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Geopolítica assume papel maior na definição de redes de abastecimento

De todas as decisões que o Markus Group está tomando sobre seu novo elevador mecânico para ajudar os americanos a acessar seus sótãos, a mais complicada hoje é onde fabricar o produto.

“Dez anos atrás eu imediatamente teria dito China”, afirma Mark Boone, proprietário dessa fabricante de Raleigh, Carolina do Norte, que opera sob contrato.

A China tem tudo que Boone precisa para o seu elevador Stoaway: aço para a estrutura, máquinas computadorizadas de baixo custo para fabricar as peças, e semicondutores e sistemas de comunicação de rádio para a operação remota dos elevadores.

Mas as relações comerciais dos EUA com a China estão se deteriorando, aumentando a possibilidade de Washington vir a elevar as tarifas sobre os produtos chineses, ou uma guerra eclodir em razão das reivindicações de Pequim sobre Taiwan. Boone está procurando fábricas na Polônia e Romênia, onde é mais difícil encontrar fornecedores e os custos com a mão de obra e matérias-primas são maiores, mas onde os riscos geopolíticos podem ser menores.

“As decisões que tomamos serão tão geopolíticas quanto econômicas”, afirma Boone.

Seu dilema está afetando milhares de empresas à medida que os crescentes obstáculos geopolíticos complicam as cadeias de abastecimento - que vão de sobretaxas ocidentais e restrições às importações de matérias-primas da China e outros aos ataques houthis a navios comerciais que praticamente fecharam o Canal de Suez.

“Hoje, os gestores de cadeias de abastecimento estão pensando mais no risco geopolítico do que em qualquer outro risco”, diz Brian Bourke, diretor comercial da Seko Logistics, transportadora de carga de Schaumburg, Illinois.

Até recentemente, as principais preocupação das empresas com as cadeias de abastecimento era como encontrar uma fonte confiável para produtos ao custo mais baixo, diz Oscar de Bok, presidente-executivo da DHL Supply Chain, uma provedora de logística. Isso levou muitas empresas para a China, com sua mão de obra barata e ecossistema incomparável de fábricas, fornecedores de peças e matérias-primas.

De Bok diz que hoje muitas empresas estão priorizando uma cadeia de abastecimento capaz de suportar choques geopolíticos. Esse novo ônus as está levando para outros países e continentes, onde estão estabelecendo cadeias de abastecimento alternativas que reduzem sua dependência de um único país ou região.

Algumas das mudanças em curso foram estimuladas pela pandemia de covid-19, quando o fechamento de fábricas na China, o aumento dos preços do transporte marítimo e os atrasos no transporte provocaram a escassez de peças e prateleiras vazias. Grant Anderson, vice-presidente de gestão de cadeia de abastecimento da Jabil, diz que “a pandemia assustou muitas empresas, que perceberam o quanto dependiam da China”.

As mudanças estão sendo aceleradas pelos choques geopolíticos mais recentes, à medida que aumentam as tensões internacionais e países como China, Rússia e Irã enfrentam o Ocidente.

Companhias que achavam que não tinham qualquer papel no Oriente Médio agora enfrentam prazos de entrega mais longos e custos mais altos de transporte marítimo devido aos ataques dos houthis a navios comerciais em resposta à guerra de Israel contra o Hamas em Gaza.

Os navios porta-contêineres estão percorrendo rotas mais longas e mais caras, contornando a África, para evitar a região, o que está levando mais empresas a transportar bens por via aérea, mais cara, para reduzir os atrasos que vêm afetando a produção na Europa. As companhias marítimas parecem ter reformulado suas operações para um conflito prolongado que remove o Mar Vermelho e o Canal de Suez de seus mapas de rotas.

“É impossível prever por quanto tempo a atual situação continuará, mas agora estamos bem posicionados para suportar essa perturbação por um período mais longo”, disse na quinta-feira Vincent Clerc, presidente-executivo da A.P. Moller-Maersk, quando a companhia anunciou resultados.

As empresas se veem no meio de guerras comerciais crescentes, com a União Europeia (UE), os EUA e outros países elevando suas barreiras a produtos chineses em resposta à inundação de produtos subsidiados por Pequim, de carros elétricos, painéis solares a equipamentos de construção e aço.

