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Produção de aço bruto registra 4,7 milhões/t em abril na América Latina, diz Alacero

A Alacero, Associação Latino-Americana do Aço, compartilha os dados atualizados sobre o comércio e consumo de março de 2024, bem como os resultados da produção de aço correspondente a abril de 2024. Esses números oferecem uma visão detalhada do estado atual da indústria do aço e sua evolução nos últimos meses, segundo dados divulgados pela Asociación Latinoamericana del Acero (Alacero), no dia 27 de junho (quinta-feira).

A produção de aço bruto em abril de 2024 foi de 4,7 milhões de toneladas (Mt), o que representa uma diminuição de 5,3% em relação a abril de 2023 e um aumento de 1,2% em comparação com o mês anterior. Considerando o acumulado do ano (19,2 milhões de toneladas de janeiro a abril), a produção está 2,1% abaixo do mesmo período de 2023.

Quanto à produção de aço laminado, em abril de 2024 foi de 4,3 milhões de toneladas , 3,0% inferior à de abril de 2023 e 1,6% superior a do mês anterior. No entanto, o acumulado de janeiro a abril de 2024 (17,4 milhões de toneladas implica uma queda de 2,1% comparado ao ano passado.

Consumo de Aço Laminado em março de 2024

O consumo de aço laminado em março registrou um crescimento de 9,2% em relação a fevereiro, alcançando 6,0 milhões de toneladas — Destacam-se os aços planos com um aumento de 11,5% no mês (chegando a 3,5 milhões de toneladas, enquanto os aços longos registraram um crescimento de 7,0% (2,4 milhões de toneladas). Contudo, os tubos sem costura registraram uma redução de 23,2% (50,8 mil toneladas).

Em comparação com março de 2023 o consumo apresentou uma queda de 6,3%. Porém, ao analisarmos o período do primeiro trimestre, em 2024 houve uma queda de 0,1% (17,5 milhões de toneladas), apresentando uma certa estabilidade em relação ao mesmo período do ano anterior.

Análise Balança Comercial em março de 2024

O déficit (-1,7 milhões de toneladas) continua elevado e registrou um aumento de 21,3% em relação a fevereiro, explicado pelo grande volume de importações em março, que aumentaram 18,1% em relação ao mês anterior. Este é um ponto negativo porque a participação das importações no consumo tem aumentado e, consequentemente, reduz o crescimento da produção da região.

As importações extrarregionais representaram 92,5% das importações totais em março, uma diminuição de 0,3 pontos percentuais (pp) em relação ao mês anterior, e próximo da média de 92% de 2023. As importações totais representaram 40% do consumo aparente em março, frente a 37% em fevereiro. Este número é muito elevado, 2pp acima da média registrada em 2023, o que demonstra que o aumento do consumo na região tem sido impulsionado pelas importações.

—O crescimento do consumo em nossa região tem sido impulsionado principalmente pelas importações, que representaram 40% do consumo aparente em março. É crucial que tomemos medidas para equilibrar esta balança e fomentar o desenvolvimento da produção local — afirmou Ezequiel Tavernelli, diretor-executivo da Alacero.

Análise dos Setores Consumidores de Aço 

A maioria dos setores consumidores de aço na América Latina apresentou variações negativas. Após dez meses consecutivos de crescimento, a construção recuou em março em termos anuais, e foi arrastada pela forte contração na Argentina, representando a baixa mais significativa desde maio de 2020. Peru e Brasil também registraram quedas, após dois e três meses de crescimento, respectivamente. Colômbia e Chile mantiveram em março o mau desempenho dos últimos meses. Em contrapartida, o México se manteve em terreno positivo, embora desacelerando.

A atividade industrial também se contraiu durante o terceiro mês do ano em todos os países, após um bimestre positivo. O pior desempenho ocorreu na Argentina, comparável apenas com as quedas durante os primeiros meses da pandemia em 2020. México, Brasil, Chile e Colômbia reverteram a expansão de fevereiro com variações negativas. No Peru, a atividade caiu pelo décimo quarto mês consecutivo.

