Notícias

Brasil se mantém entre as 50 economias mais inovadoras do mundo

O Brasil é a 50ª entre 133 economias mais inovadoras do mundo, segundo o Índice Global de Inovação (IGI) 2024. O resultado foi apresentado a lideranças empresariais nesta sexta-feira (4), em São Paulo, pelo coordenador da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), Pedro Wongtschowski. A reunião do Comitê de Líderes também marcou a passagem de bastão da coordenação do movimento para o vice-presidente sênior da Siemens Energy para América Latina, André Clark. 

Divulgada anualmente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), a lista revela que os 10 países mais inovadores continuam os mesmos do ano passado, com a Suíça, Suécia e Estados Unidos no top 3, e algumas alternâncias nas posições seguintes. O Brasil caiu uma posição de um ano para o outro, ficando em 50ª lugar.  

Para Wongtschowski, a estabilidade no quadro geral mostra que o Brasil precisa de mais empenho para melhorar nos aspectos levados em consideração para estruturar o ranking. “Continuamos andando de lado nesse assunto. Avançamos, mas outros países avançaram mais. Pelo tamanho e as ambições do Brasil, ainda temos muito o que fazer”, avalia.  

O país lidera na América Latina e no Caribe; e, no quadro geral, chama atenção o salto da Coreia do Sul, que foi de 10º para 6º em um ano, e da China, que subiu de 14º em 2020 para 11º em 2024. Entre os critérios de avaliação do IGI, o Brasil apresentou os melhores resultados em: 

Sofisticação empresarial (39º): avalia os insumos para as empresas inovarem, como empregos intensivos em conhecimento, investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), cooperação com universidades, patentes etc.; 

Produtos criativos (42º): avalia os resultados da inovação, como registros de marcas, desenho industrial, uso de tecnologias de informação e comunicação e produção de filmes de longa-metragem; 

Sofisticação de mercado (47º): avalia os insumos para inovação, como disponibilidade de crédito, se o ambiente é amigável ao investimento, acesso ao mercado internacional, concorrência e tamanho do mercado; 

Produtos de conhecimento e tecnologia (50º): sob a ótica de resultados da inovação, busca avaliar patentes, artigos publicados, produtividade do trabalho, certificações ISO, gastos com softwares etc. 

Pedro Wongtschowski lembra que o país não conseguiu recuperar a posição obtida em 2011, de 47º.

“Permanecem as recomendações de expandir os investimentos nacionais em P&D, incentivar a formação de pessoal em STEM [ciência, tecnologia, engenharia e matemática], acelerar a regulamentações para um ambiente mais amigável aos negócios e melhorar as condições de infraestrutura em TICs [tecnologias de informação e comunicação] e outras mais gerais”, alerta.

Ainda segundo o Índice Global de Inovação, na relação entre os resultados de inovação e os investimentos realizados, os pontos fortes do Brasil são o mercado interno (8º), as marcas registradas (9º) e a participação eletrônica (11º); enquanto os pontos fracos giram em torno da estabilidade política para fazer negócios (115º), formação bruta de capital (108º) e fluxo de alunos estrangeiros (107º). 

Wongtschowski encerrou a apresentação para as outras lideranças empresariais, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, e representantes do governo, com uma ponderação. 

Ele lembrou do descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e dos recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a inovação, cujos resultados devem aparecer nos índices dos próximos anos. 

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/10/2024

 

O Brasil virou peça-chave para as montadoras chinesas. E uma nova onda de carros vem aí

Não tem mais volta: na nova ordem do mercado automobilístico global, é a China quem dá as cartas. Enquanto as montadoras chinesas prosperam lá dentro e expandem suas atuações para outros países, players americanos, europeus e japoneses fazem o que podem para proteger seus mercados – inclusive apelando para o velho protecionismo.

Nessa nova ordem, o Brasil se tornou um campo de batalha incontornável. Agora, está em marcha no país uma nova onda chinesa, com mais e mais montadoras da Terra do Meio traçando estratégias para fincar os pés no nosso mercado, o sexto maior do mundo.

Esta é a terceira onda de carros chineses no Brasil. A primeira acabou em trauma, em 2011, quando o lobby da indústria automobolística nacional – isto é, montadoras estrangeiras que produzem por aqui já há décadas – levou a então presidente Dilma Rousseff (PT) a aumentar em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros importados de fora do Mercosul. Isso frustrou os planos de empresas como Jac Motors e Chery – esta última acabou se aliando à Caoa para permanecer relevante no Brasil, um casamento que agora está à beira do divórcio.

A segunda onda ocorreu nos últimos dois anos, protagonizada por BYD e GWM. Ambas aprenderam com os erros de suas antecessoras e desembarcaram no Brasil com estratégias comerciais mais robustas. Chegaram com planos – que estão de fato saindo do papel – para produzir localmente, um sinal de foco no longo prazo e de interlocução com os governos federal e estaduais.

E mais importante: elas praticamente inventaram o mercado de elétricos por aqui – da noite para o dia. Em 2024, até agosto, foram vendidos 40,5 mil modelos 100% elétricos. Trata-se de um aumento de 617% em relação ao mesmo período de 2023. BYD e GWM respondem por 84% das vendas nesse mercado. Um domínio absoluto – com a BYD bem na frente, diga-se; o market share dela nesse filão é de 77%; GWM vem em segundo, com 11%.

Entre os modelos híbridos – segmento em que mesmo as montadoras tradicionais têm seus representantes no Brasil –, 43% das vendas são de montadoras chinesas.

 

A nova onda, agora, é composta por novos projetos das chinesas já instaladas por aqui e também por estreantes, caso de Zeekr, Neta e GAC. A maior parte delas foca nos carros para a classe média alta, com SUVs e sedãs parrudos.

“Primeiro eu importo e testo mercado. Começo a fazer as primeiras vendas,
defino os parceiros e estruturo a rede concessionária. Depois, venho com a produção nacional”.
RICARDO BASTOS

O resumo feito pelo executivo Ricardo Bastos ao InvestNews é a respeito da estratégia da GWM, da qual ele é diretor de relações institucionais, mas vale também para outras montadoras chinesas que chegam ao Brasil. Neta e GAC, por exemplo, também devem testar as águas do mercado por meio de modelos importados.

Bastos, que também é presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, explicou que a GWM quer estrear a produção local na fábrica de Iracemápolis (SP) ainda no primeiro semestre de 2025. A unidade já pertenceu à alemã Mercedes-Benz e agora vai fabricar o Haval H6, campeão de vendas da chinesa.

Por aqui, a estratégia comercial da GWM difere da adotada na China e em outros mercados. O que costumam ser marcas separadas no exterior, no Brasil são linhas de produtos sob uma só GWM. Lá fora, Haval e Ora são quase como se fossem montadoras diferentes. Aqui, não: é “GWM Ora”; GWM Haval”.

E nos próximos meses devem aportar por aqui duas novas linhas: a Wey, de SUVs urbanos à la VW T-Cross, e a Tank, de SUVs com carinha mais off-road, como o Ford Bronco.