Os EUA também levantaram preocupações com a segurança nacional relacionada à sua dependência da China em tecnologias como a de semicondutores, que são essenciais para computadores, veículos elétricos, robôs e outros produtos. Washington proibiu as exportações de alguns chips para a China e está estimulando a fabricação interna de semicondutores e tecnologias verdes com subvenções e incentivos à construção de novas fábricas que limitem o uso de matérias-primas da China e de outros países vistos como hostis.

A Apple, que construiu uma cadeia global de fornecimento de eletrônicos baseada na produção de baixos custos na China, agora está tentando fabricar parte de seus iPhones na Índia, levando junto grandes fornecedores como alternativa contra possíveis rupturas no comércio fora da China.

Enquanto isso, a China também está impondo tarifas e restrições às importações à medida que as disputas comerciais aumentam.

Evan Smith, presidente-executivo da empresa de tecnologia para cadeias de abastecimento Altana AI, diz que as novas regras, regulamentações e tarifas estão complicando os esforços de conformidade comercial, especialmente para as empresas maiores que estão no topo de uma cadeia de abastecimento que pode incluir centenas de milhares de fornecedores.

As empresas estão sendo obrigadas a ir mais fundo em suas redes de fornecedores para identificar matérias-primas e componentes que possam estar sujeitos a sobretaxas ou que possam violar um número crescente de regras e regulamentações que visam países como a Rússia e a China.

A Volkswagen foi surpreendida este ano quando milhares de Audis, Porsches, Bentleys e Lamborghinis foram retidos nos portos marítimos dos EUA. Os carros continham um componente magnético proveniente de um sub-fornecedor que se encontra em uma “lista suja” for estar localizado na região de Xinjiang, na China, onde as autoridades são suspeitas de usar trabalho forçado uigur.

“Nós realmente tentamos, mas isso mostra quão desafiador é saber tudo o que acontece em cadeias de abastecimento complexas”, disse um porta-voz da VW.

As relações comerciais entre os EUA e a China poderão piorar ainda mais nos próximos anos. O presidente Biden disse em abril que pretende mais do que triplicar as tarifas às importações de aço e alumínio da China. Os legisladores dos EUA estão pressionando pela limitação dos negócios da indústria farmacêutica com empresas chinesas de biotecnologia como a WuXi AppTec, fabricante terceirizada com supostas ligações com os militares chineses.

Especialistas em logística afirmam que alguns executivos também se perguntam o que poderá acontecer se Donald Trump vencer as eleições presidenciais de novembro e cumprir a promessa de impor tarifas de dois dígitos a todas as importações, bem como uma tarifa de mais de 60% às importações da China.

As multinacionais não conseguem se desvencilhar facilmente dos riscos geopolíticos, observa Simon Geale, vice-presidente-executivo de compras da consultoria Proxima, especializada em cadeias de abastecimento. Ele observa que a Rússia é um dos maiores fornecedores mundiais de alumínio, níquel e cobre, por exemplo, e que a China fornece cerca de 75% dos minerais de terras raras usados nos semicondutores dos EUA.

“Há essas interdependências enormes entre esses países, que basicamente estão em guerra uns com os outros”, afirma ele.

Fonte: Dow Jones
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 06/05/2024

 

Brasil e Japão: encontro empresarial busca fortalecer trocas e construir acordo

Organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em conjunto com Japan External Trade Organization (JETRO), Federação das Empresas do Japão (Keidanren), ApexBrasil e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), o Fórum Econômico Brasil-Japão reúne autoridades governamentais e empresariais de ambos os países neste sábado (04) para discutir o fortalecimento da parceria comercial.

Hoje os números são consideráveis, mas há potencial para crescimento:

Em 2023, o Japão foi o 9° parceiro comercial do Brasil. Naquele ano, a corrente de comércio entre os dois países alcançou US$ 11,7 bilhões.
Foram US$ 6,6 bilhões em exportações brasileiras para o Japão no ano passado, sendo 46% da indústria de transformação e US$ 5,1 bilhões em importações, com quase 100% também da indústria de transformação.
O Japão foi o 7º investidor direto do Brasil em 2023.
Na indústria brasileira, os setores automotivo, equipamentos industriais, aparelhos médicos e de borracha foram os que mais receberam anúncios de investimentos do Japão no Brasil entre 2019 e 2023, com destaque para as empresas japonesas Toyota Motor, Hitachi, Nipro, Bridgestone e Komatsu.
Na economia japonesa, os setores de químicos e de serviços empresariais foram os com mais investimentos brasileiros, com destaque para a Novonor e a Pinheiro Neto Advogados.

