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Mercado reage e vê chantagem das siderúrgicas que demitem e suspendem produção de aço para impedir importação

O mercado do aço no Brasil está dando que falar.  Compreende-lo nos detalhes, não é para qualquer arco e flecha. Há muitos interesses em confronto e cada um deles mostra seus argumentos.  A pressão em cima do governo que está sendo feita pela AcelorMittal, que é a maior fabricante de aço do mundo. Mas esta pressão já  provocou uma reação no mercado nada positiva. As empresas que compram o aço enxergam uma espécie de chantagem das siderúrgicas. 

O Presidente da Arcellor, Jéferson de Paula, acredita que o momento é crítico e que há um risco real de muitas demissões. A Maior produtora de aço no Brasil, simplesmente vai parar de produzir e dar  férias coletivas a cerca de 400 funcionários da usina de Resende (RJ), suspendendo temporariamente as operações em diferentes unidades, com a execução de paradas técnicas, em meio ao aumento acelerado das importações de produtos siderúrgicos.

A Gerdau já demitiu 700 trabalhadores e reduziu a produção em diferentes unidades. De Paula indicou  que a  situação na indústria do aço afetaria o crescimento econômico do país. Ele acredita que o Brasil ficou completamente desprotegido quando as importações de aço, sobretudo da China, Rússia e Turquia, chegam mais [JEF] barato por aqui. A Arcelor defende que o governo deve elevar as alíquotas de importação para 50%. Os Estados Unidos, Europa e México  impuseram tarifa de 25% sobre as importações de aço para conter o avanço sobre a demanda interna. No México, a fatia chegou a 40%. No Brasil, a participação dos importados no consumo aparente, que era de 12%, saltou a 23% e chegou a 30% nos últimos meses

E aí é que mora o perigo. Há um outro lado nessa estória. São as empresas consumidoras que dependem do aço para sobreviver.  

Quase 15 grandes associações empresariais de diversos setores que dependem fundamentalmente do aço, estão comprando aço no exterior porque os preços impostos pelas grandes siderúrgicas no Brasil ficaram muito altos. Mesmo durante a pandemia, as [ALCMIN] siderúrgicas chegam a desligar alguns altos fornos pelo recuo da demanda, mas salgaram e muito os preços pelo aço. Na época, o ex-Ministro Paulo Guedes acreditava que o mercado iria se ajustar. E se ajustou, mas com os preços lá em cima, abrindo a possibilidades de se importar mais barato. Foram formados até consórcios de empresas para trazer o aço da Turquia por preços mais justos.

Com o fim da pandemia, as coisas foram voltando para o lugar em alguns setores. E agora reacende uma queda de braços entre siderúrgicas e o mercado. O governo já está careca de saber desta realidade. O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin(foto a esquerda), já está a par do assunto, assim como o ministro da fazenda, Fernando Haddad. Eles já receberam os sinais das siderúrgicas e como não aconteceu, a pressão agora vem pela ameaça de muitas demissões e fechamentos de unidades de fabricação. O próximo passo poderá ser o desligamento dos  altos fornos. As associações de empresas consumidoras de aço acreditam que  com o aumento da alíquota de importação,  as siderúrgicas ficarão com a faca e o queijo nas mãos. Reunidas eles já elaboraram uma nota, que foi entregue ao Ministro Alckmin. O Petronotícias teve acesso à esta nota e reproduz na íntegra, com a lista das associações de empresas, todas muito significativas, que assinaram o documento:

“ Cumprimentando o Senhor Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, as Entidades aqui representadas desta Coalizão, manifestam sua preocupação com as recentes notícias sobre a pretensão por parte do setor siderúrgico de obter a elevação das alíquotas de imposto de importação de produtos.

Entendemos que o governo tem a difícil tarefa de balancear as necessidades dos diversos produtores. No entanto, algumas preocupações fundamentais merecem consideração.

