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Brasil e EUA terão mais um contato às vésperas do tarifaço de Trump

O principal negociador comercial de Donald Trump, Jamieson Greer, o chefe do USTR (US Trade Representative), planeja uma conversa telefônica com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, nesta segunda-feira, às vèsperas de novo choque tarifário prometido pela Casa Branca sobre produtos do mundo inteiro.

Fonte em Washington lembra que Greer vem conversando com alguns representantes de países que serão visados pela dita reciprocidade tarifária, como já aconteceu com o vice-primeiro ministro chinês He Lifeng, na semana passada.

Para o USTR, o governo Trump ‘está estabelecendo uma política comercial robusta e revigorada que promove o investimento e a produtividade nacionais, aprimora as vantagens industriais e tecnológicas dos EUA, defende nossa segurança econômica e nacional e beneficia os trabalhadores e as empresas americanas’.

Esta será a segunda conversa entre Vieira e Greer, e ocorre também no rastro de visita de missão brasileira a Washington, na semana passada, em contatos na Casa Branca, USTR, Departamento do Comércio, Departamento do Tesouro, Congresso americano e Camara do Comércio.

A conversa nesta segunda-feira tem seu peso, às vèsperas do novo tarifaço de Trump. Mas não se pode esperar nada decisivo, até porque só mesmo Trump vai decidir como será o dito ‘dia da liberação’ de exigência de reciprocidade tarifária.

Os brasileiros sabem como o jogo está funcionando em Washington, com ansiedade que é dos aliados mas também dos próprios assessores trumpianos.

No caso do Brasil, Trump implicou com a tarifa de importação de etanol pelo Brasil e ninguém na capital americana tem força para fazer ele mudar de ideia. A alíquota brasileira é de 18%, enquanto a americana sobre o etanol estrangeiro é de 2,5%.

Não só o Brasil, mas todos os países estão com a mesma dificuldade em relação ao que virá precisamente da Casa Branca na quarta-feira. A avaliação em geral é de que a reciprocidade pode se tornar uma carnificina na exportação de muitos países.

Nesse cenário, o Itamaraty assim como o MDIC continuam trabalhando sobre o tarifaço da reciprocidade, preparando o terreno porque o mundo não vai acabar na quarta-feira, 2 de abril. E continuará tentando restabelecer cotas para aço brasileiro nos EUA.

Sem surpresa, Donald Trump diz tudo e o contrário. Ele já afirmou que consideraria negociar as tarifas "apenas se as pessoas estiverem dispostas a dar algo de grande valor" aos EUA.

Depois, sugeriu que as tarifas recíprocas previstas para 2 de abril não irão tão longe quanto ele ameaçou originalmente. “Talvez eu dê vantagens a muitos países”, disse Trump. “Talvez sejamos ainda mais gentis do que isso.” Mais tarde, ele reiterou esse possível alívio, prevendo que as pessoas ficarão “agradavelmente surpresas” com as tarifas “um tanto conservadoras”, pelas quais ele visa substituição de importações.

O economista Peter Navarro, conhecido pelo anti-comércio e altamente favorável a tarifas, tem o ouvido de Trump. E defende os tarifaços, apesar do impacto economico no curto prazo. Para ele, trata-se de momento histórico envolvendo também instrumento fiscal.

Em entrevista à Tv Fox News, Navarro disse que o governo vai arrecadar mais de US$ 100 bilhões somente com as tarifas de 25% nas importações de automóveis e autopeças, anunciadas há alguns dias – e virá muito mais.

‘O que vamos esperar na próxima semana (será) para pagar o corte de impostos, que será o maior corte de impostos da história americana’, disse ele. ‘Serão milhares e milhares de dólares para as famílias de classe média. Ficaremos melhor porque teremos uma base forte de fabricantes para nos defender. Teremos salários mais altos, teremos milhões de empregos a mais e a vida será boa’.

