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Minério de ferro inicia a semana em baixa no mercado transoceânico

Os preços do minério de ferro iniciaram a semana em baixa no mercado transoceânico, devolvendo parte do forte ganho acumulado nos últimos dias e a maior cautela em relação ao mercado imobiliário na China, que segue sem dar sinais mais efetivos de recuperação.

No norte da China, segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o dia com baixa de 0,92%, para US$ 124,45 a tonelada. Com isso, a commodity passou a exibir ganho de cerca de 5,3% em setembro e de 6,1% em 2023.

Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, com entrega em janeiro, recuaram 0,2%, para 871,50 yuans por tonelada.

Em nota a clientes, o chefe de pesquisa de próxima geração do Julius Baer, Carsten Menke, destacou que os dados econômicos divulgados até agora na China mostram que os setores intensivos em metais ainda estão em dificuldades, em particular o mercado imobiliário.

“Nossa opinião permanece inalterada: salvo medidas de estímulo amplas aos setores imobiliário e de infraestrutura, a demanda chinesa de metais permanecerá estagnada. Continuamos mais cautelosos nos mercados de minério de ferro e aço”, escreveu.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/09/2023

Minério de ferro: tendência é de alta no preço, mas China preocupa

Analistas do mercado financeiro projetam uma tendência de alta no preço do minério de ferro no curto e médio prazo, embora a cotação da matéria-prima tenha caído nessa segunda-feira (18) motivada pela crise imobiliária da China. Apesar da projeção de ganhos na cotação do insumo, a situação da economia chinesa é realmente preocupante, de acordo com os especialistas. O país asiático é o maior consumidor mundial do produto e tem o Brasil como um grande fornecedor. 

Nessa segunda, o insumo mais negociado em janeiro na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia com perda de 0,2%, a US$ 119,53 por tonelada. Enquanto na Bolsa de Cingapura, o contrato de referência do ingrediente siderúrgico para outubro caiu 0,9%, para US$ 121,90 por tonelada. As quedas vieram após aumentos substanciais na semana anterior e o analista de investimentos da Mirae Asset, Pedro Galdi, destaca justamente isso.

Conforme ele, a cotação do minério de ferro subiu quase 6% na semana passada e a elevação pode ser atribuída a possível decisão das siderúrgicas chinesas de reabastecer seus estoques antes dos feriados do Festival do Meio Outono e do Dia Nacional da China. O primeiro acontece em 29 de setembro e o segundo em 6 de outubro. Galdi avalia que é provável que se observe, até os dias festivos, uma pressão altista no preço da matéria-prima que serve de base para diversas indústrias.

Pensando mais a longo prazo, o especialista ressalta, contudo, que as constantes oscilações da economia do país asiático podem ter impacto sobre a cotação no futuro. “Mas claramente a situação da economia chinesa é duvidosa, intercalando indicadores com sinais de fraqueza e alguns um pouco melhores. O governo continua lançando pacotes de estímulo, mas a cenário do mercado imobiliário realmente é difícil e pode influenciar preço do minério de ferro lá na frente”, avaliou.

Oferta limitada e dependência brasileira 

O assessor da iHUB Investimentos, Thiago Oliveira, também estima que o preço da commodity continuará elevado no curto e médio prazos, em função do fomento do governo chinês ao setor. “Porém, vale ressaltar que a oferta limitada desses minérios em um momento de grande demanda por metais, com perspectivas reduzidas de aumento na capacidade das empresas do setor quando os desafios macro diminuírem, deverá proporcionar suporte às empresas”, salientou.

No cenário de iniciativas governamentais para tentar reverter o quadro de fraqueza do mercado imobiliário, a China anunciou, no último dia 31 de agosto, que os pagamentos iniciais mínimos para hipotecas serão reduzidos para 20%. Esse percentual vale para quem está comprando um imóvel pela primeira vez. Antes, aqueles que compravam casas em cidades como Xangai e a capital chinesa Pequim precisavam desembolsar cerca de 30% a 40% como entrada.

Já a economista da Valor Investimentos, Paloma Lopes, aponta uma preocupação para a dependência brasileira com relação ao minério de ferro. Com uma das maiores reservas do mundo, o Brasil é um dos principais produtores e exportadores da matéria-prima, o que a torna um pilar fundamental para a estabilidade econômica do País. Segundo ela, ainda que a situação não se propague de forma imediata, as oscilações no mercado podem afetar o ritmo da economia.

