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Vale e CSN testam caminhões elétricos para substituir movidos a diesel

Com uma frota de 500 caminhões fora de estrada – veículos com capacidades entre 60 e 400 toneladas – em todo o mundo, a Vale quer fazer menos fumaça trocando o diesel por baterias de lítio. Por isso, começou a testar, nas últimas semanas, dois caminhões elétricos, de 72 toneladas, produzidos pela XCMG Mining Machinery, subsidiária da Xuzhou Construction Machinery, maior fabricante de máquinas da China.

O fim da década é o horizonte da mineradora para a substituição total da frota, com veículos de diversos portes, produzidos por diferentes fornecedores, prevê Alexandre Salomão, gerente de Powershift da companhia.

Os testes começaram neste mês em Água Limpa (MG) e no mês passado em Sorowako, na Indonésia. Os veículos são alimentados por baterias de lítio com capacidade para armazenar 525 Kwh e podem operar pouco mais de um dia todo sem necessidade de serem recarregados.

Infraestrutura para abastecimento é desafio

Mas o projeto enfrenta desafios. É preciso substituir também a infraestrutura para abastecimento, crítica para a operação em áreas remotas, e que hoje é voltada para veículos a diesel. Outro problema é a falta de tecnologia para baterias que atendam os veículos de maior carga. “Estamos começando com os caminhões de 72 toneladas para testar a tecnologia e as implicações para volumes maiores”, diz Salomão.

A mineradora firmou, neste ano, memorando de entendimento com a Caterpillar para a produção de veículos elétricos de 240 e 320 toneladas. Os testes estão previstos para 2024.

Na Vale, os caminhões são responsáveis por uma fatia de 9% dos 10 milhões de toneladas de gases de efeito estufa emitidos por ano. Segundo Salomão, a eletrificação é a prioridade na substituição do diesel.

CSN usará veículos para manejo de rejeitos

Na mesma linha, a CSN também começou a testar, neste mês, dois caminhões elétricos, de 60 toneladas, fabricados pela chinesa Sany, na mina Casa de Pedra, em Congonhas (MG). Os veículos deverão ser testados para o manejo de rejeitos nos próximos seis meses. “O monitoramento leva em conta autonomia de bateria, redução da emissão de poluentes e no consumo de derivados do petróleo, maior disponibilidade física do equipamento e menores custos de operação e manutenção”, afirma Helena Brennand Guerra, diretora de sustentabilidade, meio ambiente, saúde e segurança do trabalho da siderúrgica.

Vale projetou recentemente aumento na frota global

Para o analista Enrico Cozzolino, da Levante Investimentos, do ponto de vista do mercado, “pega bem” refletir em suas próprias operações as tendências em que aposta. “O projeto vai em linha com as projeções de aumento no número de veículos elétricos – de até quatro vezes até 2030 -, chancelando as expectativas de um spin off da unidade de metais básicos. E esta é uma tendência positiva para o papel”, observou.

Mas a manutenção dos veículos fabricados na China pode se tornar uma questão difícil a médio e longo prazos para as companhias, avalia Sidney Lima, analista da Top Gain. “As máquinas têm especificações únicas, que exigem mão de obra qualificada. A eventual necessidade de substituir peças pode enfrentar problemas de logística, fazendo com que o veículo fique parado.”


Fonte: Estadão
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/09/2022

Preços de imóveis crescem 1,32%

Em agosto, o IGMI-R/Abecip teve uma elevação de 1,32%, ligeiramente superior à registrada em julho (1,16%). Apesar desse resultado na margem, a variação acumulada em doze meses continuou sua trajetória de desaceleração pelo quinto mês consecutivo, passando de 15,61% em julho para 15,14% em agosto.

Entretanto, os novos resultados de deflação nos índices de preços ao consumidor deram continuidade ao crescimento dos preços dos imóveis residenciais em termos reais no período, tanto na comparação mensal quanto na perspectiva dos acumulados em doze meses.

A desaceleração no resultado nominal acumulado em 12 meses da média nacional foi acompanhada por quatro das dez capitais analisadas pelo IGMI-R/Abecip: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Goiânia, como pode ser visto no gráfico abaixo.

Porto Alegre é a única entre essas quatro capitais cujo resultado, já bem inferior ao das outras três, acabou ficando um pouco mais distante da média nacional. Por outro lado, entre as demais seis capitais que mostraram aceleração ainda na perspectiva das variações acumuladas em 12 meses entre julho e agosto, Brasília e Curitiba se destacaram por já estarem acima da média nacional, enquanto Recife e Belo Horizonte, abaixo da média nacional, mostram tendência de aproximar-se, ainda que lentamente.

