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Governo brasileiro, diplomatas e especialistas esperam que vitória de Milei acelere acordo Mercosul-UE

A vitória presidencial do ultraliberal Javier Milei na Argentina não prejudicará o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia e pode acelerar a conclusão das negociações antes de ele assumir o cargo em 10 de dezembro, disseram uma fonte do governo brasileiro, diplomatas e especialistas em comércio entre a noite de domingo e esta segunda-feira.

Com a vitória de Milei, espera-se que o radical diminua o tom das suas críticas de campanha ao bloco do mercado comum sul-americano e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não gerando perturbações no comércio do Mercosul, disseram.

"O acordo já está em uma velocidade que independe dessa política. E o Milei, por princípio, é a favor desse acordo, é a favor do livre comércio", disse uma fonte do governo que acompanha as negociações entre os dois blocos.

Os ataques de Milei levantaram dúvidas sobre o futuro do Mercosul e levaram os negociadores a intensificar esforços para superar as diferenças e a realizar reuniões semanais por videoconferência, na esperança de encerrar as negociações a tempo para um encontro do Mercosul em 7 de dezembro.

"Lula provavelmente estará ainda mais interessado em conseguir isso agora", disse um diplomata europeu com conhecimento das negociações.

Um tratado comercial foi acordado em 2019, após duas décadas de negociações, mas compromissos ambientais adicionais exigidos pela UE levaram o Brasil e a Argentina a procurar novas concessões que prolongaram as negociações.

O ex-secretário de Comércio Exterior brasileiro Welber Barral, em Buenos Aires para acompanhar a eleição presidencial, disse não ver Milei cumprindo suas ameaças de saída do bloco comercial formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

"A abertura dos mercados faz parte do discurso de Milei, então ele provavelmente apoiará o acordo com a UE, apesar das críticas ao Mercosul", disse ele em entrevista.

O pragmatismo prevalecerá em ambos os lados, disse Barral, uma vez que as relações comerciais são muito importantes. A Argentina é o maior mercado do Brasil para produtos manufaturados, principalmente automóveis e peças automotivas.

Lula, que foi rotulado de "comunista raivoso" por Milei durante a campanha, desejou sucesso ao novo governo do país vizinho e disse que o Brasil está pronto para "trabalhar junto com nossos irmãos argentinos", em declaração em que não citou nominalmente o presidente eleito.

ATRITOS

Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, espera que Milei continue atacando Lula ocasionalmente, mas que o experiente presidente do Brasil não deve responder para evitar qualquer escalada.

As relações provavelmente voltarão a ser o que eram entre o atual presidente peronista da Argentina, Alberto Fernández, e o ex-presidente de direita do Brasil, Jair Bolsonaro, que não se falavam, disse Stuenkel.

"Não houve ruptura formal e os burocratas continuaram a falar, os laços comerciais continuaram normalmente, mas não houve espaço político para novas iniciativas que exigiriam o apoio dos palácios presidenciais", disse ele.

Embora Milei seja pró-comércio, ele é um negacionista do clima e isso poderia ser um obstáculo para a ratificação na Europa do pacto comercial UE-Mercosul se ele se tornar um alvo de ambientalistas e protecionistas europeus, disse Stuenkel.

De qualquer modo, a vitória de Milei traz preocupação, disse a fonte do governo e duas outras autoridades do Ministério da Fazenda, que falaram sob condição de anonimato. Eles ponderaram que é necessário aguardar sinais concretos do presidente eleito para avaliar se haverá algum tipo de moderação.

"É natural que a realidade do governo se imponha ao discurso eleitoral, mas ainda não temos clareza de qual será a linha adotada", disse uma das fontes da equipe econômica.

"Se você quer partir para a dolarização, fica mais importante ainda você exportar mais, você precisa ter mais acesso a mercados", afirmou a outra autoridade, em referência ao plano de Milei de extinguir o Banco Central da Argentina e transformar o dólar norte-americano em moeda oficial do país.

