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Preço do aço sobe, mas cadeia de produção terá dificuldades em repassar alta

As siderúrgicas brasileiras conseguiram implementar aumentos nos preços de aços planos em janeiro no setor de distribuição, mas as usinas devem enfrentar dificuldade para repetir a dose em fevereiro, afirmou nesta quinta-feira (23) o presidente do Inda, que representa os distribuidores, Carlos Loureiro.

O executivo cita que os reajustes implantados em janeiro variaram em torno de 5% a 8% e pegaram carona na forte valorização do dólar contra o real no final do ano passado. Mas com o recuo da moeda norte-americana nos primeiros dias de 2025, a força de precificação das usinas fica sob pressão.

“Acho que com a queda do dólar neste começo de ano, vejo uma certa dificuldade das usinas em colocarem novo aumento em fevereiro”, disse Loureiro em entrevista a jornalistas ao ser questionado sobre rumores do mercado a respeito de eventuais novos reajustes no próximo mês. “Alguma coisa está sendo falada, mas sem muita força”, acrescentou.

Segundo ele, os reajustes no início de janeiro ocorreram diante de restrições na oferta das usinas, “que resistiram bem e implantaram o aumento”.

Em dezembro, as vendas de aços planos por distribuidores caíram 16% ante novembro e recuaram 5,4% sobre um ano antes, para 249,4 mil toneladas. Em 2024 como um todo, as vendas somaram 3,84 milhões de toneladas, alta de 1,1%.

Para janeiro, a expectativa do Inda é de alta de 15% ante dezembro de 2024. Na comparação com janeiro de 2024, a previsão é de queda de 13,1%.

Loureiro afirmou que a previsão do Inda para as vendas do setor este ano é de crescimento de 1,5% ante expectativa das usinas de expansão de 3% a 4%. A projeção do Inda pode ser revista em abril, segundo o presidente da entidade.

O setor de distribuição, responsável por cerca de um terço das vendas das usinas siderúrgicas brasileiras, estimou estoques ao final de dezembro de 1 milhão de toneladas de aços planos, 3,3% acima do apurado em novembro. O volume representa 4,1 meses de comercialização, nível elevado ante a média histórica de 2,5 a 2,8 meses, segundo os dados do Inda.

Apesar dos números de importação terem mostrado queda ano a ano em dezembro, de 55,4% para 123,5 mil toneladas, Loureiro afirmou que o volume de material importado estocado no Porto de São Francisco do Sul (SC) e ainda não internalizado é tão grande que os navios que chegam com as cargas estão tendo que esperar abertura de espaço no terminal para descarregarem.

O porto catarinense tem sido nos últimos anos a principal porta de entrada de importações de aços planos no Brasil. Em dezembro, a participação do terminal no total importado pelo país foi de 74,5%, segundo os dados do Inda, com cerca de 100 mil toneladas. No ano, a fatia do porto foi de 41,7%, ante 16,5% de Itaguaí, no Rio de Janeiro.

Fonte: Investnews
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/01/2025

 

Governo ainda busca solução para alta de preço de alimentos

A cúpula do governo busca soluções para atender ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por medidas urgentes para conter a alta do preço dos alimentos. Entretanto, sem espaço fiscal para aumentar gastos públicos e com a preocupação do mercado em relação a possíveis ações intervencionistas, há muitas dificuldades para encontrar soluções que possam surtir efeito no curto prazo. No Palácio do Planalto, há mais certeza sobre o que não fazer do que sobre o que pode ser feito.

Nessa quinta-feira (23), rumores de que o plano poderia envolver medidas com impacto fiscal para melhorar a popularidade do governo, como a concessão de subsídios, causaram estresse no mercado financeiro. Também houve uma reunião entre os ministros Rui Costa (Casa Civil), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Carlos Fávaro (Agricultura) para fechar um leque de propostas que serão levadas nesta sexta-feira (24) a Lula, que cobrou dos auxiliares em recente reunião ministerial rapidez na elaboração de um plano para baratear o preço da comida. O que Lula pretende é reduzir o custo de alimentos básicos para a população brasileira, como arroz, feijão e carnes, que vem contribuindo para aumentar a insatisfação popular com o governo.

