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Gigantes dos EUA pedem tarifas antidumping sobre aço plano brasileiro

Algumas das principais produtoras de aço dos Estados Unidos entraram com uma petição nesta quinta-feira (5) junto ao Departamento de Comércio e à Comissão de Comércio Internacional do país para aplicar tarifas antidumping sobre as importações de aço laminado plano resistente à corrosão de dez países, incluindo o Brasil.

As empresas alegam que o aumento das importações desse tipo prejudicou a produção, os preços e os lucros do setor siderúrgico dos EUA. Também são alvos da ação a Austrália, o Canadá e o México.

Estão representadas na petição a Steel Dynamics, Nucor, US Steel, Wheeling-Nippon Steel e o sindicato dos trabalhadores do setor. Os órgãos responsáveis ainda precisam acatar a ação, e o processo pode levar mais de um ano para ser concluído.

"Entre o primeiro semestre de 2023 e o primeiro semestre de 2024, as importações de aço resistente à corrosão dos dez países cresceram de menos de 1,25 milhão de toneladas para quase 2 milhões de toneladas, um aumento significativo de 57%", disse em nota o diretor de operações da Steel Dynamics, Barry T. Schneider.

Procurados, o Instituto Aço Brasil (associação das siderúrgicas do país) e o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) não se manifestaram até a publicação deste texto.

"As tarifas podem afetar todos os exportadores brasileiros, porque atingiriam uma das principais categorias de aço exportado pelo país", disse Welber Barral, sócio do escritório Barral Parente Pinheiro Advogados e ex-secretário de Comércio Exterior.

Segundo dados do MDIC, das 2,5 milhões de toneladas de aço exportadas pelo Brasil entre janeiro e março deste ano, 269 mil (cerca de 10%) foram de produtos planos. Os EUA são o principal destino das exportações do produto.

A Steel Dynamics diz que a demanda de mercado anual dos EUA para esses produtos é de mais de 20 milhões de toneladas.

O Departamento de Comércio dos EUA vai determinar se dará início às investigações solicitadas em até 20 dias. A Comissão de Comércio Internacional tem um prazo de 45 dias para dar um parecer sobre a petição. O processo deve ser concluído até outubro de 2025.

Em janeiro, o governo brasileiro anunciou que os EUA revogaram o direito antidumping aplicado desde 1992 às importações brasileiras de tubos de aço com a cobrança de uma sobretaxa de 103,4%.

A medida foi tomada partir da conclusão, defendida pelo governo brasileiro, de que a extinção da medida não implicaria dano à industria norte-americana.

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/09/2024

 

Minas Gerais atraiu 29% dos projetos da China no Brasil em 2023

Em 2023, as empresas chinesas investiram US$ 1,73 bilhão no Brasil, em 29 projetos diferentes, conforme relatório anual do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Minas Gerais absorveu 29% deles, o segundo maior percentual entre as unidades federativas, atrás somente de São Paulo, com 39%. No total, foram nove empreendimentos atraídos pelo Estado nos setores de eletricidade, fabricação de aparelhos elétricos e fabricação de máquinas e equipamentos. 

Em relação a 2022, a participação mineira entre os projetos confirmados no País cresceu oito pontos percentuais (p.p.). Conforme o diretor de Conteúdo da instituição bilateral e autor do estudo, Tulio Cariello, no estoque de investimentos, relativo ao período de 2007 até o ano passado, Minas também se destacou, ficando na segunda posição, atrás dos paulistas. 

“É um Estado que tem atraído muitos investimentos principalmente na área de energia elétrica, que tem sido o setor-chave”, enfatiza “Mas temos também bastantes investimentos na indústria manufatureira, em fábricas de produtos eletroeletrônicos, de máquinas e equipamentos, áreas que foram bem atrativas nos últimos anos”, pondera, citando ainda a mineração e o agronegócio.

Segundo Cariello, os aportes dos chineses em Minas Gerais no ano passado contemplaram tanto novos empreendimentos quanto melhorias operacionais. Ele menciona projetos de três companhias como emblemáticos: da XCMG, fabricante de maquinário pesado, da China Three Gorges (CTG), geradora e comercializadora de energia, e da State Grid, também do ramo elétrico.