Apesar de ainda não apresentar uma tendência clara, o sentimento dos empresários do setor de edificações residenciais, tal como captado pela Sondagem da Construção Civil (IBRE/FGV), oscilou positivamente em agosto, tanto no quesito de Situação Atual dos Negócios quanto do de Demanda Prevista.

Esse sentimento na margem parece refletir o bom desempenho dos indicadores de nível de atividade, cujo efeito sobre o mercado de trabalho aparece na continuidade de redução do nível de desocupação, que mais recentemente passou a ser acompanhada por uma elevação no rendimento médio da população ocupada. Do lado do financiamento, a elevação das taxas de juros básicas na economia brasileira não vem sendo acompanhada na mesma intensidade nas taxas cobradas por empréstimos imobiliários. Da combinação desses fatores resulta um cenário favorável à sustentação dos preços reais dos imóveis residenciais.

Fonte: Monitor Mercantil
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 26/09/2022

Indústria da construção registra crescimento pelo terceiro mês consecutivo

Pelo terceiro mês consecutivo, a Indústria da Construção registrou crescimento significativo na atividade e do emprego do setor, relativa ao mês de agosto. Segundo a Sondagem da Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e publicada nesta semana, o índice da evolução do nível de atividade da construção alcançou 55 pontos no oitavo mês do ano.

Ao atingir patamares maiores que o de 50 pontos, o resultado passa a indicar expansão da atividade. O crescimento também é observado no índice de evolução do número de empregados, que foi de 51,9 pontos em julho para 53,1 pontos em agosto.

O indicador também é acompanhado da Utilização da Capacidade Operacional (UCO), que não variou entre julho e agosto e permanece em 68%. É o mais elevado nível de utilização da capacidade para o mês de agosto, desde 2013.

“Essa é a mais forte e disseminada expansão no indicador de emprego da construção desde que ele passou a ser apurado mensalmente, em janeiro de 2011. A expansão foi registrada em todos os setores da construção, em especial no setor Construção de edifícios, que puxou o resultado geral da Construção para cima”, explica Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.

O Índice de Confiança do Empresário (Icei) da indústria da construção também avançou em agosto, de 2,7 pontos para 62,7 pontos. É a sexta alta consecutiva do índice, que acumula avanço de 5,9 pontos só nos últimos dois meses.

O avanço da confiança teve forte influência do componente de condições atuais, que avançou 5,1 pontos para 56 pontos. A alta indica uma percepção melhor dos empresários em relação às condições atuais da economia brasileira e das empresas na comparação com os últimos seis meses.

Fonte: AECWeb
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 26/09/2022

Confiança da indústria sobe em 27 dos 29 setores analisados em setembro, mostra CNI

A confiança do empresário industrial subiu nos 27 dos 29 setores pesquisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na passagem de agosto para setembro deste ano. De acordo com o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) – resultados setoriais, o avanço teve grande contribuição da percepção mais favorável sobre o momento atual da economia brasileira em relação aos últimos seis meses.

A avaliação das condições atuais da economia brasileira avançou em todos os setores industriais, com exceção do setor Veículos automotores.

As maiores altas de confiança foram registradas nos setores de: Impressão e reprodução de gravações (+7,0 pontos); Móveis (+5,8 pontos); Extração de minerais não metálicos (+5,1 pontos); Produtos de borracha (+4,8 pontos); e Calçados (+4,7 pontos).

O indicador varia de 0 a 100 e todos os valores acima de 50 pontos indicam confiança. Quanto mais distante dessa linha de corte, mais disseminada está a confiança.

Setores afirmam que economia está melhor do que há seis meses

Além disso, os quatro setores industriais que avaliavam que a economia estava piorando em agosto fizeram uma transição e passaram a avaliar que as condições correntes da economia brasileira se mantiveram estáveis ou melhoraram: Impressão e reprodução, Metalurgia, Biocombustíveis e Móveis.

Dessa forma, pela primeira vez desde fevereiro de 2020 nenhum dos setores industriais avalia que a economia está pior do que nos seis meses anteriores.

A confiança está menor apenas nos setores Biocombustíveis, que caiu de 57,4 pontos em agosto para 55,3 pontos em setembro, e Veículos automotores, que passou de 58,6 pontos para 57,4 pontos. Apesar dessas quedas, todos os setores da indústria permanecem confiantes com o indicador acima de 50 pontos.  