O setor de produção de maquinário foi o mais afetado, com retrocessos na Argentina, Colômbia e Chile. A fabricação de aparelhos de uso doméstico também foi uma das mais impactadas e sofreu uma contração após oito meses de expansão. Além disso, a produção automotiva também caiu em março, mas se recuperou em abril graças ao bom desempenho do Brasil e México.

Fonte: Portal Fator
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 02/07/2024

 

Aço barato da China prejudica indústria na América Latina

O setor siderúrgico da América Latina está enfrentando uma crise, devido às práticas comerciais desleais da China, que inundou o mercado com aço barato, ameaçando os empregos e a subsistência dos produtores regionais, informou Rádio França Internacional.

“A produção da China afeta as economias latino-americanas, colocando em risco 1,4 milhão de empregos no setor siderúrgico, forçando a suspensão das operações de várias empresas e demissões em massa”, explicou à Diálogo, em 28 de maio, Gabriela Fajardo Mejía, especialista em relações internacionais e doutoranda em Direito da Sociedade Global, da Universidade de Navarra, na Espanha. “[A produção] não está sujeita a padrões ambientais e de qualidade. As empresas chinesas não cumprem as regras de transparência e regulamentação.”

A estratégia da China de vender seus produtos abaixo dos preços de mercado desencadeou uma situação de dumping que afeta gravemente a América Latina. No caso do aço, a produção do país asiático atinge 54 por cento da capacidade global. Somente entre janeiro e abril de 2024, produziu 343,7 toneladas métricas, de acordo com dados da Associação Mundial do Aço.

“A desaceleração dos negócios imobiliários e de construção da China fez com que a demanda interna por aço diminuísse, deixando os produtores dependentes de outros países para compensar o déficit”, disse à Diálogo Henry Ziemer, investigador associado do Programa das Américas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. “Como o mercado dos EUA parece cada vez mais desfavorável aos produtores de aço chineses, eles agora estão procurando os países latino-americanos com menos barreiras comerciais para se livrar do excesso de capacidade.”

Além disso, o governo chinês subsidiou a produção e as exportações de aço durante a pandemia. Isso desencadeou uma onda de aço chinês barato que se espalhou por todo o mundo, explicou a mídia colombiana El Tiempo.

México, Chile e Brasil aumentaram significativamente as tarifas sobre as importações de aço provenientes da China, para proteger as empresas nacionais, e outros países da região provavelmente seguirão seu exemplo.

O aço chinês barato está afundando a indústria siderúrgica latino-americana, fazendo com que várias das grandes empresas da região congelem ou encerrem suas operações, disse a Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), em um comunicado. Para Alejandro Wagner, o diretor executivo da Alacero de 1º de junho de 2021 a 1º de junho de 2024, a situação está criando um “processo de desindustrialização na região”, disse à BBC.

Em março, a Compañía de Aceros del Pacífico (CAP) do Chile suspendeu as operações em sua emblemática planta industrial de Huachipato, alegando sua incapacidade de competir com os preços chineses e enfatizando que o dumping da China afetou o desenvolvimento econômico e social da região.  A empresa retomou suas operações depois que o governo impôs um aumento da sobretaxa sobre as importações de aço chinês. O conselho de administração de Huachipato expressou sua esperança de que a medida se torne definitiva.

Além disso, na Colômbia, a indústria siderúrgica pede que a concorrência no setor seja justa, pois estão sofrendo devastadores efeitos econômicos. “Estamos sofrendo uma concorrência desleal há dois anos, por meio de importações maciças da China e da Rússia a preços predatórios, até 40 por cento abaixo dos preços internacionais e de mercado”, disse Fabio Galán, presidente da Acerías Pazdelrío, ao jornal El Colombiano.

“No passado, houve relatos de que as minas de ferro no México, invadidas por cartéis do crime organizado, desempenharam um papel importante no envio à China de navios de minério de ferro saqueado, que foi então convertido em aço”, afirmou Ziemer. “Esses relatórios fornecem mais evidências de que as práticas comerciais injustas e opacas da China criam incentivos perversos no hemisfério, que podem encorajar as organizações criminosas e minar a qualidade da governança.”