 

A Chery também tem novos planos para o Brasil, mas antes precisa resolver seu imbróglio com a Caoa. A montadora foi a primeira entre as chinesas a realizar o sonho da fábrica própria no Brasil, tendo inaugurado em 2014 sua planta em Jacareí (SP). As vendas, porém, iam mal. E em 2017 a Chery aceitou, por US$ 60 milhões, se tornar parte de uma joint venture com a Caoa.

Nasceu ali uma nova montadora, a Caoa Chery – cujo futuro segue indefinido. A Chery mudou a estratégia global e decidiu restringir sua marca ao mercado chinês. Internacionalmente, quer atuar com as marcas Omoda e Jaecoo – e quer fazer isso sozinha, sem sócias como a Caoa. O problema é que metade da fábrica no interior de São Paulo – onde quer produzir os Omodas e Jaecoos – pertence à Caoa, que reluta em vender o ativo. A planta está fechada desde 2022.

A Chery quer estrear as novas marcas no Brasil também nos primeiros seis meses do ano que vem, mas é difícil que isso aconteça sem que o casamento com a Caoa seja devidamente encerrado.

Quem não está nem aí pra fábrica própria é a Zeekr. A marca pertence à gigante chinesa Geely – também dona da Volvo e da Lotus – e sabe que não vai inundar as ruas do Brasil com seus carros elétricos de luxo. Apelidada por especialistas do setor como a “Porsche elétrica”, a marca foca nos endinheirados e vai importar da China carros que deverão custar a partir de R$ 300 mil – caro para o mercado “normal”, barato pra quem costuma comprar BMW e Mercedes.

“É uma tremenda experiência por um custo bem menor do que este consumidor está acostumado a pagar”, explica Ronaldo Znidarsis, CEO da Zeekr Brasil, que fala em trazer ao país um “carro de luxo mundial”. E 100% elétrico.

Sem o objetivo de atingir as massas, a Zeekr não é adepta da estratégia da verticalização – quando a própria montadora produz o máximo possível de componentes do carro. O que ela faz é priorizar fornecedores de renome, como Yamaha, Bosch, Qualcomm e Continental. Seus carros são desenhados pelo estúdio de Stefan Sielaff, designer que fez carreira na Audi.

Como a China chegou lá

A China aprendeu a fazer carros bons. E, no caso dos elétricos, tornou-se rapidamente a maior fabricante do mundo. Em termos de tecnologia automobilística, os últimos 40 anos foram revolucionários para o país comandado por Xi Jinping.

Nos anos 1980, marcas ocidentais como a Volkswagen viram na China seu Eldorado e toparam fazer parcerias com fabricantes locais – vários deles estatais –, o que significava transferência de tecnologia. Conforme a China se tornou a grande fábrica do mundo, o país desenvolveu tecnologia própria na produção de baterias, tudo regado a muito incentivo fiscal.

Quando a eletrificação dos carros finalmente virou realidade, por volta de uma década atrás, a China estava com a faca e o queijo na mão para virar uma potência automotiva.

No ano passado, superou a marca de 30 milhões de carros fabricados – os EUA vêm num distante segundo lugar, com apenas 10 milhões. No mesmo ano, tornou-se também a maior exportadora de veículos do mundo, deixando para trás referências como o Japão e a Alemanha.

Como quase toda a indústria chinesa, a automobilística também passou a produzir para a exportação, o que tem rendido reclamação de montadoras como Tesla, Volkswagen e Stellantis, que acusam o regime comunista de financiar indevidamente a produção local para suplantar a concorrência mundo afora.

 

Por que o Brasil?

Com o lobby das montadoras tradicionais, Estados Unidos e União Europeia começaram a subir barreiras para evitar que seus mercados sejam inundados por carros chineses. A UE abriu investigação para apurar os subsídios dados por Pequim às montadoras locais. Nos EUA, o presidente Joe Biden impôs uma tarifa de 100% aos elétricos chineses.

Com os grandes mercados ocidentais se fechando aos chineses, fabricantes de lá focaram em outros países. E o Brasil, sexto mercado do mundo, virou prioridade para muitas delas. Cada um joga com as cartas que tem.

Fonte: Investnews
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 07/10/2024

 

Medidas de estímulo chinesas devem ter impacto moderado sobre siderúrgicas brasileiras

As medidas de estímulo à economia anunciadas na semana passada pelo Banco do Povo da China (banco central chinês, PBoC, na sigla em inglês) se refletiram nas ações das siderúrgicas brasileiras imediatamente, mas os efeitos sobre o setor no Brasil deverão ser limitados. As expectativas nesse sentido podem mudar caso o governo do país asiático lance mão de novas ferramentas para fomentar o crescimento econômico.

O PBoC decidiu reduzir a taxa de compulsório — percentual dos recursos que os bancos devem manter como reserva —, o que deve liberar mais de US$ 140 bilhões em novos empréstimos. Além disso, indicou que essa taxa podem cair ainda mais no futuro, reduziu o equivalente à taxa básica de juros, derrubou os custos das hipotecas e adotou medidas de apoio ao mercado de capitais.

As expectativas de possível reaquecimento do mercado imobiliário chinês tiveram impacto imediato nas ações das siderúrgicas brasileiras. O desaquecimento do mercado imobiliário chinês nos últimos anos levou a uma “invasão” do aço produzido nas siderúrgicas do país asiático em todo o mundo.

Sediadas em um país com economia centralizada e forte poder estatal, a siderúrgicas chinesas operam com margens baixíssimas — por vezes com perdas — e colocam sua produção em outros países com preços mais baratos que os do aço local.

Com a possibilidade de que o mercado imobiliário chinês voltasse a aquecer, a resposta imediata foi a alta das ações das siderúrgicas brasileiras. Afinal, com mercado interno mais demandante, haveria menos aço chinês para concorrer em outros países.

No dia 24, quando houve o anúncio, as ações da CSN subiram 9,39%, enquanto as da Usiminas avançaram 7,68% e as da Gerdau, 4,17%. Desde então, o que se viu foi a continuidade de um processo de alta nos papéis. Entre o fechamento do dia 24, quando as ações das três empresas já tinham registrado avanços relevantes, e ontem, CSN subiu mais 7,67%; Usiminas avançou 3,48%; e Gerdau, 3,51%.

A mudança de rumo é clara quando se compara esse curto período de tempo de uma semana com a trajetória acumulada ao longo do ano. Quando comparados os valores de fechamento do último pregão de 2023 com o encerramento de ontem, a CSN acumula perda de 30,01%; a Usiminas, de 30,51%; e a Gerdau, de 0,88%.

Mas a visão de economistas e analistas sobre o pacote chinês e a influência em prazos mais longos sobre as siderúrgicas é de que esse efeito será limitado. A expansão dessa influência positiva depende do aprofundamento das medidas de estímulo chinesas. Apesar da flexibilização fiscal para estimular o consumo, a conclusão geral é de que o PBoC precisará ir além para realmente aquecer a economia local.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, acredita que poderemos ver novas medidas de flexibilização fiscal por parte da China. Mas ele pondera que, com o que há de anunciado até o momento, ainda haverá excesso de aço chinês no mundo.

