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Sindicato orienta operação tartaruga na CSN

Após funcionários da siderúrgica de Volta Redonda (RJ) recusarem a proposta de acordo coletivo apresentada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), o Sindicato Metabase Inconfidentes, que representa os colaboradores do braço de mineração em Congonhas (Campo das Vertentes), aguarda mediação do Ministério Público do Trabalho para avançar nas negociações. Sem diálogo direto com a empresa, a orientação do sindicato é que os trabalhadores adotem a chamada “operação tartaruga”.

“Por enquanto a CSN se nega a negociar. A empresa conseguiu na Justiça a proibição para que façamos qualquer comunicação com os funcionários nos ônibus que os levam para a mina e, enquanto isso, segue pressionando, demitindo e ameaçando os trabalhadores. Então, fomos ao transbordo e orientamos pela adoção de ‘operação tartaruga’. Não sabemos ao certo quantas e quais áreas aderiram, mas o movimento iniciou”, afirmou o presidente do sindicato, Rafael Duda.

Segundo ele, a maioria dos cerca de 7 mil funcionários alocados em Minas Gerais deve seguir na mesma linha que os mais de 6 mil de Volta Redonda, que recusaram a proposta da companhia na última sexta-feira (8). A CSN propôs 8,1% de reajuste aos empregados com salário de até R$ 3 mil e 5% para os que recebem acima deste valor. A reivindicação da oposição sindical é de reajuste com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais 20% de aumento real.

“Por aqui ainda não tivemos o início das negociações, mas eles sabem que essas ofertas também não atendem ao nosso pleito. O processo de Volta Redonda é um pouco diferente, pois o sindicato não está representando a luta e o movimento dos trabalhadores, mas, sim, fazendo o jogo da empresa, tanto que é o único sindicato que a empresa está aceitando negociar”, denuncia Duda.

Procurada, a CSN não respondeu aos questionamentos da reportagem. Mas, com a recusa da proposta na sexta-feira, divulgou um comunicado no qual reafirmou que, por lei, só pode negociar com o Sindicato dos Metalúrgicos. A empresa também solicitou que os colaboradores mantenham suas rotinas de trabalho enquanto negocia com seus  representantes. E reforçou que as negociações estão ocorrendo no prazo do acordo coletivo, cuja data-base é 1º de maio.

Uma fonte ligada às negociações disse que “a recusa faz parte do jogo” e que as conversas deverão avançar nos próximos dias, tanto em Volta Redonda quanto no restante do País, inclusive em Minas Gerais. E que, por enquanto, as paralisações e reduções do ritmo de trabalho não impactaram a produção da empresa em nenhuma das áreas.

Melhores condições e reajuste

A mobilização de funcionários da CSN teve início na unidade de mineração em Congonhas na semana passada e ganhou força no terminal de carvão do Porto de Itaguaí, Região Metropolitana do Rio de Janeiro e na siderúrgica, em Volta Redonda (RJ), chegando a mobilizar 20 mil colaboradores da empresa.

Dentre as reivindicações, pagamento do Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR); reajuste salarial que cubra as perdas salariais dos últimos dois anos; reajuste no cartão-alimentação de, no mínimo, o dobro do valor que é pago; e plano de cargo de salários para que haja o pagamento de, no mínimo, um salário e meio para os funcionários.


Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 12/04/2022

Baixa do dólar alivia pressão nos custos da indústria em março

Parte significativa dos custos do setor automotivo sofre influência do dólar, assim como o IPA, Índice de Preços ao Produtor Amplo, que representa 60% da composição do IGP-M, Índice Geral de Preços – Mercado, calculado pela FGV, Fundação Getulio Vargas. Diante de uma cotação como há meses não se via, abaixo dos R$ 5, na casa de R$ 4,75, houve impacto positivo nas operações dos fabricantes de veículos e em sua cadeia.

“O câmbio trouxe certo alívio na estrutura de despesas das montadoras com relação aos custos dos fornecedores”, afirmou o economista e especialista no setor automotivo Adriano Oliveira. Um dos responsáveis foi o minério de ferro, que deflacionou 1,21% em março – ante um avanço de 5,49% nos preços em fevereiro – e contribuiu para puxar para baixo o IPA, que desacelerou de 2,36% para 2,07% nesses dois meses, e consequentemente o IGP-M, de 1,83% para 1,74%.