A siderúrgica Gerdau do Brasil anunciou a suspensão de trabalhadores em sua usina de São José dos Campos, em São Paulo, devido à concorrência desleal do aço chinês. Gustavo Werneck, presidente da empresa, disse à mídia brasileira InfoMoney que essas medidas são apenas o primeiro passo para conter a onda chinesa.

“Além disso, a China subsidia suas empresas do setor, o que lhes permite reduzir seus custos. É principalmente preocupante que os padrões de qualidade e ambientais para essa produção não sejam um fator levado em conta pelo governo chinês, mas é ainda mais preocupante que não sejam um fator a ser considerado pelos compradores de aço nos países latino-americanos, que, em detrimento de sua própria indústria local, são influenciados principalmente pelo preço baixo”, acrescentou Fajardo Mejía. “Enquanto as siderúrgicas latino-americanas emitem 1,55 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por tonelada de aço produzido, a China emite 2,24 toneladas de CO2, o que representa 45 por cento a mais de poluição”.

A imposição de tarifas sobre o aço da China como resposta a suas práticas desleais também ressalta o potencial de tensões comerciais entre os países latino-americanos e a China, com a possibilidade de retaliação do país asiático, conhecido por sua diplomacia coercitiva.

Por exemplo, a China proibiu em 2016 produtos à base de soja provenientes da Argentina, em resposta a ações antidumping de longo alcance, explicou o jornal argentino La Nación. Em 2019, após a prisão de uma executiva da Huawei em Vancouver, a China suspendeu todas as compras de sementes de canola canadense, informou a rede de notícias AP.

“A China produz mais aço do que os seguintes nove países produtores de aço juntos, o que lhe dá uma ferramenta poderosa para influenciar os preços e desestabilizar as economias locais”, concluiu Ziemer. “No entanto, o fato de essa última rodada ter como alvo países como Chile e México, pode representar uma oportunidade para que os Estados Unidos coordenem com os países latino-americanos formas de mitigar as práticas comerciais desleais da China e proteger suas indústrias nacionais.”

Fonte: Diálogo Chino
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/07/2024

 

“Imposto do Pecado” sobre carros elétricos põe governo e montadoras em rota de colisão

A defesa, feita pelo governo federal, da possibilidade de o chamado “imposto do pecado” (o Imposto Seletivo da reforma tributária) incidir sobre carros elétricos gerou críticas por parte de montadoras. A divergência vem após “lua de mel” entre os lados, que teve lançamento de programa automotivo e anúncio de investimentos recordes do setor no país.

Uma das principais vozes contrárias à tributação de elétricos pelo “imposto do pecado”, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indica que incluir os automóveis na lista do Seletivo vai levar prejuízos à saúde e ao meio ambiente — cenário inverso do almejado pelo novo tributo.

Segundo a associação, ao restringir o acesso dos consumidores aos carros novos, o governo vai atrasar a renovação da frota brasileira. Assim vão se mantar por mais tempo nas ruas os veículos antigos, que são mais poluentes e menos seguros. Dados do setor mostram que um carro dos anos 2000 polui 20 vezes mais que um atual.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) defende a inclusão dos elétricos entre os tributados — junto de híbridos e à combustão — observando que o Mover implementa a medição de carbono “do poço à roda”, que leva em consideração todas as emissões da produção, desde a extração e processamento mineral à queima de cada combustível.

Apesar de não emitirem com uso de combustíveis, os puramente elétricos deixam pegada na fabricação e recarga de baterias. Para produzi-las é necessário lítio, níquel, alumínio, entre outras substâncias, cuja mineração exige do meio ambiente, com emissão de carbono e geração de rejeitos.

“O Mdic não define uma rota tecnológica dominante, mas constrói uma política que, a partir de critérios definidos para todos os tipos de veículos e uma alíquota padrão, gerem bônus ou imposto extra”, diz um material veiculado anteriormente pela pasta.