A realidade poderá se bem diferente, como suspeita o mercado. O nacionalismo trumpiano pode causar nova recessão, retaliações, queda do crescimento global, em que todos pagarão.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 31/03/2025

Brasil vai recorrer à OMC contra tarifas dos EUA sobre aço e alumínio

O Brasil irá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtores brasileiros, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao encerrar sua viagem ao Japão.

Lula foi questionado sobre as tarifas norte-americanas por jornalistas japoneses no momento em que o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a imposição de uma taxa de 25% para todos os automóveis fabricados fora dos Estados Unidos, incluindo o Japão. Já o Brasil teve as exportações de aço e alumínio taxadas também em 25% desde o dia 12 de março, e a expectativa é que novas medidas possam vir.

"Nós temos duas decisões a tomar: uma é recorrer na Organização Mundial do Comércio (OMC), que nós vamos recorrer. E a outra é a gente sobretaxar os produtos americanos que nós importamos. É colocar em prática a lei da reciprocidade", disse Lula na noite de quarta-feira — manhã de quinta em Tóquio — em entrevista. "Não dá pra gente ficar quieto, achando que só eles têm razão e que só eles podem taxar os outros produtos."

A ideia de recorrer à OMC já havia sido admitida pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, que lidera as negociações sobre o aço com os norte-americanos, mas não havia ainda uma decisão tomada. Essa é a primeira vez que Lula confirma a intenção de recorrer.

A apelação a OMC pode ter dois resultados, normalmente: o país alvo da ação revisar suas medidas, ou se as mantiver, a organização autorizar o país que entrou com a ação a retaliar, o que o Brasil já admite fazer.

A intenção, por enquanto, é tentar manter a negociação entre os dois países para tentar retomar a política de cotas de exportação usada até este ano, mas até agora não houve avanços, e a preocupação do governo brasileiro é que outras tarifas possam vir. Há o temor de que, no anúncio de novas tarifas previsto para o próximo dia 2, mais produtos entrem nessa lista, ou que todas as exportações brasileiras passem a ser taxadas, o que já foi aventado pela Casa Branca.

Na entrevista, Lula criticou as medidas norte-americanas, apontou que podem provocar inflação no mercado dos Estados Unidos e que prejudicam o comércio mundial.

"Eu acho que o presidente Trump, como o presidente dos Estados Unidos, tem o direito de tomar decisões. O que ele precisa é medir as consequências dessas decisões. Qual será o efeito dessa decisão? Eu, sinceramente, acho que vai ser prejudicial aos Estados Unidos. Isso vai elevar o preço das coisas e pode levar a uma inflação que ele ainda não está percebendo", disse.

Durante a viagem ao Japão, Lula focou na abertura de novos mercados, com diálogo para retomar as negociações de uma acordo de comércio entre o país e o Mercosul, e também na defesa do multilateralismo e do livre comércio — ambos tema de uma declaração conjunta dos dois países. Destacou, inclusive, que esse será o tema central da reunião do Brics que o Brasil sedia em julho.

Na entrevista, ressaltou os problemas que vê no protecionismo atual.

"Eu acho muito ruim essa taxação, porque ao invés de a gente facilitar o comércio no mundo, a gente está dificultando o comércio no mundo. E esse protecionismo não ajuda nenhum país do mundo. Não ajuda. Vamos ver as consequências disso", afirmou.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/03/2025

 

7 formas como a inteligência artificial pode ser usada para revolucionar a mobilidade

2024 foi o ano em que as soluções de inteligência artificial (IA) se popularizaram entre o grande público e as empresas passaram a integrar essa tecnologia em setores como saúde, educação, finanças e automação. Na mobilidade, não foi diferente: a IA deixou de ser um conceito e passou a ser aplicada como ferramenta efetiva no dia a dia. Pelo menos em alguns lugares.

A empresa de pesquisa e consultoria Gartner prevê que, até 2026, mais de 70% das agências governamentais utilizarão IA para apoiar a tomada de decisões humanas.

