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Indústria brasileira de base: principais atualizações em 7 de maio de 2025

1. Apoio à indústria têxtil nacional

O senador Esperidião Amin destacou a importância de políticas públicas para fortalecer a indústria têxtil brasileira. Ele enfatizou que a defesa da indústria nacional é um imperativo social, essencial para a geração de empregos e o desenvolvimento econômico do país.

2. Inovações na indústria de defesa

O Ministério da Defesa apresentou metas para a indústria de defesa até 2033, focando no fortalecimento da soberania nacional e no desenvolvimento de tecnologias avançadas para o setor.

3. Investimentos em reciclagem no Distrito Federal

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços anunciou investimentos de R$ 16,9 milhões para a industrialização da reciclagem no Distrito Federal. Essa iniciativa visa melhorar a eficiência do setor e promover a sustentabilidade ambiental.

4. Expansão da Embrapii

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ressaltou a importância da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) no ecossistema de inovação nacional. A Embrapii já apoiou 3,2 mil projetos de inovação realizados por 2,1 mil empresas em todo o país, somando R$ 6 bilhões em investimentos.

5. Setores Consumidores de Aço: Infraestrutura e Construção Civil

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) projeta um aumento superior a 5% no consumo de aço no Brasil em 2025, impulsionado pelos setores de infraestrutura, construção civil e indústria automotiva. A indústria siderúrgica brasileira registrou um crescimento de 10,7% nas vendas internas de aço em março de 2025, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. No primeiro trimestre de 2025, as vendas internas aumentaram 4,5%.

6. Comércio Exterior e Desafios Regulatórios

Em março de 2025, as importações de aço para o Brasil registraram um aumento de 36,5% em volume e 21% em valor, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Esse crescimento contribuiu para um aumento de 15,6% no consumo aparente de aço no país. A imposição de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio pelos Estados Unidos afetou negativamente as exportações brasileiras desses produtos. O Brasil busca retomar o acordo de 2018 com os EUA, que limitava as exportações brasileiras de aço ao mercado norte-americano, mas oferecia previsibilidade ao setor.

7. Crescimento da Indústria Automotiva e a Demanda por Aço

A indústria automotiva brasileira, setor crucial para o consumo de aço, projeta um crescimento de 4,6% nas vendas de veículos em 2025, o que impactará diretamente a demanda por aço. Este aumento será impulsionado pelo crescimento da produção de carros elétricos e híbridos, que exigem materiais específicos, incluindo aço de alta resistência, para garantir a segurança e a eficiência dos veículos. A participação da indústria automotiva no consumo total de aço no Brasil é estimada em 15%.

8. Investimentos em Tecnologia e Sustentabilidade na Indústria Siderúrgica

A ArcelorMittal, um dos maiores produtores de aço do mundo, anunciou investimentos de R$ 3,2 bilhões no Brasil até 2027, com foco em inovação tecnológica e sustentabilidade. A empresa implementará novas tecnologias de produção de aço com menor emissão de carbono, alinhando-se às tendências globais de descarbonização e economia verde. Esse movimento tem como objetivo reduzir as emissões da siderurgia brasileira, setor que é responsável por cerca de 10% das emissões de CO2 no país.

9. Perspectivas para o Setor de Mineração

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) revelou que o setor mineral brasileiro registrou um crescimento de 8,6% no faturamento no primeiro trimestre de 2025, alcançando R$ 73,8 bilhões. A mineração de ferro, que representa cerca de 50% do valor total, registrou um aumento de 5% nas exportações. A mineração é fundamental para o fornecimento de matéria-prima para a indústria siderúrgica, sendo um setor com perspectivas de crescimento contínuo devido à alta demanda global.

10. Exportações de Aço e a Competitividade Global

Em 2025, as exportações de aço do Brasil devem atingir um volume de 16 milhões de toneladas, um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Os principais destinos incluem os Estados Unidos (com 25% das exportações), a União Europeia (20%) e a Ásia (15%). A competitividade do Brasil no mercado global de aço continua a ser um fator estratégico para o crescimento do setor.