O arrefecimento dos preços só não foi maior devido a fatores como a disparada de combustíveis e lubrificantes, de 5,40% para 8,02% na comparação mensal, refletindo as altas do óleo diesel, de 5,53% para 8,89%, e da gasolina automotiva, de 3,49% para 6,69%.

Sendo assim, a desaceleração dos custos não chegou na ponta, ao contrário, houve um aumento da pressão, de acordo com a inflação dos bens intermediários, que compreendem componentes como aço, borracha e plástico, de 1,50% para 2,06%, e dos bens finais, onde estão as máquinas e os veículos, de 1,21% para 2,75% – o que eventualmente se traduziu em desconto ficou na conta do impacto da redução de 18,5% do IPI, em vigor desde o mês passado.

“É preciso ponderar que saímos de um dólar batendo na casa dos R$ 6 desde o início da pandemia para este de R$ 4,75, que nem a B3 soube explicar a maior entrada de dólares no País e que alguns economistas justificaram como sendo busca por juros altos e oportunidades em mercados emergentes. Discordo, pois se colocarmos nessa conta a inflação de 14% ela engole a taxa básica de 11,75% e o ganho fica negativo. De qualquer maneira, a queda é importante, mas demora a refletir de forma mais consistente depois de uma alta abrupta e que se sustentou em patamar elevado por tanto tempo.”
Adriano Oliveira

No acumulado dos 12 meses encerrados em março o IGP-M variou 14,7%, enquanto que o IPA, 16,5%. Ainda assim na comparação com o cenário de um ano atrás, o IGP-M acumulava 31,1% e, o IPA, 42,5%.

Oliveira pontuou que a matéria-prima, por ser uma commodity tem um caráter especulativo e, portanto, uma subida muito mais severa do que o seu produto semiacabado, o aço, e o mesmo ocorre quando há uma redução.

No fim do ano passado, a tonelada do minério de ferro era vendida por US$ 83 e, desde o início do ano está por volta de US$ 150. Mas a conversão em R$ 6 leva o valor real a R$ 900, enquanto que em R$ 4,75, fica R$ 712,50. Portanto, a oscilação maior se explica pelo câmbio.

Ao mesmo tempo, ao analisar o comportamento dos preços de um dos produtos oriundos do aço, o vergalhão, vê-se que a tonelada é negociada hoje a 5,1 mil yuans na bolsa de Shangai, enquanto que no fim do ano passado estava em 4,3 mil yuans.

Também houve aumento, mas em menor escala: “Cada degrau da cadeia de produção acaba absorvendo um pouco do impacto do degrau anterior, o que vai amortecendo essa oscilação que é mais natural da matéria-prima. É preciso considerar também que a indústria não compra isso em balcão”.

O especialista ponderou que dificilmente as empresas conseguem repassar toda essa variação para os clientes, até porque os contratos costumam ser pré-definidos e menos elásticos. “Do lado da demanda não vemos isso arrefecendo no mundo todo, que está em recuperação, e o Brasil não é exceção.”

Fonte: Autodata
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 08/04/2022

 

Incertezas globais derrubam produção e consumo de aço no Brasil em 2022

Após forte recuperação em 2021, a indústria de aço brasileira iniciou o ano de 2022 com prejuízo causado pelas incertezas domésticas e internacionais.

O setor já registra a segunda queda mensal consecutiva na produção do insumo em 2022, e a expectativa para o restante do ano não é boa, segundo o relatório da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), divulgado na última quarta-feira (6).

A produção de aço no Brasil ficou 2,2% menor em janeiro e fevereiro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em valores absolutos, somados os dois meses, o setor deixou de produzir aproximadamente 500 mil quilos de aço.

O setor produtivo que mais demandou da indústria de aço foi a construção civil. Logo em seguida aparecem os segmentos agrícola e automotivo.

Simultaneamente à menor produção, o consumo do aço no Brasil também deve registrar queda ao longo de 2022, segundo a Alacero.

De acordo com o relatório da associação, é esperado neste ano uma demanda 2,1% abaixo da média histórica. O maior consumidor do aço brasileiro é a indústria nacional, principalmente a de construção civil.

