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Baosteel espera cortes na produção de aço da China este ano. Preço do aço importado deve se reequilibrar

A maior siderúrgica listada em bolsa da China, Baoshan Iron & Steel Co, disse que um corte na produção nacional de aço é provável este ano e sinalizou pressões externas sobre uma indústria que já enfrenta excesso de capacidade e demanda vacilante.

A empresa, conhecida como Baosteel, é uma subsidiária da estatal China Baowu Steel Group, a maior siderúrgica do mundo em produção.

"As chances de um corte são altas, como foi mencionado no relatório do governo", disse Cai Yanbo, vice-gerente geral da Baosteel, a jornalistas durante apresentação de resultados de primeiro trimestre da empresa nesta segunda-feira. O executivo fez o comentário quando questionado sobre as negociações para corte de 50 milhões de toneladas na produção de aço da China neste ano.

Cai, no entanto, acrescentou que não espera que as reduções de produção "sejam implementadas neste mês ou no próximo; apelamos às autoridades relevantes para evitarem uma abordagem única para todos enquanto controlamos a produção".

Um corte de produção dessa magnitude ajudaria a reequilibrar o mercado de aço, sustentando os preços da liga e influenciando os preços de matérias-primas.

Pequim disse que planeja reestruturar a indústria siderúrgica por meio de cortes na produção, sem dar mais detalhes como o momento e a escala desses cortes.

As exportações de aço da China em 2025 cairão cerca de 15 milhões de toneladas em meio a aumentos de tarifas de importação em outros países e as exportações indiretas de aço serão reduzidas em 20 milhões de toneladas, de acordo com Zou Jinxin, presidente da Baosteel.

As exportações de produtos manufaturados, como contêineres, veículos e máquinas, são normalmente classificadas como exportações indiretas de aço.

Zou disse que espera que Pequim implemente mais medidas de estímulo para combater choques externos.

As exportações de aço da China atingiram um pico em nove anos no ano passado, a 110,72 milhões de toneladas. Já as vendas externas de aço da Baosteel bateram recorde, a 6,07 milhões de toneladas. A empresa não especificou uma meta para 2025.

O consumo de aço da China em 2025 cairá 2%, acrescentou Zou.

A Baosteel teve alta de 26,4% no lucro líquido do primeiro trimestre sobre um ano antes, ajudada por custos mais baixos.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/04/2025

 

China afirma que plano de mineração submarina dos EUA 'viola a lei internacional'

A China declarou nesta sexta-feira (25) que o plano dos Estados Unidos de aprovar a mineração em águas profundas, tanto nacionais quanto internacionais, "viola o direito internacional", depois que Donald Trump mandou acelerar as autorizações para a prática.

"A autorização dos Estados Unidos (...) viola o direito internacional e prejudica os interesses gerais da comunidade internacional", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, em resposta a uma pergunta da AFP.

Trump assinou na quinta-feira (24) um decreto para "acelerar a revisão" de solicitações "e a emissão de autorizações para exploração e extração" de minerais "além da jurisdição" americana.

Esta decisão representa um desafio à Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês), o organismo afiliado às Nações Unidas que tem jurisdição sobre o leito marinho em alto-mar.

As empresas privadas e os governos têm interesse há muito tempo nos recursos minerais e metálicos que se encontram no leito marinho. No entanto, a maioria deles não prosseguiu com os projetos, pois aguardam que a ISA, como entidade reguladora, elabore um protocolo para a prática —um processo que começou ainda na década de 1990.

Os EUA, que não reconhecem várias jurisdições internacionais, nunca ratificaram os acordos que outorgaram poder à ISA e tampouco são membros.

O governo Trump estima que a mineração em águas profundas poderia gerar 100 mil empregos e aumentar o PIB americano em US$ 300 bilhões em uma década.