11. Incentivos ao Setor de Inovação e Pesquisa Industrial

Além da Embrapii, que já apoiou mais de 2 mil empresas, outras iniciativas estão em andamento no país para estimular a inovação. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) anunciou R$ 1,4 bilhão para financiar novos projetos industriais voltados para a modernização de fábricas, com ênfase na integração de soluções digitais,

Fonte: Infomet
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/05/2025

Siderúrgicas brasileiras voltam a alertar sobre avanço da importação de aço da China

As siderúrgicas brasileiras voltaram a dizer, nas divulgações de resultados do primeiro trimestre, que o aumento das importações de aço da China pelo Brasil continua a pressionar o setor. Tanto Gerdau quanto Usiminas, que divulgaram balanços no fim de abril, disseram que as medidas adotadas pelo governo brasileiro para conter o avanço das importações de aço chinês têm se mostrado ineficazes.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) passou a impor, desde junho do ano passado, uma taxa de 25% sobre alguns tipos de aço importados, depois de reclamações da indústria no Brasil. A medida é válida até o dia 31 deste mês, quando o governo deve rever a política, conforme esperam as companhias.

À medida que se aproxima o fim da vigência da taxa, as críticas das siderúrgicas brasileiras aumentaram, em um cenário de crescimento da entrada do produto chinês no Brasil no primeiro trimestre deste ano.

Segundo dados do Instituto Aço Brasil, o país importou 1,096 milhão de toneladas de produtos siderúrgicos da China entre janeiro e março deste ano, um aumento de 57,8% em relação a igual período de 2024.

O país asiático lidera o ranking de origens das compras brasileiras no exterior. A segunda posição foi ocupada pela Coreia do Sul, com 117,2 mil toneladas vendidas ao Brasil nos três primeiros meses de 2025. Somente no mês de março, foram importadas 448,07 mil toneladas de produtos siderúrgicos da China, um aumento de 53,1% em relação a igual mês de 2024.

Entre as impactadas, a Gerdau estuda reduzir o nível de investimentos no país por conta do cenário de “competição desleal” com o produto chinês. O presidente da siderúrgica, Gustavo Werneck, disse, em entrevista coletiva de resultados do primeiro trimestre, que a companhia tem estudado reduzir os níveis de Capex (investimentos) a partir do próximo ano.

“Nós temos um balanço saudável, que nos permite manter o nível de Capex, mas estamos nos questionando se faz sentido manter esse volume no Brasil.”

A companhia ainda não tem estimativa de volume ou de local em que deve reduzir os investimentos. Segundo o presidente, a revisão pode passar por hibernar alguma linha ou alocar mais capital em recompra de ações. “Caso o governo não faça nada sobre a importação, por exemplo, precisaremos tomar alguma decisão”, disse. “Podemos também aumentar o foco em produtos em que o importado não compete.”

A decisão, segundo a companhia, deve vir depois de maio, quando é esperado que o governo federal faça a revisão do sistema de cota tarifa sobre o aço importado. “O que nos preocupa é como vai ficar o nível de importação no Brasil. Há uma competição desleal. Temos dúvida se vale a pena continuar investindo no país, onde não temos uma defesa comercial que traga competição isonômica”, disse Werneck.

O presidente da Usiminas, Marcelo Chara, também chamou a atenção para impactos na concorrência na teleconferência de resultados da companhia. “A falta de aplicação de medidas eficazes para criar condições justas de concorrência, ante a forte presença de importações subsidiadas, é a principal ameaça para a sustentabilidade do setor siderúrgico brasileiro e de sua cadeia de valor”, disse.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/05/2025

 

Movimento da Agrishow sinaliza recuperação da indústria de máquinas em 2025

O movimento na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), sinalizou uma recuperação do segmento de máquinas agrícolas, ainda que os juros estejam altos no Brasil e que haja incertezas sobre o Plano Safra 2025/26, disseram representantes do agro. A edição deste ano da feira terminou na sexta-feira (2/5).

Produtores que fizeram uma boa gestão financeira na última safra e foram ao evento para renovar frota, investindo milhões, animaram os fabricantes. É o caso do agricultor José Reis Vilela, de General Carneiro (MT), que investiu R$ 3,15 milhões em uma plantadora lançada na feira e um subsolador, um equipamento para aplicação de adubo. Com as compras, o produtor de grãos e gado de corte quer melhorar a qualidade de suas áreas. Ele e o genro, Nataniel Vilanova, fecharam a compra de um equipamento da holandesa Fendt, do grupo AGCO, que é considerada a marca de luxo das máquinas agrícolas.

Vilela participa da feira há alguns anos, e o negócio fez parte de uma renovação de frota que Vilela planejou com antecedência. Ao Valor, o produtor contou que aproveita a ocasião para se informar sobre as tendências do segmento em cada ano.