“Ainda tem uma oferta de aço que chega de forma muito competitiva em todo o globo e no Brasil isso não é diferente”, afirma, lembrando os números de importação de aço no país.

Segundo o Instituto Aço Brasil, a importação de produtos siderúrgicos no país em agosto somou 646 mil toneladas, 30,3% a mais que em igual mês do ano passado. No acumulado nos primeiros oito meses de 2024 foram 3,973 milhões de toneladas, 24,8% a mais que entre janeiro e agosto de 2023.

O nível de importação continua relevante mesmo depois que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) aumentou, a partir de 1º de junho, a tarifa externa de 11 Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs). A cota estabelece um teto de 1,6 milhão de toneladas nesses produtos, que pagariam a tarifa média de 10,8% para entrar no Brasil. Acima desse volume, a tarifa sobe para 25%.

“Meu ponto é que possivelmente continuaremos a ver capacidade ociosa por parte das siderúrgicas chinesas, veremos uma taxa de utilização dos altos-fornos forte, vamos continuar a ver a China tanto consumindo quanto exportando aço”, diz Arbetman.

Além disso, ele ressalta que as medidas chinesas também tiveram impactos no minério de ferro. Caso o preço da “commodity” suba de forma mais relevante, pressionará os custos das siderúrgicas brasileiras. “O assunto custo, que já foi muito sério no balanço das companhias no segundo trimestre, pode continuar sendo um problema ao longo do segundo semestre também [caso o minério de ferro suba]”, pondera o analista.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/10/2024

 

Governo institui tributação mínima de 15% sobre lucro de multinacionais estrangeiras

O governo instituiu a taxação mínima de 15% sobre multinacionais estrangeiras por meio da Medida Provisória (MP) 1.262. Será feita na forma de um adicional da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025. Valerá para companhias que tiverem receita anual a partir de 750 milhões de euros.

A mudança é parte do projeto de instituir uma taxação mínima global sobre grandes empresas e integra o chamado Pilar 2 de um projeto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) chamado Base Erosion and Profit Shifting (BEPS), que combate o planejamento tributário.

A tributação mínima será aplicada a “entidades constituintes de um grupo de empresas multinacional que tiver auferido receitas anuais de 750 milhões de euros ou mais nas demonstrações financeiras consolidadas da entidade investidora final em pelo menos dois dos quatro anos fiscais imediatamente anteriores ao analisado”, estabelece a MP. O foco está nas grandes empresas.

A MP foi publicada depois das 22 horas, em edição extra do “Diário Oficial da União” de quinta-feira (3). A regulamentação, através de uma instrução normativa da Receita Federal, também foi publicada em edição extra, com mais de 74 páginas.

“O BEPS surgiu como uma resposta à crescente preocupação com práticas de planejamento tributário de grandes multinacionais que deslocavam lucros para jurisdições com tributação reduzida ou inexistente”, comentou o advogado tributarista Caio Malpighi, do VBSO Advogados. “O Pilar 2, em particular, visa garantir uma tributação mínima global de 15% para esses grupos multinacionais, independentemente da jurisdição onde suas operações estejam baseadas.”

O objetivo, explicou, é evitar que empresas transfiram seus lucros para locais onde a carga tributária é quase nula, prejudicando a arrecadação nos países onde essas corporações realmente geram valor.

Ele explica que o adicional da CSLL instituído pela MP incide sobre o lucro líquido ajustado das múltis. “Isso significa que, independentemente dos incentivos ou isenções fiscais que possam estar disponíveis em diferentes jurisdições, essas empresas precisarão pagar, no mínimo, essa alíquota”, explicou.

A MP estabelece regras para calcular o adicional da CSLL a partir de uma série de ajustes no lucro líquido contábil e nos tributos pagos. Com isso, procura-se calcular o "Lucro GloBE" (Global Anti-Base Erosion), que serve de base para a tributação mínima.

São contemplados mecanismos de conversão de moedas, alocação de lucros entre jurisdições e exclusões de determinados lucros baseados em substância, como custos com folha de pagamento e ativos tangíveis. O objetivo, disse Malpighi, é assegurar que as operações substanciais da empresa, como geração de empregos e investimentos em ativos físicos, sejam levadas em consideração na apuração dos tributos.

A MP, ressaltou o advogado, procura estabelecer uma tributação que não penalize excessivamente empresas que investem e geram valor no Brasil. Assim, prevê exclusões baseadas em substância, de forma que parte do lucro da empresa, relacionado a atividades substanciais, como a folha de pagamento de empregados e investimentos em ativos tangíveis, poderá ser excluído do cálculo do adicional da CSLL.

Com base no lucro GloBE, será calculada a alíquota efetiva a ser paga pela empresa. “Se essa alíquota ficar abaixo de 15%, será aplicado o adicional da CSLL para atingir a tributação mínima”, explicou. Dessa forma, o governo tenta evitar que as empresas reduzam artificialmente sua carga tributária global, utilizando estratégias como deslocamento de lucros para jurisdições com baixa tributação.

Empresas que não cumprirem obrigações acessórias estarão sujeitas a penalidades “significativas”, comentou o advogado. “Se as informações não forem apresentadas dentro do prazo ou se forem apresentadas com erros, inexatidões ou omissões, a multa pode chegar a 0,2% da receita total da empresa por mês de atraso, limitada a 10% da receita total ou 10 milhões de reais”, informou. “Além disso, há uma multa de 5% do valor omitido ou incorreto, com um mínimo de 20 mil reais.”

A MP prevê reduções nas multas para as empresas que corrigirem suas informações dentro de prazos específicos.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 04/10/2024

 

Simplificação de importações resultará em economia de R$ 40 bilhões por ano

Iniciada em 1º de outubro, a simplificação de importações proporcionada pela migração das operações ao Portal Único de Comércio Exterior proporcionará economia de R$ 40 bilhões por ano às empresas. A informação foi divulgada pela secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Tatiana Prazeres.

A pasta calcula que o ganho de competitividade e a redução da burocracia deverá acrescentar US$ 130 bilhões à economia brasileira até 2040. O Portal Único substitui o Siscomex, sistema de registro de comércio exterior brasileiro em funcionamento desde 1993.

Inaugurada em 2014, a plataforma reduz a exigência de documentos, executa simultaneamente processos que eram executados em sequência e permite a emissão de licenças flex (em que várias operações comerciais são autorizadas por volume de cargas ou por períodos fixos). Com o portal, em vez de preencher vários documentos, a empresa preencherá a Declaração Única de Importação (Duimp).

No caso das exportações, a migração para o portal com declaração unificada começou em 2017 e terminou em 2018, reduzindo o tempo médio da liberação de mercadorias de 13 para 4,8 dias. Já para as importações, o projeto piloto da Duimp começou em 2018. De lá para cá, o tempo médio da liberação das mercadorias que chegam ao país caiu de 17 para nove dias.

Embora exista há seis anos, a Duimp era aplicada em fase de testes, até agora. Para a secretária do Mdic, a migração total das importações do Siscomex para o Portal Único de Comércio Exterior gerará uma redução adicional de tempo, de nove para cinco dias no prazo médio da compra de bens do exterior. O novo sistema beneficiará cerca de 50 mil importadoras existentes no país.