A chinesa BYD, que também se posicionou duramente contra a possibilidade, reforça que a matriz energética limpa do país reduz ainda mais a emissão na produção de carros elétricos e dá ao Brasil “oportunidade de ser protagonista” na área. A montadora indica que, para este fim, são necessárias “políticas públicas do governo”.

À CNN, o secretário de desenvolvimento industrial, Uallace Moreira argumentou que a incidência do Imposto Seletivo não aumentará a carga de impostos sobre estes veículos. Isso porque conforme se iniciar a cobrança IS as alíquotas do IPI Verde serão transferidas ao novo tributo.

Criado pelo Mover (novo programa automotivo), o IPI Verde vai estabelecer um sistema de “recompensa e penalização” aos veículos, mas ainda precisa ter suas regras regulamentadas. Na prática, vão pagar mais imposto os carros que resultam em maior emissão de carbono. Em casos pode haver, inclusive, isenção.

“Haverá com o IPI Verde um escalonamento tributário com o objetivo de promover o estímulo às rotas tecnológicas que descarbonizem. O Imposto Seletivo vai refletir essas regras do IPI Verde”, disse o representante.

Fonte: CNN
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 01/07/2024

 

RS tem que ser tratado como o Brasil foi na pandemia, diz CEO de construtora gaúcha

Para o diretor-presidente da incorporadora gaúcha Melnick, apesar da situação catastrófica no Rio Grande do Sul com as enchentes, a complexidade na reconstrução do estado é menor, se comparada ao de desastres climáticos causados por furacão ou terremoto.

Em entrevista à Folha, Leandro Melnick cobrou medidas concretas do governo federal, e estimou que, se houver um plano objetivo de reconstrução nos próximos 60 dias, será possível melhorar razoavelmente a situação da região em cerca de seis meses.

"O ponto um pouco mais objetivo da parte de obras, que aí conecta com a nossa empresa, é que não parecem tão complexas", diz. "Isso me traz esperança. E em ações importantes, eu acho que o governo federal tem ferramentas, como na distribuição de auxílio, as famosas bolsas, e nas isenções fiscais", completa.

Para o executivo, a tragédia do sul pode mudar as estratégias de negócios da Melnick. Voltada prioritariamente para moradia de média e alta renda, a empresa pode se reposicionar no mercado em outros segmentos, como o do Minha Casa, Minha Vida. Confira outros trechos da entrevista.

O senhor é do setor de construção civil e atua no Rio Grande do Sul, então, tem propriedade para falar da perspectiva de reconstrução. O que deve ser das cidades do sul daqui para frente?

Estamos em um momento de grande incerteza. Normalmente esses movimentos, como o que aconteceu no Rio Grande do Sul e que ocorrem em outros lugares do mundo, são um momento de disruptura. Essa disruptura pode ser negativa ou positiva.

O Rio Grande do Sul foi atingido de uma forma muito violenta e a gente vai depender muito da condição prática da implementação de algumas contribuições, principalmente do governo federal. São obras que necessitam de um orçamento significativo. Como a gente sabe, o estado do Rio Grande do Sul vinha se recuperando de um problema fiscal muito sério.

Então, como o país vai se mobilizar através de ações do governo federal, sendo isenção fiscal, sendo apoios por um plano de reconstrução do Rio Grande do Sul, isso, na minha opinião, é que vai responder tua pergunta. Então, tem uma incógnita na resposta.

Na sua visão, o governo federal é o maior responsável por essa reconstrução?

Nós vivemos em um país que há cem anos tem ineficiências históricas, estruturantes, e temos que —em vez de gastar nossa energia numa caça às bruxas que não vai levar a nada— usar nossa energia para efetivar as medidas que liberem o orçamento necessário para essas obras. Até porque elas são caras, mas não são inviáveis.

Percebemos uma mobilização muito grande da sociedade, do setor privado, dos governos federal e estadual e até de outros países. Acho que o esforço é de conseguir transformar essa vontade de contribuir em algo concreto. Eu vejo hoje um ambiente favorável para essa contribuição de fato acontecer.

O ponto um pouco mais objetivo no que se refere às obras, que conecta com a nossa empresa, é que não parecem tão complexas. Se fosse, por exemplo, uma catástrofe como um terremoto ou um furacão, seria muito mais complexo. Isso me traz esperança.