A política de impulsionar a mineração em águas profundas tem como objetivo, em parte, "fortalecer as alianças com os aliados e a indústria para neutralizar a crescente influência da China sobre os recursos minerais do fundo marinho", indicou a Casa Branca.

A China tem se abstido de explorar os leitos marinhos em águas internacionais, à espera das normas da ISA.

O porta-voz chinês declarou que este anúncio "revela mais uma vez a abordagem unilateral e a natureza hegemônica dos EUA, que, para servirem a seus próprios interesses, desprezam o direito internacional e a ordem mundial".

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/04/2025

Importações de aço devem continuar em alta em abril, diz Inda

Os registros de importação de aço plano devem continuar em alta no Brasil em abril, após um mês de março recorde, previu nesta quinta-feira o presidente da associação nacional de distribuidores do material, citando que há mais de meio milhão de toneladas da liga à espera de nacionalização apenas em um dos portos do país.

"Tem meio mês de consumo (de aço) só em São Francisco do Sul (SC) para entrar", disse Carlos Loureiro, em entrevista a jornalistas sobre os resultados do setor no primeiro trimestre. "Se o governo (federal) não tomar uma medida um pouco mais forte contra a China, as usinas vão ter muitos problemas e nós da rede vamos ter que ficar lutando para conseguir sobreviver", acrescentou.

Segundo Loureiro, na semana passada havia mais de 440 mil toneladas de aço plano em navios à espera de liberação de espaço de armazenagem em São Francisco do Sul, que estava com os armazéns lotados.

O porto de São Francisco do Sul tem sido a principal porta de entrada de aço plano importado no Brasil, mas em março o porto de Manaus quase empatou em volume de importação do material com o porto catarinense, o que marca as distorções geradas por incentivos tributários concedidos à Zona Franca, distante milhares de quilômetros dos principais centros consumidores de aço do país, segundo o presidente do Inda.

Enquanto São Francisco do Sul recebeu um volume de importações de 135,6 mil toneladas de aços planos em março, elevando o saldo do trimestre para 395 mil toneladas, o de Manaus registrou 126,2 mil toneladas no mês passado, quase todo o volume do trimestre, de 174,2 mil toneladas.

"Não é produtivo para o país ter um esquema que permite que material viaje de Manaus para São Paulo e que esse custo logístico seja bancado por incentivos fiscais que todos nós pagamos", disse Loureiro, classificando a situação de "balbúrdia tributária".

No trimestre, segundo os dados do Inda, o porto de Manaus ficou em segundo lugar nas importações de aço pelo Brasil, com participação subindo a 20,8% ante fatia de 5,5% no mesmo período do ano passado. Enquanto isso, a parcela de São Francisco do Sul, passou de 45% para 47,2%.

No total, as importações de aços planos pelo Brasil em março somaram 343,6 mil toneladas, alta de 38% sobre um ano antes, quando o regime de cotas e tarifas adotado pelo governo federal para alguns produtos siderúrgicos ainda não estava implementado. No trimestre, a alta foi de 36% pelos dados do Inda, para cerca 796,3 mil toneladas.

O Aço Brasil, que representa siderúrgicas instaladas no Brasil como Gerdau, Usiminas e ArcelorMittal, afirmou na semana passada que as importações de totais de aço pelo país, incluindo os longos, somaram 663 mil toneladas em março, o maior volume importado em um único mês da história.

MERCADO

Em março, os distribuidores de aços planos do Brasil elevaram as vendas em 7,1% sobre o mesmo mês do ano passado, para 331,7 mil toneladas.

A expectativa da entidade é que em abril, as vendas recuem 4%, para 318,4 mil toneladas.

O setor terminou março com estoques de 1,06 milhão de toneladas, um crescimento de 17,2% sobre um ano antes e equivalente a 3,2 meses de comercialização, nível considerado elevado pela entidade.

Sobre o cenário de preços, Loureiro afirmou que as usinas retiraram aumentos realizados no início do ano, diante da pressão dos importados, e que parte do crescimento de 2,8% das vendas no trimestre foi puxada por antecipação de compras.

