Com demanda reprimida, Aço Brasil revisa projeções para 2023
Os resultados apurados pelo setor siderúrgico no decorrer do primeiro semestre levaram o Instituto Aço Brasil a revisar para baixo as projeções de produção, vendas internas e consumo aparente para 2023. Mesmo assim, a entidade estima que o Brasil possa alcançar a 8ª posição entre os principais países produtores de aço no mundo ainda neste exercício. A capacidade de oferta do País está em 54 milhões de toneladas ao ano, mas atualmente a produção anual está no patamar de 34 milhões de toneladas, ou seja, 60% da capacidade instalada.
De acordo com o Instituto, as novas projeções indicam que a produção de aço bruto neste ano deverá fechar em 32,388 milhões de toneladas, queda de 5% sobre 2022. Já as vendas internas devem atingir 19,116 milhões de toneladas, redução de 6% ante o ano anterior.
O consumo aparente, que compreende as vendas internas e as importações, deve chegar a 22,912 milhões de toneladas, recuo de 2,6% na mesma comparação.
As exportações devem cair 0,3%, para 11,903 milhões de toneladas, enquanto as importações devem crescer 25,6%, para 4,209 milhões de toneladas.
“O Brasil precisa crescer de forma consistente. Se o PIB (Produto Interno Bruto) cresce de forma sustentável, o consumo de aço acompanha, afinal, há aço em todos os lugares, em todos os setores. Mas o consumo per capita do insumo no País estagnou na casa dos 108 quilos nos últimos 42 anos. A China saltou de 32 kg para 645 kg; a Coreia do Sul de 164 kg para 988 kg; o Chile de 52 kg para 114 kg”, alertou o presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson De Paula.
Neste sentido, o Aço Brasil também prevê queda no consumo per capita de produtos siderúrgicos no Brasil este ano, de 108,6 kg para 105,9 kg por habitante.
Em abril, o Aço Brasil já havia divulgado, para 2023, a previsão de alta de 2% na produção de aço bruto; queda de 0,7% nas vendas internas; alta de 7,6% nas exportações e de 2,5% nas importações; e queda de 1% no consumo aparente.
Instituto aposta no MCMV para elevar demanda por aço
A recente projeção de piora, conforme De Paula, se justifica pelo fraco desempenho dos principais setores consumidores do aço – automobilístico, bens de capital e construção civil, que respondem por 82,5% da demanda da siderurgia. Mas o Aço Brasil espera melhora da construção civil no segundo semestre com o relançamento do programa Minha Casa, Minha Vida pelo governo federal e com os lançamentos para o mercado imobiliário de alta renda.
”Os principais setores consumidores de aço não performaram bem no primeiro semestre e devem ter melhora, mas não muito significativa, no segundo”, resumiu o presidente executivo do Instituto, Marco Polo de Mello Lopes.
Recessão mundial
Já quanto ao aumento das importações no País, a entidade atribuiu à recessão mundial e ao aumento dos juros pelos bancos centrais, o que tem gerado ainda mais excedente de capacidade mundial e busca de mercados por países produtores de aço.
“Com o menor consumo dos Estados Unidos e Europa, sobra aço no mundo. Outro ponto é o câmbio. Com o real valorizado, o Brasil perde competitividade para exportar e melhora para importar. O câmbio, no atual patamar entre R$ 4 e R$ 5, não é bom para a balança comercial”, explicou De Paula.
“O consumo de aço é um indicador antecedente. Olhando nossa siderurgia em relação ao contexto mundial, neste ano devemos passar para 8ª posição em termos de produção, ultrapassando a Turquia. Não falta oferta, falta demanda”, completou Lopes.
Produção de aço caiu 8,9% no semestre
Nos primeiros seis meses do ano, frente a igual período de 2022, a produção de aço bruto caiu 8,9%, para 15,972 milhões de toneladas; as vendas internas encolheram 5,7%, para 9,626 milhões de toneladas; as exportações recuaram 4,2%, para 6,315 milhões de toneladas, e as importações cresceram 43,2%, tendo atingido 2,208 milhões de toneladas. Ainda na mesma comparação, o consumo aparente recuou 1,6%, para 11,557 milhões de toneladas.
De toda maneira, o presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil reforçou que o setor mantém firme a previsão de investimentos, da ordem de US$ 2,5 bilhões por ano, e estimados em US$ 12 bilhões entre 2023 e 2027.
Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/07/2023