E em ações muito importantes, eu acho que o governo federal tem ferramentas, como na distribuição de auxílio, as famosas bolsas, e nas isenções fiscais. O estado precisa ser tratado como o Brasil foi tratado na época da Covid, como estado de emergência.

Acha possível estimar o tempo de reconstrução?

Acho possível. Tenho que dividir em etapas. Nós temos a reconstrução das casas atingidas. Nesse ponto, o governo federal tem total condição de ajudar com auxílio de moradia. Porque não foi um terremoto, então, abaixo do nível da água, as casas estão lá. O problema é que ninguém se sente bem morando em lugar inseguro. Então, acho que o que a gente precisa é de um plano de remoção das pessoas que habitam regiões de risco. Mas como as condições de construção são casas e prédios, não é complexo de ser feito.

Acho que, com um plano aprovado nos próximos meses para financiar esse tipo de situação, em um tempo médio se tem a recuperação. As obras de mitigação de novos eventos climáticos também não são complexas. São diques, casas de bombas, não são obras de alta complexidade.

Mas é fundamental liberar verba de forma emergencial, que é um dinheiro que o país tem. A gente vê que qualquer ajuste salarial de alguma classe são R$ 10 bilhões, R$ 20 bilhões [de gasto para os cofres públicos]. E não estamos falando aqui de R$ 1 trilhão, estamos falando de obras de R$ 20 bilhões, R$ 40 bilhões para garantir uma situação fundamental ao ser humano, que é a confiança de que ele não vive em um lugar de risco.

E o que seria esse tempo médio da reconstrução?

A gente precisa ter um projeto aprovado entre 30 a 60 dias de injeção de capital na economia através da isenção fiscal, de reconstrução das obras que foram atingidas e da estrutura de resguardo a novas enchentes. E a sociedade precisa entender que o estado não vai quebrar. Não pode deixar a estrutura parar, ela não pode entrar em colapso.

Por isso, eu acredito que é emergencial ter a promoção de coisas absolutamente concretas que tragam uma esperança para que eu possa te dizer, numa próxima entrevista, que acho que em seis meses vai estar bom.

O senhor acha que a tragédia no sul pode afetar o balanço da Melnick nos próximos trimestres?

Sim. Danos objetivos a gente praticamente não teve, exatamente porque a gente atua mais na média e alta renda, em zonas menos alagadas. Tivemos duas obras levemente atingidas que estavam na fase de estrutura.

Em relação ao balanço, no viés econômico, se não tiver um problema maior estrutural no estado, o impacto é pequeno. Porque a gente tem um produto que não é perecível. Se a gente fica um mês sem vender imóvel de média e alta renda, esse produto vai ser vendido nos meses seguintes, porque a população precisa continuar procurando apartamento. Então, economicamente, em uma visão de temporalidade um pouco mais extensa, de dois anos, o impacto é quase irrelevante.

No trimestre, é diferente. Tem duas coisas que impactam no setor: uma é a parte comercial, porque a gente teve quase que uma paralisação das vendas por 40 dias; e a outra é o lucro contábil, que depende das obras. A gente reconhece o lucro com o andamento das obras. Então, vamos ter, certamente, um impacto em torno de 90 dias.

A calamidade pode mudar algo na estratégia da empresa?

Pode ter um impacto, sim. Mas tenho que te explicar um pouquinho da estratégia da empresa. A Melnick abriu capital mais ou menos há três anos. Logo naquele momento, dentro da pandemia, os juros estavam em 3% e parecia que ia ter juros baixos por bastante tempo.

Quando teve a abertura de capital, os juros subiram muito rapidamente. Veio uma reversão macroeconômica violenta. Como eu já estou nesse mundo de empresa aberta há um tempo no conselho da Even, com experiência desde 2008, eu falei que o mundo mudou, e que nós não iríamos implementar o plano de crescimento da empresa, porque o ambiente era outro.