“O custo da carga parada por dia equivale a 0,8% do valor dela. Com base na importação de US$ 242 bilhões no ano passado e na redução das operações em quatro dias [de nove para cinco dias], calculamos um ganho em torno de R$ 40 bilhões para as empresas de comércio exterior [em torno de US$ 8 bilhões]”, explicou Tatiana Prazeres.

Para chegar ao cálculo de US$ 130 bilhões de ganho para o Produto Interno Bruto (PIB), a secretária de Comércio Exterior explicou que o Mdic calculou o ganho para outros setores da economia, com a desburocratização e a redução do custo Brasil (custos de produção).

Fases

A migração das importações para o Portal Único vai até o fim de 2025. De outubro a dezembro deste ano, a Duimp será obrigatória para as importações marítimas. De janeiro a julho de 2025, para as cargas que chegam por avião. De julho a dezembro do próximo ano, para as importações por fronteiras terrestres e via Zona Franca de Manaus.

Segundo o Mdic, o Portal Único de Comércio Exterior reduziu a quantidade de documentos emitida por ano de 871 mil para 135 mil. A declaração única exige o preenchimento de 38 campos, contra 98 campos na declaração anterior via Siscomex.

“O Siscomex teve sua importância nos anos 1990, quando substituiu os papéis por documentos digitais. O Portal Único é uma evolução, que diminui o número de documentos, digitaliza o serviço e permite a fiscalização conjunta [da carga] da Receita com outros órgãos”, disse o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas.

Fonte: CIMM
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 03/10/2024

Metais & Mineração | Direto do Alto-forno: China tentando acender fogueira sem oxigênio

Apresentamos mais uma edição do nosso relatório semanal do setor de Metais & Mineração (Vale, CMIN, Gerdau, CSN e Usiminas), referente à semana 1 do mês de outubro de 2024, baseados em dados realizados ao longo da semana anterior a da publicação, que no caso contempla o período de 21 a 27 de setembro.

Continuamos a atualizar o mercado sobre indicadores importantes para o monitoramento dos fundamentos de oferta e demanda de aço na China e por consequência, do minério de ferro no sistema transoceânico. Destacamos também o capítulo sobre Brasil, mostrando o sentimento de mercado bem como as dinâmicas de prêmio do aço doméstico para as referências de aços longos e planos vs. os preços dos importados.

O formato do relatório está sendo concebido para trechos em texto, com conclusões e seções individuais de “Nossa visão”, e com diversos estímulos  visuais, através de gráficos e tabelas. Nossa intenção é realizar um acompanhamento semanal desses gráficos e tabelas, a depender dos dados disponíveis (há dados que são mensais e não semanais). Para o capítulo de China, separamos as seções em (i) Macroeconomia; (ii) Atualizações políticas e sentimento de mercado; (iii) Mercado imobiliário; (iv) Aço e minério de ferro.

China
Macroeconomia

PMI industrial acima do consenso, mas segue na zona de contração. O PMI oficial do setor industrial, medido pelo Escritório de Estatísticas da China (NBS) aumentou para 49,8pts (+0,7pt. m/m) em setembro, superando o esperado de 49,2. O indicador foi divulgado dia 30 de setembro. Embora tenha superado o consenso, o número continua na zona de contração (abaixo de 50pts). Em contrapartida, o PMI de serviços diminuiu para 50pts (-0,3pt. m/m), alinhando-se às expectativas, e permanecendo no limite para expansão da atividade.

Mesmo não havendo uma reversão do quadro, é notório que houve uma melhora da atividade industrial, ainda puxada pelas exportações, mas com um leve ganho no consumo doméstico de bens, em detrimento de uma queda suave no consumo de serviços. Entretanto, independentemente da queda m/m, o setor de serviços continua se sobressaindo vs. o industrial, mantendo a tendência que comentamos desde o ano passado, sobre a qual a China vem ganhando mais características de países que possuem economias mais maduras. Isso implica em uma perda de tração do PIB industrial e ganho de penetração no PIB de serviços.   

Pacote cheio de flexibilizações. Entre os pontos principais do extenso pacote de flexibilizações anunciado pelo governo central, após a reunião do Politiuro na semana passada, estão: (i) Redução das taxas reversas de 7 dias para recompra de títulos (REPO-7 dias) para 1,5% (-0,2p.p) e MLF de 7 dias para 2% (-0,3p.p),  indicando novo corte nas taxas de LPR-5 anos em 20-25bps pelo PBoC. Ampliando o viés de relaxamento da política de crédito, também foi anunciado (ii) umcorte de -5p.p na taxa de compulsório (RRR), o que resultou em uma liberação de ¥1 trilhão (~US$142b) para oferta de crédito nos bancos comerciais e uma RRR média ponderada reduzida para 6,6% (-0,4p.p). O PBoC observou a possibilidade de um corte adicional de -25-50bps na RRR ainda este ano. Conforme já havíamos adiantado em outros relatórios setoriais antes do anúncio, acreditávamos que havia espaço para 2 cortes na taxa de compulsório (RRR) no 2S24.

Além disso, com enfoque direto no mercado imobiliário, observamos também (iii) a exigência de entrada mínima para a compra da segunda residência sendo reduzida para 15% (vs. 25% anteriormente), equiparando-a aos níveis cobrados para primeiros compradores. Visando a expansão da oferta de crédito e redução do custo nas despesas com juros especialmente nos financiamentos de compra de casas, (iv) o PBoC solicitou aos bancos comerciais que reduzissem as taxas das hipotecas existentes em  -5p.p. até 31 de outubro. Segundo estudos divulgados pelo PBoC, isso teria um impacto de ¥150b  (~US$20b) por ano na redução da carga de juros cobrado das famílias que já adquiriram um imóvel.  Por último, (v) as principais cidades Tier I flexibilizaram as restrições à compra de imóveis, com Guangzhou removendo-as totalmente (sem distinção entre first e second buyers), e Shenzhen permitindo que residentes não registrados (não-hukou) comprem um apartamento.

Um pouco do contexto sobre as flexibilizações. Após o anúncio de um pacote de estímulos na terça-feira da semana passada, diante do Politburo (cúpula do Partido Comunista) formando a reunião mais cedo do que o habitual, observamos uma alteração de discurso. O governo pretende “enfrentar as dificuldades com firmeza” e atingir os objetivos de desenvolvimento deste ano (meta de crescimento do PIB de +5%). Entendemos que esse evento passou a marcar uma mudança decisiva no tom da política monetária, uma vez que, até então, muitos investidores acreditavam que o governo estava pouco mobilizado diante do consumo doméstico fraco. Dessa forma, pela primeira vez desde o estouro da bolha em 2021, o governo central estabeleceu claramente o objetivo de “interromper o declínio e estabilizar o mercado imobiliário”.