[ALTO FORNO] A elevação das tarifas de importação do aço pode resultar em aumento substancial nos custos de produção dos setores fabricantes, como i) máquinas e equipamentos; ii) estruturas de máquinas; iii) construção civil e mecânica; iv) aparelhos eletrodomésticos; v) autopeças; vi) eletrodomésticos; vii) infraestrutura e indústria de base; viii) materiais e equipamentos ferroviários e rodoviários; ix) fabricantes de ônibus; x) ferramentais e ferramentas; xi) tubos de aço, entre outros. Isso pode pressionar a inflação, tornar os bens menos competitivos no mercado nacional e global, prejudicando a atividade produtiva, exportação, geração de emprego, renda e tributos.

Por essa razão, tal medida poderá acarretar aumento de custo produtivo em um cenário de preços já elevados, afetando diretamente nossa competitividade. Ademais, esses impactos negativos serão sentidos na economia brasileira como um todo, com efeitos ao longo de cadeias produtivas diversas e estratégicas para o país, até chegar ao consumidor final.

Diante do exposto, as Entidades signatárias solicitam, com urgência, audiência com Vossa Excelência para externar os prováveis efeitos que [PRODUÇAO DE AÇO] poderão decorrer da efetivação dessas medidas.

Certos da especial atenção com que o Senhor tem nos distinguido, valemo-nos do ensejo para renovar as expressões do nosso apreço e consideração.

Abcem – Associação Brasileira da Construção Metálica

Abdib – Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base

Abemi – Associação Brasileira de Engenharia Industrial

[açosinox] Abfa – Associação Brasileira da Indústria de Ferramentas, Abrasivos e Usinagem

Abifer – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária

Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

Abinfer – Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais

Abipeças – Associação Brasileira da Indústria de Autopeças

Abitam – Associação Brasileira, da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal

CBIC – Câmara Brasileira da Industria da Construção

Eletros – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos

Fabus – Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus

Simecs – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região

Simefre – Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários

Sinafer – Sindicato da Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em Geral no Estado de São Paulo

Sinaval – Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval

 
Fonte: Petronotícias
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/11/2023

CSN apresenta à prefeitura novas ações para controle do pó preto em Volta Redonda

Diretores da área de Produção da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) apresentaram nesta sexta-feira (17) ao prefeito Antonio Francisco Neto, mais ações de manutenção e prevenção recentemente realizadas na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, com o objetivo de contribuir para a redução e controle da poluição na cidade. O encontro aconteceu na casa do chefe do Executivo Municipal.

Essas ações atendem a um pedido do prefeito, realizado em julho deste ano, que solicitou medidas emergenciais para reduzir a distribuição de poluentes na atmosfera e melhorar a situação do ar para a população.

“Em julho mesmo vistoriamos a usina e melhorias foram cobradas, hoje estamos recebendo informações de investimentos já realizados e de outros que estão em andamento. E vamos continuar cobrando para que a situação melhore ainda mais para a nossa população”, frisou o prefeito Neto.

Ações em Coquerias e Sinterizações

De acordo com o levantamento da empresa, ações foram realizadas em áreas fundamentais para controle de emissões, como Coquerias e Sinterizações, e dentre as principais está a troca de 640 placas coletoras das partículas lançadas pela produção da usina.

“Como exemplo, nas baterias de coque que receberam um reparo geral, houve uma diminuição de 35% nos níveis de emissão de particulados na atmosfera, o que representa um avanço significativo na redução da poluição e no cumprimento das regulamentações ambientais. Simultaneamente, ações nas Sinterizações mitigaram as emissões desse equipamento, enquanto aguardamos a conclusão da construção dos novos filtros, que está em andamento”, acrescentou Alexandre de Campos Lyra, que é diretor-executivo de Produção da CSN Siderurgia.

Os diretores apresentaram também as ações emergenciais cobradas pelo prefeito e que já foram implantadas para reduzir a emissão de poluentes. Na parte aérea da usina, destacam-se a instalação de 12 canhões de névoa d´água nas Sinterizações e Pátios de matérias primas; e aplicação de polímeros nas pilhas de matérias-primas, formando camada protetora para evitar que partículas sejam arrastadas pelo vento.

Para a limpeza do chão da usina, foram contratados três minicarregadeiras para ações de limpeza e raspagem de vias; e um caminhão varredor para atendimento em pontos estratégicos, além da inclusão de mais dois caminhões-pipas para maior abrangência de lavação e umectação de vias. A CSN ainda reforçou a equipe de manutenção das redes pluviais e vai ampliar a atuação das varredouras.