Ele é da terceira geração de uma família com tradição na pecuária, mas que em 2022, sob seu controle administrativo, decidiu migrar do cultivo de arroz para a soja de verão e milho safrinha. A razão foi estratégica, disse ele: preços e cultivares melhores nos grãos, além de as exportações do produto brasileiro estarem aquecidas. Vilela, que participou de todos os dias da feira, só fechou o negócio na quinta-feira (1°/5), depois de levantar alguns orçamentos.

O mineiro William Parreira saiu feliz da Agrishow. Produtor de silagem de milho em Piedade, ele comprou dois tratores Massey Ferguson, de 250 cv e 80 cv, para renovar sua frota. “Não fiz financiamento porque os juros estão impeditivos. Comprei com recursos próprios, dei entrada e vou terminar de pagar até novembro”, disse Parreira, que ainda tinha planos de comprar uma forrageira. O produtor, dono também de uma agropecuária em Igarapé, não revelou quanto pagou pelos tratores, mas garante que fez um bom negócio.

À espera do novo Plano Safra

Os investimentos dos produtores também entram na soma final da feira, que resultou em R$ 14,6 bilhões de “intenções de negócios”, o que representou um aumento de 7% em relação a 2024, quando os negócios somaram R$ 13,6 bilhões. “Os pedidos foram feitos, mas grande parte das intenções de vendas está vinculada ao novo Plano Safra. Esse valor anunciado depende das condições das taxas e do volume de juros para se confirmar”, disse João Carlos Marchesan, presidente da feira, em entrevista coletiva.

Ele ressaltou que os números referem-se apenas às vendas de máquinas agrícolas, equipamentos de irrigação e armazenamento. Caminhões, picapes, aviões, insumos, agricultura de precisão e outros itens não entram na conta.

Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), disse que o desempenho ficou próximo do que se previa antes da feira. A projeção da entidade era de aumento de 8,2% em relação à edição de 2024.

“A maioria dos fabricantes de máquinas agrícolas está saindo feliz porque vendeu mais do que no ano passado”, afirmou. Em 2024, as intenções de negócios cresceram 2,4% em comparação com o ano anterior.

Juro alto

Ainda que tenham ficado satisfeitos com os resultados da feira, os representantes da Abimaq também observam que, com a taxa Selic em 14,25%, o aporte de recursos para a equalização de juros terá que ser maior no próximo Plano Safra. “Com taxas que chegam a 21% no banco privado, fica difícil para o produtor investir”, disse Marchesan.

Ressabiado com as incertezas da economia, o produtor Mauro Minoru Yamauti, que cultiva cana-de-açúcar e amendoim em Pirangi (SP), decidiu não fechar compras durante a Agrishow. Recentemente, ele investiu R$ 400 mil no plantio do amendoim, que não se desenvolveu, o que fez Yamauti ter prejuízo. “Como as condições de crédito estão difíceis, neste ano, só vou ficar de curioso, vendo se tem novidade, outras cultivares, para me preparar para a próxima edição”, contou.

Para Carlos Aguiar, diretor de Agronegócio do Santander, o ambiente não é ideal para os produtores tomarem novos empréstimos, já que o setor vive uma “ressaca” de endividamento. Em parte, diz ele, esse quadro é consequência de um descompasso entre os custos de produção e a renda dos produtores, o que deve perdurar por até três safras.

Boas colheitas

Ainda assim, Leonildo Colombo Neto, diretor de operações da fabricante de máquinas e equipamentos Indústrias Colombo, aposta em recuperação. Para ele, 2025 é um ano de retomada de negócios para indústria de máquinas, em especial porque a colheita de várias culturas será maior do que a da safra passada. É o caso de grãos como a soja e de cultivos de alto desempenho, como feijão e amendoim, que são mercados-chave para o grupo.

As vendas da companhia na feira cresceram 7% em comparação com o resultado de 2024. Além disso, afirmou o executivo, foi possível ampliar as “conexões internacionais, com visitantes de dez países”.

Fonte: Globo Rural
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 05/05/2025

 

Agrishow fortalece relações comerciais com mais de 50 países

Em sua 30ª edição, a Agrishow reforça seu papel estratégico na internacionalização do agronegócio brasileiro. A feira, que acontece em Ribeirão Preto (SP), recebe visitantes e expositores de mais de 50 países, incluindo Espanha, República Tcheca, Índia, Estados Unidos, Colômbia, Holanda, China e Hong Kong, entre outros.

O evento ocorre em um cenário positivo para o setor, com as exportações do agronegócio brasileiro atingindo US$ 15,6 bilhões em março, segundo o Ministério da Agricultura — um crescimento de 12,5% em relação ao mesmo período de 2024.