O baixo consumo está atrelado às incertezas globais, domésticas e internacionais, segundo a Alacero. No contexto nacional, o setor é afetado pela escalada inflacionária e alta dos juros.

De acordo com Renan Pieri, economista da FGV, a questão energética também impactou a demanda pelo produto.

“Com a taxa de juros subindo, a expectativa é que a demanda caia ainda mais nos próximos meses. O custo de produção aumentou em toda as indústrias, principalmente com a questão energética e da inflação no Brasil. Isso também acaba resultando em uma redução de oferta. Esses são os principais pontos que demostram essa tendência”, disse Pieri.

No contexto internacional, a guerra no leste europeu também traz preocupações para o setor. A Ucrânia é o 14º maior produtor de aço bruto e o 8º maior exportador de aço do mundo.

Já a Rússia é o nono maior exportador de minério de ferro do planeta, segundo os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“A situação externa é muito complicada. Principalmente pela guerra no leste europeu entre Ucrânia e Rússia. Mas não é somente a guerra que afeta a produção e o consumo mundial e brasileiro de aço”, explicou Alejandro Wagner, diretor-executivo da Alacero.

“As políticas monetárias nos Estados Unidos e Europa, que também estão tentando controlar a inflação, e pode impactar a atividade do setor na região e, consequentemente, no mundo.”

Fonte: CNN
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 08/04/2022

 

Dólar a R$ 3,50? Gestora diz que queda da moeda para patamares mais baixos “não seria impensável”

A queda recente do dólar tem gerado todo tipo de especulação sobre os rumos futuros do câmbio, algumas mais otimistas, outras mais pessimistas. A gestora Persevera está no primeiro grupo — e, talvez, esteja até um pouco otimista demais.

De acordo com a Persevera, o atual cenário pode levar o dólar a patamares próximos de R$ 3,50 nos próximos anos. 

Formada por ex-executivos do Bradesco e HSBC e com mais de R$ 400 milhões sob gestão, a Persevera é conhecida por posições fora do consenso. No início da pandemia, por exemplo, eles defenderam que o Banco Central reduzisse a Selic a zero.

A explicação começa nos efeitos de longo prazo da guerra na Ucrânia.

Guerra-> Inflação -> Juros -> Dólar

Conforme temos reportado no Seu Dinheiro, a guerra elevou as projeções de inflação, o que tem feito bancos centrais no mundo inteiro a elevar as taxas de juros. 

Nos EUA, ciclos de aperto monetário tendem a valorizar o dólar. No entanto, esse efeito é contrabalanceado em países exportadores de commodities, como nós. 

Os preços das commodities, tanto as hard (petróleo, minério, etc) quanto as soft (café, milho, trigo, etc) saltaram depois da invasão da Ucrânia pela Rússia. Isso ocorreu porque ambos os países são importantes exportadores desses produtos e, uma vez em guerra, a produção acaba sendo afetada.

No entanto, para o Brasil, isso significa superávit comercial, já que os preços elevados aumentam a receita proveniente das nossas exportações. E aí está também uma das explicações para o dólar ter cedido tanto no primeiro trimestre do ano.

Nesse cenário, a Persevera diz que “não seria impensável, portanto, que o dólar voltasse a patamares bem mais baixos nos próximos anos, talvez próximos a R$3,50”. A última vez que o dólar chegou a esse nível foi em abril de 2018.

De acordo com a gestora, comparando os ciclos de desvalorização da crise do coronavírus com o das eleições de 2022, no longo prazo, a moeda também extrapola movimentos de queda. 

“Por todos esses motivos, continuamos com visão bastante positiva para a moeda brasileira, detendo posições que variam taticamente entre 10% e 15% da carteira”, escreveu a Persevera em carta aos investidores.

Bolsa também tem potencial

Além da queda do dólar, a Persevera também acredita em valorização da bolsa brasileira. Com os investidores globais buscando ativos ligados a commodities no primeiro trimestre, o Índice Bovespa apresentou uma recuperação importante.

Ao mesmo tempo, as expectativas de resultados aumentaram ainda mais, segundo a Persevera. Para a gestora, o mercado de ações continua com múltiplos próximos das mínimas dos últimos anos.