A expectativa, porém, é que não haja anúncios nos próximos dias. Do encontro de hoje, sairá o esboço de um plano que será discutido com os setores privados envolvidos e dentro do próprio governo. Assim, a formalização das medidas pode ocorrer apenas na primeira semana de fevereiro.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou que o governo esteja estudando subsídios ou redução de tributos para baratear o preço da comida. E chamou de “boataria” as informações de que o governo prepara alguma política de subsídio para esse fim.

“É uma boataria que interessa a algumas pessoas. Não há espaço fiscal para isso e não há necessidade de espaço fiscal, porque o que vai resolver esse problema não é esse tipo de medida. É nós melhorarmos a concorrência, melhorarmos ambiente de negócio, melhorarmos as nossas compras externas. Continuarmos perseguindo esses objetivos”, frisou.

Nova reunião ocorre hoje, mas expectativa é que não haja anúncios nos próximos dias

Ele disse que uma opção estudada é melhorar a portabilidade do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A queda do dólar e a safra em 2025 também devem ajudar na redução dos preços.

“Acredito que nós temos um espaço para melhorar a qualidade do Programa de Alimentação do Trabalhador. Eu penso que tem um espaço ali regulatório que caberia ao Banco Central [regulamentar]”, disse Haddad, ao se referir à questão da portabilidade do programa. “A portabilidade está prevista em lei, mas não está funcionando adequadamente por falta de regulamentação por parte do Banco Central.”

Para ele, se essa questão for bem regulamentada, há espaço para uma “queda do preço da alimentação”, inclusive a feita fora de casa.

“Se você barateia a intermediação, se ele [trabalhador] não vê a necessidade da venda do crédito dele, pode ter um efeito favorável no preço dos alimentos”, explicou.

Fontes do governo asseguram que está descartada a ideia de usar importações e a de abrandar regras de vencimento de produtos alimentícios. Tampouco haverá medidas com grande impacto orçamentário, asseguram.

A flexibilização das normas de vencimento dos alimentos é uma sugestão feita a Lula pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), no fim do ano passado. Entretanto, o governo e o presidente, que já enfrentam uma crise de imagem e comunicação, não querem dar margem à ideia de que estão permitindo a venda de comida estragada à população.

Sobre essa proposta, Haddad disse que a Abras tem o direito de fazer sugestões ao governo, mas que não necessariamente se transformarão em políticas públicas.

Haddad afirmou ainda que as projeções da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda indicam que haverá uma “grande safra” em 2025, o que ajudará a reduzir o preço dos alimentos. Além disso, o dólar vem caindo em relação ao real, o que também deve ajudar.

Nesta semana, o presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, disse à reportagem que a estatal tem trabalhado na elaboração de um novo programa para criar uma rede popular de abastecimento alimentar. A ideia é mapear territórios onde a população mais pobre tem pagado mais caro para se alimentar. E, assim, tentar intervir para garantir preços mais justos nos alimentos para a parcela mais carente da sociedade, principalmente nas periferias  das  cidades.

Entretanto, essa ideia não foi levada à mesa na reunião entre Rui Costa, Fávaro e Teixeira.

A importação de itens básicos, por sua vez, traz más lembranças ao governo, especialmente a Fávaro. No primeiro semestre do ano passado, também em meio a uma alta inflação dos alimentos, Lula decidiu importar arroz para suprir a escassez do produto gerada pela tragédia no Rio Grande o Sul. A medida foi contestada na Justiça por produtores. E o leilão para a importação do grão acabou sendo anulado em junho de 2024, em meio a suspeitas de irregularidades. O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, foi demitido após a descoberta de que um ex-assessor, que é sócio de um filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão.

Receoso, Fávaro vai ouvir o setor das carnes para saber o que pode ser feito. As principais entidades do setor, no entanto, ainda não foram chamadas para conversar. Quanto ao arroz, um técnico disse que não há nada para se fazer agora, apenas aguardar a colheita da safra, em março, quando os preços  podem  recuar.