Para estreitar laços com o mercado externo, a feira promoveu até 1º de maio a Rodada Internacional de Negócios, em parceria com a Abimaq e a ApexBrasil. A edição também conta com a participação de 19 empresas no Pavilhão Italiano e 60 no Pavilhão Chinês.

“Criamos e desenvolvemos maquinário adequado à nossa realidade, que também é capaz de atender outras realidades mundo afora”, afirma João Marchesan, presidente da Agrishow.

A Agrishow encerra nesta sexta-feira (2), com programação que inclui o painel A Voz do Produtor Rural, no Agrishow Labs, e um workshop de oratória e posicionamento no Agrishow Pra Elas.

Fonte: Cultivar
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 05/05/2025

 

O confronto China x EUA sobre excesso de capacidade global

A China sinalizou nesta semana que poderá iniciar negociações ‘sérias’ com os Estados Unidos quando Donald Trump definir claramente o que quer. Também quer ver como outros países responderão à pausa de 90 dias na aplicação das tarifas impostas por Washington.

Certo mesmo é a dificuldade à frente numa negociação mais ampla entre as duas maiores economias do mundo, sobretudo envolvendo a questão de subsídios bilionários para suas indústrias. Em debates esta semana em Comitê de Subsídios da Organização Mundial do Comércio (OMC), o tema causou um confronto acalorado envolvendo Pequim, Washigton e vários outros membros.

Embora reconheçam que todos os membros da OMC usam subsídios até certo ponto, os Estados Unidos acusaram os amplos subsídios estatais da China de serem os únicos responsáveis pelo persistente e prejudicial excesso de capacidade global. Alegaram que esses subsídios, que vão de terras e eletricidade baratas a financiamento em larga escala, aumentam artificialmente a produção em setores como aço, energia solar, veículos elétricos e produtos químicos muito além da demanda doméstica ou global. Esse excesso de capacidade inunda os mercados internacionais, prejudica os concorrentes e distorce o comércio, prejudicando tanto as economias desenvolvidas quanto as em desenvolvimento, insistiu a representação americana.

Conforme fonte com acesso ao debate fechado, os EUA citaram um estudo do Rhodium Group de 2022 mostrando que, em 2019, os terrenos para uso residencial na China foram vendidos por cerca de 10 vezes o preço dos terrenos destinados para uso industrial. Um artigo do Wall Street Journal menciona que empresas listadas nas bolsas de valores de Shenzhen e Xangai declararam mais de US$ 33 bilhões em subsídios governamentais em 2023, um aumento de 23% em relação a 2019. Mais de 99% das empresas listadas na China receberam subsídios.

Washington mencionou fechamento de fábricas e perda de empregos em países como África do Sul, Chile, Índia e EUA, ‘onde as empresas não podem competir com as exportações chinesas com preços baixos’. E pediu aos membros da OMC que tomassem medidas coletivas para defender seus mercados e ‘manter um sistema de comércio global justo’ – algo que, vindo dos Estados Unidos no momento trumpiano, parece algo bem humorado.

Na mesma linha dos Estados Unidos, o Reino Unido reclamou que subsídios, especialmente da China, que distorcem os mercados, reduzem artificialmente os preços e ameaçam a concorrência justa e o desenvolvimento industrial em todo o mundo. Exemplificou com o setor solar, onde a China produz 190% da demanda global e domina 86% dos suprimentos globais. Para os britânicos, é necessária uma maior diversificação da cadeia de suprimentos para garantir a estabilidade econômica global e uma transição ecológica dita justa.

A União Europeia também acusou principalmente a China por excesso de capacidade global, em grande parte impulsionado por subsídios, que afeta as economias desenvolvidas e em desenvolvimento. Também citou um relatório da Rhodium de 2024 que mostra a fraca demanda interna da China e o crescente superávit comercial, argumentando que o excesso de capacidade da China decorre de uma intervenção estatal não transparente e em larga escala, e não da concorrência de mercado.

Para o Japão, embora os subsídios tenham seu valor nas políticas públicas, geralmente apoiam empresas não lucrativas, distorcendo os mercados e prejudicando os países em desenvolvimento. Para a Austrália, ao contrário das flutuações temporárias, o excesso de capacidade persistente - especialmente em setores como o do aço - é sustentado por intervenções que não são de mercado.

O Canadá insistiu que ‘subsídios governamentais injustos’ distorcem o comércio e podem desencadear uma corrida global por subsídios que prejudica a todos, especialmente as economias com recursos limitados.