É um avanço natural se levarmos em conta que a transformação das cidades tradicionais em smart cities passa necessariamente pela automação de processos e pela unificação de sistemas que antes estavam isolados. Não há como processar tantos dados em tempo real sem a ajuda de inteligência artificial.

Na lista a seguir, vamos conferir como a inteligência artificial pode ser usada (e já está sendo!) na mobilidade.

1) Automação de processos burocráticos

O condado de Palm Beach, na Flórida (EUA), passou a usar em 2017 um software de automação de documentos que utiliza algoritmos de aprendizado profundo e técnicas de aprendizado de máquina para automatizar tarefas.

Ele é capaz de executar tarefas como classificação de documentos, extração e inserção de dados. Desde sua adoção, o condado economiza aproximadamente US$ 1,9 milhão por ano ao automatizar os registros eletrônicos de documentos, acelerando o processamento, aprimorando a precisão e aumentando a eficiência judicial.

Um software de automação de documentos como esse pode ser adaptado para o setor de mobilidade, especialmente em áreas como gestão de registros de veículos, licenciamento, multas e até mesmo na automação de processos relacionados a planejamento urbano e transporte público.

2) Gerenciamento de tráfego

Ferramentas de gerenciamento de tráfego baseadas em IA já existem. A cidade de Singapura, por exemplo, observou uma redução de 20% em seus congestionamentos e um aumento de 15% na velocidade média dos veículos nos horários de pico ao implementar uma solução de gerenciamento desse tipo.

A situação por lá estava crítica: entre 2017 e 2022, o número médio de viagens diárias saltou de 9 milhões para 16 milhões, e esse valor deve chegar a 20 milhões até 2030.

Como atender essa demanda sem construir mais estradas? O jeito foi recorrer à IA, o que economizou meio bilhão de dólares aos cofres públicos.

Em 2023, mais de 80% dos cruzamentos de tráfego de Singapura (cerca de 1.500) já eram gerenciados por sistemas de IA, tornando a cidade um dos ambientes urbanos mais integrados com IA no mundo. Até 2030, Singapura planeja expandir ainda mais o papel da IA na gestão urbana, incorporando-a em outras áreas críticas, como gestão de resíduos, eficiência energética e além.

Outro bom exemplo está em Melbourne, na Austrália: a empresa Acusensus criou uma tecnologia que analisa o comportamento de um motorista dentro do veículo, sendo capaz de detectar comportamentos arriscados ao volante, como o uso do celular. Essas informações são repassadas às autoridades.

Nos primeiros dois anos de uso, a partir de 2019, a cidade observou uma redução de 22% em fatalidades nos acidentes de trânsito e de 80% no uso de celular ao volante.

3) Gerenciamento do transporte público

Por falar em Singapura, por lá eles também utilizam IA para melhorar o transporte público. Desde 2020, a cidade usa um sistema que otimiza os horários dos trens e ônibus com IA, de modo que eles circulem quando e onde são mais necessários.

Resultado: o número de passageiros no transporte público aumentou em 25% e os tempos de espera em pontos de ônibus e estações de trem caíram 15%. Essas melhorias podem parecer pequenas, mas quando se considera os milhões de passageiros diários em Cingapura, o impacto é enorme.

A medida também levou a uma redução de 10% no consumo de combustível dos ônibus públicos, o que tornou o sistema mais sustentável.

Outro bom exemplo ocorre na Alemanha: ?a Deutsche Bahn, empresa ferroviária nacional do país, implementou a inteligência artificial em diversas áreas operacionais. Todos os trens, estações e trilhos são equipados com sensores que monitoram parâmetros críticos, como temperatura, vibração e pressão.

Esses dados são analisados por algoritmos de aprendizado de máquina para identificar padrões e anomalias, permitindo a previsão de possíveis falhas antes que ocorram.