Com pouco espaço fiscal e político para agir ou intervir no mercado, as medidas em gestação podem não ter efeito de curto prazo, como pretende Lula.

Uma fonte graduada do Ministério Agricultura diz que “não existe mágica nem coelho para tirar da cartola”, ressaltando que o Brasil é “uma economia de mercado”.

A pasta tem reiterado nas conversas com o Palácio do Planalto que não há falta de alimento e que o país é superavitário em quase todos os produtos agrícolas - menos no trigo.

Nas conversas sobre o tema, existe a avaliação de que um dos vilões da alta dos alimentos no Brasil é o dólar. O aumento do poder aquisitivo da população também influencia. Algumas alas do governo creem que o plantio em larga escala de soja no país tira espaço para produção de alimentos básicos, o que afeta os preços finais. Mas, para integrantes da pasta da Agricultura, essa análise é fruto de uma “visão ideológica”.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/01/2025

 

Produção mundial de aço cai quase 1% em 2024 e soma 1,83 bilhão t

A worldsteel divulgou que, em 2024, a produção mundial de aço bruto somou 1,839 bilhão de toneladas, o que representa uma ligeira queda de 0,9% em relação ao ano anterior. No mês de dezembro de 2024, a produção alcançou 144,5 milhões de toneladas, um aumento de 5,6% em relação ao mesmo mês de 2023. A Ásia e a Oceania produziram 106,3 milhões de toneladas em dezembro, um crescimento de 9% sobre dezembro de 2023. A China produziu 76 milhões de toneladas, 11,8% a mais que em dezembro de 2023, enquanto a Índia produziu 13,6 milhões de toneladas no mês, um incremento de 9,5% sobre o mesmo mês de 2023. Japão e Coreia do Sul produziram 6,9 milhões de toneladas e 5,2 milhões de toneladas de aço bruto em dezembro, respectivamente, com recuos de 1,1% e 3,2% na comparação com o mesmo mês de 2023.

Os países do Bloco Europeu produziram 9,6 milhões de toneladas de aço em dezembro de 2024, ou 7,2% a mais do que um ano antes. A Alemanha produziu 2,7 milhões de toneladas, o que representou uma elevação de 4,1%. Países europeus, como Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Noruega, Sérvia, Turquia e Reino Unido, produziram 3,3 milhões de toneladas em dezembro, 14,3% a menos do que em dezembro de 2023. A Turquia produziu 3 milhões de toneladas, 7,6% inferior a dezembro de 2023.

A África – Egito, Líbia e África do Sul – produziu 1,9 milhão de toneladas de aço bruto em dezembro, decréscimo de 1% na comparação com dezembro de 2023. Já os países da CIS produziram 6,8 milhões de toneladas, queda de 6,8% sobre o mesmo mês de 2023, com destaque para a Rússia, que teve um volume de produção estimado em 5,7 milhões de toneladas, e caiu 8,6% no mês. Os países do Oriente Médio - Irã, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos – registraram produção de 4,6 milhões de toneladas de aço bruto, 4,5% a menos quando comparado a dezembro de 2023. O Irã produziu 2,6 milhões de toneladas no mês, um retrocesso de 8,2%.

A produção na América do Norte caiu 4,3% em dezembro de 2024, somando 8,8 milhões de toneladas. Apenas os Estados Unidos produziram 6,7 milhões de toneladas, 2,4% a menos que em dezembro de 2023, enquanto a produção na América do Sul alcançou 3,1 milhões de toneladas, 3,8% inferior a dezembro de 2023. O Brasil produziu 2,6 milhões de toneladas, um crescimento de 1,8% sobre o mesmo mês de 2023.

Fonte: Brasil Mineral
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/01/2025

 

Veja o que o Brasil importa e o que exporta para os Estados Unidos

Os Estados Unidos perderam em 2009 o posto de maior comprador de produtos brasileiros para a China, mas ainda continuam a ser um parceiro comercial relevante para o país: 12% das exportações brasileiras em 2024, ou US$ 40,3 bilhões, tiveram como destino a principal economia mundial.