Os dados são elaborados pela CNI com base em estatísticas do Banco Mundial, ComexStat, Banco Central, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e FDI Markets.

Acordo entre Mercosul e Japão

Um dos temas prioritários no fórum é a retomada da negociação do Acordo de Parceria Econômica entre o Mercosul, bloco do qual o Brasil faz parte, e o país asiático. O tratado é considerado fundamental para o incremento comercial entre os dois países e para a diversificação da pauta exportadora brasileira.

A intenção é que o acordo contenha estímulos como regras aduaneiras para aumentar a celeridade do comércio, abertura do mercado de compras governamentais, aumento dos investimentos bilaterais e do comércio bilateral de serviços e estímulo à cooperação e ao intercâmbio de tecnologia entre Brasil e Japão.

O Japão é a quarta maior economia do mundo, fonte de significativos Investimentos Estrangeiros Direitos (IEDs) em diferentes regiões do mundo e um parceiro comercial e de investimentos relevante para o Brasil. 

O Mercosul, por sua vez, é umas das maiores economias em desenvolvimento, composto por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e mais recentemente, Bolívia, além de um potencial significativo de mercado para o Japão.

 

Desde 2015, os setores empresariais de ambos os países têm trabalhado em conjunto em prol do acordo de parceria comercial. Em 2018, a CNI lançou um roadmap com sugestões de pontos que deveriam ser abrangidos pelo documento. 

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 06/05/2024

 

Agrishow 2024 movimenta R$ 13,6 bilhões em negócios

Os organizadores da Agrishow divulgaram os resultados da 29ª edição, que se encerra nesta sexta-feira, 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP). De acordo com comunicado à imprensa, a feira alcançou o volume recorde de R$ 13,6 bilhões em intenções de negócios, especialmente relacionados a máquinas e implementos agrícolas.

O crescimento foi de 2,4% em relação à edição de 2023, que registrou um volume de R$ 13,3 bilhões. Quanto aos visitantes, a organização afirmou que o número permaneceu equivalente ao do ano anterior, com aproximadamente 195 mil pessoas. A feira recebeu produtores rurais de pequenas, médias e grandes propriedades de todas as regiões do país, além de participantes internacionais.

“A mobilidade e a infraestrutura da feira foram alguns dos destaques, que permitiram aos visitantes uma melhor experiência, principalmente para aqueles que compõem a agricultura familiar – público ao qual se atribuiu grande parte do crescimento da Agrishow 2024”, disse João Marchesan, presidente da Agrishow.

Ainda que o cenário não fosse o mais favorável para o setor, com as adversidades do clima, os juros altos e a falta de recursos controlados, as expectativas da feira foram superadas.

“Mantivemos os visitantes e aumentamos as intenções de negócios. E esperamos que, para o próximo ano, o agronegócio brasileiro possa estar ainda mais forte e pujante”, conclui Marchesan. Em 2025, a Agrishow acontece entre 28 de abril e 2 de maio.

Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 06/05/2024

 

Chuvas no RS paralisam abates e deixam lavouras embaixo d’água

As fortes chuvas registradas no Rio Grande do Sul, que já deixaram dezenas de mortos e milhares de desabrigados, devem elevar os preços de produtos agropecuários, além de afetar diversos setores da economia, do turismo à siderurgia.

Entre os mais afetados pelas chuvas, segundo o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, devem estar os criadores de suínos e de aves, além da pecuária leiteira, com forte presença na região norte do estado, na zona rural de municípios como Santa Rosa, Passo Fundo e Erechim. O escoamento da produção e o recebimento de suprimentos, conta Pereira, está prejudicado.

“O produtor de leite não consegue levar o produto para a indústria, e os criadores de suínos e frangos não conseguem receber a ração por conta das pontes que caíram. Além disso, tem a falta de energia elétrica, é uma situação catastrófica”, diz Pereira.