Isso teria ocorrido por estratégia das usinas de melhorar seus resultados ao final do trimestre, procurando vender mais em volume, oferecendo mais vantagens aos compradores, disse Loureiro.

"Os preços estão muito difíceis e as margens estão muito apertadas", afirmou o presidente do Inda.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/04/2025

 

Lançamentos em maquinário agrícola estarão na 30ª edição da Agrishow

A Agrishow, que em 2025 chega à 30ª edição com o slogan “O Futuro do Agro de A a Z”, reunirá em Ribeirão Preto (SP) mais de 800 marcas e empresas que apostam em soluções eficientes, automatizadas e com tecnologia embarcada cada vez mais adaptada à inteligência artificial (IA) e outras tendências.

A feira, que em 2024 movimentou mais de R$ 13,6 bilhões em intenção de negócios, consolidou-se ao longo dos anos como a maior feira de tecnologia para o agronegócio da América Latina, um evento estratégico para a indústria de maquinário agrícola.

“Conseguimos fazer da Agrishow um espaço para discussão do agronegócio sem comparação na América Latina. Produtores de todos os tipos e lugares do mundo vêm à feira para conferir os lançamentos e conhecer mais sobre as história de sucesso que o Brasil construiu no campo”, afirma, em nota, João Marchesan, presidente da Agrishow desde 2023 e um dos fundadores da feira.

Algumas novidades das empresas expositoras foram divulgadas pela assessoria de comunicação da Agrishow. Confira:

Massey Ferguson: lança na Agrishow 2025 a nova barra do pulverizador MF 500R, com 42 metros. A estrutura exclusiva e inovadora combina aço, alumínio e fibra de carbono, proporcionando maior leveza e estabilidade, resistência e menor desgaste. Como o pulverizador é a máquina que mais trabalha na lavoura, essa inovação reduz o número de passadas na lavoura em até 29%, trazendo mais produtividade e menor compactação do solo.

Caterpillar: no ano em que comemora 100 anos de sua fundação, a marca estará presente na Agrishow 2025 apresentando novas máquinas, recursos e tecnologias inovadoras destinadas a aumentar a eficiência e a produtividade nas operações agrícolas. Durante a feira, a Caterpillar apresentará as recém-lançadas Cat 250 e Cat 260, que marcam a introdução do projeto de última geração na linha de minicarregadeiras.

Fendt: apresentará a colheitadeira Fendt IDEAL 25, novo modelo que permite redução de consumo de combustível e mais produtividade. Entre os diferenciais da colheitadeira destaca-se o sistema Dual Helix Processor, com os maiores rotores do mercado, além de uma área de trilha 45% superior. Um dos destaques da Fendt IDEAL 25 está nos motores, ajustados para operar a 1.900 RPM, o que contribui para economizar combustível e prolongar o intervalo entre as manutenções.

Marispan: especialista e líder em carregadores frontais para tratores agrícolas apresenta na Agrishow soluções versáteis e com recursos de automação para as linhas de carregadores frontais e distribuidores de sólidos, além de acessórios. Com expertise de mais de 50 anos de mercado, a empresa preparou ainda novidades em seu estande para receber os clientes e parceiros do braço forte do agro.

Volare: líder na venda de micro-ônibus no Brasil, a marca retorna ao principal evento de tecnologia para o agronegócio na América Latina apresentando diversas novidades em mobilidade sustentável, com foco na descarbonização do transporte em áreas rurais, como o Fly 10 GV (movido a GNV e biometano), o Attack 10 Híbrido (etanol/elétrico) e o Attack 10 Rural.

Indústrias Colombo: com sede em Pindorama (SP) e mais de 50 anos de trajetória, desenvolve máquinas agrícolas e componentes para colheita mecanizada de culturas como café, amendoim, feijão, milho e soja. Tem presença em mais de 60 países e filiais nos EUA e Argentina. O grupo reúne as marcas MIAC, especializada em máquinas de colheita, e AEMCO, que produz linha completa de componentes agrícolas.