Nossa visão: Macroeconomia

Efetividade da expansão na política fiscal é questionável diante dos desafios. A recente reunião do Politburo enfatizou a necessidade de uma “política fiscal contracíclica”. Ainda assim, estimamos que a contração fiscal ampla foi de ~0,5% do PIB no 1S24, contrastando com a expansão de +0,8-1% a/a sugerida em março. Os governos locais reduziram os gastos e possivelmente aumentaram os atrasos devido ao declínio da receita fiscal e aos rigorosos controles de dívida dentro das emissões feitas por meio de LGFVs. Ao final de setembro circulou a notícia de que a China poderia emitir ¥2 trilhões (1,6% do PIB 2023) em títulos adicionais do tesouro para apoiar o consumo e aliviar os problemas fiscais dos governos locais. Se implementado, vemos maiores chances de estabilização do crescimento entre o final de 2024 e no início de 2025. Entretanto, ainda julgamos que os cortes nos impostos corporativos teriam eficácia limitada no atual cenário econômico.

O Pacote de flexibilização vs. nosso corte na projeção de PIB. Considerando as contínuas quedas no mercado imobiliário e o fraco desempenho econômico, já esperávamos que as políticas macroeconômicas se tornassem cada vez mais favoráveis na tentativa de destravar o consumo, com a ampliação do gasto fiscal e redução da política de juros. Portanto, quando alteramos premissas e rebaixamos nossa previsão do PIB, também na semana passada, não houve surpresa em reação ao movimento do governo. Basicamente todas as medidas, de forma isolada, já estavam alinhadas com as nossas expectativas. A única diferença é que o governo central na China anunciou as medidas de forma concomitante. Entendemos que a razão para isso foi o corte da taxa de juros promovida pelo FED nos EUA há duas semanas, que acabou ocorrendo em uma intensidade superior a esperada pelo consenso (-50bps vs. -25bps do consenso).

Embora a reação simultânea das diferentes medidas tenha animado um pouco mais o sentimento de mercado, que estava muito depreciado, ainda assim não vemos como game changer. Isso é um sinal de que, mesmo com as políticas, não acreditamos que a meta de 5% será alcançada. Para relembrar, cortamos a nossa projeção de PIB para 4,5% 24E (vs. 4,8% anteriormente) e 4,2% 25E (vs. 4,6% anteriormente), principalmente devido a uma (i) desaceleração significativa do setor imobiliário (que esperamos que continue),  e ao (ii) fraco consumo doméstico, ofuscando de maneira mais intensa as (iii) resilientes exportações reais.

Poderíamos revisitar a projeção de PIB? Enfatizamos que o tamanho real e a composição do apoio fiscal futuro serão cruciais para a fornecer um upside em relação ao nosso recente corte de projeção de PIB (comentado acima). Entendemos que há pouca margem de manobra para destravar consumo interno ainda em 2024, com o efeito de delay na economia real podendo afetar positivamente mais 2025, caso de fato  exista uma nova tranche emissão de títulos do tesouro em ¥2 trilhões (~US$285b). Dessa forma, se o consumo interno melhorar, haveria uma compensação no ajuste do grau de risco que realizamos em relação a balança comercial. Conforme comentamos no relatório da semana passada, expurgamos parcialmente o efeito das fortes exportações devido ao crescente risco de barreiras tarifárias em produtos chineses, especialmente nos EUA e Europa.  

Atualizações políticas e sentimento do mercado

Flexibilizações anunciadas na semana passada mexeram com o sentimento de mercado. A recente reunião do Politburo indicou uma grande flexibilização coordenada da política econômica após os anúncios do PBoC e dos reguladores financeiros na terça-feira passada, conforme já comentamos nos trechos acima. A reunião enfatizou a necessidade de o governo enfrentar os desafios econômicos, tomar medidas decisivas e atingir as metas de desenvolvimento deste ano. Pela primeira vez, a reunião estabeleceu o objetivo de “interromper o declínio e estabilizar o mercado imobiliário”, ao mesmo tempo em que abordou questões importantes, como o controle do fornecimento de novas moradias para produtos básicos. Além disso, defendeu uma “política fiscal anticíclica”, aumentando as expectativas de um estímulo fiscal significativo, o que foi notavelmente ausente este ano.

Não vemos razão para ânimo, pacote de incentivos muda pouco a delicada situação. De fato, observamos o sentimento de investidores para teses do setor de Metais & Mineração melhorar um pouco nos últimos dias, entretanto, continuamos descrentes em um ganho aparente de performance da economia chinesa, uma vez que as raízes do problema são mais profundas e não cíclicas. Isso quer dizer que, segundo o nosso racional, as dificuldades não serão combatidas reduzindo a RRR e taxa de hipotecas. Nossa análise sugere que o problema central não é falta da oferta de crédito e sim desinteresse em tomar crédito.

Rebaixar o custo dos juros continua não atacando o cerne da questão, que está envolto no início do processo de reversão da pirâmide etária (o que o mercado tem chamado de “crise demográfica”). Sem planejamento sucessório e herdeiros para assumir o patrimônio, diante da taxa de natalidade substancialmente baixa na China, somados ao enorme estoque de imóveis desocupados, entendemos que não há estímulo financeiro suficiente que levante o ímpeto de adquirir mais um imóvel. Então, rebaixar a taxa de entrada para os segundos compradores (15% vs. 25% anteriormente), igualando a mesma taxa cobrada a primeiros compradores, não dará motivações explícitas para aumentar ritmo de vendas e, sobretudo, observarmos uma elevação do número de novos lançamentos de projetos imobiliários, métrica essencial para monitorar a demanda por aço do setor. Na semana de 15 de setembro, apuramos 1.566 unidades de projetos lançados nas 9 maiores cidades, uma redução substancial de -61% s/s, embora a taxa de vendas tenha permanecido estável em ~50%.

Nossa visão: atualizações políticas e sentimento do mercado

Melhora nítida do sentimento de mercado. Ainda que sejamos contrários a um grau muito elevado de efetividade das medidas (explicaremos mais adiante), ainda assim, recebemos de forma positiva os anúncios após a reunião do Politiburo. Acreditamos que o governo está tomando medidas majoritariamente ligadas as condições de política de afrouxamento monetário, voltadas para (i) corte das taxas de compulsório (RRR), (ii) redução de despesas com juros e custos de hipotecas (-0,5p.p) e (iii) taxas de juros básicas da economia (PBoC sinalizou possivelmente futuros cortes da LPR-5 anos e LPR-1ano). Dessa forma, percebemos aumento das expectativas dos investidores em relação às medidas políticas adicionais (para além do grande pacote anunciado semana passada).

Cautela é necessária, reação positiva do mercado deve durar pouco. Seguimos muito cautelosos em relação a ajustes significativos no programa de desestocagem de casas ou ao aumento do suporte de crédito para incorporadoras. As políticas estruturais discutidas nos últimos dias após a reunião do Politiburo incluem o (i) redução da taxa de desemprego e o (ii) apoio às famílias de renda média e baixa, além de (iii) facilitar o desenvolvimento do setor privado e atrair investimentos estrangeiros. Com o corte da taxa dos juros nos EUA promovido pelo FED há 2 semanas atrás e uma taxa de câmbio USD/RMB mais fraca, prevemos que as autoridades chinesas possam flexibilizar ainda mais a política monetária. Tão logo, estamos projetando que o rendimento dos títulos do governo chinês de 10 anos caia para ~2% ou menos até o final de 2024. Em relatórios setoriais anteriores já comentamos sobre a crise no mercado de títulos públicos na china, diante do alto interesse e baixo yield.