Conforme relato de participante, o Brasil defendeu um diálogo multilateral e transparente para lidar com o excesso de capacidade, alertando que medidas unilaterais pioram as distorções comerciais. Mostrou preocupação com o impacto dos subsídios indiscriminados - especialmente os subsídios verdes - sobre as condições de mercado e enfatizou que os países em desenvolvimento enfrentam desvantagens devido ao espaço fiscal limitado e à exposição à concorrência e às barreiras comerciais turbinadas por subsídios.

Em reação, a China argumentou que o excesso de capacidade industrial está sendo politizado e mal utilizado como pretexto para ações protecionistas destinadas a conter o crescimento chinês. Defendeu a competitividade de seus novos setores de energia e tecnologia, atribuindo seu sucesso à inovação e às forças do mercado. Pequim considera que as flutuações na oferta e na demanda são uma parte normal dos mercados globais, influenciadas por fatores como preferências do consumidor, eventos geopolíticos e mudanças tecnológicas. Disse que que suas exportações em larga escala refletem a vantagem comparativa e se alinham às práticas comerciais globais observadas em outros países, como os EUA e o Japão.

Exemplificou que os EUA exportaram grandes quantidades de semicondutores, especialmente chips mais avançados, e em 2021, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA, exportaram mais da metade de seus grãos, sementes oleaginosas e produtos de carne. E que o Japão produziu 8,57 milhões de veículos em 2023 e exportou 4,17 milhões de veículos, representando quase 50% de sua produção.

Para a China, o Comitê da OMC não deve perder tempo com a questão do excesso de capacidade. Sugeriu que os membros se concentrassem na verdadeira questão do unilateralismo e do protecionismo, que para Pequim é o uso de "tarifas recíprocas" pelos Estados Unidos. Acusou os EUA de violar repetidamente o princípio fundamental de não discriminação da OMC, rotulando-o de “violador de regras” e “manipulador de padrão duplo”. Alertou que o choque tarifário imposto por Trump perturba o sistema de comércio internacional e representa uma séria ameaça às economias vulneráveis, que poderiam enfrentar consequências devastadoras, inclusive crises humanitárias. Para a China, essas políticas são uma forma de intimidação econômica com o objetivo de revitalizar as indústrias nacionais às custas da equidade do comércio global.

A delegação dos Estados Unidos replicou defendendo o Chips Act e suas tarifas, afirmando que não se desculpariam por proteger suas cadeias de suprimentos e responder ao que chamaram de “um problema criado pela China”, ou seja, o subsídio e o domínio da China em setores importantes, como o de semicondutores. Os EUA alegaram que a China detém mais de 50% da participação no mercado global de 600 produtos, alertando sobre os riscos à segurança econômica e as vulnerabilidades da cadeia de suprimentos.

Justificando as tarifas com base em leis de emergência nacional, os Estados Unidos disseram que enfrentam uma “falta de relações comerciais recíprocas” e que as ações foram tomadas com base na exceção de segurança nacional da OMC. A delegação americana ridicularizou o apelo da China por “estabilidade” como um disfarce para sua ambição de dominar as cadeias de suprimentos globais.

No prosseguimento dos debates no Comitê da OMC, ficou evidenciado mais uma vez a dimensão do tema de subsídios industriais no comércio global. A China de novo atacou investigações anti-subsidio dos EUA sobre células fotovoltaicas cristalinas (o tipo mais comum de células solares encontradas em painéis solares). Criticou veementemente a determinação final do Departamento de Comércio dos EUA (DOC) em suas investigações de subsídios transnacionais envolvendo Camboja, Malásia, Tailândia e Vietnã - especialmente em relação à taxa de subsídio sem precedentes de 3.496% imposta às empresas cambojanas. A China considerou esse valor economicamente implausível e uma violação das regras da OMC.

Argumentou que os EUA extrapolaram sua jurisdição, classificaram erroneamente empresas privadas como órgãos públicos, aplicaram erroneamente os padrões de referência e abusaram do uso do Adverse Facts Available (AFA).

De seu lado, a União Europeia criticou fortemente a China por lançar três investigações de defesa comercial sobre as importações de determinados produtos agroalimentares originários da UE desde o início de 2024, incluindo uma investigação antissubsídios sobre produtos lácteos. Considera que a investigação é baseada em "alegações questionáveis e provas insuficientes".

Em resposta, a China declarou que a investigação foi iniciada de acordo com a legislação chinesa e as regras da OMC.