CLAAS: fabricante alemã de máquinas agrícolas oferecerá atendimento especializado e apresentação de seu portfólio de produtos. A participação na feira reforça os 10 anos de CLAAS no Brasil e tem como destaque o marco atingido pela empresa: 500 mil colheitadeiras de grãos produzidas ao longo dos mais de 110 anos de história da marca.

Toledo do Brasil: marca participa da Agrishow com soluções de pesagem e automação voltadas à gestão inteligente no agro. Destaque para as Balanças Rodoviárias com sistema de segurança, pesagem pecuária, de fluxo e carregamento a granel. “Conectamos tecnologia, precisão e eficiência para impulsionar o campo”, afirma César Cabrera, gerente regional da Toledo do Brasil.

Hexagon: empresa de origem sueca e referência em tecnologias de precisão, gêmeos digitais, robótica e inteligência artificial, participa da Agrishow para demonstrar que a autonomia de máquinas agrícolas já é uma realidade no campo. Um dos destaques da marca é o display Ti10, com tela de 10 polegadas e alta capacidade de processamento, capaz de concentrar todos os recursos de agricultura de precisão e monitoramento de máquinas.

EuroChem: líder em nutrição de plantas, apresentará a nova solução do fertilizante Croplex, totalmente desenvolvido e produzido no Brasil. Essa novidade da EuroChem é um marco no início da produção de soluções de alto valor agregado para as lavouras brasileiras. A empresa também contará com dois outros produtos premium: o Fertiva e o Avigo. A Eurochem possui portfólio completo destinado a culturas como soja, café e cana-de-açúcar.

Sicredi: como principal agente privado de crédito do agro, com carteira total de R$ 101 bilhões, o Sicredi patrocina a 30ª Agrishow. A instituição financeira cooperativa, com mais de 9 milhões de associados e 2,8 mil agências no país — 400 no estado de São Paulo —, leva soluções para fortalecimento do setor, com destaque para o programa Pró-Trator e a carteira de consórcios, que soma R$ 50 bilhões.

Cresol: na Agrishow 2025 a Cresol celebra 30 anos de história, reforçando seu compromisso com o agronegócio. Por meio de soluções financeiras completas, a cooperativa preparou condições especiais de consórcio e crédito rural para atender as necessidades de seus cooperados. Além disso, a Cresol apresenta um portfólio completo e a solidez de uma cooperativa que já superou a marca de 1 milhão de cooperados em todo o Brasil.

Broto: plataforma digital de agro do Banco do Brasil, Broto conecta produtores a fornecedores em um marketplace com milhares de produtos e integração com crédito, seguros e outras soluções. Já são mais de 290 mil clientes cadastrados. Durante a Agrishow, lançará o Clube Broto e fará palestras sobre o papel da tecnologia na sucessão familiar e as expectativas do produtor para 2025.

Fonte: Portal DBO
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 25/04/2025

 

 

Com guerra de preços, aço está mais barato do que água no Japão

Produtos siderúrgicos no Japão tornaram-se mais baratos que a água em peso, com queda acentuada de preço devido à intensa competição entre distribuidores. Isso prejudicou os esforços de consolidação das siderúrgicas, que vinham aumentando os preços.

O preço médio de uma garrafa de 1 litro de água mineral da Suntory Beverage & Food era de 156 ienes (US$ 1,09) em março, um aumento de 5% em relação ao ano anterior, de acordo com o “Nikkei Asia” POS, que coleta informações de vendas de supermercados e outras lojas em todo o país.

O preço de distribuição na região de Tóquio para chapas de aço laminadas a frio de 1,6 mm, amplamente utilizadas na indústria manufatureira e em outras indústrias, é de cerca de 141.500 ienes por tonelada. O preço por quilograma — o mesmo peso de um litro de água — é de cerca de 141,5 ienes, quase 15 ienes mais barato que a água.