Isso fez, como consequência, com que a Melnick estivesse hoje com 100% do valor capitado no IPO [oferta pública inicial, na sigla em inglês] dentro do caixa da empresa. Resolvemos não expandir nesses últimos três anos devido às incertezas: juros altos, todas as guerras e a questão política extremada no ambiente nacional. Por isso a Melnick enfrenta hoje uma crise numa situação econômica privilegiada, extremamente capitalizada, sem dívida nenhuma e com espaço para crescer.

Agora, estamos olhando alternativas de crescimento. E essa alternativa está prioritariamente no Rio Grande do Sul, com um olhar um pouco mais distante nos outros estados da região —Santa Catarina e Paraná— e em outros produtos do mercado imobiliário.Com o impacto das enchentes, nós estamos analisando como as coisas vão se acomodar para ver onde que vamos nos posicionar.

Então, a expansão seria não só de estado, mas de segmento?

A gente já vem atuando devagarinho no programa Minha Casa, Minha Vida há alguns anos. O nosso plano é atuar no volume, e talvez o volume para esse segmento se intensifique. Vamos fazer uma análise de onde colocar a nossa atuação dentro do novo cenário no sul.

Hoje, qual a principal área de atuação da Melnick?

Hoje é residencial, média e alta renda, em Porto Alegre. A gente tem uma outra divisão que é uma urbanizadora, que já foi para dez cidades. Temos uma atuação menor no segmento econômico e estamos agora tendo uma grande reflexão sobre uma expansão.

E dentro da média e alta renda, qual o principal perfil de consumidor?

Como a gente tem uma característica de ser uma empresa muito horizontal, ou seja, muito grande mas em uma geografia pequena, temos quase todos os perfis de público. Temos uma linha chamada GO, que é para o jovem, o primeiro imóvel do jovem de média e alta renda.

A origem da empresa é um altíssimo padrão, que são apartamentos de 500 m?2;, 800 m?2;. Nós atuamos também no segmento de média renda, com apartamentos de R$ 700 mil a R$ 1,5 milhão. É uma atuação muito ampla.

RAIO-X

Leandro Melnick, 47
Graduado em engenharia civil pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) com pós-graduação em gestão empresarial na Fundação Getúlio Vargas. Iniciou sua atuação na Melnick em 1996. Entre 2010 e 2019, foi diretor-presidente da companhia, retornando ao comando recentemente

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 01/07/2024

 

Pequenas propriedades são mais de 70% da produção de soja no Brasil

De acordo com um levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mais de 73% dos estabelecimentos agropecuários que produzem soja no Brasil possuem menos de 50 hectares. Esses dados, extraídos do Censo Agropecuário de 2017.

Segundo Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja, “são pequenos agricultores familiares que têm na cultura do grão boa parte da sua renda”.

Ele afirma que os dados mostram que o grão é uma “cultura democrática”, quando se observa o tamanho das propriedades em que se semeia o grão. Portanto, “desmistifica” a visão de que somente se usa a soja por grandes proprietários de terras.

Estudo sobre produtores de soja em evento da Embrapa

O estudo “Características principais dos estabelecimentos agropecuários produtores de soja no Brasil segundo estratos de área colhida” foi apresentado na Reunião de Pesquisa de Soja, realizada pela Embrapa Soja, nesta semana, em Londrina (PR).

A publicação, de autoria do pesquisador André Steffens Moraes, detalha as características dos estabelecimentos conforme a área colhida.

Steffens Moraes identifica que 83% dos 236 mil estabelecimentos produtores de soja estão na Região Sul do Brasil.

No Rio Grande do Sul, 81% das propriedades têm menos de 50 hectares (77 mil propriedades); no Paraná são 79% (65 mil propriedades); e em Santa Catarina, 87% (15 mil propriedades).

As regiões Centro-Oeste e Sudeste têm cerca de 4% dos pequenos estabelecimentos cada uma, enquanto Norte e Nordeste têm menos de 1% cada uma.

Concentração de produtores no Brasil

As regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste concentram aproximadamente 98% das propriedades produtoras do grão no Brasil.

Antes das enchentes no Rio Grande do Sul, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previa para a safra 2023/2024 uma produção de 22 milhões de toneladas de soja no Rio Grande do Sul e 18 milhões no Paraná.