Ao analisar o barulho do trem, por exemplo, é possível prever se as rodas precisam ser trocadas. Já a verificação automática de irregularidades nos trilhos e na sinalização colabora para a segurança do sistema, com alertas imediataos caso algo esteja fora do normal.

4) Melhorias nos serviços de entregas

A UPS, maior empresa de logística e entregas dos EUA, implementou em suas operações um sistema chamado ORION (On-Road Integrated Optimization and Navigation). Trata-se de um algoritmo de otimização que analisa dados detalhados, como informações sobre pacotes, preferências dos clientes, padrões de tráfego e condições climáticas em tempo real.

Com isso, o sistema determina as rotas mais eficientes para os motoristas, ajustando-se a possíveis mudanças ao longo do dia.

Desde sua implementação, o ORION trouxe benefícios como a redução da quilometragem percorrida, o que representa uma economia de mais de 160 milhões de quilômetros anualmente.

Por consequência, também diminuiu o consumo de combustível (menos 37 milhões de litros por ano) e as emissões de poluentes (menos 100 mil toneladas métricas de carbono por ano). Estimativas apontam uma redução de custos operacionais entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões por ano.

Mas essa é só a ponta do iceberg. Em 2024, a Amazon conduziu com êxito um teste de entrega com drones na cidade de San Salvo, na Itália. O MK-30, equipado com tecnologia avançada de visão computacional, foi capaz de navegar com segurança e evitar obstáculos durante o voo.

Agora, a empresa negocia com as autoridades italianas o lançamento oficial do serviço, que será chamado de Prime Air, ainda em 2025.

O Prime Air já está ativo em algumas localidades dos EUA, como Texas e Arizona, com a promessa de entregas de pacotes em até 60 minutos utilizando drones desenvolvidos pela Amazon.

5) Carros autônomos

Não é novidade que os carros autônomos serão uma parte importante da mobilidade no futuro. Diversos projetos estão em testes no mundo inteiro e já existe até mesmo a operação comercial de alguns veículos em áreas delimitadas.

Em 2023, a Waymo (divisão do Google para carros autônomos) divulgou uma pesquisa, feita em parceria com a empresa suíça Swiss Re, que analisou dados de 6,1 milhões de km percorridos pelos seus carros autônomos.

Os resultados foram que, na comparação com as viagens feitas por seres humanos, os desclocamentos com o Waymo Driver (a tecnologia de direção totalmente autônoma da Waymo) apresentaram 76% menos reclamações por danos materiais e nenhuma reclamação por lesões corporais.

É um contraste drástico em relação aos dados de motoristas humanos que estão na base da Swiss Re, os quais registram 1,11 reclamação a cada 1,6 milhão de km.

No ano passado, contudo, um instituto independente testou 14 sistemas de direção assistida nos EUA. Onze deles tiveram performance “pobre” e os outros três foram “aceitáveis”. Nenhum passou como “bom” – o Autopilot e o Full Self-Driving da Tesla, inclusive, foram os piores avaliados.

Apesar dos avanços comerciais, ainda estamos muito distantes de uma realidade em que esses sistemas de direção autônoma, seja parcial ou completa, sejam seguros.

6) Integração de ferramentas já existentes para carros com internet das coisas e smart cities

De acordo com um relatório da Partnership for Analytics Research in Traffic Safety, até 2023, cinco recursos de ADAS (sistema de assistência de direção avançada) alcançaram taxas de penetração no mercado superiores a 90% em novos veículos.

São eles: alerta de colisão frontal, frenagem automática de emergência, alerta de detecção de pedestres, frenagem automática de emergência para pedestres e alerta de saída de faixa. Todas essas ferramentas têm aprendizado de máquina e IA.

Outras ferramentas com IA que já estão em nossos carros são os sistemas de reconhecimento de voz, que permitem que o motorista interaja com o veículo sem tirar os olhos da estrada, e a fusão de dados de sensores, uma técnica que combina informações de vários sensores para criar uma imagem mais precisa do ambiente do carro.