Estado tem oportunidades à vista 

O estudo da CEBC aponta que a intensificação dos investimentos da China em “novas infraestruturas” no exterior abre uma janela de oportunidade para o País, especialmente em áreas ligadas a projetos de transição energética. “Desde 2010, o Brasil tem sido destino de projetos chineses ligados à sustentabilidade, incluindo iniciativas em hidrelétricas, energias solar e eólica, baterias elétricas, painéis fotovoltaicos e carros eletrificados”, sublinha o documento.

Para o diretor do conselho, Minas Gerais é forte neste setor e terá oportunidades no futuro. Ele ressalta que os dados mostram esse potencial ao indicar que o Estado já atraiu diversos aportes em áreas consideradas prioritárias pelos chineses, por exemplo, em energia limpa, na qual ocupa lugar de destaque. Cabe reiterar, neste caso, que a China é a maior investidora em energias renováveis em escala global, o que abre espaço para novas possibilidades de investimentos.

De acordo com Cariello, o Estado também tem vários aportes consolidados no segmento de manufatura de alto padrão, que demanda um nível elevado de tecnologia, outra área que os chineses estão focados. Ele diz que, se considerarmos que a política doméstica reflete na política externa, e que a China, em 2023, foi o terceiro país que mais investiu no mundo, Minas Gerais está em um círculo virtuoso de atração de investimentos, assim como outras unidades federativas.

“São iniciativas que, muitas vezes, são do próprio Estado e de municípios que têm tentado atrair investimentos. A Bahia é um exemplo. Não é à toa que a BYD, sem dúvida o grande destaque dessa última pesquisa, foi fazer um investimento em Camaçari, que é uma cidade como Pouso Alegre, que também tem investimentos interessantes sendo realizados”, pontua.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 05/09/2024

 

Brasil pode liderar mercado de aço verde, aponta estudo

Com o cenário econômico brasileiro apresentando sinais de aquecimento, como crescimento salarial e baixa taxa de desemprego, setores específicos têm se destacado positivamente no mercado.

Na participação do BM&C News, a economista Ariane Benedito destacou que setores como varejo, educação e construção civil estão entre os mais beneficiados, apesar das adversidades econômicas.

De acordo com Ariane, a última leitura dos balanços das empresas já refletiu esse impacto positivo, especialmente no consumo essencial e no varejo. “O resultado das empresas nada mais é do que o efeito do PIB, que vem para consolidar todos os dados de atividade econômica”, afirmou. No entanto, ela alerta que o cenário de juros elevados e inflação ainda gera certa cautela entre os investidores, o que freia o otimismo de forma geral.

Mesmo assim, o setor de varejo, por exemplo, tem visto um movimento positivo. “Estamos observando um otimismo no mercado em relação ao varejo, o que indica uma mudança na estratégia das empresas para se adequar ao cenário de preços elevados”, explicou Benedito. O setor de educação também mostrou resiliência, mesmo com o impacto dos aumentos de preços, e a construção civil, por sua vez, experimenta uma valorização devido às expectativas de resultados favoráveis.

Os bancos também têm se beneficiado deste ambiente, principalmente pela melhora no crédito e na inadimplência, fatores que têm sido essenciais para equilibrar os impactos negativos sentidos por setores como o de commodities.

No entanto, a economista finaliza com uma ressalva: “Embora haja setores favorecidos, ainda existe uma preocupação com a continuidade da inflação e dos juros elevados, o que pode limitar o crescimento esperado.” A perspectiva é de que, enquanto a economia brasileira continuar aquecida, esses setores seguirão em destaque, mesmo com o “freio” das expectativas econômicas. 

Fonte: BM&C News
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 04/09/2024

Siderurgia acompanha ‘com lupa’ importações e não descarta pleitos para cotas adicionais

O setor de siderurgia acompanha “com lupa” o andamento das importações de aço no Brasil. Neste sentido, o Instituto Aço Brasil (IABr) estima que as medidas implementadas a partir de 1º de junho pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) — aumentando a tarifa externa de 11 produtos — podem levar a uma redução de até 27% nas compras dos insumos siderúrgicos em que foi instituída a cota de volume de importação anual.

O MDIC adotou cotas de importação em 11 Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs), sendo nove delas pleiteadas pelo IABr. Entre esses produtos, estão oito tipos de laminados planos, dois tipos de tubos utilizados em oleodutos e gasodutos e um tipo de fio-máquina.

Para o IABr, olhando apenas as nove NCMs cuja adoção da cota foi defendida pela instituição, a redução anual de importação pode chegar a 27% do volume. A cota estipulada pelo Ministério estabelece um teto de 1,6 milhão de toneladas nesses produtos, que pagariam a tarifa média de 10,8% para entrar no Brasil. Acima desse volume, a tarifa sobe para 25%.