Discordamos que as medidas anunciadas possam ser chamadas de anticíclicas. Mesmo o governo chinês sendo o interlocutor da mensagem de que as medidas são “anticíclicas”, ainda assim, entendemos que os anúncios foram focados sobretudo na redução de taxas ligadas ao afrouxamento monetário, como (i) redução da taxa de compulsório (RRR), (ii) taxa de juros de curto prazo (LPR 1 Ano) e (iii) taxa do custo de crédito para hipotecas em -0,5p.p. Por isso, segundo a nosso entendimento, na prática as medidas possuem forte correlação com o ciclo econômico (balanço entre inflação e juros). Ou seja, como a inflação está muito baixa, vivendo basicamente um quadro deflacionário à medida que o consumo doméstico está fraco, há espaço para corte de taxa de juros. Monitorar nível de inflação a alterar a política de juros é algo comum de qualquer mandato de Banco Central mundo a fora. Já estávamos antecipando medidas parecidas desde o início do ano, ao comentarmos que o PBoC tinha mais espaço na política monetária vs. o nível baixo de inflação corrente. Portanto, afrouxar a política monetária era de fato o que o PBoC precisava fazer, mas isso não significa que resolverá o problema de forma célere. Acreditamos que a situação é de difícil resolução e não-cíclica, com raízes estruturais profundas.  

Mercado imobiliário

Queda nas vendas de casas continua. As 100 maiores incorporadoras da China consolidaram uma queda de -30% a/a nas vendas de setembro, impulsionada por um recuo médio de -26% a/a nas vendas de casas novas nas 46 maiores cidades e uma redução ponderada de -5,3% a/a nos preços das casas novas. Destacamos que a base comparativa já era baixa, uma vez que em setembro de 2023, os números de vendas foram influenciados pelo não pagamento do cupom do título em USD da Country Garden, que afetou a confiança dos compradores. Um ano após esse evento, os desafios continuam, em setembro de 2024, adjuntos de meses anteriores com métricas de vendas em queda livre. Em julho e agosto essas mesmas incorporadoras registraram, em conjunto, quedas de -20% a/a e -27% a/a, apesar dos cortes anteriores nas taxas de hipoteca e no índice de entrada desde meados de maio. Nas 30 maiores cidades, a área vendida na última semana ficou em 303 mil m2, com uma queda de -34% a/a na média móvel de 30 dias.

Desaceleração é ampliada mesmo com sazonalidade favorável. As vendas de casas novas nas 46 maiores cidades da China caíram -10% m/m nos primeiros em setembro, levantando preocupações sobre o aprofundamento da crise imobiliária. Em agosto, as 100 maiores incorporadoras registraram vendas contratadas de ¥251b (~US$35b), marcando o terceiro menor valor total mensal desde 2019, significativamente menor do que o aumento médio de +14% m/m normalmente observado em setembro nos últimos 5 anos. Setembro e outubro são tradicionalmente meses de pico para transações de casas novas, o que torna a situação dos números em contração particularmente alarmante.

Para amenizar isso, acreditamos que Pequim seguirá o exemplo de Xangai e Shenzhen, flexibilizando as restrições em áreas suburbanas e reduzindo os índices de entrada para 15% (sem distinção entre primeiros compradores e segundos compradores). Essa medida faz parte do último pacote anunciado pelo governo central na semana passada, dando liberdade para os governos locais relaxarem as restrições anteriores.

Pacote de incentivo ao setor imobiliário e seus desdobramentos. Esperamos que as principais cidades flexibilizem as políticas de compra de casas para impulsionar as vendas da Golden Week (feriado na China de 1-7 de outubro). O compromisso do Politburo (reunião da cúpula principal do Partido Comunista) de “ajustar a política de restrições à compra de casas”, lançando um pacote de estímulo na semana passada, sugere que cidades maiores como Shenzhen, Xangai e Pequim podem remover essas restrições nas regiões periféricas. Guangzhou pode eliminá-las completamente.

Entendemos que cidades Tier I ainda possuem balanços para reduzir ainda mais os requisitos de entrada e as taxas de hipoteca. Dentro da política flexibilização anunciada na semana passada, o PBoC autorizou cidades low tier a reduzirem os índices de entrada para a compra de segunda residência para 15% (vs. 25% anteriormente). Medidas de apoio locais estão previstas para as próximas semanas, com o objetivo de aumentar as transações durante a temporada de pico de vendas da Golden Week e ao longo de outubro. A média móvel de 7 dias nas 30 maiores cidades para residências primárias ficou com uma queda de -50% a/a, ao atingir 211 mil m2 de área vendida na semana passada.

Mesmo onda de flexibilizações os desafios permanecem. Os comentários recentes do Politburo indicam um compromisso significativo para reforçar o setor imobiliário da China, com planos para “cortes vigorosos nas taxas” com o objetivo de estabilizar os preços e as vendas de imóveis. Apesar dessa mudança positiva, entendemos que os desafios permanecem, uma vez que estão atrelados às questões estruturais profundamente enraizadas e barreiras psicológicas entre os compradores de imóveis. O (i)pessimismo em relação aos preços das casas (que continuam contraindo), o (ii) medo de casas inacabadas ou descumprimento de contratos por parte das incorporadoras, as (iii) preocupações com a segurança no emprego e os (iv) problemas de sentimento, com baixa confiança de compradores, representam os principais obstáculos que complicam os esforços para rejuvenescer as vendas de casas após quase 4 anos de crise imobiliária.

Política de incentivo governamental pode não ser eficaz.  A nova oferta de casas no mercado primário (projetos em andamentos ou recém-inaugurados) a preços acessíveis com desconto do governo, combinada com a remoção das restrições de preços, pode levar os proprietários de imóveis na China a oferecer descontos mais altos no mercado secundário (casas já prontas e alugadas). Em agosto, 69 das 70 maiores cidades registraram quedas sequenciais nos preços de imóveis usados, sendo que todas as cidades registraram perdas vs. 2023. Nossa análise sugere que essa situação pode levar os proprietários de várias casas ao ato de vendê-las, com o objetivo de mitigar as perdas e realocar os recursos e renda para investimentos de maior rendimento, como ativos no exterior, títulos, fundos mútuos ou produtos de seguro.

Excesso de oferta de chega a 6,2 milhões de casas apenas no mercado secundário. O mercado imobiliário da China enfrenta um agravamento do excesso de oferta, com 6,2 milhões de casas de segunda mão atualmente listadas em 155 cidades. Os proprietários de casas estão saindo cada vez mais do mercado devido às fracas perspectivas de preços a médio prazo e ao término dos períodos de lock-up para revenda. Notavelmente, Chongqing (cidade Tier II) lidera com 284 mil casas no mercado secundário, seguida por Xangai, com ~238 mil. Outras cidades como Tianjin, Shenyang, Chengdu, Suzhou, Hangzhou, Guangzhou e Nanjing têm, cada uma, entre 150-200 mil unidades disponíveis. Essa oferta crescente ameaça as pré-vendas das incorporadoras, pois as casas existentes no mercado secundário geralmente oferecem descontos maiores e melhores garantias de entrega do que os empreendimentos que atualmente estão em fase de construção.