Mais para frente, a tendência é que todos esses sistemas sejam integrados a outros, maiores, que conversem também com os outro veículos – é o conceito da internet das coisas (IoT).

Pensando ainda mais longe, esses dados serão usados para alimentar sistemas de smart cities, em que a gestão de componentes essenciais da cidade (controle de tráfego, saneamento, fornecimento de água e luz etc) é feita de forma inteligente, a partir de dados coletados em tempo real.

7) Gerenciamento de redes de recarga para carros elétricos

A IA pode desempenhar um papel fundamental na gestão da infraestrutura de estações de recarga de veículos elétricos, que vai crescer bastante nos próximos anos. Ela otimiza o uso de energia e minimiza a sobrecarga nas redes elétricas durante os horários de pico, prevê padrões de demanda e distribui a energia de forma eficiente pelo sistema. 

Por exemplo, a Tesla usa IA para controlar dinamicamente sua rede de supercarregadores nos EUA, e ajusta o fornecimento de energia com base em dados de uso em tempo real. Isso ajuda a evitar a sobrecarga das infraestruturas elétricas locais, especialmente em períodos de alta demanda.

Fonte: Automotive Business
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 28/03/2025

Tarifas dos EUA afetam aço, agronegócio e manufaturados

A recente imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros afeta diretamente setores estratégicos da economia nacional. A medida, anunciada no início de 2025, impacta a indústria siderúrgica, o agronegócio e o setor de manufaturados, levando exportadores a revisar contratos e buscar novos mercados para manter a competitividade.

Thiago Oliveira, CEO da Saygo, avalia que as novas tarifas representam um desafio para as empresas que dependem do mercado norte-americano. “É preciso agir rapidamente para minimizar os impactos dessas medidas. A diversificação de mercados e a agregação de valor aos produtos são estratégias fundamentais para superar esse cenário adverso”, afirma.

O Brasil, um dos principais fornecedores de aço para os EUA, enfrenta tarifas de até 25% sobre produtos semiacabados, o que pode comprometer a competitividade da indústria nacional em relação aos concorrentes asiáticos. O agronegócio também sofre impactos, com aumento das taxas sobre carne bovina processada e suco de laranja, o que eleva os preços no mercado americano. No setor de manufaturados, segmentos como autopeças e máquinas industriais precisam reavaliar estratégias para manter as exportações viáveis.

Com as barreiras tarifárias nos EUA, empresas brasileiras buscam ampliar sua presença em mercados alternativos. O Canadá tem se consolidado como uma opção viável para exportadores. “O Canadá tem um ambiente regulatório estável e acordos comerciais favoráveis ao Brasil, o que o torna um destino estratégico para exportadores que buscam reduzir a dependência do mercado americano”, explica Oliveira.

A União Europeia também surge como alternativa, especialmente após o avanço das negociações do acordo entre Mercosul e UE. O bloco europeu representa um mercado sólido para produtos brasileiros, e a redução gradual de tarifas pode abrir novas oportunidades. Além disso, mercados emergentes como Índia e países do Sudeste Asiático vêm ampliando a demanda por commodities e produtos industrializados, tornando-se opções estratégicas.

Oliveira destaca que, para mitigar os impactos das tarifas, as empresas devem revisar contratos, diversificar mercados e investir em produtos com maior valor agregado. Ele também aponta a importância de explorar acordos comerciais estratégicos para reduzir custos e ampliar oportunidades.

“O momento exige agilidade e visão estratégica das empresas exportadoras. Aqueles que conseguirem diversificar mercados e agregar valor aos seus produtos sairão fortalecidos desse cenário desafiador”, conclui.