O agronegócio é responsável por cerca de 40% do PIB do estado, segundo a Farsul. Em 2022 a produção agropecuária gaúcha, de acordo com o governo do estado, atingiu valor bruto de R$ 98,6 bilhões, sendo os dois principais produtos a soja e o arroz. O Rio Grande do Sul é responsável por 68% da produção nacional de arroz.

“Já colhemos, até o momento, cerca de 60% da nossa safra de soja e 70% da safra de arroz. Precisamos descobrir ainda o quanto perdemos do que faltava colher. Nós vamos ter problemas adiante no mercado nacional (de arroz). Por enquanto, o país está abastecido, mas, mais para frente, pode ocorrer um aumento nos preços”, diz Pereira.

Para o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Eugênio Zanetti, o impacto será devastador:

“Para o setor de agro como um todo, os estragos são incalculáveis. Recebi relatos de produtores com 50% da soja ainda para ser colhida. Para folhagens, legumes e verduras, é quase perda total, assim como para os produtores de arroz, que ainda não colheram”.

O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), calcula que deve haver alguma influência dessas perdas na inflação dos alimentos, mas não avalia que será algo expressivo. Mercados em que o estado tem maior protagonismo, como de arroz e produtos in natura, porém, sofrerão algum aumento de preços.

Braz explica que, no caso dos produtos in natura, a inflação deve ocorrer mais na região da tragédia, já que esses itens costumam ser consumidos em localidades próximas à produção.

— Pode haver comprometimento de safra de ciclos mais longos, no plantio e na colheita, que ficam impedidos. Quanto mais esse fenômeno durar, pior o impacto. Mas é mais um complemento na inflação local do que um impacto nacional — afirma o economista.

Vinhedos

Já na indústria gaúcha de vinhos, um dos setores em que o estado tem destaque nacional, os danos devem ser moderados, devido à época em que a tragédia ocorreu.

“Ainda não é possível mensurar o impacto das enchentes na produção, mas os vinhedos estão atualmente em período de dormência, o que deve diminuir os problemas causados pela chuva”, diz o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis/RS), Luciano Rebellatto.

Impacto indústria

No setor industrial, apesar da paralisação em diversas unidades, os prejuízos devem ser contidos. A siderúrgica Gerdau informou ter suspendido as atividades nas usinas de Charqueadas e Sapucaia do Sul até domingo. A empresa disse que a medida não vai impactar as entregas e que nenhuma das unidades foi danificada pelos temporais.

A Braskem, por sua vez, informou que as chuvas têm impactado o fornecimento de insumos e interrompeu preventivamente algumas das plantas situadas no Polo Petroquímico de Triunfo. A empresa vai acionar um sistema de segurança que pode tornar as fábricas mais luminosas nos próximos dias.

Fonte: O Sul
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 06/05/2024

 

Como será o imposto na construção, venda e aluguel de imóveis na Reforma Tributária

A proposta de regulamentação da reforma tributária apresentada pelo governo trouxe como principal novidade para o setor da construção a progressividade no pagamento dos novos tributos sobre bens e serviços: a contribuição federal CBS e o imposto de estados e municípios IBS.

As incorporadoras terão desconto de 20% na alíquota dos novos tributos, cuja média é estimada em 26,5% para soma de CBS e IBS.

Nesse cenário, o imposto a ser pago seria de 21,2% sobre o valor da venda de imóveis novos, o equivalente a 80% da alíquota cheia.

A progressividade —quanto maior o valor do imóvel, maior o tributo em termos proporcionais— foi definida pelo Ministério da Fazenda com a criação de um “redutor social”, estipulado em R$ 100 mil.

Com isso, os imóveis novos de alto padrão serão mais tributados que os populares, o que deve baratear especialmente aqueles construídos no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida.

Nas contas do governo, um apartamento novo de baixo padrão no valor de R$ 200 mil pode ficar isento de imposto, considerando o redutor social e também o desconto do custo do terreno e a dedução de tributos incidentes sobre etapas da construção.

No sistema atual, as companhias recolhem impostos, mas não recuperam os créditos da tributação de insumos.