Foram ouvidas 2.171 empresas, sendo 840 de pequeno porte, 800 de médio porte e 531 de grande porte, entre 1 e 12 de setembro.

Fonte: CNI

56% dos empresários apontam reforma tributária como principal medida para criar empregos

O que o próximo governo deve fazer para estimular a geração de empregos? A maioria dos empresários brasileiros (56%) acredita que a medida mais importante é realizar a reforma tributária, segundo uma pesquisa inédita realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além do modelo complexo e ineficiente de cobrança de impostos, que freia o crescimento da economia, os altos tributos e a falta de qualificação profissional também são vistos como gargalos para ampliar as oportunidades de trabalho no país.

Na opinião de 48% dos executivos, é preciso reduzir os impostos sobre a folha de pagamento e 35% apontaram também, entre as principais medidas para gerar emprego, a necessidade de fortalecer a capacitação profissional.

“O complexo e oneroso sistema de cobrança de impostos do país inibe a produção de todos os setores econômicos e dificulta a geração de empregos e de renda para os brasileiros. A reforma tributária é fundamental para acelerar o ritmo de crescimento da economia e, por isso, deve ser uma prioridade para o próximo governo”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Cada um dos entrevistados, ao responder à pergunta sobre o que o próximo governo deveria fazer para gerar empregos, foi estimulado a escolher duas ações. Realizar a reforma tributária foi a mais apontada pelos empresários tanto como primeira quanto como segunda medida mais importante, tendo sido citada por mais da metade dos entrevistados.

Ainda aparecem como medidas relevantes para a geração de empregos, de acordo com os empresários entrevistados pela pesquisa, liberar crédito para as empresas investirem e/ou expandirem a sua capacidade produtiva (29%) e realizar novos aperfeiçoamentos na legislação trabalhista (25%). Os percentuais são o somatório total de entrevistados que citaram a medida como primeira e segunda mais importante.

 
 
 

A pesquisa Agenda de Prioridades da CNI, encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, ouviu 1.001 executivos de empresas industriais de pequeno, médio e grande porte de todas as regiões do país. As entrevistas, feitas por telefone, foram realizadas entre os dias 10 e 24 de agosto de 2022. O questionário, além de perguntas relacionadas à geração de emprego e outras questões importantes para o crescimento da economia, também aborda saúde, educação e segurança. Confira o estudo na íntgra:

- Agenda de Prioridades - Empresários.pdf (1,3 MB)

Para um em cada três empresários, o próximo presidente deve priorizar educação

A pesquisa mostra, ainda, que os empresários reconhecem a relevância da formação dos jovens brasileiros para o crescimento da indústria e para o desenvolvimento do país. Para um em cada 3 entrevistados, a educação deve ser a principal prioridade do presidente eleito nos próximos quatro anos. Foi o tema mais citado pelos executivos como primeira e segunda principal prioridade do país.

O segundo tópico mais citado para ser a prioridade do governo a partir de 2023 foi saúde pública (26%) e na terceira posição aparece crescimento econômico, tendo sido apontado por 20% dos entrevistados como primeira ou segunda principal medida. Em seguida, redução de impostos (14%) e geração de emprego (12%).

Sobre a importância dada à educação pelos empresários para os próximos quatro anos, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca:

“A educação de qualidade em todos os níveis é um dos pilares fundamentais para a construção da cidadania e da prosperidade das nações. Só com educação de qualidade vamos preparar pessoas capazes de interpretar os avanços tecnológicos e propor soluções inovadoras”.

A urgência em investir em educação e saúde acompanha a avaliação dos empresários sobre as áreas que mais pioraram nos últimos quatro anos: as duas áreas aparecem no topo da lista, com 22% e 21% das citações, respectivamente. Os próximos tópicos que os empresários destacaram como aqueles com desempenho abaixo, mas com percentuais menores, foram inflação (9%) e segurança pública (7%). Nesta pergunta, cada um dos entrevistados apontou apenas uma opção. 

Maioria dos empresários defende fortalecer ensino técnico e básico

Entre os caminhos possíveis para melhorar a educação no país, a maioria dos empresários apontou que, entre os diferentes níveis de formação, os que mais precisam do olhar do poder público são o ensino técnico (34%) e o ensino básico (32%). Em seguida, aparece a alfabetização, com um total de 18%. Os demais níveis de formação, como ensino médio, ensino superior e pós-graduação, somam 14%.