Na visão da especialista, o ponto de atenção para os brasileiros não se limita apenas ao vínculo à commodity, mas abrange o panorama geral econômico chinês. “O que estamos mais preocupados, na verdade, não é só a situação do minério de ferro na China, mas, sim, o ritmo como um todo da economia chinesa, dado que ela é um dos maiores mercados consumidores, quanto mais ele recua mais a gente tem a possibilidade de uma recessão no Brasil”, ressaltou.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/09/2023

O ‘conflito fiscal monetário’ continua em cena

As incertezas sobre as contas públicas aumentaram nas últimas semanas. A avaliação é que a proposta de Orçamento de 2024 tem previsões muito otimistas de receitas e, em alguns casos, despesas subestimadas, como as relacionadas aos gastos com aposentadorias e pensões. Para os especialistas em contas públicas, tem ficado ainda mais distante o cumprimento da meta do governo de zerar o déficit primário no ano que vem. Com isso, os juros reais (descontada a inflação) de longo prazo voltaram a subir, mesmo num cenário em que a aposta dominante é que a taxa Selic seguirá em queda até o fim de 2023 e ao longo de 2024.

Na sexta-feira, as taxas dos títulos do Tesouro corrigidos pelo IPCA com vencimento em 2045 e 2050 fecharam na casa de 5,75% ao ano, depois de bater em 5,4% em 11 de agosto, na mínima do ano. São juros reais inferiores aos 6,5% a 6,6% que chegaram a ser registrados na primeira quinzena de março, antes da apresentação do novo arcabouço fiscal, mas uma taxa de 5,75%, descontada a inflação, é muito elevada, não sendo sustentável no longo prazo. Ela impõe um custo que exige superávits primários muito altos para estabilizar a dívida pública em relação ao PIB, além de afetar o ritmo de crescimento, como lembra sempre o ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore.

O grau de incerteza fiscal não voltou ao nível observado antes da apresentação e aprovação do arcabouço fiscal, mas a alta recente dos juros reais de longo prazo mostra que a nova regra não é vista como uma solução estrutural para as contas públicas. Vale dizer que o aumento das taxas dos títulos corrigidos pela inflação também foi influenciado por um cenário externo mais adverso, com a avaliação de que os juros ficarão mais altos por mais tempo nos países avançados. Ainda assim, as dúvidas recentes sobre o Orçamento de 2024 têm peso para a elevação das taxas reais de longo prazo no país.

A maior incerteza em relação ao Orçamento é quanto à capacidade de o governo conseguir receitas adicionais de R$ 168,5 bilhões. Sem elas, a administração federal não será capaz de zerar o déficit do resultado primário (que exclui gastos com juros) da União. Segundo relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgado na semana passada, o projeto de lei orçamentária do ano que vem “prevê arrecadar R$ 69,7 bilhões com medidas em tramitação no Legislativo mais R$ 97,9 bilhões com o retorno do voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), matéria que aguarda sanção presidencial”. Para a IFI, porém, o governo deverá conseguir apenas R$ 51,9 bilhões com essas iniciativas, e não R$ 168,5 bilhões.

Em relatório, a A.C. Pastore & Associados, a consultoria de Pastore, afirma que as receitas necessárias para cumprir as metas fiscais do governo central nos próximos três anos só seriam atingidas com aumento de alíquotas de impostos já existentes - algo que não está no radar e nem seria viável politicamente. Nesse cenário, a expectativa da consultoria é que o país tenha déficits primários em 2024, 2025 e 2026, o que aumenta a taxa neutra de juros - aquela que permite a economia crescer sem pressões inflacionárias. Os analistas avaliam que essa taxa subiu nos últimos anos. Em junho, o Banco Central (BC), por exemplo, elevou a sua estimativa para o indicador de 4% para 4,5%, descontada a inflação.