Não haverá incidência na venda de imóveis entre pessoas físicas. Exceto se ficar constatado que o contribuinte efetua operações de compra e venda de imóveis com recorrência, caracterizando atividade econômica no ramo imobiliário.

ALUGUEL E AIRBNB

A pessoa física que alugar um imóvel também não pagará os novos tributos.

A proposta enviada ao Congresso sugere a criação de um “fator de reajuste” para a dedução do valor de imóveis alugados por empresas.

Na locação ou arrendamento, a base de cálculo será reduzida, a cada mês, em montante equivalente a 1/360 (um trezentos e sessenta avos) do valor do redutor de ajuste a partir de 1° de janeiro de 2027.

Os bens imóveis urbanos e rurais deverão ser registrados na plataforma CIB (Cadastro Imobiliário Brasileiro).

O texto prevê também a cobrança de imposto igual ao do setor hoteleiro sobre locações por temporada inferior a 90 dias, quando realizadas por uma empresa. Segundo a Secretaria de Reforma Tributária, um Airbnb, por exemplo, vai pagar sobre sua margem de lucro. A pessoa que está alugando por meio da plataforma não será tributada.

A criação de um sistema específico para o setor foi uma demanda das construtoras e tem como base modelos internacionais que também fazem essa diferenciação.

A reforma tributária começa a ser implantada em 2026, com uma transição dos antigos para os novos tributos até 2032.

PROPOSTA DO GOVERNO PARA TRIBUTAÇÃO DE IMÓVEIS

- A venda, compra ou locação de imóvel por empresas pagará 80% da alíquota de CBS e IBS
- Não haverá incidência na venda e aluguel de imóveis entre pessoas físicas
- Redutor social: isenção sobre o valor de R$ 100 mil para todos os imóveis novos
- Desconto do valor da aquisição de terreno
- Recuperação de tributos sobre insumos

Fonte: CBIC
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 06/05/2024

 

Veja posição da indústria brasileira em ranking global

A posição da indústria manufatureira do Brasil entre 117 países melhorou no fim de 2023, mas não deixou de ser intermediária. O Brasil ainda está longe de figurar entre os países com melhor desempenho.

As conclusões fazem parte de um levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que constrói o ranking a partir de dados da United Nations Industrial Development Organization (Unido). O estudo considera informações apenas do segmento manufatureiro, ou seja, não inclui, por exemplo, a indústria extrativa.

Com alta de 0,1% no quarto trimestre de 2023, ante igual período de 2022, o Brasil estava na 57ª posição do ranking no fim do ano passado, oito colocações acima do observado no terceiro trimestre de 2023 e nove posições à frente do quarto trimestre de 2022. Assim, o Brasil se posicionou melhor do que alguns de seus vizinhos latino-americanos, como México (71º), Argentina (100º) e Colômbia (101º), todos registrando queda de suas produções industriais no período.

Em 2023 como um todo, o Brasil ficou na 64ª posição. Embora tenha continuado na metade inferior do ranking, essa foi a melhor colocação obtida pelo Brasil desde a pandemia - em 2021, ficou em 89º e, em 2022, em 96º.

Na América Latina, o resultado industrial do Brasil superou o de Argentina (70º), Colômbia (97º) e Peru (104º), mas ficou atrás de Equador (4º), México (45º), Bolívia (42º), Uruguai (51º) e Chile (52º).

Considerando países do Brics - Rússia (11º), Índia (17º), China (20º) e África do Sul (50º), todos com crescimento da indústria em 2023 -, o Brasil foi o que se saiu pior no ano passado.

"O que já tinha acontecido em 2022 piorou ainda mais em 2023”
— Rafael Cagnin

Apesar da melhora no fim do ano, a indústria manufatureira do Brasil caminhou em direção oposta à global em 2023, com queda de 0,9% no ano, contra alta de 1,1%. A produção “bastante aquém da evolução do setor no mundo” foi a “marca de 2023”, segundo o Iedi.

“O que já tinha acontecido em 2022 piorou ainda mais em 2023. Foi um ano de perdas, do ponto de vista da produção física. Houve algum suspiro, uma sinalização positiva, no fim do ano, mas, em parte, porque a base de comparação ficou muito baixa”, diz Rafael Cagnin, economista do Iedi.