Já com relação às ações específicas para a área, um em cada três executivos acredita que a prioridade do próximo governo deva ser melhorar a capacitação dos professores. A qualificação aparece muito acima da necessidade de contratar mais docentes, citada apenas por 2% dos entrevistados. No topo da lista de medidas mais importantes para a área, na visão dos empresários, também estão priorizar os cursos técnicos/profissionalizantes (20%) e aumentar os salários dos professores (20%). Como cada um dos entrevistados respondeu duas prioridades para a área, o percentual é a soma das escolhas da primeira e segunda principal medida.

 

“A pesquisa mostra que há uma demanda do setor empresarial por maior investimento no ensino técnico, que está mais alinhado às necessidades do mercado de trabalho. Outro ponto é a preocupação dos executivos com a qualidade do ensino. Diante de uma indústria cada vez mais tecnológica, o ensino precisa acompanhar as habilidades exigidas pelas empresas”, explica o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

Saúde e segurança pública precisam avançar 

Sobre as prioridades do próximo governo para a área da saúde, para um em cada quatro empresários deve ser a melhoria das condições dos hospitais e postos de saúde. Em seguida, os entrevistados elegeram como ações urgentes qualificar melhor os médicos e enfermeiros (19%), contratar mais médicos e enfermeiros (19%) e a necessidade de mais investimentos em saúde (19%). Como os entrevistados elegeram duas prioridades, cabe ressaltar, no entanto, que aportar mais recursos foi eleita por 16% como primeira principal medida, percentual que supera os tópicos que ficaram no somatório em segundo e terceiro lugar.

 

Na área de segurança, a prioridade do governo que assume em 2023, na opinião dos empresários, deve ser aumentar o efetivo de policiais nas ruas (23%) e equipar a polícia (20%). Aumentar o salário dos policiais, evitar que pessoas que cometam crimes fiquem pouco tempo na prisão e reformulação do código penal aparecem como ações importantes para 15%, 13% e 12% dos entrevistados, respectivamente. Assim como nas demais áreas (saúde e educação), os percentuais são a soma da escolha como primeira e segunda principal prioridade para o tema. 

Simplificação de impostos e controle dos gastos públicos impulsionariam a economia

Quando se trata do cenário atual, quase a metade (48%) dos empresários avalia a situação da economia brasileira como ótima ou boa. Do total, 35% avaliaram a economia como regular e 17%, ruim ou péssima. Para melhorar a economia brasileira, 43% dos empresários apontaram que o próximo presidente deve priorizar, nos próximos dois anos, reduzir os impostos. A segunda prioridade apontada para a área foi simplificar os impostos, tendo sido citada por 28% dos entrevistados como primeira ou segunda opção. 

Um percentual relevante dos executivos também acredita que é preciso controlar os gastos públicos (24%), combater a inflação (23%), gerar empregos (23%) e reduzir as taxas de juros (17%). 

Em relação às prioridades do próximo governo pensando nas empresas dos executivos e no ambiente de negócios do país, o resultado é muito similar à pergunta sobre as prioridades para a economia brasileira: 41% acreditam que o poder público deve avançar com a redução de impostos e 23% citaram a realização da reforma tributária. Em terceiro lugar aparece a oferta de linhas de crédito facilitadas, tendo sido citadas por 17% dos entrevistados. 

7 em cada 10 empresários acreditam na melhora da economia

Em relação ao futuro do país, a expectativa é positiva: sete em cada dez empresários estão otimistas ou muito otimistas. Um percentual ainda maior (77%) está otimista quanto ao futuro da indústria brasileira. Sobre a economia do país, 69% disseram que deve melhorar um pouco ou muito nos próximos quatro anos.

“A discussões em torno da reforma tributária avançaram no país e hoje temos um inédito consenso em relação à importância e urgência dessa agenda. O texto em tramitação no Congresso Nacional, a PEC 110, é resultado de um amplo debate, com a participação dos mais diversos segmentos da sociedade e especialistas. Há uma expectativa dos empresários industriais em relação à prioridade que será dada ao tema no próximo governo. Aprovar a reforma tributária, com adoção de um sistema de tributação do consumo que seja mais moderno, eficiente e alinhado ao padrão mundial, é um passo fundamental para aumentar a competitividade das empresas e, assim, acelerar o ritmo de crescimento da economia, gerando mais empregos e renda para os brasileiros”, afirma o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 16/09/2022

Cade vai avaliar posição da CSN na Usiminas

Um despacho publicado nesta semana pela Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (SG/Cade) poderá permitir que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tenha mais de 5% de participação na sua principal concorrente no mercado de aços planos, a Usiminas.