Mais investimentos pelo TAC

E a situação tende a melhorar mais com o cumprimento do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) estabelecido entre a CSN e o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) em 2018. A companhia tem até 2024 para aplicar todas as ações definitivas, sendo que algumas delas já foram antecipadas, como a reforma do setor de Sinterização.

As melhorias definidas pelo TAC estão em documento apresentado pela CSN à prefeitura, ainda em julho deste ano: “em 2021, a Companhia dispendeu um total de R$ 544,2 milhões entre custeio e investimentos em projetos e processos de adequação ambiental, montante 29% maior do que o destinado em 2020, quando foram investidos R$ 420,5 milhões. Até 2024, serão também investidos outros R$ 300 milhões especificamente na modernização dos equipamentos de controle e mitigação de impactos ambientais na Usina Presidente Vargas”.

Alexandre Lyra, que estava acompanhado de outros representantes da CSN – Julio Amaral (diretor de Metalurgia, Redutores e Aciaria) e Aldo Santana (gerente de Meio Ambiente) – agradeceu a recepção do prefeito e disse que a companhia seguirá realizando mais investimentos.

“Agradecemos pelo apoio contínuo e pelo compromisso com o bem-estar da nossa comunidade. Continuaremos trabalhando diligentemente para garantir que nossa operação seja cada vez mais sustentável e em conformidade com as normas ambientais vigentes”, disse Lyra.

O prefeito Neto agradeceu o diálogo mais uma vez reforçado pela direção da empresa junto ao governo municipal, e afirmou que seguirá buscando sempre soluções para que a vida da população de Volta Redonda continue a melhorar.

“Demos passos importantes na direção certa. Eram possíveis soluções a curto e médio prazos, e elas estão acontecendo. Agora é tentar agilizar ainda mais o que ainda precisa ser feito. A população não pode esperar. Agradeço pelas melhorias já feitas, e agora é continuar trabalhando”, ressaltou Neto.

Fonte: O Dia
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/11/2023

ArcelorMittal vai parar fábricas e dar férias coletivas

Maior produtora de aço no Brasil, a ArcelorMittal vai conceder férias coletivas a cerca de 400 funcionários da usina de Resende (RJ) e suspender temporariamente as operações em diferentes unidades, com a execução de paradas técnicas, em meio ao aumento acelerado das importações de produtos siderúrgicos.

Em entrevista ao Valor, o presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson De Paula, disse que o momento é crítico, que há risco iminente de demissões e que essa situação na indústria pode afetar o crescimento econômico. “O Brasil ficou completamente desprotegido quando há sobrecapacidade [no mercado global] de aço”, afirmou.

Frente ao ano passado, as importações de aço, que chegam sobretudo da China e outros países asiáticos, Rússia e Turquia, devem crescer 50%. A indústria brasileira já pediu ao governo federal a adoção de alíquota de importação de 25%, em caráter emergencial. A percepção é que o governo está sensível ao tema, mas uma medida nesse sentido não foi anunciada até agora.

Representantes do setor já se reuniram duas vezes com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, e, há três semanas, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar sobre o assunto.

Estados Unidos, Europa e México já impuseram tarifa de 25% sobre as importações de aço, para conter seu avanço sobre a demanda interna - no México, a fatia chegou a 40%. No Brasil, a participação dos importados no consumo aparente, que era de 12%, saltou a 23% e chegou a 30% nos últimos meses. O setor espera novo avanço se não houver alguma medida de proteção.

Diante da piora das condições de mercado, a Gerdau já demitiu 700 trabalhadores e reduziu a produção em diferentes unidades. Na ArcelorMittal, afirmou De Paula, a produção no quarto trimestre ficará 30% abaixo da capacidade e, no ano, 1,3 milhão de toneladas deixarão de ser produzidas pela multinacional. Em Resende, dos cerca de 400 trabalhadores afetados pela paralisação de 45 dias, 320 farão compensação de banco de horas e 87 serão colocados em férias coletivas, entre novembro e dezembro.