Selic alta, PIB fraco

Para os juros, as projeções da Persevera são de que o BC deve mesmo elevar a Selic pela última vez em maio, a 12,75%. A previsão está em linha com o que diz o próprio BC, mas diverge da posição de boa parte dos analistas, que acreditam numa dose adicional de aperto.

“Com isso, a autoridade monetária terá implementado uma elevação de pelo menos 10,75 pontos percentuais, que certamente levará a uma contração econômica com fortes efeitos sobre a inflação”, diz a Persevera.

Fonte: Seu Dinheiro
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 08/04/2022

Escassez de mão de obra qualificada cresce na construção civil

Um levantamento realizado pela Câmara Brasileira de Indústria da Construção (CBIC) apontou que as empresas do ramo da construção civil têm tido uma dificuldade crescente: a contratação de mão de obra qualificada para o setor.

A adversidade foi registrada, em especial, em empresas de pequeno porte, que constituem a maioria das entrevistadas. Na pesquisa, a Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) divulga uma comparação entre fevereiro de 2022 e outubro de 2021, e declara que, no ano passado, 77% das empresas viam gargalos no recrutamento. Neste ano, o percentual aumentou para 90%.

Os principais obstáculos estão na admissão de pedreiros, apontados por 82% dos estabelecimentos. Em seguida, 78,7% mencionaram impedimentos na contratação de carpinteiros — cargo seguido pelos mestres de obras (74,7%) e encarregados (70%). Além das ocupações específicas, 94,67% reiteraram a carência de qualificação de mão de obra terceirizada.

Para solucionar o problema, 72,67% das empresas afirmaram estarem dispostas a custear a qualificação de seus funcionários, sendo que 43,33% delas preferem uma capacitação através de aulas práticas e teóricas, dentro do próprio canteiro de obras, e ministradas por especialistas contratados pelos empregadores.

A maioria ainda declarou não ver dificuldades na contratação de engenheiros, e afirmou não acreditar na eficácia de um treinamento da parte teórica por meio eletrônico.


Fonte: AECWeb
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 08/04/2022

Como a guerra na Ucrânia e a queda do dólar afetam a indústria brasileira

A guerra na Ucrânia está tendo mais reflexos na indústria do que a valorização do real frente ao dólar. E o impacto, segundo o gerente executivo de economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sérgio Telles, é duplo: de um lado há os efeitos econômicos causados pela alta nas commodities; do outro, há a pressão nas fábricas causadas pelo aumento dos custos industriais.

As commodities aumentaram, em média 50,15%, nos últimos 12 meses, segundo a Bloomberg. “Isto tem contribuído para aumentar as expectativas de inflação aqui no Brasil e ao aumento nas taxas de juro. As consequências são o desaquecimento da atividade econômica e o aumento nos custos de financiamento”, diz Telles.

Os custos industriais subiram 20,05% nos 12 meses encerrados em fevereiro, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O fornecimento de insumos, cuja expectativa de regularização era esperada para o segundo semestre, também deve ser afetada pela guerra.

Dois insumos são os que mais preocupam a indústria. Os microchips tendem a continuar em falta nos próximos meses, já que a Rússia é um importante produtor de minerais usados na fabricação dos semicondutores. E segue em dúvida o fornecimento de insumos para fertilizantes, especialmente os potássicos, que têm os russos e Belarus, principal aliado deles no conflito, como principais exportadores.

Com isso, a expectativa é de um crescimento menor na economia mundial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que, neste ano, o PIB global vai aumentar 4,9%.

“Segmentos mais intensivos em energia estão entre os que mais devem ser afetados”, afirma Telles. Entre eles, estão o siderúrgico, o de máquinas e equipamentos e o de alumínio. O automobilístico deve ser impactado pelo problema dos microchips e o agronegócio, pelos fertilizantes.

A valorização do real deve ter impactos mistos sobre a indústria, explica Telles. Do início do ano até esta segunda-feira (4), a taxa de câmbio caiu mais de 17%. “O movimento do real deixa as exportações menos competitivas, mas ajuda a reduzir o impacto [nos custos] causado pela alta nos preços das commodities.”