Além do problema das receitas, alguns analistas têm apontado que algumas despesas para o ano que vem estão subdimensionadas. Pesquisador do Insper, Marcos Mendes avalia que os gastos com benefícios previdenciários podem estar subestimados em R$ 16 bilhões, como mostrou reportagem do Valor de Jéssica Sant’Ana. Isso aumenta o risco de o resultado primário de 2024 ficar mais distante da meta de déficit zero. Além de projeções de receitas irrealistas, as estimativas para algumas despesas parecem subestimadas. Para completar, o resultado fiscal deste ano tem mostrado queda da receita e alta forte das despesas.

Para a A.C. Pastore, com as dificuldades para obter a arrecadação necessária para atingir as metas de resultado primário, “fica claro que em 2024, 2025 e 2026 a política fiscal continuará sendo expansionista”. O governo não “abdica” de manter o crescimento dos gastos não financeiros acima da inflação, por considerar que o aumento de despesas é “o que promove o crescimento econômico”, segundo a consultoria. Como a alta da demanda do governo expande a demanda total da economia, a taxa neutra de juros será mais elevada, segundo a A.C. Pastore. “Ou seja, ao expandir a demanda agregada a política fiscal expansionista leva, caso o Banco Central mantenha seu compromisso em atingir o centro da meta em 2025 [de 3%], a um ‘crowding out’ da demanda do setor privado, com maior efeito naquelas componentes da demanda do setor privado mais sensíveis à taxa de juros, como são a demanda de bens duráveis de consumo e a formação bruta de capital fixo [medida do que se investe em máquinas e equipamentos, construção civil e inovação].” Isso significa que uma demanda mais forte do setor público toma o lugar na economia da demanda do setor privado. O mais preocupante é o impacto sobre o investimento, que segue baixo no Brasil e precisa crescer para a economia conseguir avançar a taxas mais elevadas de modo sustentado.

Se o BC passar a trabalhar com uma “meta implícita” de inflação superior ao centro da meta, é possível que reduza mais os juros, diz a A.C. Pastore, mas à custa de um IPCA mais elevado, superior aos 3%. Com isso, haveria a continuidade nos próximos anos do “conflito fiscal monetário”, cuja existência o ex-presidente do BC tem apontado reiteradamente.

O arcabouço trouxe algum norte para as contas públicas, afastando o risco de um cenário de ruptura fiscal num prazo mais curto. No entanto, a dependência do novo regime de receitas que poderão não se concretizar e a possibilidade de que algumas despesas estejam subestimadas, com uma regra que prevê expansão dos gastos sempre acima da inflação, apontam para uma coleção de fragilidades, que tornam mais provável o quadro traçado pela A.C. Pastore para os próximos anos.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 18/09/2023

 

Maioria dos bens de capital da China têm alta de preços no início de setembro

A maioria dos bens de capital monitorados pelas autoridades estatísticas da China mostrou preços mais altos no início de setembro em comparação com o final de agosto, segundo dados oficiais divulgados nesta quinta-feira (14).

Dos 50 principais produtos classificados em nove categorias, incluindo tubos de aço sem costura, gasolina, carvão, fertilizantes e outros produtos químicos, 43 reportaram preços mais elevados no período e 7 apresentaram recuos nos preços, de acordo com o NBS, o escritório nacional de estatísticas.

O preço do gás natural liquefeito (GNL), por exemplo, apresentou preços 5,2% maiores no início deste mês em comparação com o final do mês passado. O preço do ácido sulfúrico, por sua vez, subiu 20,2% no mesmo período.

Já os preços dos suínos, item importante para a indústria alimentícia local, mostraram queda de 1,8% nos preços médios, de acordo com o NBS.

Os números são divulgados a cada 10 dias e se baseiam numa pesquisa feita com cerca de 2.000 atacadistas e distribuidores em 31 regiões e províncias do país.

Fonte: Infomoney
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/09/2023

 

Incertezas derrubam produção e consumo de aço na AL

A indústria do aço tem perspectivas de produção e consumo de produtos siderúrgicos na América Latina em 2023 não alentadoras, conforme as projeções setoriais da Associação Latino-americana do Aço (Alacero), bem como do Instituto Aço Brasil, que reviu seus números para o ano recentemente (em julho).

O Brasil é o principal país produtor de aço na região, seguido por México e Argentina. Em consumo aparente - soma de vendas internas mais importações -, os mercados brasileiro e mexicano se equiparavam. Mas, há alguns anos, o consumo aparente no México tem superado o do Brasil. O volume demandado no Brasil em 2022 alcançou 23,4 milhões de toneladas e a previsão é de recuo neste ano, a 22,9 milhões de toneladas.