Foi mencionada ainda preocupação com um possível fôlego que poderá ser dado a Milei e à direita na América Latina com a aproximação da campanha presidencial nos Estados Unidos de 2024, que promete novamente colocar em evidência o ex-presidente norte-americano Donald Trump, alinhado com visões ultraliberais.

Fonte: Reuters
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 21/11/2023

BTG vê “tempestade perfeita” nas siderúrgicas; BofA eleva minério de ferro

As siderúrgicas brasileiras estão vivendo uma ‘tempestade perfeita’: a demanda está fraca, os preços do aço estão em queda constante e o nível de rentabilidade está próximo do low histórico. 

Para piorar, o aumento expressivo das importações de aço (que subiram quase 60% ano contra ano) está adicionando ainda mais pressão no setor — que já fala em centenas de demissões e não para de bater na porta do Governo pedindo maiores tarifas de importações. 

“Em todos esses anos cobrindo o setor, não conseguimos lembrar de um trimestre tão depressivo para as siderúrgicas brasileiras como esse,” escreveu o BTG Pactual.

Os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner dizem que sua convicção para recomendar as ações do setor também está no low dos últimos anos — e que há melhores oportunidades em outros setores.

“A Gerdau é o nosso único ‘buy’ no setor, mas os downgrades contínuos dos lucros devem pressionar o desempenho das ações no curto prazo,” diz o relatório. 

O BTG tem um preço-alvo de R$ 24,5 para a Gerdau, um potencial de alta de apenas 5,6% em relação ao preço de tela. Já para a CSN e Usiminas, o banco tem recomendação ‘neutra’ e preço-alvo de R$ 14,86 e R$ 7,5, respectivamente. A CSN negocia hoje a R$ 16,08 e a Usiminas a R$ 7,88. 

Os analistas notam que as margens EBITDA das três empresas estão “inaceitavelmente baixas”.

“Mesmo a Gerdau, que é referência na indústria e de longe a que tem as maiores vantagens competitivas, reportou uma margem EBITDA da unidade brasileira de apenas 13% no terceiro trimestre,” escreveram os analistas. “Esses níveis só foram atingidos durante períodos de recessão (como o governo Dilma) e se comparam a margens históricas de 18-20% para o meio do ciclo.”

A situação da CSN e Usiminas está ainda pior, com a CSN reportando uma margem EBITDA de míseros 3,4%, e a Usiminas operando com margem negativa. 

O BTG disse que, dado esse cenário, entende porque as siderúrgicas brasileiras estão tão vocais sobre a necessidade de ajuda do governo em meio ao crescimento das “importações predatórias” no País. 

“Com as exportações do aço chinês batendo em 90 Mtpa em 2023 (2x o montante do ano passado), há um argumento razoável de que há um excesso no mercado,” diz o relatório. “Por exemplo, as importações de aço plano subiram 60% este ano no Brasil, colocando em risco centenas de empregos na indústria.”

Os analistas dizem ainda que já tem visto diversas economias adotando medidas protecionistas contra as importações do aço chinês, e que o imposto de importação do Brasil (de 10% a 12%) é muito inferior ao de países importantes. Nos EUA, por exemplo, esse imposto é de 25%. 

“Mas ainda que a gente entenda os argumentos, a gente não incorpora um imposto mais alto nos nossos modelos, já que acreditamos que outros lobbies terão mais poder de barganha com o Governo do que as siderúrgicas nesse momento.”

Enquanto a Gerdau sofreu hoje, caindo mais de 4%, a CSN e a Usiminas subiram 10% e 3%, se beneficiando de um upgrade do Bank of America para todo o setor de mineração, da Vale a CSN, passando pela Ternium e pela Usiminas.

O BofA acredita que o minério de ferro deve passar por mais um rali nos próximos meses, atingindo o patamar de US$ 150/tonelada no primeiro trimestre do ano que vem.

Isso deve acontecer porque as “usinas devem ser forçadas a comprar no mercado já que elas estão persistentemente com estoques baixos.”

