia a intermediação, se ele [trabalhador] não vê a necessidade da venda do crédito dele, pode ter um efeito favorável no preço dos alimentos”, explicou.

Fontes do governo asseguram que está descartada a ideia de usar importações e a de abrandar regras de vencimento de produtos alimentícios. Tampouco haverá medidas com grande impacto orçamentário, asseguram.

A flexibilização das normas de vencimento dos alimentos é uma sugestão feita a Lula pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), no fim do ano passado. Entretanto, o governo e o presidente, que já enfrentam uma crise de imagem e comunicação, não querem dar margem à ideia de que estão permitindo a venda de comida estragada à população.

Sobre essa proposta, Haddad disse que a Abras tem o direito de fazer sugestões ao governo, mas que não necessariamente se transformarão em políticas públicas.

Haddad afirmou ainda que as projeções da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda indicam que haverá uma “grande safra” em 2025, o que ajudará a reduzir o preço dos alimentos. Além disso, o dólar vem caindo em relação ao real, o que também deve ajudar.

Nesta semana, o presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, disse à reportagem que a estatal tem trabalhado na elaboração de um novo programa para criar uma rede popular de abastecimento alimentar. A ideia é mapear territórios onde a população mais pobre tem pagado mais caro para se alimentar. E, assim, tentar intervir para garantir preços mais justos nos alimentos para a parcela mais carente da sociedade, principalmente nas periferias  das  cidades.

Entretanto, essa ideia não foi levada à mesa na reunião entre Rui Costa, Fávaro e Teixeira.

A importação de itens básicos, por sua vez, traz más lembranças ao governo, especialmente a Fávaro. No primeiro semestre do ano passado, também em meio a uma alta inflação dos alimentos, Lula decidiu importar arroz para suprir a escassez do produto gerada pela tragédia no Rio Grande o Sul. A medida foi contestada na Justiça por produtores. E o leilão para a importação do grão acabou sendo anulado em junho de 2024, em meio a suspeitas de irregularidades. O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, foi demitido após a descoberta de que um ex-assessor, que é sócio de um filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão.

Receoso, Fávaro vai ouvir o setor das carnes para saber o que pode ser feito. As principais entidades do setor, no entanto, ainda não foram chamadas para conversar. Quanto ao arroz, um técnico disse que não há nada para se fazer agora, apenas aguardar a colheita da safra, em março, quando os preços  podem  recuar.

Com pouco espaço fiscal e político para agir ou intervir no mercado, as medidas em gestação podem não ter efeito de curto prazo, como pretende Lula.

Uma fonte graduada do Ministério Agricultura diz que “não existe mágica nem coelho para tirar da cartola”, ressaltando que o Brasil é “uma economia de mercado”.

A pasta tem reiterado nas conversas com o Palácio do Planalto que não há falta de alimento e que o país é superavitário em quase todos os produtos agrícolas - menos no trigo.

Nas conversas sobre o tema, existe a avaliação de que um dos vilões da alta dos alimentos no Brasil é o dólar. O aumento do poder aquisitivo da população também influencia. Algumas alas do governo creem que o plantio em larga escala de soja no país tira espaço para produção de alimentos básicos, o que afeta os preços finais. Mas, para integrantes da pasta da Agricultura, essa análise é fruto de uma “visão ideológica”.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/01/2025