Já o volume consumido no México foi de 24,8 milhões de toneladas - o décimo maior do mundo, atrás da Itália. A previsão para este ano no consumo mexicano é de alta de 2,5%, crescendo para 2,6% em 2024, segundo dados da World Steel Association (WSA).

Na região, o consumo aparente de produtos siderúrgicos projetado para este ano, após retração de 7,8% em 2022, ainda não tem estimativa. A Alacero ainda trabalha com previsões de março - alta de 1,8%, ante volume de 68,9 milhões de toneladas de material acabado. Para 2024, aumento de 2,4%.

Porém, desde então, o mercado continuou em desaceleração, principalmente no Brasil. Até junho, o consumo na região registrou leve crescimento, de 1,1%, atingindo 29,6 milhões de toneladas - no México houve aumento de 7%, na Argentina, 11,3%, enquanto Brasil registrou recuo de 1,3%, sobre mesmo semestre de 2022, de acordo com a Alacero.

Neste ano, a previsão é de recuo frente a 2022, que se contraiu frente ao recorde de 74,8 milhões de 2021. A Alacero informou que vai atualizar a estimativa para 2023, tanto de produção quanto de consumo, em novembro, durante o Summit anual do setor na América Latina que vai ocorrer em São Paulo.

Conforme dados da Alacero, que acabam de ser compilados, no primeiro semestre a produção de aço bruto na região teve decréscimo de 8,9% em relação aos mesmos seis meses de 2022, com total de 28,5 milhões de toneladas. A entidade atribui o desempenho setorial negativo a incertezas globais e lenta recuperação nos diversos setores consumidores de aço.

Quando se analisa por trimestres, diz a entidade, o segundo deste ano ficou 10,4% abaixo do mesmo período de 2022 e 0,3% inferior ao de janeiro a março. “Foi o trimestre mais baixo desde o terceiro trimestre de 2020”, comenta a Alacero. No ano passado, a região produziu 62,3 milhões de toneladas de aço bruto.

Já em material laminado de aço - chapas, bobinas, perfis, vergalhões e fio-máquina -, o volume foi 4% abaixo do mesmo semestre do ano passado, somando 26,4 milhões de toneladas de produtos finais até junho. Todo o ano passado somou 54,2 milhões de toneladas. O segundo trimestre foi pior: teve queda de 5,4% na comparação anual e 1,5% sobre o primeiro de 2023. O desempenho se deteriorou desde o quarto trimestre de 2022, diz a Alacero.

No Brasil, que responde por mais da metade da oferta de aço na região, as projeções indicam quedas de 5% na produção e de 2,6% no consumo aparente. As vendas internas devem cair 6% (a 19,1 milhões de toneladas) e as exportações indicam retração de 0,3%, a 11,9 milhões. A maior parte dos embarques ao exterior é material semi-acabado (placas e tarugos).

Nesse cenário, só sobem as importações de produtos siderúrgicos - de China, Rússia, Turquia, Coreia do Sul e outras fontes. A previsão revista aponta aumento de 25,6% sobre 2022, o que tem preocupado as siderúrgicas locais.

“Incertezas globais e problemas estruturais marcam o cenário da economia na América Latina. A produção caiu, mas o consumo continua perto de 0 a 1% e há duas explicações: um ajuste de estoque, com plantas produzindo menos e exportações fracas. Esses indicadores nos mostram que o resto do ano será igual e a recuperação definitiva está prevista para 2024”, afirma Alejandro Wagner, diretor executivo da Alacero.

A análise da Alacero é que o mercado de aço na região latino-americana sofre com a alta volatilidade e dificuldades de crescimento em razão da maior deterioração do indicador social, com altos níveis de instabilidade política em países da região.

A entidade ressalta que, para o futuro, as perspectivas de crescimento macroeconômico da região parecem frágeis, com destaque para Brasil e Colômbia, segundo o relatório (SRO) da WSA, de abril. A organização fará nova revisão do SRO em outubro.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 13/09/2023

Mercado vê inflação abaixo de 5,3%

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES

A inflação do IPCA de agosto será divulgada amanhã pelo IBGE. A expectativa do mercado (e do Itaú) é de que a inflação acelere para 0,29% (de 0,12% em julho), com pressões de alta vindas de veículos (com o fim do programa de descontos do governo) e da gasolina (devido aos recentes aumentos nos preços das refinarias). Assim a taxa acumulada em 12 meses deve subir para 4,7%, de 3,99% em julho, devido à base de comparação após os cortes de impostos federias e estaduais em 2022 (em agosto houve deflação de 0,36%).