Fonte: Brazil Journal
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 21/11/2023

Mercado reage e vê chantagem das siderúrgicas que demitem e suspendem produção de aço para impedir importação

O mercado do aço no Brasil está dando que falar.  Compreende-lo nos detalhes, não é para qualquer arco e flecha. Há muitos interesses em confronto e cada um deles mostra seus argumentos.  A pressão em cima do governo que está sendo feita pela AcelorMittal, que é a maior fabricante de aço do mundo. Mas esta pressão já  provocou uma reação no mercado nada positiva. As empresas que compram o aço enxergam uma espécie de chantagem das siderúrgicas. 

O Presidente da Arcellor, Jéferson de Paula, acredita que o momento é crítico e que há um risco real de muitas demissões. A Maior produtora de aço no Brasil, simplesmente vai parar de produzir e dar  férias coletivas a cerca de 400 funcionários da usina de Resende (RJ), suspendendo temporariamente as operações em diferentes unidades, com a execução de paradas técnicas, em meio ao aumento acelerado das importações de produtos siderúrgicos.

A Gerdau já demitiu 700 trabalhadores e reduziu a produção em diferentes unidades. De Paula indicou  que a  situação na indústria do aço afetaria o crescimento econômico do país. Ele acredita que o Brasil ficou completamente desprotegido quando as importações de aço, sobretudo da China, Rússia e Turquia, chegam mais [JEF] barato por aqui. A Arcelor defende que o governo deve elevar as alíquotas de importação para 50%. Os Estados Unidos, Europa e México  impuseram tarifa de 25% sobre as importações de aço para conter o avanço sobre a demanda interna. No México, a fatia chegou a 40%. No Brasil, a participação dos importados no consumo aparente, que era de 12%, saltou a 23% e chegou a 30% nos últimos meses

E aí é que mora o perigo. Há um outro lado nessa estória. São as empresas consumidoras que dependem do aço para sobreviver.  

Quase 15 grandes associações empresariais de diversos setores que dependem fundamentalmente do aço, estão comprando aço no exterior porque os preços impostos pelas grandes siderúrgicas no Brasil ficaram muito altos. Mesmo durante a pandemia, as [ALCMIN] siderúrgicas chegam a desligar alguns altos fornos pelo recuo da demanda, mas salgaram e muito os preços pelo aço. Na época, o ex-Ministro Paulo Guedes acreditava que o mercado iria se ajustar. E se ajustou, mas com os preços lá em cima, abrindo a possibilidades de se importar mais barato. Foram formados até consórcios de empresas para trazer o aço da Turquia por preços mais justos.

Com o fim da pandemia, as coisas foram voltando para o lugar em alguns setores. E agora reacende uma queda de braços entre siderúrgicas e o mercado. O governo já está careca de saber desta realidade. O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin(foto a esquerda), já está a par do assunto, assim como o ministro da fazenda, Fernando Haddad. Eles já receberam os sinais das siderúrgicas e como não aconteceu, a pressão agora vem pela ameaça de muitas demissões e fechamentos de unidades de fabricação. O próximo passo poderá ser o desligamento dos  altos fornos. As associações de empresas consumidoras de aço acreditam que  com o aumento da alíquota de importação,  as siderúrgicas ficarão com a faca e o queijo nas mãos. Reunidas eles já elaboraram uma nota, que foi entregue ao Ministro Alckmin. O Petronotícias teve acesso à esta nota e reproduz na íntegra, com a lista das associações de empresas, todas muito significativas, que assinaram o documento:

“ Cumprimentando o Senhor Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, as Entidades aqui representadas desta Coalizão, manifestam sua preocupação com as recentes notícias sobre a pretensão por parte do setor siderúrgico de obter a elevação das alíquotas de imposto de importação de produtos.

Entendemos que o governo tem a difícil tarefa de balancear as necessidades dos diversos produtores. No entanto, algumas preocupações fundamentais merecem consideração.