Da mesma forma, chapas de aço laminadas a quente de 1,6 mm custam cerca de 117,5 ienes por kg. Ambos os tipos de chapa estão de 4% a 6% mais baratos do que no ano passado.

"Ferro é mais barato que água" já foi uma frase comum na indústria siderúrgica. Com enormes instalações de produção, os fabricantes caíram em uma competição acirrada. Vendas de alto volume e baixo lucro tornaram-se a norma.

Um ponto de virada ocorreu em 2020, quando grandes fabricantes embarcaram em reformas. A Nippon Steel suspendeu ou fechou altos-fornos em todo o país, reduzindo seu total de 15 para 10 no mês passado. A JFE Steel fechou um alto-forno em 2023.

A capacidade anual de produção de aço bruto do Japão em fevereiro totalizou 110 milhões de toneladas, uma queda de cerca de 13 milhões de toneladas, ou 10%, em relação a 2019, segundo o Ministério da Economia, Comércio e Indústria.

A suspensão dos altos-fornos aliviou a superprodução, freando as guerras de preços anteriores. O preço do aço ultrapassou o da água por volta de 2021.

Mas os efeitos dessas reformas perderam força e os preços do aço estão caindo novamente. Um dos fatores é a guerra de preços entre os distribuidores.

"Como há poucas consultas, não temos escolha a não ser vender a preços baixos", disse um executivo de uma atacadista de aço na cidade de Urayasu, na província de Chiba, perto de Tóquio. Na indústria da construção civil, o principal mercado para o aço, as obras estão desacelerando devido à escassez de mão de obra. A demanda também está baixa nos setores automobilístico e de manufatura.

"Muitos distribuidores estão competindo por um pequeno número de pedidos", disse o executivo. "Eles desconfiam uns dos outros e querem vender antes que outras empresas baixem os preços novamente e o mercado entre em colapso."

Um representante de vendas de uma siderúrgica disse que "alguns distribuidores aceitam contratos com preços inferiores ao preço de venda do produtor e, posteriormente, pedem que o produtor reduza o preço."

Uma série de alianças ajudou a reduzir o número de siderúrgicas com altos-fornos para três: Nippon Steel, JFE e Kobe Steel.

Mas o sistema de distribuição de aço é complexo, e estima-se que existam cerca de 1.400 revendedores autorizados em todo o país.

Apenas 24 fusões e aquisições ocorreram no ano passado entre empresas nacionais do setor de vendas e atacado de produtos de aço e metais não ferrosos, relata a Recof Data. Esse número se manteve estável nos últimos 20 anos, em comparação com o aumento geral de 20% na atividade de fusões e aquisições em todo o país, em relação ao ano anterior.

"Muitos atacadistas de aço possuem terrenos nos centros das cidades e, como têm renda com imóveis, podem não sentir a crise de se reestruturar ou fechar as portas, mesmo que seu principal negócio seja a baixa lucratividade", disse um pesquisador de um grande banco.

O número de distribuidores tem sido apontado como um problema há muito tempo. Em um discurso em um encontro da associação de distribuidores de aço em junho de 2024, o executivo-chefe (CEO) da Nippon Steel, Eiji Hashimoto, afirmou que "a reestruturação e a racionalização dos distribuidores são inevitáveis".

Com a redução do excesso de concorrência no lado da produção, o bastão da reforma foi passado para as empresas mais abaixo na cadeia do setor.

"Se os distribuidores não se tornarem mais oligopolistas, isso prejudicará o foco do setor na lucratividade", disse Atsushi Yamaguchi, analista sênior da SMBC Nikko Securities.