Fonte: Agrolink
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 27/03/2025

O agronegócio brasileiro: pilar econômico e potencial global

O agronegócio, um dos principais motores da economia brasileira, abrange um vasto conjunto de atividades que vão além da simples produção agropecuária. Segundo J. O. Menten, Professor Sênior da ESALQ/USP, Presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e membro da Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA), o agronegócio é composto por três grandes etapas: “antes da porteira” (insumos e máquinas agrícolas), “dentro da porteira” (produção vegetal e animal) e “depois da porteira” (agroindústria e agroserviços). Esse conceito é bem mais amplo do que a produção agropecuária, que costuma ser vista como a principal atividade do setor. No Brasil, a contribuição do agronegócio para o Produto Interno Bruto (PIB) se divide da seguinte maneira: 6% vem da fase "antes da porteira", 28% da fase "dentro da porteira" e 66% da fase "depois da porteira".

Nos últimos 50 anos, o agronegócio se consolidou como um dos pilares da economia brasileira, representando 24% do PIB do país, 27% dos empregos e 49% das exportações. O setor tem apresentado uma balança comercial favorável, com exportações superando amplamente as importações. Em termos de impacto social, o agronegócio tem contribuído significativamente para a redução do custo da cesta básica no Brasil, que caiu mais de 43% nos últimos 50 anos.

Produção e Exportação

O Brasil se destaca mundialmente na produção e exportação de diversos produtos agropecuários, como soja, milho, café, açúcar, etanol, suco de laranja, algodão, carne bovina, carne suína, carne de frango, produtos florestais e tabaco. Os principais destinos dessas exportações incluem a China, outros países asiáticos, a União Europeia, o Oriente Médio, o norte da África, a América Latina, os EUA/Canadá e a África subsaariana. O Brasil exporta para quase todos os países do mundo, embora ainda haja um grande potencial para expandir seus mercados.

Por outro lado, o Brasil importa uma quantidade relativamente pequena de produtos agropecuários, dependendo principalmente de fertilizantes, produtos de saúde animal, pesticidas, óleos vegetais, trigo e pescados. Em 2024, as exportações brasileiras do setor agropecuário atingiram cerca de US$ 160 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 40 bilhões, resultando em um saldo positivo de aproximadamente US$ 120 bilhões na balança comercial.

Pontos Fortes e Desafios

O agronegócio brasileiro apresenta uma série de vantagens competitivas, como a abundância de terras cultiváveis, um clima favorável, tecnologia adaptada ao ambiente tropical, recursos humanos qualificados, empreendedorismo e a produção de agrocombustíveis. Esses fatores permitem que o Brasil mantenha um custo de produção competitivo em relação a outras potências agropecuárias, como China, Índia, União Europeia, EUA e Indonésia. O Brasil ocupa a terceira posição mundial como exportador de produtos agropecuários, superado apenas pela União Europeia e pelos Estados Unidos, sendo o país com a maior balança comercial positiva do setor.

Apesar de seu sucesso, o agronegócio brasileiro enfrenta desafios significativos, como a necessidade de melhorias em infraestrutura e logística, o desenvolvimento de biotecnologia, questões tributárias, a oferta de crédito e seguros rurais, os marcos regulatórios e a comunicação eficaz. Além disso, questões fundiárias precisam ser resolvidas para garantir o crescimento sustentável do setor.

Conclusão

Diante de seu papel central na economia nacional e seu potencial para se consolidar como uma potência agroambiental global, é fundamental que o agronegócio brasileiro continue a ser valorizado e respeitado. A data de 25 de fevereiro, dedicada ao Dia do Agronegócio, deve ser um momento de reflexão sobre as políticas públicas necessárias para o fortalecimento do setor, bem como os investimentos essenciais para garantir seu crescimento sustentável nos próximos anos. O Brasil deve seguir trabalhando para se afirmar como líder no agronegócio mundial, com um modelo que combine inovação, sustentabilidade e responsabilidade social.

Fonte: Portal do Agronegócio
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 27/03/2025

 

Flutuação dos preços dos aços planos no mercado spot: tendências e análise

Nos últimos 12 meses, os preços dos aços planos no mercado spot brasileiro – laminado a quente, laminado a frio e chapa grossa – apresentaram oscilações expressivas. As variações refletem o impacto de fatores como a desaceleração global, mudanças na demanda interna e a influência de políticas comerciais sobre os custos de produção. A seguir, analisamos o comportamento de cada categoria de aço ao longo desse período.