Distorções nos benefícios práticos para cidades maiores vs. cidades menores. Acreditamos que asrestrições mais brandas à compra de casas nas regiões periféricas de Xangai e Shenzhen, combinadas com requisitos reduzidos de pagamento de entrada pelos imóveis, podem beneficiar mais as cidades maiores do que as menores. Entretanto, é improvável que essas mudanças aumentem significativamente as vendas para a maioria das incorporadoras, já que a Vanke e a Longfor têm apenas 5,8% e 1% de seus bancos de terrenos nessas cidades, respectivamente. De modo geral, uma recuperação ampla ainda está longe, com as cidades de Tier I representando apenas 15% das vendas de casas novas na China.

Euforia do mercado deverá ser passageira. A proposta da China de eliminar as restrições à compra de casas em suas maiores cidades pode não ser eficaz para reverter a atual crise imobiliária. Essa iniciativa tem como alvo as cidades Tier I, que contribuem com apenas 15% das vendas de casas novas. Após 3 anos de crise, os desafios estruturais persistentes, incluindo casas inacabadas, pessimismo com relação aos preços futuros das casas e excesso de oferta significativo, indicam que é improvável que haja uma solução política rápida. Portanto, mesmo ciente das flexibilizações nas hipotecas como também dos mecanismos de política monetária anunciados nos últimos dias, nosso entendimento é de que a euforia do mercado de commodities ligadas a aço e minério de ferro deverá ser passageira.  

Preços das casas e as vendas de imóveis devem continuar caindo. Nossa opinião é de que muito provavelmente o plano da China para reduzir as restrições nas compras de propriedades e arrefecer o custo dos financiamentos imobiliários não interrompa a queda nos preços e nas vendas de imóveis. Apesar das medidas de estímulo do lado da demanda em setembro de 2023 e maio de 2024, como a (i) remoção das restrições à compra de casas, (ii) redução das taxas de entrada e (iii) cortes nas taxas de hipoteca para mínimos históricos, o sentimento do comprador continuou frágil.

Embora esse novo pacote de flexibilizações que ocorreu na semana passada tenha de fato aumentando a intensidade dos estímulos, ainda assim, o histórico desse ano comprova que as flexibilizações anteriores não melhoraram o sentimento do comprador. Em agosto, os preços das casas usadas diminuíram -10% vs. meados de 2023, e os preços das casas novas caíram -6%. Nos primeiros 8M de 2024, as vendas de casas novas caíram -44% a/a nas cidades da banta de cima Tier II, -30% a/a nas bandas de baixo da Tier II e -22% a/a nas cidades Tier I.  

Quais cidades ainda não entraram na flexibilização da última rodada? Pequim, Xangai, Guangzhou, Shenzhen, Tianjin e Hainan, ainda não aderiram de forma integral a última rodada de flexibilizações. Apesar da remoção de tais restrições em Nanjing, Wuhan e Fuzhou desde setembro de 2023, as vendas de casas novas continuam a diminuir drasticamente, com uma queda de -70% nos últimos 9M vs. o pico de 2020 (logo antes do estouro da bolha em 2021). Acreditamos que mesmo que a nova política seja implementada de forma integral pelos governos locais, os compradores qualificados continuarão a preferir casas do mercado secundário, que oferecem descontos maiores e maior garantia de entrega.

Atualmente, estimamos que existam ~48 milhões de casas inacabadas na China, que podem levar até 8 anos para serem concluídas, o que pode minar a confiança do comprador em propriedades pré-vendidas e exacerbar os problemas de liquidez para as incorporadoras em meio a uma queda contínua nas vendas.

Por que as medidas provavelmente não conseguirão endereçar o problema atual? Apesar das taxas de hipoteca no low-histórico, que chegaram a 3% em algumas cidades, a atual desaceleração do mercado imobiliário enfrenta desafios estruturais únicos que diferem dos ciclos anteriores de 2009 e 2015. Os principais problemas incluem o  (i)  declínio significativo nos casamentos e uma (ii) queda na taxa de natalidade, contribuindo para a (iii) redução estrutural da demanda pelo fator demográfico.

Além disso, a (iii) inadimplência generalizada entre as incorporadoras privadas levanta preocupações sobre o modelo de pré-venda de moradias, enquanto um (iv)acúmulo de anos de oferta excessiva, juntamente com uma queda repentina na demanda impulsionada pela mudança de percepção do valor da casa, ameaça um (v)desequilíbrio prolongado entre oferta e demanda, do qual acreditamos que levará anos para se reequilibrar e não se resolver com corte do custo de crédito hipotecário. Em geral, esses fatores indicam que as táticas tradicionais podem ser ineficazes para lidar com os problemas atuais do mercado.

Aço e Minério de Ferro

Aço: os preços dos principais produtos das usinas voltam a subir.  Os preços dos principais produtos siderúrgicos da China retornaram com o movimento de alta, impulsionados pelo sentimento positivo do mercado após o amplo pacote de estímulos feito na semana passada, conforme já comentamos. Além disso, as vendas de aço melhoraram, pois os usuários finais aumentaram o reabastecimento em antecipação ao feriado Golden Week (1-7 de outubro). Na semana de 21-27 de setembro, constatamos que o preço do tarugo de Tangshan atingiu ¥3.200/t ou ~US$454/t (incluindo um IVA de 13%), marcando um aumento significativo de +11,9% s/s.

Insumos: preços de sucata e carvão continuam movimento de recuperação. Os preços da sucata ferrosa na China continuaram a subir durante a semana de 21-27 de setembro, impulsionados pela retomada de produção das usinas. O preço composto da sucata ferrosa atingiu ¥2.456/t (~US$350/t), refletindo um aumento de +1,6% s/s. O aumento nos preços é atribuído ao fato de que mais siderúrgicas de Alto-forno (BF) e de forno elétrico a arco (EAF) aumentaram a produção após a melhora nos lucros das vendas de aço. O preço nacional composto do carvão metalúrgico chegou a ¥1.443/t ou ~US$205/t (+1,2% s/s). A estocagem antes do feriado por parte dos fabricantes de coque e aço para garantir o fornecimento adequado de carvão para o feriado contribuiu significativamente para essa tendência de alta no mercado.

Minério de Ferro: preços se elevam na expectativa de demanda pelo pacote de incentivos. Os preços do minério de ferro na China se fortaleceram significativamente devido a maior procura pelos contratos futuros do minério de ferro na Bolsa de Dalian (DCE). Os contratos para janeiro de 2025 fecharam a semana em US$115/t (+18,6% s/s). Observamos aumentos recordes na referência 62% Fe, já que o sentimento de alta do mercado seguiu o anúncio do PBoC de um amplo estímulo na política monetária.