Há, no entanto, fatores “economicamente mais robustos” para explicar o “suspiro” da indústria brasileira no fim de 2023, como o ciclo monetário mais favorável.

“Depois de uma fase prolongada de redução de juros, isso vai sendo repassado para as taxas de empréstimos. Ainda é modesto e o movimento acaba amortecido pela manutenção de ‘spreads’ elevados, diante de níveis de inadimplência também altos. O passado ainda se faz pesar”, afirma Cagnin.

Boa parte da assimetria entre a queda da indústria brasileira em 2023 e a alta da manufatura global pode ser explicada pelo perfil setorial do dinamismo da indústria mundial no ano passado, aponta o Iedi. Os dados da Unido mostram liderança da indústria de alta e média-alta tecnologia a nível global, com a produção avançando, por exemplo, 3,9% no quarto trimestre de 2023, ante igual período de 2022, mais que o dobro do resultado do setor como um todo, segundo o Iedi.

No Brasil, por outro lado, esses ramos registraram queda de 6,3%, de acordo com dados do IBGE analisados pelo instituto.

 

O Brasil também cresceu abaixo do ritmo mundial na comparação entre o terceiro e o quarto trimestre de 2023: 0,4%, contra 1%. Ainda assim, para a América Latina, o país contribuiu no sentido de atenuar o desempenho da indústria regional no quarto trimestre de 2023, diferentemente de Argentina e México, que geraram um impacto negativo. Na comparação entre trimestres imediatamente anteriores, a produção manufatureira do Brasil não apresentou vigor, observa o Iedi, mas, ao menos, evitou o terreno negativo.

“Saímos da zona negativa, mas também não foi nada efusivo. Ainda assim, fomos melhor do que outros mercados de peso, como México e Colômbia, e conseguimos dar uma contribuição positiva para a América Latina, sendo que, desde a pandemia, quase sempre a performance do Brasil era inferior à do agregado da região”, diz Cagnin.

Ele credita parte desse movimento às fases dissociadas dos ciclos monetários entre o Brasil e seus pares latino-americanos. “Começamos a subir os juros antes, mas a cortar também”, afirma.

Ainda assim, a região da América Latina e Caribe foi a única em que não houve melhora da indústria em nenhum base de comparação: caiu 0,4% no quarto trimestre de 2023, ante o terceiro, chegando a cinco trimestres seguidos sem crescimento, e registrou contração de 1,5% em relação ao quarto trimestre de 2022, o pior resultado trimestral do ano passado.

Por outro lado, o crescimento da China e a melhora no quadro econômico de países de alta renda, sobretudo na Europa, levaram a indústria mundial a apresentar sinais de reaquecimento no fim de 2023, diz o Iedi. O crescimento de 1% da produção manufatureira global no quarto trimestre de 2023, ante o terceiro, foi, segundo o Iedi, o primeiro resultado positivo após uma fase de virtual estagnação que se estendia desde o fim de 2022.

Em comparação ao mesmo período de 2022, o ritmo de expansão da indústria global dobrou do terceiro para o quarto trimestre do ano passado: de 0,7% para 1,5%.

Olhando para 2024, Cagnin diz acreditar que a tendência é o Brasil seguir melhorando no ranking. “Ainda que haja algum ruído e sinalização de que o processo de corte de juros terá uma velocidade um pouco menor, tem repasse a ser feito, as taxas de financiamento ainda não captam muito da redução da Selic no ano passado.”

Na sua avaliação, o grau de incerteza no dia a dia do industrial também deve diminuir em relação a 2023, quando houve troca de governo e votações de novas regras fiscal e tributária - esta última agregando boas perspectivas para os investimentos na indústria, segundo Cagnin.

“É um ano que acho que tende a ser positivo, melhor do que o ano passado, e com uma distribuição do dinamismo maior entre os diferentes ramos da indústria”, afirma.

Além disso, Cagnin cita ações do governo federal com o novo PAC, que deve ajudar a reativar a construção civil, uma grande consumidora de insumos industriais, e o programa Nova Indústria Brasil (NIB), que teria potencial de acelerar o avanço em atividades de maior intensidade tecnológica. “Precisa ir concretizando como as missões da NIB serão, de fato, implementadas”, afirma.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 03/05/2024