“Estamos muito preocupados porque o ritmo de importação está aumentando. Acredito no livre comércio, mas não da forma como está acontecendo. A concorrência não é leal”, afirmou De Paula. Segundo o executivo, mantido o cenário atual, o plano de investimento de US$ 2,4 bilhões ao ano anunciado pelo setor, entre 2023 e 2027, está em risco.

Dentro das usinas brasileiras, avalia, há condições de competitividade. Na ArcelorMittal, que trabalha com indicadores mensais de performance e custos internos, a operação brasileira aparece como a melhor em 75% deles, à frente de Europa e dos Estados Unidos. “Então, eu diria que a siderurgia brasileira é competitiva”.

Para a economista Lia Valls Pereira, pesquisadora da área de Economia Aplicada da FGV/IBRE e professora da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ, em termos de política comercial, se a indústria se sente ameaçada e a ameaça é real, o governo poderia conceder algum tipo de proteção, mas de caráter temporário.

“A proteção não vai resolver questões de competitividade. Se há uma mudança estrutural, poderia haver medida permanente, mas é um custo para a sociedade proteger um setor que é menos competitivo que o de outros países”, ponderou, acrescentando que essa é uma questão de política de governo.

Lia lembra que, há anos, o governo americano vem protegendo a indústria siderúrgica local, que executou investimentos elevados nas décadas de 70 e de 80 e, já há algum tempo, enfrenta novos competidores. “Setores que usam o aço não vão gostar da proteção. A solução final é sempre a de equilíbrio, de interesse de todos. Mas sabemos que não é fácil alcançar isso”, afirmou.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 17/11/2023

Exportações de sucata ferrosa superam 80 mil toneladas em outubro

As exportações de sucatas ferrosas, insumo usado na fabricação de aço, somaram 80.443 toneladas em outubro, queda de 18,2% em relação ao mês de setembro, com 98.325 toneladas, segundo maior volume desde que os dados começaram a ser apurados. No comparativo com outubro ano passado (21.882 toneladas), verifica-se uma alta expressiva de 267,6%.

De janeiro a outubro deste ano, as vendas externas totalizaram 655.262 toneladas, aumento de 99,3% em comparação ao mesmo período de 2022 (328.719 toneladas). Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior  (Secex).

O cenário pouco mudou nos últimos meses, com baixa demanda de sucata ferrosa por parte das usinas siderúrgicas, que também sofrem com a queda nas vendas de aço, segundo Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), órgão de classe que representa mais de 5,5 mil empresas recicladoras que praticam a economia circular, reinserindo insumos no ciclo da reciclagem para transformação.

“A economia tem reagido lentamente e há um baixo consumo por aço da indústria automobilística e da construção civil (potenciais consumidores) – mesmo com a reação do Produto Interno Bruto – PIB, puxada principalmente pelo setor de serviços”, diz Alvarenga. Além disso, a entrada do aço chinês no Brasil, com incentivos de ICMS, está prejudicando a reciclagem.

Os participantes do mercado brasileiro de sucata constatam um início de novembro fraco, com demanda limitada e preços congelados, além de maior pressão por mais redução dos preços no fim do ano. “Duas usinas do interior de São Paulo e do Rio de Janeiro já apresentaram cronogramas de paralisações para fins de manutenção até dezembro”, mostra a S&P.

Fonte: IPESI
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 14/11/2023

Mineração usa quase 600 bilhões de litros de água por ano sem indicar origem

Anualmente, o Brasil outorga 578 bilhões de litros de água ao setor de mineração sem nenhuma indicação do aquífero de origem, o que demonstra um descontrole do uso das bacias hidrográficas do país. O descontrole se dá principalmente no âmbito dos processos sob responsabilidade estadual, mostra um estudo da organização “Fase – Solidariedade e Educação”.

A outorga para uso de água pode ser dada pela União, para rios que passam por mais de uma unidade da federação, ou pelos estados, quando envolve rios menores ou águas subterrâneas. E na mineração, a enorme maioria das outorgas dadas são em nível estadual, o que é visto como problemático.

Assim como no licenciamento ambiental, os instrumentos de controle da União são mais rígidos e sistematizados – ainda que, pontua o estudo, com diversas falhas. Já os estados sequer padronizam seus procedimentos, relata a Folha, em matéria repercutida pela Mídia Ninja.