[ALTO FORNO] A elevação das tarifas de importação do aço pode resultar em aumento substancial nos custos de produção dos setores fabricantes, como i) máquinas e equipamentos; ii) estruturas de máquinas; iii) construção civil e mecânica; iv) aparelhos eletrodomésticos; v) autopeças; vi) eletrodomésticos; vii) infraestrutura e indústria de base; viii) materiais e equipamentos ferroviários e rodoviários; ix) fabricantes de ônibus; x) ferramentais e ferramentas; xi) tubos de aço, entre outros. Isso pode pressionar a inflação, tornar os bens menos competitivos no mercado nacional e global, prejudicando a atividade produtiva, exportação, geração de emprego, renda e tributos.

Por essa razão, tal medida poderá acarretar aumento de custo produtivo em um cenário de preços já elevados, afetando diretamente nossa competitividade. Ademais, esses impactos negativos serão sentidos na economia brasileira como um todo, com efeitos ao longo de cadeias produtivas diversas e estratégicas para o país, até chegar ao consumidor final.

Diante do exposto, as Entidades signatárias solicitam, com urgência, audiência com Vossa Excelência para externar os prováveis efeitos que [PRODUÇAO DE AÇO] poderão decorrer da efetivação dessas medidas.

Certos da especial atenção com que o Senhor tem nos distinguido, valemo-nos do ensejo para renovar as expressões do nosso apreço e consideração.

Abcem – Associação Brasileira da Construção Metálica

Abdib – Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base

Abemi – Associação Brasileira de Engenharia Industrial

[açosinox] Abfa – Associação Brasileira da Indústria de Ferramentas, Abrasivos e Usinagem

Abifer – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária

Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

Abinfer – Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais

Abipeças – Associação Brasileira da Indústria de Autopeças

Abitam – Associação Brasileira, da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal

CBIC – Câmara Brasileira da Industria da Construção

Eletros – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos

Fabus – Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus

Simecs – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região

Simefre – Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários

Sinafer – Sindicato da Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em Geral no Estado de São Paulo

Sinaval – Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval

 
Fonte: Petronotícias
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/11/2023

CSN apresenta à prefeitura novas ações para controle do pó preto em Volta Redonda

Diretores da área de Produção da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) apresentaram nesta sexta-feira (17) ao prefeito Antonio Francisco Neto, mais ações de manutenção e prevenção recentemente realizadas na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, com o objetivo de contribuir para a redução e controle da poluição na cidade. O encontro aconteceu na casa do chefe do Executivo Municipal.

Essas ações atendem a um pedido do prefeito, realizado em julho deste ano, que solicitou medidas emergenciais para reduzir a distribuição de poluentes na atmosfera e melhorar a situação do ar para a população.

“Em julho mesmo vistoriamos a usina e melhorias foram cobradas, hoje estamos recebendo informações de investimentos já realizados e de outros que estão em andamento. E vamos continuar cobrando para que a situação melhore ainda mais para a nossa população”, frisou o prefeito Neto.

Ações em Coquerias e Sinterizações

De acordo com o levantamento da empresa, ações foram realizadas em áreas fundamentais para controle de emissões, como Coquerias e Sinterizações, e dentre as principais está a troca de 640 placas coletoras das partículas lançadas pela produção da usina.

“Como exemplo, nas baterias de coque que receberam um reparo geral, houve uma diminuição de 35% nos níveis de emissão de particulados na atmosfera, o que representa um avanço significativo na redução da poluição e no cumprimento das regulamentações ambientais. Simultaneamente, ações nas Sinterizações mitigaram as emissões desse equipamento, enquanto aguardamos a conclusão da construção dos novos filtros, que está em andamento”, acrescentou Alexandre de Campos Lyra, que é diretor-executivo de Produção da CSN Siderurgia.

Os diretores apresentaram também as ações emergenciais cobradas pelo prefeito e que já foram implantadas para reduzir a emissão de poluentes. Na parte aérea da usina, destacam-se a instalação de 12 canhões de névoa d´água nas Sinterizações e Pátios de matérias primas; e aplicação de polímeros nas pilhas de matérias-primas, formando camada protetora para evitar que partículas sejam arrastadas pelo vento.