1. Laminado à Quente (BQ): Estabilidade e Recuperação Moderada

O índice do aço laminado à quente começou o ano de 2023 com um valor de 365,0, mantendo-se estável até março (variação de 1%) e logo enfrentou um período de declínio. Entre junho e dezembro de 2023, o índice caiu 13,6%, atingindo o valor mais baixo de 291,0 em dezembro. Esse movimento reflete uma desaceleração no consumo e um excesso de oferta no mercado.

Entretanto, a partir de janeiro de 2024, o índice iniciou uma trajetória de recuperação. O crescimento de 6,9% registrado em maio de 2024 foi um indicativo de recuperação, e o índice se manteve em alta, com uma variação positiva de 5% em janeiro de 2025, alcançando 328,15. Apesar da queda de 2% em março de 2025, o índice ainda demonstra uma tendência de recuperação, embora com flutuações pontuais.

2. Laminado à Frio (BF): Impactos das condições econômicas no mercado interno

O índice do aço laminado à frio seguiu uma trajetória semelhante, com um valor inicial de 342,75 em março de 2023, sem alterações significativas até maio, quando o índice caiu para 332,50 (variação de -3%). A desaceleração econômica global e a queda na demanda local pressionaram o mercado, levando o índice a cair até 275,50 em janeiro de 2024.

Nos meses seguintes, o índice experimentou um crescimento de 6,9% em maio de 2024, seguido por um aumento constante, com um pico de 334,80 em fevereiro de 2025. As flutuações de índice observadas, especialmente o crescimento robusto nos primeiros meses de 2024, podem ser atribuídas a uma recuperação gradual da indústria automotiva e de eletroeletrônicos, principais consumidores desse tipo de aço.

3. Chapa Grossa (CG): ações estratégicas em meio a instabilidades

O índice da chapa grossa teve um desempenho ainda mais volátil. Começando o ano de 2023 com um valor de 318,25, o índice sofreu uma queda constante, atingindo 259,75 em dezembro de 2023. Essa queda de 18,3% foi um reflexo direto da diminuição da demanda em setores como a construção civil e infraestrutura, que enfrentaram uma desaceleração econômica.

No entanto, a partir de 2024, o índice iniciou uma trajetória ascendente. Em maio de 2024, o índice subiu 7%, alcançando 256,55. Essa recuperação continuou ao longo do ano, com o índice subindo novamente para 297 em fevereiro de 2025. A retomada do crescimento da indústria naval e de infraestrutura, juntamente com a recuperação dos índices globais, impulsionaram esses aumentos.

Fatores que influenciam a flutuação dos índices

A variação dos índices dos aços planos é fortemente influenciada por uma combinação de fatores internos e externos. No cenário brasileiro, a flutuação da taxa de câmbio e a inflação são determinantes críticos, visto que os índices dos aços estão diretamente relacionados ao custo de produção, que envolve insumos importados, como o minério de ferro e o carvão, além de energia elétrica, que é um componente importante nas siderúrgicas.

Outro fator relevante é a demanda local, que tem apresentado variações de acordo com o ciclo de crescimento da economia brasileira. A indústria automobilística, a construção civil e o setor naval são grandes consumidores de aço e, portanto, mudanças nos investimentos desses setores podem afetar diretamente a procura por esses produtos.

Conclusão:

As flutuações nos índices dos aços planos refletem a complexidade do mercado, com uma combinação de fatores domésticos e internacionais afetando a oferta e demanda. Embora o ano de 2024 tenha mostrado sinais de recuperação, a volatilidade permanece uma característica marcante deste mercado. As perspectivas para os próximos meses indicam um equilíbrio entre a recuperação gradual e os desafios econômicos que ainda impactam o setor.

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/03/2025