O levantamento identificou que 71% da vazão das águas subterrâneas para o setor – ou seja, de responsabilidade dos estados – não apresenta informação sobre o aquífero de origem, ou seja, de onde é retirada a água usada. As informações sobre vazão de água, uso e origem são autodeclaradas, e a renovação da permissão, automática.

“O Brasil é o país com mais água do mundo, tem uma riqueza hídrica ímpar, mas essa fartura está ameaçada. É uma falha enorme, escandalosa. A gestão pública das águas começa desse lugar da omissão e do favorecimento com a confiança nesses setores, pela autodeclaração da quantidade de águas que eles consomem. Temos que colocar o Estado como um dos atores na dinâmica de secas”, disse Maiana Maia, organizadora do levantamento.

Em tempo 1: A Justiça do Pará suspendeu as atividades de comercialização de ouro no estado da Fênix DTVM por suspeita de comercialização do minério com origem no garimpo ilegal. Segundo a investigação da Polícia Federal, desde 2021 a empresa comprou cerca de R$ 3,5 bilhões em minério no Pará. A decisão tem como base uma investigação da polícia feita no estado, que mirou um esquema envolvendo cooperativas de garimpo ligadas à companhia e que “esquentavam” o material extraído ilegalmente, registrando-o na nota fiscal como se tivesse origem em uma área legal, informa a Folha.

Em tempo 2: Moradores de dois quilombos da Bahia – Bocaina e Mocó, no município de Piatã – conseguiram no Reino Unido uma liminar judicial para impedir que as mineradoras britânicas Brazil Iron Limited (BIL) e Brazil Iron Trading Limited (BITL) prossigam com o que as comunidades chamam de intimidação. As empresas são acusadas também de causar transtornos por poluição gerada por poeira proveniente da mina, barulho de maquinário e explosões. Moradores afirmam sofrer danos estruturais, físicos e psicológicos. Além disso, os quilombolas dizem que foram abordados por funcionários da subsidiária brasileira das empresas britânicas depois que passaram a contestar na Justiça os impactos das operações, a fim de forçá-los a desistir dos processos, detalha a Folha.

Fonte: Clima Info
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 13/11/2023

Alacero estima aumento do consumo de aço na América Latina: 2,4% de laminados

Impulsionado por importações extra-regionais, enquanto a produção local diminui. Comparado a 2022, o consumo de laminados aumentará 2,4% (71Mt), enquanto a produção local registrará uma queda de 7,5% (58Mt) em 2023. A participação das importações extra-regionais no consumo deverá aumentar três pontos percentuais na região, passando de 31% para 34%. Alacero reforça a importância de blocos comerciais bem estruturados e do uso de medidas de defesa comercial para cumprir as regras de comércio justo.

A Alacero, Associação Latino-Americana de Aço que reúne a cadeia de valor do aço na América Latina, realizou nos dias 08 e 09 de novembro(quarta e quinta-feira), o Alacero Summit, evento no qual mais de 700 executivos do setor se reuniram para falar sobre os desafios e oportunidades do setor de aço, além de abordar o panorama geral da indústria e a influência externa no mercado regional.

A Alacero estima que, ao longo de 2023, o consumo de laminados aumentará 2,4% em relação ao ano anterior, atingindo 71Mt, enquanto a produção local registrará uma queda de 7,5%, totalizando 58Mt. O aumento do consumo será impulsionado pelo crescimento da participação das importações extra-regionais, que em 2022 representou 31% (21,2 Mt) e deverá ser de 34% (24,3 Mt) em 2023, registrando um crescimento de três pontos percentuais. Em relação a 2022, o volume de exportações apresentará uma redução de 2,6 Mt, registrando 7,9 Mt, enquanto o volume de importações aumentará 2,1 Mt, totalizando 26,5 Mt. Os números mostram que ainda há forte atividade extrarregional na cadeia. De 2015 a 2023, 88% do aço consumido na América Latina veio de importações extra-regionais, devido a assimetrias competitivas que impactam a oferta local.