Nas importações, o cenário é semelhante: a última vez que os Estados Unidos foram líderes das compras brasileiras foi em 2017. Em 2024, o Brasil importou US$ 40,6 bilhões, ou 15,5% do total.

A corrente bilateral de comércio (soma de importações e exportações) entre Brasil e EUA foi de US$ 80,9 bilhões em 2024, alta de 8,2% ante 2023. É o segundo maior valor da série, abaixo apenas de 2022 (US$ 88,7 bilhões). Os EUA seguem como segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.

As exportações brasileiras aos EUA cresceram de maneira disseminada em todos os setores em 2024: indústria de transformação (5,8%), extrativa (21,1%) e agropecuária (36,9%). Em todos os casos, os desempenhos foram superiores aos observados nas vendas do Brasil para o mundo: 2,7% para indústria de transformação, 2,4% para extrativa e -11% para agropecuária.

O Brasil, assim como o resto do mundo, está à espera dos decretos do presidente americano, Donald Trump, impondo tarifas às importações dos EUA de produtos e países diversos. O Brasil não tende a ser um alvo preferencial, como a China, até porque sua balança com os EUA é superavitária para os americanos. Mas esse superávit é cada vez menor, e Trump pode querer barganhar vantagens para setores específicos, como aconteceu com o aço no seu primeiro mandato.

No fim do ano passado, Trump prometeu retaliar países como Brasil e Índia pelas tarifas impostas a produtos americanos. Já nesta segunda-feira (20), após sua posse, o presidente americano afirmou que o Brasil e a América Latina precisam "mais dos EUA do que os EUA precisam deles". "Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós", respondeu Trump após ser questionado sobre se iria falar com o presidente Lula e como seria a relação com o Brasil e com a América Latina.

 

Exportação

O principal produto exportado pelo Brasil para os EUA é o petróleo. Foram US$ 5,8 bilhões, valor que só fica abaixo dos US$ 20 bilhões vendidos para a China no ano passado.

Em segundo lugar estão os produtos semimanufaturados de ferro ou aço, com vendas somando US$ 2,8 bilhões. Os EUA são disparados os maiores clientes, com o Canadá em segundo lugar, com US$ 238 milhões.

Os aviões foram em 2024 o terceiro produto mais comprado pelos americanos no Brasil: US$ 2,4 bilhões. Mais uma vez, a participação americana é muito maior que a dos demais. O segundo maior importador de aeronaves brasileiras em 2024 foi o Canadá, com as compras totalizando US$ 497 milhões.

Uma das novidades na lista de importações dos Estados Unidos foi o ingresso da carne bovina congelada entre os dez primeiros colocados (US$ 883 milhões). A liderança desse produto foi da China em 2024, com US$ 6 bilhões.

O ranking dos principais produtos vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos conta ainda com itens como sumos de frutos, café e pastas químicas de madeira.

 

Importação

Do lado da importação, o produto mais vendido pelos americanos para o Brasil em 2024 foram turborreatores (US$ 6,2 bilhões). O principal destino delas foi a cidade de Petrópolis, no Rio, que abriga unidade da americana GE. Gavião Peixoto, em São Paulo, está em segundo lugar. O município é uma das bases da Embraer.

O grupo formado por óleo diesel e nafta para petroquímica está em segundo lugar nas compras brasileiras dos Estados Unidos, com US$ 4 bilhões.

O terceiro lugar é do grupo liderado pelo gás natural liquefeito (GNL, usado como combustível em veículos, indústrias e em estufas de secagem). Esse ramo foi responsável por importação brasileira de US$ 2,2 bilhões.

Os dez primeiros colocados nas vendas dos EUA para o Brasil contam com produtos como petróleo, aeronaves, medicamentos e sangue.
 
Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 23/01/2025

 

Com Trump, EUA podem limitar compra de carnes, sucos e siderúrgicos do Brasil, diz FGV/Icomex

A promessa de elevação de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve aumentar as restrições para as exportações brasileiras não apenas de produtos siderúrgicos, mas possivelmente também de sucos e de carnes. A avaliação é do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta quarta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

"Nesse cenário, além de produtos de siderurgia, lobbies protecionistas podem demandar restrições para sucos e carne. No caso de petróleo, não é claro se a promessa de aumentar a exploração do petróleo no território dos Estados Unidos será acompanhada de restrições, pois o preço aumentaria. A imprevisibilidade de Trump cria um cenário desfavorável para as transações comerciais", apontou a FGV.

No ano passado, as principais commodities brasileiras exportadas para os Estados Unidos foram: o petróleo bruto (participação de 14% no total das exportações brasileiras para o país); semimanufaturados de ferro ou aço (8,8%); café (4,7%); óleos combustíveis (4,3%); celulose (4,2%); ferro gusa (4,4%); sucos (3%) e carne (2,3%).

A FGV lembra que o governo Trump ainda não anunciou o pacote de tarifas de importações, mas uma elevação tem potencial para pressionar a inflação e valorizar o dólar. Para o Brasil, um eventual tarifaço americano poderia "trazer mais dificuldades" para o controle da inflação e da desvalorização do real ante o dólar.

"Ademais, como já mencionado, a imprevisibilidade do presidente Trump em relação à questão do pacote tarifário traz custos para o comércio internacional. Quanto à China, é preciso esperar para observar quais serão as medidas protecionistas que além de tarifas devem incluir restrições às empresas", observou a FGV.

A balança comercial brasileira encerrou o ano de 2024 com um superávit de US$ 74,6 bilhões, ante um saldo positivo de US$ 98,9 bilhões em 2023. O superávit mais brando foi resultado de um recuo de 0,8% no valor exportado acompanhado de um aumento de 9,0% no valor importado. O volume exportado cresceu 2,8% em 2024 ante 2023, enquanto os preços caíram 3,4%. Já o volume importado aumentou 15,8% em 2024 ante 2023, enquanto os preços encolheram 5,8%.

Na passagem de 2023 para 2024, o volume exportado pela indústria extrativa cresceu 6,8%, o da indústria da transformação avançou 3,2%, e o da agropecuária caiu 1,4%. O volume importado da agropecuária cresceu 31,6% em 2024, o da indústria de transformação aumentou 16,3%, e o das extrativas expandiu 5,9%.

"O aumento no volume importado de máquinas e equipamentos e de bens intermediários na indústria de transformação comparado com os resultados para a agropecuária atesta a melhora do desempenho da indústria, em 2024", ressaltou a FGV.

Fonte: Notícias ao Minuto
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 23/01/2025

 

Mesmo com desafios, novo governo Trump também abre oportunidades ao Brasil

O primeiro dia do novo mandato do presidente americano Donald Trump deu a letra de como serão os próximos quatro anos nos Estados Unidos: uma administração mais voltada para as questões internas e impondo barreiras tarifárias às demais nações. Ainda que o Brasil possa ser afetado com a mudança de gestão, especialistas ouvidos pelo Valor avaliam que o país pode ficar de fora das primeiras levas das novas tributações e pode até mesmo se beneficiar do novo cenário.

O momento ainda é de incerteza, já que Trump ainda não assinou nenhuma ordem presidencial definindo as sobretaxas que o republicano promete desde a campanha à Casa Branca. Nesta segunda-feira, o ato do presidente americano para a área comercial externa direciona apenas as agências federais para estudar as relações dos EUA com a China e com os vizinhos do continente americano.

“Em princípio, [Trump] torna o cenário internacional mais hostil, mais imprevisível. Mas, ao mesmo tempo, abre oportunidades também”, pontua Oliver Stuenkel, professor da FGV e pesquisador-visitante da Kennedy School da Universidade Harvard.

Na visão do especialista, o novo governo Trump terá uma atuação americana mais transacional, menos comprometida com o sistema multilateral e com o combate às mudanças climáticas — o que pode sim, diz Stuenkel, complicar o Brasil. Contudo, o professor aponta que há espaço para o país se sobressair.