Esses Estados, os segundo e terceiro maiores produtores, são responsáveis por cerca de 30% da produção nacional de soja.

Steffens Moraes destaca que “grande parte dos brasileiros desconhece que maioria da produção de soja ocorre em pequenas propriedades rurais, principalmente na Região Sul”.

Uso de tecnologias avançadas em propriedades de soja

O estudo de Steffens Moraes também revela que tanto grandes quanto pequenas propriedades aplicam tecnologias avançadas.

Entre elas estão o uso de insumos de alta qualidade, como sementes transgênicas, adubos e corretivos, assim como a utilização de maquinário e de armazéns para grãos.

Importância econômica

Na safra 2022/2023, o Brasil produziu mais de 150 milhões de toneladas de soja, mantendo-se líder mundial, seguido dos Estados Unidos e da Argentina.

Atualmente, cultiva-se soja em 20 Estados e no Distrito Federal, com Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás como principais produtores.

“A cultura da soja é responsável diretamente por aproximadamente 6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e por cerca de 25% do PIB do agronegócio, além de gerar mais de 2,2 milhões de empregos”, afirma Nepomuceno.

Fonte: Revista Oeste
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 28/06/2024

 

Maringá implanta usina que transforma restos da construção civil em material reutilizável

Começa a funcionar no segundo semestre deste ano, junto à Pedreira Municipal, a Usina de Reutilização de Resíduos da Construção e Demolição, que vai transformar entulhos em materiais para manutenção de estradas rurais e em pó de pedra que servirá para a produção de tampas de bueiros, bocas-de-lobo, meio-fio e manilhas. O aproveitamento de agregados da construção civil reduz os impactos provenientes da exploração de minerais e dá uma destinação nobre e inteligente aos restos da construção civil.

A expectativa é de que por meio do complexo, a Prefeitura reduzirá gastos com destinação correta de resíduos e aquisição de materiais.

A usina foi idealizada pela Secretaria de Infraestrutura e será construída em uma área da Pedreira Municipal. Nesta quarta-feira, 26, engenheiros da empresa vencedora da licitação para construção da usina realizaram visita técnica na Pedreira Municipal. A equipe realizou medições do espaço e definiu o local das máquinas para iniciar o processo de implantação do complexo.

“A recuperação de resíduos de construção civil representa o nosso compromisso com a eficiência e otimização dos recursos públicos. Além da economia, a solução é totalmente sustentável e representa uma ação extremamente importante para eliminarmos o descarte irregular”, afirmou o prefeito Ulisses Maia (PSD). Ele também destacou que, além de inovadora e sustentável, a iniciativa representa mais investimentos para melhorias na região rural e toda a infraestrutura urbana da cidade.

Inicialmente, a usina vai recuperar resíduos de construção civil gerados pelo próprio município a partir de reformas de prédios públicos, praças, calçadas e outros locais. Posteriormente, a comunidade também poderá destinar materiais para a usina por meio do Ecorreto, o ecoponto idealizado pelo Instituto Ambiental de Maringá (IAM). O projeto Ecorreto consiste na instalação de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), espaços fechados com containers e segurança e que receberão determinada quantidade de resíduos de construção civil, além de inservíveis, resíduos de jardinagens de origem doméstica e outros. O primeiro PEV está em processo de licitação e será instalado no Jardim Madrid.

 

A secretária de Infraestrutura, Maria Lígia Guedes, explica que os materiais transformados na Usina de Reutilização de Resíduos de Construção e Demolição serão fundamentais para a recuperação de estradas rurais e vias urbanas. “São mais de 350 km apenas de estradas rurais em Maringá e todos os resíduos serão processados na usina para a manutenção das vias. Com isso, além de economizar com o alto custo da destinação correta, vamos garantir um novo tipo de pavimento ecológico e facilitar o deslocamento na região rural”, disse.

As estradas rurais Hiller e Paquito serão as primeiras recuperadas com o novo tipo de material sustentável.

Fonte: O Maringá
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 28/06/2024