Outra fonte de preocupação que vem do câmbio é a volatilidade. Neste ano, a taxa oscilou entre R$ 4,60 e R$ 5,70. “Isto dificulta muito o planejamento das empresas”, ressalta o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

"Sinal amarelo" está ligado na indústria de máquinas e equipamentos

A indústria de máquinas e equipamentos observa com atenção o movimento de valorização do real frente ao dólar e o desenrolar da guerra entre Rússia e Ucrânia.

“O sinal amarelo está ligado. O câmbio pode atrapalhar as previsões feitas antes do início do conflito militar”, diz o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso.

O segmento projeta para este ano um crescimento de 6% em relação a 2021, com 3% de expansão no mercado interno e 15% no externo. Porém, no primeiro bimestre houve uma queda de 3,9% na receita líquida anual, comparativamente ao mesmo período do ano passado, aponta a entidade.

Segundo Velloso, a valorização do real foi maior do que se esperava. Ao mesmo tempo, ele reclama que não houve redução do chamado "custo Brasil". "Falta reformas, os juros aumentaram e o crédito está caro."

Ele também reclama dos recentes cortes do imposto de importação (II) para bens de capital e de tecnologia da informação e comunicação. “Deveria ter sido algo para todos os segmentos. Causou surpresa.”

Velloso lembra que as cadeias produtivas das máquinas e equipamentos são longas, abrangendo diferentes segmentos. “Absorvemos todo o custo Brasil mais o nosso”, afirma o dirigente empresarial. Ele diz que a medida adotada pelo governo federal diminuiu apenas o II da ponta e não de toda a economia.

“O recado que o governo passa é que o Brasil não quer que se agregue valor aos seus produtos. Padecemos de um processo de desindustrialização precoce. O país prefere proteger o início da cadeia produtiva”, afirma.

O segmento de máquinas e equipamentos, segundo a Abimaq, responde por 15% do desempenho da indústria de transformação, 17% do consumo de matérias primas e 15% dos empregos.

Diretamente, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia não tem produzido efeitos sobre o setor, já que o Brasil não é um grande exportador de máquinas e equipamentos para os países envolvidos no conflito. Mas, indiretamente, os impactos já começam a ser sentidos. Fornecedores de aço já informaram que vão reajustar o preço do produto.

Indústria têxtil sofre com o algodão mais caro em dez anos

Outro setor que também ainda não sentiu os impactos da guerra, mas vem sendo afetada pela alta nos custos é o têxtil. O algodão está com os preços mais elevados em dez anos, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. Nos últimos 12 meses, as cotações aumentaram 75,1%.

Mas não foi só o algodão que impactou negativamente o setor. Outros itens, como os fretes, também estão pressionando. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, os custos tiveram uma alta de 23,38%, aponta o IBGE.

Segundo Pimentel, essa alta está pressionando o caixa das empresas, que sentem a falta de capital de giro. “Há dificuldade para repassar essa alta e quem sofre mais são as marcas mais focadas na baixa renda. Em alguns casos, há a redução de turnos de trabalho.”

O andamento da guerra também está no radar do setor. O temor é de que, se o conflito se alongar, as perspectivas de crescimento da economia mundial diminuam, afetando as exportações do setor.

Alta nos preços da energia preocupa indústria de revestimentos cerâmicos

A principal preocupação da indústria de revestimentos cerâmicos é com a alta nos preços da energia. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos (Anfacer), 40% dos custos são formados por gás e energia elétrica. “No ano passado também tivemos o problema da escassez hídrica”, lembra o presidente da entidade, Benjamin Ferreira Neto.

A alternativa para evitar o repasse tem sido absorver os impactos e cortar margens. Segundo ele, a valorização do real está colaborando ao tirar pressão de alguns custos internos, como o papelão e as embalagens.

O segmento, que exporta 13% da sua produção, não acredita que vá ser prejudicado pelo real mais forte. “Nossos principais mercados são as Américas e, como as commodities estão em alta, há perspectivas de um crescimento maior na região, o que favorece o segmento. Também facilita os investimentos, porque deixa mais em conta as importações de equipamentos”, diz o dirigente.

Fonte: Gazeta do Povo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 06/04/2022