“As nove NCMs que estamos tratando aqui foram responsáveis pela importação de 2,4 milhões de toneladas [em 2023]”, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente do IABr, lembrando que o pleito do instituto era para o estabelecimento de cotas para 28 NCMs. Ele afirma que o instituto montou uma “sala de guerra” para acompanhar o comportamento das importações, que, no ano passado, chegaram a cinco milhões de toneladas.

Para ele, a cota foi implementada em um “nível generoso”, uma vez que o cálculo teve como base a média das importações de 2020, 2021 e 2022 — o que o IABr considerava “razoável” —, mas houve o acréscimo de 30% em cima dessa média. “Achamos que ficou muito acima do que era esperado”.

Pleito antigo do setor siderúrgico

A adoção das cotas atendeu a um pleito antigo do setor siderúrgico, que viu o mercado brasileiro ser inundado por aço importado. Nas contas do IABr, as cinco milhões de toneladas importadas em 2023 corresponderam a 16% da produção do país e a 26% das vendas.

Entre 2022 e 2023, a produção de aço bruto nacional caiu de 34 milhões de toneladas para pouco menos de 32 milhões de toneladas, enquanto o faturamento recuou, segundo Lopes, de R$ 209 bilhões para R$ 173 bilhões. Ele lembra, ainda, que o montante pago em impostos pelo setor passou de R$ 35 bilhões para R$ 28 bilhões no período.

Exemplos de EUA, Reino Unido, México e UE

Lopes ressalta que a medida tomada pelo MDIC seguiu o exemplo do que outros países fizeram nos últimos anos, como Estados Unidos, Reino Unido, México e União Europeia, que também impuseram cotas com relação ao aço importado.

Mas o executivo, que também é coordenador da Coalizão Indústria, que reúne 14 entidades de classe de nível nacional, ressalta que não estão descartados pleitos adicionais, caso as cotas estabelecidas pelo ministério não limitem o crescimento das importações.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/09/2024

Construção deve receber investimentos de R$ 696 bilhões até 2026

O setor da construção segue em plena recuperação, registra crescimento contínuo e deve receber investimentos de R$ 696 bilhões até 2026. A avaliação é da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que apresentou estudo sobre o setor nesta terça-feira (3/9) durante o lançamento do Rio Construção Summit 2025, na Casa Firjan, no Rio de Janeiro. Segundo os dados, o setor alcançou no último ano um PIB de R$ 342,4 bilhões e já representa 3% do produto interno bruto nacional e 13,5% do PIB industrial.

O crescimento do setor gerou 3,42 milhões de postos de trabalho, sendo a construção civil seu principal segmento, empregando um número de trabalhadores cerca de seis vezes maior que o da construção pesada: 2,92 milhões contra 492 mil.

O aumento no número de empresas ativas no Brasil é outro indicador de crescimento. São quase 65 mil, com destaque para as micro e pequenas. Entre 2017 e 2022, a criação de 9.948 novas micro e pequenas empresas foi um fator crucial para esse impulsionamento.

Dos R$ 696,3 bilhões de investimentos previstos, R$ 345,4 bilhões serão disponibilizados para novas moradias do Minha Casa, Minha Vida. A Firjan entende que há um grande potencial para que o setor impulsione ainda mais a geração de emprego e dinamize outras áreas, promovendo o desenvolvimento econômico do país.

“Nosso setor é alavancador de emprego e renda. Um dado importante é que movimentamos quase 70 setores da economia. Investir em infra, é gerar emprego na veia. O Rio Construção Summit será a oportunidade de discutir a agenda de modernização da infraestrutura, que se apoia em maior segurança jurídica, previsibilidade regulatória, projetos bem-feitos e financiamento”, afirmou Cláudio Medeiros, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura.

Luiz Césio Caetano, presidente eleito da Firjan, lembrou que o Summit surgiu a partir do projeto Rio Construção, iniciativa da instituição lançada em 2022. O lançamento do evento reuniu executivos de grandes empresas, empresários do setor e autoridades.

“Estamos falando do maior evento de Construção do país. Totalmente imersivo, focado em promover trocas, rodadas de negócios e networking. E que coloca o Rio de Janeiro no protagonismo das discussões em torno da inovação na indústria da construção e no mercado imobiliário. A expectativa é alta”, afirma Cláudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio.