Para a limpeza do chão da usina, foram contratados três minicarregadeiras para ações de limpeza e raspagem de vias; e um caminhão varredor para atendimento em pontos estratégicos, além da inclusão de mais dois caminhões-pipas para maior abrangência de lavação e umectação de vias. A CSN ainda reforçou a equipe de manutenção das redes pluviais e vai ampliar a atuação das varredouras.

Mais investimentos pelo TAC

E a situação tende a melhorar mais com o cumprimento do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) estabelecido entre a CSN e o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) em 2018. A companhia tem até 2024 para aplicar todas as ações definitivas, sendo que algumas delas já foram antecipadas, como a reforma do setor de Sinterização.

As melhorias definidas pelo TAC estão em documento apresentado pela CSN à prefeitura, ainda em julho deste ano: “em 2021, a Companhia dispendeu um total de R$ 544,2 milhões entre custeio e investimentos em projetos e processos de adequação ambiental, montante 29% maior do que o destinado em 2020, quando foram investidos R$ 420,5 milhões. Até 2024, serão também investidos outros R$ 300 milhões especificamente na modernização dos equipamentos de controle e mitigação de impactos ambientais na Usina Presidente Vargas”.

Alexandre Lyra, que estava acompanhado de outros representantes da CSN – Julio Amaral (diretor de Metalurgia, Redutores e Aciaria) e Aldo Santana (gerente de Meio Ambiente) – agradeceu a recepção do prefeito e disse que a companhia seguirá realizando mais investimentos.

“Agradecemos pelo apoio contínuo e pelo compromisso com o bem-estar da nossa comunidade. Continuaremos trabalhando diligentemente para garantir que nossa operação seja cada vez mais sustentável e em conformidade com as normas ambientais vigentes”, disse Lyra.

O prefeito Neto agradeceu o diálogo mais uma vez reforçado pela direção da empresa junto ao governo municipal, e afirmou que seguirá buscando sempre soluções para que a vida da população de Volta Redonda continue a melhorar.

“Demos passos importantes na direção certa. Eram possíveis soluções a curto e médio prazos, e elas estão acontecendo. Agora é tentar agilizar ainda mais o que ainda precisa ser feito. A população não pode esperar. Agradeço pelas melhorias já feitas, e agora é continuar trabalhando”, ressaltou Neto.

Fonte: O Dia
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/11/2023

ArcelorMittal vai parar fábricas e dar férias coletivas

Maior produtora de aço no Brasil, a ArcelorMittal vai conceder férias coletivas a cerca de 400 funcionários da usina de Resende (RJ) e suspender temporariamente as operações em diferentes unidades, com a execução de paradas técnicas, em meio ao aumento acelerado das importações de produtos siderúrgicos.

Em entrevista ao Valor, o presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson De Paula, disse que o momento é crítico, que há risco iminente de demissões e que essa situação na indústria pode afetar o crescimento econômico. “O Brasil ficou completamente desprotegido quando há sobrecapacidade [no mercado global] de aço”, afirmou.

Frente ao ano passado, as importações de aço, que chegam sobretudo da China e outros países asiáticos, Rússia e Turquia, devem crescer 50%. A indústria brasileira já pediu ao governo federal a adoção de alíquota de importação de 25%, em caráter emergencial. A percepção é que o governo está sensível ao tema, mas uma medida nesse sentido não foi anunciada até agora.

Representantes do setor já se reuniram duas vezes com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, e, há três semanas, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar sobre o assunto.

Estados Unidos, Europa e México já impuseram tarifa de 25% sobre as importações de aço, para conter seu avanço sobre a demanda interna - no México, a fatia chegou a 40%. No Brasil, a participação dos importados no consumo aparente, que era de 12%, saltou a 23% e chegou a 30% nos últimos meses. O setor espera novo avanço se não houver alguma medida de proteção.