“O Brasil está muito bem posicionado para resistir a essas posturas mais agressivas do Trump. Também não está na primeira linha de fogo, ou seja, está um pouco longe do radar dele, o que é algo positivo. O Brasil tem laços fortes com a Europa e com a China, além de ter potencial de ampliar as relações com seus vizinhos, com a Índia e com o Oriente Médio”, afirma.

A avaliação da diretora do Brazil Institute no Woodrow Wilson Center em Washington, Bruna Santos, vai ao encontro do professor da FGV. A especialista em relações internacionais avalia que na política internacional o Brasil é visto como um “parceiro importante em algumas agendas”.

Entretanto, Santos acredita que é necessário que o Brasil tenha mais “clareza na definição dos contornos". Para a diretora, para manter sua posição, o país deve identificar prioridades estratégicas, manter um posicionamento coerente, reconhecer capacidades e limites reais, equilibrar interesses domésticos e internacionais, e comunicar-se de maneira transparente com parceiros globais.

Segundo o cientista político Hussein Kalout, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência brasileira, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem dado indicativos de que seguirá o caminho para manter um posicionamento estratégico diplomático, inclusive com os Estados Unidos.

“O Brasil tem três caminhos a adotar na relação com a administração Trump 2.0: o pragmatismo, o distanciamento ou o antagonismo. Isso depende muito de como o Trump irá traçar a sua estratégia para o Brasil. O governo brasileiro tem dado demonstrações de boa vontade e inclinações claras pelo pragmatismo. Contudo, isso precisa ser correspondido”, afirma Kalout.

O ex-secretário continua: “Há uma relação profunda de interdependência econômico-comercial e interesses estratégicos mútuos. O Brasil não é inimigo e tampouco é adversário dos EUA nas relações internacionais”.

O presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), Abrão Neto, reforça o argumento de Kalout ao destacar que o comércio bilateral é “muito favorável” tanto para os brasileiros como para os americanos. “Nós tivemos, em 2024, o recorde das vendas brasileiras de bens industriais para os Estados Unidos, mais de US$ 31 bilhões, o que consolidou o país como o principal mercado de exportações brasileiras de bens industriais”, diz.

Sobre as promessas do presidente Trump de revisar a política comercial americana, Neto ressalta que, embora o tema seja uma prioridade para empresas que mantêm comércio com os EUA, ainda é cedo para avaliar o impacto de possíveis tarifas.

“Para se fazer uma avaliação dos principais setores que poderiam ser afetados, é importante aguardar a definição do formato e do conteúdo dessas medidas”, diz. Ele observa que os EUA é um dos parceiros comerciais com os quais o Brasil tem a maior diversificação setorial, desde o setor siderúrgico, máquinas e aeronaves até celulose, café, carne e suco de laranja.

Apesar das incertezas, Neto é otimista sobre a possibilidade de um diálogo construtivo entre os dois países. “Nossa avaliação e expectativa é que se tenha um espaço para discussões entre os dois governos, buscando uma solução negociada. Há diversos mecanismos bilaterais consolidados entre Brasil e Estados Unidos para se discutir questões comerciais”, diz.

Feliciano Guimarães, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP, avalia que os principais alvos de Trump no momento são China, México e Canadá, com quem os Estados Unidos têm os maiores déficits. Segundo o especialista, o presidente americano tem vários instrumentos à mão para aplicar tarifas, desde a lei de comércio de 1974 e as mudanças feitas nela depois, até mecanismos de emergência econômica — sendo um deles o tamanho do déficit comercial com outros países. “Se o déficit for muito alto, Trump pode aplicar o instrumento, e o déficit que os americanos têm com a China, com o México e com o Canadá é muito alto”, afirma.

Já o Brasil, diz o professor da USP, é um dos poucos países do mundo com os quais os americanos têm um superávit. “Foi um pequeno superávit comercial esse ano, mas ainda assim é um superávit. Isso diminui o incentivo para o governo americano aplicar tarifas contra setores específicos brasileiros, mas os mais sensíveis são os de aço e de motores”.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 22/01/2025