O Rio Construção Summit será realizado de 24 a 26 de setembro de 2025 e vai promover debates sobre tendências, produtividade, déficit habitacional e infraestrutura.

Fonte: Metrópoles
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 04/09/2024

 

Brasil pode liderar mercado de aço verde, aponta estudo

A oferta de eletricidade renovável e reservas de minério de ferro de alta qualidade posicionam o Brasil como um possível líder global no mercado de ferro e aço verde. Essa análise consta de novo relatório do Global Energy Monitor (GEM), que está disponível para download. Para chegar a esse ponto o Brasil precisa deixar pra trás diversos obstáculos, pois atualmente três quartos da siderurgia do país depende atualmente da capacidade baseada em carvão.

O Fórum Econômico Mundial estima que as emissões da indústria siderúrgica brasileira poderiam aumentar quase um terço até 2050 sem movimentos proativos para impulsionar a demanda e a oferta de ferro e aço verdes. Segundo o relatório da GEM, o país poderia aproveitar seus pontos fortes para embarcar em uma reforma de baixas emissões.

Apesar desse cenário, os recursos de minério de ferro e eletricidade renovável do país oferecem o modelo para descarbonizar a indústria siderúrgica, isso por meio do hidrogênio verde. Contudo, o relatório aponta que o governo deve promulgar políticas ousadas e envolver a cooperação internacional para atingir essa liderança.

O relatório destaca que a produção de H2 Verde demanda grandes quantidades de energia renovável, um setor onde o Brasil já estabeleceu liderança global. De acordo com dados do Global Integrated Power Tracker da GEM, o país ocupa o segundo lugar em operação de energia hidrelétrica e capacidade de bioenergia, sétimo lugar mundial em operação de capacidade eólica em grande escala e nono em operação de capacidade solar em grande escala.

O cenário com essa disponibilidade de recursos favorece, segundo o estudo, que o país desenvolva uma indústria de exportação de ferro verde de valor agregado ao reduzir as emissões de seu setor siderúrgico, apesar da dependência de carvão e gás no setor industrial, juntamente com a influência de lobistas de combustíveis fósseis. Muitos dos métodos tradicionais de descarbonização do setor enfrentem restrições.

As perspectivas para a energia eólica e solar são classificadas como impressionantes. Os dados da GEM mostram que o Brasil tem 180 GW de parques eólicos em grande escala em status anunciado, pré-construção ou construção, colocando o país no terceiro lugar global atrás da China e da Austrália. Os 139 GW de potenciais parques solares em grande escala no Brasil ocupam o segundo lugar em nível mundial, atrás apenas da China.

Na análise da GEM, o Brasil iniciou uma série de ações para expandir a capacidade de hidrogênio verde que poderia impulsionar a produção de ferro reduzido direto (DRI) com menores emissões. O país lançou um programa nacional de hidrogênio em 2021 e, em agosto de 2024, foi a vez da sanção da lei que estabeleceu o marco do H2 verde.

Nesse sentido, diz, o MME estima que o Brasil pode produzir 1,8 gigatoneladas de hidrogênio de baixo carbono anualmente a um custo menor do que qualquer outra nação. O Nordeste é uma região especialmente fértil para o insumo, dado o excepcional potencial eólico e solar.

Além disso, ressalta que o país possui alguns dos minérios de ferro de mais alta qualidade no mundo, com teores variando de 60% a 67%. Segundo o estudo, o minério de alta qualidade é importante para o método de produção de DRI baseado em hidrogênio verde de baixas emissões.

Mas, segundo os cientistas, aproveitar esse vasto potencial pode apresentar o caminho mais promissor do Brasil para a descarbonização do aço, à medida que abordagens mais tradicionais enfrentam limitações. Investimentos recentes nos maiores e mais intensivos fornos a carvão do Brasil provavelmente atrasarão sua desativação, segundo a análise, enquanto o fornecimento limitado e volátil de sucata apresenta um impedimento para o desenvolvimento de fornos a arco elétrico (EAF) de baixas emissões.

Embora várias usinas siderúrgicas brasileiras menores tenham adotado o biocarvão como substituto do carvão em altos-fornos, resultando potencialmente em redução das emissões de gases de efeito estufa, a quantidade de carvão que pode ser substituída é limitada e a substituição parcial do carvão ainda é, em última análise, igual à dependência por esse combustível.

Fonte: Canal Energia
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 03/09/2024