Nesse sentido, durante o Alacero Summit 2023, foi destacado um risco iminente em relação ao comércio desleal proveniente do mercado chinês: atualmente, a China continua a ser a principal origem do aço extra-regional importado, representando 29%. Isso se reflete no número de ações antidumping abertas na Latam ao longo do primeiro semestre de 2023: 63% são dirigidas contra a China.

—Na América Latina, produzimos aço com uma pegada de carbono 15% inferior à média global e 30% inferior à da China. Porém, hoje, boa parte do aço consumido na região vem direta e indiretamente do país, em condições que não são de mercado justo, substituindo empregos de qualidade e afetando o meio ambiente— reforça Alejandro Wagner, diretor executivo da Alacero.

Dados recolhidos pela Alacero e pela worldsteel mostram que, em 2022, a quantidade média global de CO2 emitida por tonelada de aço bruto produzido foi de 1,91t, enquanto a da China foi de 2,24t e a da América Latina foi de 1,55t, o que significa uma queda de 7% em relação ao ano anterior.

As empresas que produzem aço na América Latina estão fazendo progressos constantes ao tomar medidas que reduzem a sua pegada de carbono. A América Latina precisa de uma transição justa: tem vantagens em termos de recursos naturais, mas também prioridades sociais e econômicas que os países desenvolvidos já resolveram.

—Temos uma matriz produtiva sofisticada, com um tecido industrial robusto de grandes empresas e PMEs. No entanto, uma maior estabilidade econômica e política e regimes fiscais e laborais modernos são essenciais para gerar mais incentivos ao investimento, ao emprego e, acima de tudo, à competitividade. Condições tão fundamentais quanto básicas para enfrentar o enorme desafio que temos pela frente— concluiu Wagner.

O balanço de 2023.: Consumo aparente por país — Os dados apresentados pela entidade no Alacero Summit demonstram também o consumo aparente de laminados por país em 2022 e a expectativa para 2023. O México registrou -2% no ano passado e atinge estimativa de 9,7% para este ano. O Brasil, por sua vez, fechou 2022 com -10,6% e deverá fechar 2023 com -1,5%. A Argentina fechou 2022 com 1,2% e planeja fechar 2023 com 0,7%, enquanto a Colômbia registrou -13,7% em 2022 e 2,4% em 2023.

Consumo aparente por setores — O setor da construção segue à frente dos segmentos que mais consumiram aço ao longo de 2023, com 48,5%; seguido pelo automotivo com 17,5%; produtos de metal com 14,5%; máquinas mecânicas com 13,3%; equipamentos eletrônicos com 2,9%; uso doméstico com 2,5% e outros transportes com 0,9%.

Potencial de criação de empregos — O evento Alacero Summit também destacou como a promoção da indústria impacta o desenvolvimento econômico dos países. O setor siderúrgico na América Latina é um importante motor de criação de empregos, agregando 1,4 milhão de funcionários em 2022: 230 mil diretos e 1,15 milhão indiretos. Ou seja, para cada emprego na indústria, são criados outros 5 na cadeia de valor. Por isso, os executivos salientam que, para que o mercado continue e prospere com o seu potencial de criação de oportunidades, é cada vez mais essencial tomar medidas contra o domínio chinês e a favor da valorização da produção e dos empregos locais.

Alacero — A Associação Latino-americana de Aço é uma entidade civil sem fins lucrativos que integra a cadeia de valor do aço latino-americano com o objetivo de promover emprego industrial de qualidade, integração regional, inovação tecnológica, cuidado com o meio ambiente, excelência em recursos humanos, segurança no trabalho, desenvolvimento integral de suas comunidades e responsabilidade corporativa. Fundada em 1959, é composta por mais de 60 empresas produtoras e afins e mais de 1,4 milhão de trabalhadores, cuja produção se aproxima de 60 milhões de toneladas por ano. A Alacero é reconhecida como Organização Especial de Consultoria pelas Nações Unida e representa a cadeia latino-americana perante organismos internacionais como worldsteel, OCDE, Agência Internacional de Energia (IEA), ONU (Unctad) e BID, aos quais leva as ideias e posições de seus parceiros.

Fonte: Portal Fator
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 13/11/2023