Em 2014, o Cade vetou o percentual de quase 17% de participação e obrigou a CSN a vender parte das ações que detinha da concorrente, o que a siderúrgica de Benjamin Steinbruch não conseguiu fazer em cinco anos. Mesmo após um prazo extra de três anos, a venda também não foi concluída e, agora, a SG não vê mais problema no percentual que havia sido vetado pelo tribunal do órgão antitruste.

O despacho ainda será analisado pelo tribunal do Cade, o que pode ocorrer já na sessão da próxima semana. Diferente dos casos principais, o despacho entra na lista de casos do fim da sessão, que são votados de forma mais célere pelos conselheiros. Algum dos integrantes poderá pedir vista e suspender a decisão.

Superintendência indica que a jurisprudência do Cade mudou, passando a permitir fatias acima de 5%, mas sem direitos

O caso remonta a uma operação de compra de aços da Usiminasrealizada pela CSN em 2011, quando ela começou a adquirir papéis da concorrente. As aquisições, em 31 de outubro de 2011 eram correspondentes a 11,54% do capital votante e 14,97% do capital total.

Em medida preventiva, o Cade impediu a CSN de comprar novas ações da Usiminas e ela também foi proibida de indicar membros para o conselho fiscal e de administração da concorrente. Na época, relatou-se que essas ações perderam os direitos políticos, o que dificultou a eleição de conselheiros minoritários, pois a quantidade de papéis em circulação no mercado ficou muito pequena.

Quando o caso foi julgado pelo tribunal do Cade, em 2014, a CSN tinha 17,43% das ações - capital total - da Usiminas. O Conselho determinou que a participação fosse reduzida. O Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) permitia o aluguel de ações de forma fragmentada e impessoal para minimizar impacto da retirada massiva de ações. A decisão manteve a suspensão dos direitos políticos da CSN na sua concorrente.

As duas companhias são as maiores produtoras de aços planos laminados do país.

Ao longo desse período, a empresa conseguiu estender o prazo de cinco anos para venda de ações por mais três anos. Após novo pedido para estender o prazo, conseguiu reverter a decisão, pelo menos na SG. Fonte que esteve a par da situação da Usiminas nos últimos anos relata que esse adiamento de prazo foi suficiente para que a companhia de Steinbruch pudesse tornar algumas deliberações confusas com sua tentativa de participar.

No despacho, a SG indica que a jurisprudência do Cade mudou nesse intervalo e que o órgão passou a permitir participações acima de 5% desde que não haja exercício de direitos políticos.

“A detenção de ações de concorrentes não vem sendo entendida pelo Conselho como um problema concorrencial per se”, afirma o despacho, assinado pelo superintendente geral Alexandre Barreto e por uma assessora técnica. Nesse sentido, o despacho cita julgamentos envolvendo BRF e Marfrig, BRF e Minerva e MSC e Log-In.

Em todos os casos, foi permitida a manutenção de titularidade de participações das adquirentes no capital das concorrentes superiores às detidas pela CSN na Usiminas. No caso do AC BRF/Minerva, a participação era de 16,77%. Nesse caso BRF/Marfrig, a Marfrig havia submetido à análise do Cade a aquisição de ações ordinárias representativas de aproximadamente 32% do capital social de emissão da BRF, que também recebeu o aval da superintendência-geral. Já em MSC-Log-In, o controle (70%) foi adquirido pela MSC.

“A legislação e os precedentes atuais deste Conselho permitem a subscrição e a manutenção das ações detidas pela CSN e adquiridas em oferta pública de ações em aquisição em patamar igual ou superior a 5% do capital social da Usiminas, desde que limitado ao exercício dos direitos patrimoniais conferidos pelos referidos ativos”, afirma a SG no despacho. Caso haja a necessidade do exercício de direitos políticos para a manutenção do investimento, o Cade poderá ser acionado.

A SG afirma no parecer que não houve manifestação de terceiros sobre eventual descumprimento da medida comportamental durante o monitoramento do acordo e que a CSN vem manifestando o interesse de manter sua participação na Usiminas com o intuito exclusivo de sócio-investidor. “A restrição ao exercício dos direitos políticos por parte da Compromissária vem sendo respeitada, demonstrando seu interesse em se manter como mero investidor, sem ingerência nos negócios e no processo decisório da concorrente”, afirma o despacho.

Procurada, a SG do Cade informou que não se manifesta sobre casos em andamento. A Usiminas declarou que não vai se manifestar sobre o tema. A CSN não retornou até o fechamento da edição.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/09/2022

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