O preço spot chegou a US$108,6/t (+17,4% s/s) no início dessa semana e fechou semana passada em US$100,3/t, também compondo uma alta expressiva. Não negamos que o mercado tenha reagido de maneira otimista, com os traders operando os contratos futuros diante do sentimento mais positivo que poderia ser destravado na demanda. Entretanto, ainda salientamos os grandes desafios estruturais que discorremos ao longo da parte inicial do relatório. Dessa forma, não vemos fundamentos que justifiquem esse movimento expressivo de alta ser duradouro.

Minério de Ferro: estoques portuários recuam e ajudam a ampliar sentimento de melhora. Em consonância com o aumento de demanda, que ocasionou recuperação parcial nos preços dos principais produtos de aço na semana passada, adjuntos da melhora do sentimento de mercado pelo pacote de estímulos lançados pelo governo central, observamos um recuo pela segunda semana consecutiva dos estoques portuários de minério de ferro. Acreditamos que parte desse movimento de retiradas da pilha de estoques tenha ocorrido pelo reabastecimento das usinas antes do feriado da Golden Week, e não necessariamente por uma mudança forte de fundamentos. Portanto, os estoques de minério de ferro em ~30 portos chineses que monitoramos fecharam a semana passada em 131,7Mt (-2,2% s/s).

É importante também comentar que em 2021 os estoques tiveram uma alta considerável em outubro, principalmente diante do efeito de aumento de embarques sazonal das mineradoras, que aproveitaram o pico histórico de preço do minério de ferro na época,  com a referência 62% Fe próxima de US$180/t, para aumentar consideravelmente os despachos. Dessa forma, embora atualmente os estoques ainda permaneçam no maior nível dos últimos 5 anos, acreditamos ser provável que ao longo desse mês esse quadro se reverta, com a pilha de estoques ficando abaixo do nível de 2021, mas ainda assim, bem acima do nível de estoques portuários do ano passado, por exemplo.

Aço: Os estoques de aço das usinas chinesas diminuíram -5% s/s. Apuramos, através dos dados de mercado que temos acesso, que os estoques de aço no pátio das usinas continuam a abaixar. Verificamos um total de 3,8Mt (-4,8% s/s), marcando o nível mais baixo desde dezembro de 2017. Esse estoque inclui os cinco principais subprodutos de aço (vergalhões, fio-máquina, HRC, bobina laminada a frio e placas). Embora a maioria dos estoques dos principais subprodutos tenha caído, observamos ligeiros aumentos nas reservas de fio-máquina e placas. Já os estoques totais de aço acabado em posse de traders ou distribuidores chegou a um total de 16,3Mt (-2,2% s/s), também culminando na décima semana consecutiva de contração.

Aço: taxa de utilização dos Altos-fornos sobe pela quarta semana consecutiva. Os produtores de aço de alto-forno (BF) da China registraram um aumento na utilização da capacidade pela quarta semana consecutiva, atingindo 84,45% (+0,4p.p s/s). Entretanto, a taxa operacional permaneceu estável em 78,23%. A melhora nas margens de lucro levou várias usinas a retomarem as operações após paradas para manutenção.

Aço: produção de vergalhões atinge maior alta dos últimos 2M.  A nossa análise de dados de mercado indica que a produção de vergalhões continuou subindo na semana de 21-27 de setembro, chegando a 2Mt (+5,8% s/s). Isso marcou a quinta semana consecutiva de aumento, com o equivale a +112,3Kt adicionais. As principais regiões, incluindo o centro, o sul e o nordeste da China, contribuíram para esse crescimento, com algumas usinas retomando as operações após a manutenção e outras mudando a produção de HRC para vergalhões na tentativa de melhorar a lucratividade, conforme já havíamos antecipado no relatório da semana passada.

Aço: rentabilidade da produção de HRC teve elevação na última semana. Os preços da bobina a quente (HRC) registraram um aumento contínuo na semana de 21-27 de setembro, refletindo a melhora no sentimento do mercado, principalmente ligado ao pacote de estímulos anunciado na semana passada. De acordo com a nossa apuração de dados do mercado, o preço do HRC aumentou para US$482/t (+4,3% s/s). As margens migraram de patamar, chegando a +US$36/t (+5,9% s/s). Essa tendência de alta é atribuída a fatores macroeconômicos e sentimento do mercado mudando para um viés mais positivo. Entretanto, suspeitamos do nível de resiliência de aumento de preços, uma vez que a demanda real ainda não obteve um boost significativo para justificar o ânimo do mercado.

Brasil

Aço brasileiro: preço de vergalhões segue estável, com reajustes ainda em discussão. O preço doméstico de vergalhões permaneceu estável na semana passada, com expectativas de um possível aumento de +5% nos preços em outubro. Segundo conversas que tivemos com agentes de mercado nos últimos dias, as negociações seguem travadas. Embora o prêmio esteja em um patamar baixo (menor que a média histórica de 5-8%), a temperatura do setor de construção civil continua amena. Os projetos do programa governamental Minha Casa, Minha Vida (MCMV) não estão puxando demanda de forma suficiente para reaquecer o mercado de aços longos. Já o segmento de empreendimentos de alta-renda segue desacelerando.

Dessa forma, as construtoras estão tentando negociar uma intensidade menor ou postergar o reajuste de preço, considerando que seria o segundo movimento pleiteado pelas usinas nos últimos 3M. Setembro fechou com preços no intervalo de R$3.800-4.300/t, com o ponto central figurando em R$4.050/t, segundo a S&P Platts. O prêmio de paridade ficou em +3,7% vs. o aço importado, uma elevação de +0,7p.p s/s, diante de uma melhora da margem de vergalhões no cenário internacional. O alargamento do prêmio ocorreu uma vez que o preço do  aço importado chegou no Brasil em US$717/t (+0,8% s/s), contrabalanceados com a estabilidade de preço no mercado doméstico.

Aço brasileiro: prêmio do HRC continua descendo após cotas preenchidas.  Os preços da bobina laminada a quente (HRC) no Brasil permaneceram estáveis na última semana, dentro do intervalo de R$4.100-4.300/t, com o ponto central em R$4.200/t, segundo a S&P Platts. Destacamos também que a ArcelorMittal suspendeu, na semana passada, a expansão que estava planejada para a unidade de Longa Monlevade (MG), devido à demanda mais fraca e ao aumento das importações, observando que o setor está enfrentando desafios decorrentes do aumento das importações e do crescimento da demanda abaixo do esperado. Ainda assim, estamos começando a ver sinais de arrefecimento de forma mais ampla no prêmio de paridade, que contraiu para +14,1% vs. o aço importado (-4p.p s/s).

Conforme descrevemos no relatório da semana passada, as cotas deste quadrimestre atingiram a marca de 90% sob o volume licenciado para importação de HRC, o que implica na cobrança da tarifa complementar de 25% (vs. 10,8% anteriormente). Ao conversarmos com participantes do mercado nos últimos dias,  ainda falta clareza se o sistema de cotas implementado pelo Ministério do Comércio (MIDC) irá criar um ambiente de concorrência menos predatória a ponto de devolver poder de barganha para as usinas locais subirem preços. Isso até agora não aconteceu, mesmo com o prêmio baixando de forma substancial nas últimas 2 semanas.

Fonte: Genial Investimentos
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 03/10/2024