Foi a vez de a China criticar medidas de direitos compensatórios (CVD) da União Europeia sobre os veículos elétricos chineses, chamando a investigação de discriminatória, politicamente motivada e inconsistente com as regras da OMC. Ela acusou a UE de práticas injustas. A China acusou a UE de ter fabricado ou descaracterizado programas de subsídios e calculado erroneamente as margens de subsídios - por exemplo, atribuindo subsídios destinados a outros tipos de veículos somente a veículos elétricos. A UE respondeu que age em acordo com as regras da OMC.

Em geral, os países na OMC tem pouca disposição de mostrar o valor de seus subsídios. Até o momento, 82 membros - representando cerca de 50% dos membros - não apresentaram notificações de subsídios para 2023. Outros 82 membros não fizeram a notificação para 2021 e 70 membros não informaram sobre seus subsídios para 2019. Enquanto isso, quem pode continua turbinando suas empresas com subvenções.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 02/05/2025

 

Setor de máquinas agrícolas vê sinais de recuperação, mas falta de recursos preocupa

O setor de máquinas e equipamentos agrícolas vem mostrando uma leve recuperação em 2025, segundo balanço mensal da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Em março, as vendas cresceram 31,9% na comparação anual. Em relação a fevereiro, o aumento foi de 5,1%. Os dados foram divulgados pela Abimaq durante a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).

No ano passado, o clima impactou negativamente as vendas do segmento, já que o produtor, receoso com a safra após um longo período de seca – somado às enchentes no Rio Grande do Sul –, optou por adiar investimentos e suspender a compra de máquinas.

O resultado foi um ano de queda expressiva na comercialização, com retração superior a 20% no faturamento. Considerando esse cenário, os números positivos registrados nos últimos meses indicam que 2025 tem se mostrado um ano de retomada e comportamento mais estável – dentro daquilo que o setor classifica como “normal”.

Diante desse contexto, a previsão da Abimaq para este ano é de um crescimento modesto, de 8,2%. “Não consideramos esse percentual o ideal, mas, dentro do cenário atual, é um resultado bastante factível”, avalia Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq.

O primeiro trimestre de 2025 registrou um incremento de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior. Trata-se de um número expressivo, mas, como mencionado anteriormente, é preciso considerar que, nos três primeiros meses de 2024, as vendas de máquinas agrícolas caíram 37,4% na comparação com o mesmo intervalo de 2023.

PAP 2025/26: falta de recursos preocupa

A Agrishow, considerada um “termômetro do agro”, termina nesta sexta-feira (2), quando os organizadores devem divulgar os resultados oficiais. Durante a feira, alguns fabricantes demonstraram mais otimismo, impulsionados pela expectativa de uma safra recorde de grãos e por condições climáticas mais favoráveis à agricultura neste ano.

Entretanto, dois fatores ainda preocupam o setor: as taxas de juros, que seguem elevadas (com a Selic em 14,25%), e a escassez de recursos no Plano Agrícola e Pecuário. Diante disso, crescem as expectativas em torno do novo Plano Safra, que entra em vigor em julho. A grande dúvida é: como o governo vai organizar o orçamento para assegurar os recursos necessários ao Plano Safra?

No PAP atual, o governo disponibilizou R$ 20 bilhões para os programas Moderfrota e Pronaf – valor que se mostrou insuficiente. “Em relação a essas duas linhas, que são as principais linhas de crédito para aquisição de máquinas agrícolas, ainda não temos uma definição clara do que vai acontecer”, explica Estevão.

A Abimaq solicitou R$ 21 bilhões para o Moderfrota e R$ 7 bilhões para o Pronaf, “o que configuraria um Plano Safra robusto”, avalia. “Na prática, porém, o governo tem destinado bem menos que isso. É por isso que o Plano Safra só tem durado cerca de seis meses. Com esses valores solicitados, o plano teria fôlego para atender o ano todo. Mas a dificuldade orçamentária do governo é muito grande.”

Na avaliação dele, para “montar um Plano Safra realmente robusto”, seria necessário algo em torno de R$ 25 bilhões. Ou seja, “para termos um bom plano, o governo teria que encontrar R$ 10 bilhões extras em algum lugar. E é justamente aí que mora a dificuldade.”

Estevão reconhece que o governo tem tentado construir um Plano Safra “forte”. “A gente percebe uma boa vontade muito grande”, no entanto, segundo ele, “a limitação orçamentária deve ser um obstáculo importante.”

Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 02/05/2025