A indústria siderúrgica também enfrenta ameaças externas, incluindo as tarifas adicionais de 25% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações de produtos siderúrgicos e automóveis. O aço japonês não é apenas exportado como está, mas também processado internamente em automóveis e produtos industriais para exportação, permitindo que a indústria sinta o impacto de ambos os lados.

Yamaguchi estima que a produção anual de aço bruto do Japão, de 83 milhões de toneladas, inclui 34,4 milhões de toneladas destinadas à exportação direta e 20 milhões de toneladas destinadas à exportação indireta.

"Se as tarifas de Trump e o protecionismo global continuarem, no pior cenário, a demanda poderá cair em 4 milhões de toneladas por ano, incluindo exportações diretas e indiretas", disse ele. O número equivale à capacidade de produção de um grande alto-forno.

Os fabricantes já estão respondendo. A JFE anunciou em 2 de abril que suspenderia a produção de um alto-forno por volta de meados de maio. Alguns no setor acreditam que, se a crise econômica continuar, novos cortes de capacidade em larga escala poderão ocorrer. Mas, sem mudanças no setor de distribuição, o impacto sobre os preços do aço seria minimizado.
 

Impactos potenciais para o Brasil:

1. Concorrência internacional mais agressiva
Com o aço japonês ficando mais barato, ele pode se tornar mais competitivo no mercado internacional. Isso pode gerar pressão sobre os preços globais do aço, afetando países exportadores como o Brasil — especialmente se houver redirecionamento de excedente japonês para mercados latino-americanos.

2. Reflexos nos preços internos e nas exportações brasileiras
Se o preço do aço no mercado internacional cair, as siderúrgicas brasileiras podem enfrentar margens menores tanto nas exportações quanto no mercado interno, dependendo da exposição ao comércio exterior.

3. Reforço na tendência de consolidação global
O movimento de reestruturação e consolidação no Japão pode servir como sinal para outras regiões, inclusive a América Latina, de que é hora de repensar estratégias, fusões ou racionalizações, especialmente entre distribuidores.

4. Setores consumidores de aço no Brasil podem se beneficiar
Indústrias como a automobilística, construção civil e linha branca no Brasil poderiam se beneficiar caso o preço do aço no país siga a tendência de queda global. Isso pode ajudar a reduzir custos de produção.

5. Barreira comercial e protecionismo
Com a menção às tarifas impostas pelos EUA, há um alerta importante: a guerra comercial afeta a todos. Se o Japão redirecionar exportações para mercados onde o Brasil também atua, pode haver disputas comerciais mais intensas. O Brasil já enfrenta barreiras em alguns mercados e pode ter que adotar medidas antidumping se identificar concorrência desleal.

Fonte: Nikkei Report
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/04/2025

O setor siderúrgico brasileiro e a guerra comercial entre Estados Unidos e China

Conversamos com Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, sobre os impactos da guerra comercial entre Estados Unidos e China no setor siderúrgico brasileiro.

Já é possível traçar um cenário das consequências da guerra comercial entre Estados Unidos e China no setor siderúrgico dos dois países?

Não há como precisar, mas a direção é negativa para os dois países. A China, já há algum tempo, está com um forte nível de produção siderúrgica, mas como o seu consumo doméstico segue fraco, grande parte da sua produção de aço é exportada. O problema é que como em um mundo de tarifas se comercializa menos, o país pode ter mais dificuldades para exportar o seu aço, o que pode dificultar ainda mais a sua meta de crescimento anual, que é de 5% para este ano, além de levar a uma diminuição da demanda por minério de ferro, o que seria muito ruim para o Brasil.

Com relação aos Estados Unidos, como o país importa cerca de 1/4 do aço que consome, seria muito difícil mudar a sua cadeia de produção de forma tão rápida. Assim, as novas tarifas de 25% sobre o aço vão criar uma inflação de custos no setor. Além disso, como o spread metálico, que é a diferença do preço do aço para o seu custo, seja ele sucata ou minério de ferro, tende a ser comprimido, isso vai criar uma dificuldade a mais para o setor, que, de alguma forma, vai ter que se ajustar aos preços mais caros dos insumos, o que pode impactar os times de trabalho e os investimentos. As tarifas estão criando empecilhos para a indústria siderúrgica do país, que está sendo levada para um nível pior do que o atual.