Diante da piora das condições de mercado, a Gerdau já demitiu 700 trabalhadores e reduziu a produção em diferentes unidades. Na ArcelorMittal, afirmou De Paula, a produção no quarto trimestre ficará 30% abaixo da capacidade e, no ano, 1,3 milhão de toneladas deixarão de ser produzidas pela multinacional. Em Resende, dos cerca de 400 trabalhadores afetados pela paralisação de 45 dias, 320 farão compensação de banco de horas e 87 serão colocados em férias coletivas, entre novembro e dezembro.

“Estamos muito preocupados porque o ritmo de importação está aumentando. Acredito no livre comércio, mas não da forma como está acontecendo. A concorrência não é leal”, afirmou De Paula. Segundo o executivo, mantido o cenário atual, o plano de investimento de US$ 2,4 bilhões ao ano anunciado pelo setor, entre 2023 e 2027, está em risco.

Dentro das usinas brasileiras, avalia, há condições de competitividade. Na ArcelorMittal, que trabalha com indicadores mensais de performance e custos internos, a operação brasileira aparece como a melhor em 75% deles, à frente de Europa e dos Estados Unidos. “Então, eu diria que a siderurgia brasileira é competitiva”.

Para a economista Lia Valls Pereira, pesquisadora da área de Economia Aplicada da FGV/IBRE e professora da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ, em termos de política comercial, se a indústria se sente ameaçada e a ameaça é real, o governo poderia conceder algum tipo de proteção, mas de caráter temporário.

“A proteção não vai resolver questões de competitividade. Se há uma mudança estrutural, poderia haver medida permanente, mas é um custo para a sociedade proteger um setor que é menos competitivo que o de outros países”, ponderou, acrescentando que essa é uma questão de política de governo.

Lia lembra que, há anos, o governo americano vem protegendo a indústria siderúrgica local, que executou investimentos elevados nas décadas de 70 e de 80 e, já há algum tempo, enfrenta novos competidores. “Setores que usam o aço não vão gostar da proteção. A solução final é sempre a de equilíbrio, de interesse de todos. Mas sabemos que não é fácil alcançar isso”, afirmou.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 17/11/2023

Exportações de sucata ferrosa superam 80 mil toneladas em outubro

As exportações de sucatas ferrosas, insumo usado na fabricação de aço, somaram 80.443 toneladas em outubro, queda de 18,2% em relação ao mês de setembro, com 98.325 toneladas, segundo maior volume desde que os dados começaram a ser apurados. No comparativo com outubro ano passado (21.882 toneladas), verifica-se uma alta expressiva de 267,6%.

De janeiro a outubro deste ano, as vendas externas totalizaram 655.262 toneladas, aumento de 99,3% em comparação ao mesmo período de 2022 (328.719 toneladas). Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior  (Secex).

O cenário pouco mudou nos últimos meses, com baixa demanda de sucata ferrosa por parte das usinas siderúrgicas, que também sofrem com a queda nas vendas de aço, segundo Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), órgão de classe que representa mais de 5,5 mil empresas recicladoras que praticam a economia circular, reinserindo insumos no ciclo da reciclagem para transformação.

“A economia tem reagido lentamente e há um baixo consumo por aço da indústria automobilística e da construção civil (potenciais consumidores) – mesmo com a reação do Produto Interno Bruto – PIB, puxada principalmente pelo setor de serviços”, diz Alvarenga. Além disso, a entrada do aço chinês no Brasil, com incentivos de ICMS, está prejudicando a reciclagem.

Os participantes do mercado brasileiro de sucata constatam um início de novembro fraco, com demanda limitada e preços congelados, além de maior pressão por mais redução dos preços no fim do ano. “Duas usinas do interior de São Paulo e do Rio de Janeiro já apresentaram cronogramas de paralisações para fins de manutenção até dezembro”, mostra a S&P.

Fonte: IPESI
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 14/11/2023