País conta com vantagens em agronegócio e área de energia
País conta com vantagens em agronegócio e área de energia
Entre as vantagens competitivas que o Brasil apresenta em relação a outros países estão a abundância de terras agricultáveis, essenciais para produzir alimentos em larga escala, sua riqueza mineral e uma matriz energética limpa. No futuro, segundo economistas, estes serão elementos que o mundo vai buscar e, por isso, o Brasil poderá estar muito bem posicionado para atender a essa demanda. Para ter uma posição vantajosa, porém, o país precisará se preparar para enfrentar a evolução tecnológica, tendo a educação como um dos pilares centrais para o sucesso nesse cenário.
“O que a gente faz com eficiência e produtividade vai ser a escassez do futuro. O mundo vai ter escassez de alimento, terras agricultáveis e de minerais, provavelmente. Estamos bem posicionados para o mundo do futuro, mas o que a gente vai colher desse mundo do futuro depende de nós”, disse a economista-chefe do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi.
Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, concorda que o potencial agrícola é uma das fortalezas para o crescimento futuro do Brasil. Depois de uma safra de grãos recorde de 322,8 milhões de toneladas no ano passado, o país deve encerrar este ano com produção de 299 milhões de toneladas, que, apesar de menor que a anterior, será a segunda maior da história do país, ressalta o economista.
“A expectativa é que no próximo ano a safra de grãos do Brasil cresça para perto de 330 milhões de toneladas. Isso vai continuar crescendo até o final da década”, projetou Mansueto, reforçando que o país está bem posicionado no cenário geopolítico, mesmo com um risco de maior protecionismo no comércio internacional, especialmente com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
"O que vamos colher desse mundo do futuro depende de nós”
— Ana P. Vescovi
A questão do agronegócio é fundamental para se falar no Brasil do futuro, ressalta Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. “O Brasil era uma superpotência agrícola 20 anos atrás. Hoje nós somos muito mais do que éramos 20 anos atrás. Continuamos sendo uma superpotência em mineração e viramos uma superpotência em petróleo agora também. Então, o Brasil certamente é a maior superpower de commodities no mundo atualmente”, afirmou.
O economista da XP acrescenta que a matriz energética de baixa emissão de carbono brasileira é outro diferencial competitivo em um cenário em que a demanda global por fontes limpas está crescendo.
Mesmo para o petróleo, fonte que seguirá sendo necessária durante o processo de transição energética, o Brasil está em boa posição, acrescentou Mansueto. Ele lembra que, se há alguns anos, o país era um importador da commodity, o cenário atual é de uma balança comercial positiva para o país.
Os economistas concordam, no entanto, que o crescimento robusto e o desenvolvimento econômico de longo prazo dependem da resolução de desafios estruturais.
"O Brasil é a maior superpower de commodities no mundo atualmente”
— Caio Megale
Para Vescovi, é fundamental preparar a sociedade, por meio da educação, para reaprender a lidar com a nova dinâmica do mundo tecnológico. Ela defende que as lideranças empresariais e pessoas que estejam à frente da política trabalhem para incluir as pessoas. E tudo isso num cenário macroeconômico estável, com inflação baixa e sob controle. Também é preciso buscar uma taxa de juro que permita investimento em mais projetos, além de atrair capital estrangeiro para este grande conjunto de oportunidades que o país oferece.
“Educação é capaz de gerar coesão social e paz social. O Brasil está bem posicionado. Eu olho para o lado e é difícil achar um país tão bem posicionado para o futuro. Como a gente vai chegar lá depende de nós” ponderou Vescovi.
Para Megale, a visão para o potencial brasileiro é otimista. O economista destaca que ajustes no curto prazo são fundamentais para que o país consiga aproveitar as oportunidades de mais longo prazo. “Faz mais reformas e cresce mais. Aproveita essa onda internacional favorável, atrai os investimentos de empresas e grupos econômicos que estão com dúvida em relação ao país e, aí, a gente tem condições de crescer e nos desenvolver muito mais”, disse.
Megale observou que o mercado interno do país é absolutamente “fantástico” e nenhuma multinacional pode não pensar no Brasil como um lugar de estratégia, de investimento e de crescimento. “Nós temos grupos comerciais e econômicos aqui no Brasil, brasileiros, muito fortes e que muitas vezes a gente nem conhece, que não exportam, não importam, mas estão ligados ao mercado interno e são gigantescos. O país oferece essas oportunidades.”
Fonte: Valor
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 28/11/2024