O setor brasileiro de siderurgia e, aproveitando a sua menção, o setor de mineração já estão sentindo os impactos da guerra comercial entre os dois países?

Por mais que ainda seja cedo para fazermos uma avaliação, já que isso começou no dia 2 de abril com o Liberation Day, nós podemos classificar esse tema como um dificultador de negócios para a frente. Nesse clima de incerteza, quem tinha que comprar, segura, o que faz com que os preços venham para baixo. Como o principal player que compra da Vale é a China, uma China mais fraca, que compre menos, é um risco. Por mais que não haja nada de concreto, nós temos que ficar de olho, pois há uma luz amarela.

Com relação às siderúrgicas nacionais, nós temos um problema relacionado à origem do aço que está sendo consumido no país. Nós não temos um problema de demanda, já que o consumo aparente de aço cresce. Não a taxas muito grandes, mas cresce. O grande problema é a imensa quantidade de aço chinês. Como em 2023 e 2024 nós tivemos um crescimento muito grande nas importações de aço, sobretudo em aços planos, o governo chegou a criar cotas para 11 produtos de aço plano, mas que não foram efetivas, tanto que membros do setor reclamaram que elas não haviam salvaguardado a indústria nacional como deviam.

Isso também explica o motivo pelo qual, nesse primeiro momento, o governo adotou um tom conciliatório, optando por esperar para não criar uma questão diplomática, diferentemente do que havia acontecido com a China. Isso porque, depois de muito tempo, e com um volume de importação muito grande de aço em 2023, o governo estipulou cotas em 2024, o que gerou um desgaste institucional com o país. Para evitar um novo desgaste, principalmente depois dessa experiência que não deu certo, já que o aço chinês continuou chegando, praticamente, do mesmo jeito, o governo preferiu esperar.

Na minha avaliação, o Governo Federal tem a expectativa de que os Estados Unidos fiquem mais flexíveis e criem cotas, da mesma forma como aconteceu no passado, quando o país colocou em vigor a seção 232, mas depois acabou fazendo concessões.

O que um investidor, que possui ações de siderúrgicas brasileiras, deve fazer nesse momento?

A Usiminas e a CSN têm sofrido muito com o aumento da importação de aço chinês, sobretudo de aços planos. A Gerdau também sofre, mas se protege um pouco mais por dois motivos. O primeiro é que mais de 1/3 do seu resultado é produzido em plantas na América do Norte, que, em alguns trimestres, possuem um backlog superior a dois meses. O segundo é que a companhia possui uma exposição maior a aços longos, que são menos complexos em termos de produção que o aço plano. É por isso que o aço plano chinês é mais competitivo, pois ele chega aqui mais barato que o seu custo de produção. Como no aço longo os preços são mais próximos, não há tanto incentivo para a importação em termos de preço, o que faz com que a Gerdau sofra menos. A Gerdau também produz aços planos, mas, em termos proporcionais, menos que a Usiminas e a CSN.

Como já estávamos acompanhando uma desaceleração nos spreads, as tarifas reforçam uma cautela que eu já tinha com o setor há bastante tempo. Particularmente, eu prefiro ver os desdobramentos de fora.

Considerando a conversa que tivemos, você gostaria de acrescentar algum ponto à sua entrevista?

Nós temos que ficar de olho no relativo quanto ao aço e ao alumínio. Por enquanto, as tarifas de cada um são de 25%, mas pode ser que haja uma flexibilização no futuro. No momento, eu não vejo isso, mas se exceções forem feitas, isso pode se tornar um risco ou uma oportunidade a depender do relativo.

Fonte: Monitor Mercantil
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/04/2025