As projeções do mercado na Pesquisa Focus para os meses de setembro (0,41%) e outubro (0,39%), que vão substituir taxas de -0,29% e 0,59%, respectivamente, nos mesmos meses do ano passado, indicam que o pico da inflação acumulada em 12 meses – que fechou 2022 em 5,79% e desceu para 5,77% em janeiro e 5,60% em fevereiro - não chegará a 5,3% em outubro e tende a declinar nos últimos dois meses do ano – as projeções da Focus para o IPCA de dezembro subiram ligeiramente para 4,93 (de 4,92% na semana anterior).

A leitura indica que, mesmo provavelmente estourando o teto das metas de inflação pelo 3º ano seguido (a meta é de 3,35% + tolerância de 1,50% = 4,75%), o Banco Central está dando demonstrações de errar feio na avaliação da inflação, motivo pelo qual manteve a Selic por tempo além do necessário, em 13,75% ao ano – a baixa só veio em 2 de agosto, para 13,25% e deve se repetir na mesma intensidade de queda em 20 de setembro, para 12,75% a.a.

As indicações da Pesquisa Focus para 2024, quando a Selic, depois de fechar em 11,75%, deve encerrar em dezembro em 9%, com o IPCA em 3,89% (3,82% nas projeções dos últimos cinco dias úteis), dentro portanto da meta de inflação, que é de 3% + tolerância de 1,50%=4,50%, confirmam o erro de diagnóstico e operação do Banco Central.

A baixa da inflação, em 2022, quando desceu de 12,3% em abril para 5,79% em dezembro, ocorreu devido aos cortes de impostos de julho a setembro feitos por Paulo Guedes para tentar reeleger Bolsonaro; este ano, acreditando que haveria reposição imediata dos impostos, o Banco Central manteve a guarda elevada e calculou mal o impacto baixista dos preços da alimentação devido à supersafra de grãos e manteve desnecessariamente altos os juros.

Que cairão, junto com a inflação, em 2024, não por méritos do BC, mas por força da gravidade e dos acertos da política econômica do governo.

Juros altos só frearam a economia

Ao analisar as perspectivas dos demais indicadores que o IBGE anuncia esta semana – na 5ª feira serão conhecidos os dados de julho para a Pesquisa Mensal de Serviços e na 6ª feira a Pesquisa Mensal de Comércio - o Departamento de Estudos Macroeconômicos do Itaú, “apesar da recente melhoria das medidas subjacentes”, não prevê uma desaceleração adicional significativa na margem (com os serviços e a indústria tendo variação trimestral de 5% e 4%, respetivamente)”.

Para a PMS, o Itaú estima estabilidade na margem (0,0% no mês e +2,7% sobre julho de 2022), com a maioria das categorias recuando e o componente de serviços oferecidos às famílias diminuindo 0,7% no mês. O Itaú observa que este item é “particularmente importante para o acompanhamento do PIB”.

Quanto às vendas no varejo, ele espera que o índice amplo, que inclui veículos, motos, autopeças e material de construção, além das vendas do atacarejo, recue 0,8% no mês, com ajuste sazonal (+5,6% a.a.), com a maior contribuição negativa advinda do componente veículo, enquanto o índice central expande 0,5% no mês (+2,1% a/a), com sinais mistos em seus subitens. Está claro no comportamento do varejo que os juros altos estão freando as vendas de bens de maior valor, enquanto a baixa dos alimentos estimularou as compras de alimentos e bebidas no comércio varejista.

O Itaú observa ser “importante olhar mais de perto as estimativas ano a ano, uma vez que o ajuste sazonal do índice vem apresentando alta instabilidade (especialmente para o conceito amplo). Em função destes ajustes, adverte que seus números para PMS quanto para PMC podem mudar dependendo de alguns dados coincidentes ainda a serem divulgados.

Fonte: Jornal do Brasil
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 12/09/2023